Não Era Pra Ser
(Márcio Nunes Corrêa, Hélvio Luis Casalinho, Fabiano Bacchieri)
Foram três luas amanunciando um potro
E nem sinal de se entregar prás corda
Olhar de mau, meio frestiando a franja
Coiceando a sombra desde que o sol acorda
É o sereno da manhã de maio,
De quando um bufo despertava a cena
Falsa quietude atada ao palanque
Imagem xucra de um mouro pavena
Filha pequena, flor do meu jasmim
Pelo terreiro num semblante em festa
Sonhando cores n’alguma cantiga
Na liberdade que a inocência empresta
Como um lampejo brincou rumo às patas
Meiando a franja no garrão do potro
E eu no assombro da encruzilhada
De correr por pai ou de rezar pro outro
Nem a forneira fez cantar de ensaio
E até o vento mermou no arvoredo
As quatro patas igual a um palanque
Se enraizaram a esconder segredos
Então a prece que ecoou distância
Fez a flor linda pintar os meus braços
O próprio maula quis poupar a infância
Pela pureza de seus ternos traços
Me dá a cabeça pra eu tira o bucal
Assim com jeito vou te dar benção
E nesse lombo apenas geadas
Vão fazer pátria pela gratidão
Décima Dos Potreadores
Décima Dos Potreadores
(Eliezer Tadeu Dias de Sousa, César Oliveira)
Enquanto o mundo for mundo e um potro arrastar o toso
Se orquetá num cusquilhoso, será uma ginete constância
E na mangueira das estâncias ao formar a cavalhada
Haverá uma reservada prá que alguém prove o tranco
E há de estar um minga blanco prá topar essa bolada.
Filósofo de à cavalo, Saragoza, um cruzador
Esse platino condor que tempo adentro revoa
E a sua fama encordoa para amansar os anseios
Socando bocal e freios nas esperanças potreadas
No seu reino das estradas sobre o trono dos arreios.
Sid Vigil, potreador, por todo pago que ande
Ginete do meu Rio Grande, raiz de pátria e querência
Largando sua descendência sobre petiços d’em pêlo
É um gauchaço modelo, grudado em lombos de potros
E mesmo que surjam outros, servirá qual um sinuelo.
Dom Raul Beliciartu, irmão de pátria parceira
Que atravessou a fronteira trazendo potros por diante
Um ginetaço, um andante, amanuciando as distâncias
Domando léguas de ânsias, repassa sonhos bolidos
E galopeia os sentidos no varzedo das estâncias.
Almeida, melena branca, centauro nesta fronteira
No laço e na boleadeira traz maçarocas de crina
É um cacique na campina com lunarejos de allá
O rancho de lado de cá, a divisa, um fio de lombo
E as esporas que é um assombro nos costilhar do Aceguá
Jardim Silva e Alberdanha e outros que omiti
Me perdoem, porque aqui o tempo se pára escasso
Já na presilha do laço o verso é tropa, se afina
Já rebentou toda crina e falta força na perna
É a lei que nos governa, o que começa termina
(Eliezer Tadeu Dias de Sousa, César Oliveira)
Enquanto o mundo for mundo e um potro arrastar o toso
Se orquetá num cusquilhoso, será uma ginete constância
E na mangueira das estâncias ao formar a cavalhada
Haverá uma reservada prá que alguém prove o tranco
E há de estar um minga blanco prá topar essa bolada.
Filósofo de à cavalo, Saragoza, um cruzador
Esse platino condor que tempo adentro revoa
E a sua fama encordoa para amansar os anseios
Socando bocal e freios nas esperanças potreadas
No seu reino das estradas sobre o trono dos arreios.
Sid Vigil, potreador, por todo pago que ande
Ginete do meu Rio Grande, raiz de pátria e querência
Largando sua descendência sobre petiços d’em pêlo
É um gauchaço modelo, grudado em lombos de potros
E mesmo que surjam outros, servirá qual um sinuelo.
Dom Raul Beliciartu, irmão de pátria parceira
Que atravessou a fronteira trazendo potros por diante
Um ginetaço, um andante, amanuciando as distâncias
Domando léguas de ânsias, repassa sonhos bolidos
E galopeia os sentidos no varzedo das estâncias.
Almeida, melena branca, centauro nesta fronteira
No laço e na boleadeira traz maçarocas de crina
É um cacique na campina com lunarejos de allá
O rancho de lado de cá, a divisa, um fio de lombo
E as esporas que é um assombro nos costilhar do Aceguá
Jardim Silva e Alberdanha e outros que omiti
Me perdoem, porque aqui o tempo se pára escasso
Já na presilha do laço o verso é tropa, se afina
Já rebentou toda crina e falta força na perna
É a lei que nos governa, o que começa termina
De A Cavalo
De A Cavalo
(Eron Vaz Mattos, Luiz Marenco)
Tenho a vida de a cavalo
Entre alegrias e penas
Por andejar campo afora
Mudei a cor das melenas
Semeando tombos de pealos
De Cerro Largo a Bolena
Marcas de laços e guampas
Bordadas no tirador
Despertei risos nas chinas
Por guitarreiro e cantor
Abri janelas de ranchos
Nas dobras do corredor
Das Palmas ao Jaguarão
Conheço sangas e grotas
Do Camaquã ao São Luiz
Dos Três Cerros ao Candiota
Gastei o aço do estrivo
Na curvatura da bota
Já pisei cada coxilha
Deste meu pago fronteiro
De Santa Tecla a Aceguá
Formei o tino campeiro
Fui peleador e ginete
Nas festas de Vichadero
Enredei crinas nos dedos,
Nos dois lados da fronteira
Domei potradas velhacas
Uruguaias, brasileiras
E andei parando matreiros
Nas sogas das boleadeiras
Nas tropilhas das estâncias
Andam pingos no meu freio
São cavalos pra quem sabe
O que faz sobre os arreios
Destes que cincham sozinhos
Num serviço de rodeio
Empurrei milhas de boi
Em pingos de cola atada
Nas tropas pra São Domingos
Que vinham cheirando a estrada
E silenciaram pra sempre
Na marreta da charqueada
Por onde desencilhei
Nos mais crioulos rincões
Deixei cantigas de esporas
No chão duro dos galpões
E floreios de cordeonas
Entre os mates dos fogões
(Eron Vaz Mattos, Luiz Marenco)
Tenho a vida de a cavalo
Entre alegrias e penas
Por andejar campo afora
Mudei a cor das melenas
Semeando tombos de pealos
De Cerro Largo a Bolena
Marcas de laços e guampas
Bordadas no tirador
Despertei risos nas chinas
Por guitarreiro e cantor
Abri janelas de ranchos
Nas dobras do corredor
Das Palmas ao Jaguarão
Conheço sangas e grotas
Do Camaquã ao São Luiz
Dos Três Cerros ao Candiota
Gastei o aço do estrivo
Na curvatura da bota
Já pisei cada coxilha
Deste meu pago fronteiro
De Santa Tecla a Aceguá
Formei o tino campeiro
Fui peleador e ginete
Nas festas de Vichadero
Enredei crinas nos dedos,
Nos dois lados da fronteira
Domei potradas velhacas
Uruguaias, brasileiras
E andei parando matreiros
Nas sogas das boleadeiras
Nas tropilhas das estâncias
Andam pingos no meu freio
São cavalos pra quem sabe
O que faz sobre os arreios
Destes que cincham sozinhos
Num serviço de rodeio
Empurrei milhas de boi
Em pingos de cola atada
Nas tropas pra São Domingos
Que vinham cheirando a estrada
E silenciaram pra sempre
Na marreta da charqueada
Por onde desencilhei
Nos mais crioulos rincões
Deixei cantigas de esporas
No chão duro dos galpões
E floreios de cordeonas
Entre os mates dos fogões
Pra O Índio Que Gineteia
Pra O Índio Que Gineteia
(Rogério Villagrán, César Oliveira)
Quando me salta um floreio
De milonga pela boca
Me dá uma vontade louca
De “atorá” a guitarra ao meio
Sou um homem dos arreios
Conheço parada feia
Pois trago dentro das veias
Minha estampa palanqueada
E esta cantiga aporreada
Pra o índio que gineteia
Ginetear é uma vocação
Que o índio já trás de berço
Onde aprende a rezar o terço
Desta chucra religião
Pois quem trás no coração
Tropilhas de mal-costeados
Crinudos e descrinados
Maulas da marca borrada
São mestres das gineteadas
Entre potros e aporreados.
O mundo troca de ponta
E a vida toreia a morte
Porque o destino e a sorte
De gineteadas nos contam
De baguais que se desmontam
No meio da polvadeira
Treme o chão da fronteira
Quando um paysano se atora
Amarrando um par de esporas
Num par de botas “potreiras”.
Quem tem alma de palanque
Conhece a força do lombo
Mas não se entrega num tombo
Se algum corcóvo lhe arranque
Porque a volta do rebenque
Num floreio rasga o vento
A coragem é um sentimento
Que fez do taura um sulino
Esporeador dos malinos
Que sentem “cosca” do tento.
Pra o índio que gineteia
Este cantar é um regalo
Pois quando empeço a cantá-lo
O meu sangue corcoveia
Uma ânsia se boleia
“Inté” parece feitiço
Pois me agrada o reboliço
Que se apronta mano a mano
Co’as garras de algum paysano
Ou os ferros de um fronteiriço.
(Rogério Villagrán, César Oliveira)
Quando me salta um floreio
De milonga pela boca
Me dá uma vontade louca
De “atorá” a guitarra ao meio
Sou um homem dos arreios
Conheço parada feia
Pois trago dentro das veias
Minha estampa palanqueada
E esta cantiga aporreada
Pra o índio que gineteia
Ginetear é uma vocação
Que o índio já trás de berço
Onde aprende a rezar o terço
Desta chucra religião
Pois quem trás no coração
Tropilhas de mal-costeados
Crinudos e descrinados
Maulas da marca borrada
São mestres das gineteadas
Entre potros e aporreados.
O mundo troca de ponta
E a vida toreia a morte
Porque o destino e a sorte
De gineteadas nos contam
De baguais que se desmontam
No meio da polvadeira
Treme o chão da fronteira
Quando um paysano se atora
Amarrando um par de esporas
Num par de botas “potreiras”.
Quem tem alma de palanque
Conhece a força do lombo
Mas não se entrega num tombo
Se algum corcóvo lhe arranque
Porque a volta do rebenque
Num floreio rasga o vento
A coragem é um sentimento
Que fez do taura um sulino
Esporeador dos malinos
Que sentem “cosca” do tento.
Pra o índio que gineteia
Este cantar é um regalo
Pois quando empeço a cantá-lo
O meu sangue corcoveia
Uma ânsia se boleia
“Inté” parece feitiço
Pois me agrada o reboliço
Que se apronta mano a mano
Co’as garras de algum paysano
Ou os ferros de um fronteiriço.
Por Trás De Um Violão
Por Trás De Um Violão
(Luiz Carlos Ranoff, Jair Medeiros)
Por trás de um violão que toca,
Há mistérios e magias
Segredos e confissões
Que se disfarçam na poesia
Tem um coração que se entrega
Quando canta o amor
Mas se for preciso veste a farda
Pra enfrentar o dissabor
Por trás de um violão que toca,
Tem discórdia e rebeldia
Nuances de liberdade
Nas entranhas da harmonia
Tem o pó da estrada, o breu da noite
E o orvalho da manhã
O canto de um povo
Que respeita sua história
E a rudeza dos galpões com picumã
Por trás de um violão que toca
Há um rio de emoções
São lágrimas e suor
Que vão regando as canções
Escorrem pela face
Param na concha da mão
Pra saciar a sede do violão
Por trás de um violão que toca,
Há encontros e partidas.
Saudades que cicatrizam
Antes de virar ferida
O medo de um dia não poder
Mais “amassar” seu próprio pão
E que falte rima para os versos,
Qual semente para o chão.
Por trás de um violão que toca,
Há quem cante e é feliz.
Embora sangre mazelas
Pelos veios do país
Atrás do violão existe alguém
Que quer alimentar os seus
Não julgue, pois que, toca e quem canta,
Segue apenas seu destino
E este, é um dom de Deus.
(Luiz Carlos Ranoff, Jair Medeiros)
Por trás de um violão que toca,
Há mistérios e magias
Segredos e confissões
Que se disfarçam na poesia
Tem um coração que se entrega
Quando canta o amor
Mas se for preciso veste a farda
Pra enfrentar o dissabor
Por trás de um violão que toca,
Tem discórdia e rebeldia
Nuances de liberdade
Nas entranhas da harmonia
Tem o pó da estrada, o breu da noite
E o orvalho da manhã
O canto de um povo
Que respeita sua história
E a rudeza dos galpões com picumã
Por trás de um violão que toca
Há um rio de emoções
São lágrimas e suor
Que vão regando as canções
Escorrem pela face
Param na concha da mão
Pra saciar a sede do violão
Por trás de um violão que toca,
Há encontros e partidas.
Saudades que cicatrizam
Antes de virar ferida
O medo de um dia não poder
Mais “amassar” seu próprio pão
E que falte rima para os versos,
Qual semente para o chão.
Por trás de um violão que toca,
Há quem cante e é feliz.
Embora sangre mazelas
Pelos veios do país
Atrás do violão existe alguém
Que quer alimentar os seus
Não julgue, pois que, toca e quem canta,
Segue apenas seu destino
E este, é um dom de Deus.
Alambrador
Alambrador
(Valdo Nóbrega, Lucio Yanel)
Ergue a pau o alambrador
E os buracos vão brotando
E os moirões se enfileirando
Que nem soldados pra guerra.
Um socado de capricho
Pra que ninguém se desgoste
Por grosso que seja o poste,
Não lhe deixa sobrar terra.
Gira a pua sai fumaça
Num moirão de guajuvira
E o alambrado se estira
Tal qual um pinho afinado.
O serrote marca os trastes
Já vem o atilho depressa
Se enroscando na promessa
De viver sempre abraçado.
Rabicho e morto de angico
Pra que o cinronaço agüente
Amordaça, gruda os dentes
Espicha firme o arame.
A chave enrodilha a ponta
Como quem guarda um segredo
Quando escapa e dá nos dedos
Alamaula, dor infame!
À noite á beira da carpa
Ao ver a estrela cadente
Três pedidos, num repente
Faz depressa antes que apague.
E a cada alambrado firme
Tenha outro pela frente
E um piazito sorridente
Para ensinar-lhe o que sabe.
Rabicho e morto de angico
Pra que o cinronaço agüente
Amordaça, gruda os dentes
Espicha firme o arame.
A chave enrodilha a ponta
Como quem guarda um segredo
Quando escapa e dá nos dedos
Alamaula, dor infame!
Gracias Luis
(Valdo Nóbrega, Lucio Yanel)
Ergue a pau o alambrador
E os buracos vão brotando
E os moirões se enfileirando
Que nem soldados pra guerra.
Um socado de capricho
Pra que ninguém se desgoste
Por grosso que seja o poste,
Não lhe deixa sobrar terra.
Gira a pua sai fumaça
Num moirão de guajuvira
E o alambrado se estira
Tal qual um pinho afinado.
O serrote marca os trastes
Já vem o atilho depressa
Se enroscando na promessa
De viver sempre abraçado.
Rabicho e morto de angico
Pra que o cinronaço agüente
Amordaça, gruda os dentes
Espicha firme o arame.
A chave enrodilha a ponta
Como quem guarda um segredo
Quando escapa e dá nos dedos
Alamaula, dor infame!
À noite á beira da carpa
Ao ver a estrela cadente
Três pedidos, num repente
Faz depressa antes que apague.
E a cada alambrado firme
Tenha outro pela frente
E um piazito sorridente
Para ensinar-lhe o que sabe.
Rabicho e morto de angico
Pra que o cinronaço agüente
Amordaça, gruda os dentes
Espicha firme o arame.
A chave enrodilha a ponta
Como quem guarda um segredo
Quando escapa e dá nos dedos
Alamaula, dor infame!
Gracias Luis
Repartindo A Tarecama
Repartindo A Tarecama
(Marco Antonio Nunes, Edson Vargas)
Já são quase 20 ano que sou tua por inteiro
Aguentando teus fiasco, cara feia e borracheira
Hoje que tô chairada pra você perdi valor
Assim não suporto mais, eu só quero é amor.
Quando a cousa se atravessa
Vou te contar meu ermão
Deu a boba na muié
Pediu a separação
Vamo faze um acordo
Eu gritei pela janela
Repartimo a tarecama
Tudo bem me disse ela.
Comecemo pelos bicho: Pode levar o Totó
Deixo o Mimi e a Cocota assim não fico tão só
Leva as bota de borracha o bodoque e a tua canha,
Mas me deixa a querosena e aquele resto de banha.
Leva esse pala véio e o teu baraio de truco
Deixa a jarra de matéria onde eu faço os meus Ki-Suco
Já separei num saquinho meus creme e as vitamina
Leva o óleo de capincho e o vidro de Infalivina.
Fica o tacho e as panela bem assim ela me disse
As cuia, a bomba e bacia e as fita da Berenice
O fogão e a caçarola, mais o colchão e o machado
Mas pode levar a Solingen e o quadro do colorado.
Leva as pilha e deixa o rádio e a tua frigideira
A gamela, as morcia a lanterna e a cristaleira
Só me falta ela quere minha coleção de bulita
Meu serrote e o cantil os guides e o toca fita.
Vou ficar com o baú pra guarda minhas pantalona
Pode levar o teu cepo, a enxada e a cambona.
- Consome com esse pelego!
Me falou bem neste tom
E me deixa uns cinco pila pra pagá a muié do Avon
Tá bem justa a divisão tu não acha seu coió
Pode seguir teu caminho vai campiá outra bocó
Que mulher desaforada me deixou sem um vintém
Mas tá bom não demo bola, um dia a volta vem
(Marco Antonio Nunes, Edson Vargas)
Já são quase 20 ano que sou tua por inteiro
Aguentando teus fiasco, cara feia e borracheira
Hoje que tô chairada pra você perdi valor
Assim não suporto mais, eu só quero é amor.
Quando a cousa se atravessa
Vou te contar meu ermão
Deu a boba na muié
Pediu a separação
Vamo faze um acordo
Eu gritei pela janela
Repartimo a tarecama
Tudo bem me disse ela.
Comecemo pelos bicho: Pode levar o Totó
Deixo o Mimi e a Cocota assim não fico tão só
Leva as bota de borracha o bodoque e a tua canha,
Mas me deixa a querosena e aquele resto de banha.
Leva esse pala véio e o teu baraio de truco
Deixa a jarra de matéria onde eu faço os meus Ki-Suco
Já separei num saquinho meus creme e as vitamina
Leva o óleo de capincho e o vidro de Infalivina.
Fica o tacho e as panela bem assim ela me disse
As cuia, a bomba e bacia e as fita da Berenice
O fogão e a caçarola, mais o colchão e o machado
Mas pode levar a Solingen e o quadro do colorado.
Leva as pilha e deixa o rádio e a tua frigideira
A gamela, as morcia a lanterna e a cristaleira
Só me falta ela quere minha coleção de bulita
Meu serrote e o cantil os guides e o toca fita.
Vou ficar com o baú pra guarda minhas pantalona
Pode levar o teu cepo, a enxada e a cambona.
- Consome com esse pelego!
Me falou bem neste tom
E me deixa uns cinco pila pra pagá a muié do Avon
Tá bem justa a divisão tu não acha seu coió
Pode seguir teu caminho vai campiá outra bocó
Que mulher desaforada me deixou sem um vintém
Mas tá bom não demo bola, um dia a volta vem
Na Boca Da Cobra
Na Boca Da Cobra
(Dionísio Costa, José Claro)
Eu tô arranchado com uma coisa á tôa
Uma certa pessoa que só me atrapalha
Tem o mau costume de viver na porta
Co’a língua que corta piór que navalha
Só pra bater beiço que ela sai da tóca
Faz cada fofóca que até me arrepía
Falou pra vizinha que eu não sou tão macho
Que eu sou um borracho já sem serventía
De noite me abraça e diz que me ama
Suspira e me chama de doce de ‘abóbra’
De dia pra ela não passo de um tôngo
E eu sou um 'camundôngo' na boca da cobra
Falou pro compadre que ela me sustenta
E já não aguenta viver com um jaguara
Que só não me larga pois não quer meu fim
Por pena de mim é que não se separa
Eu que pago a conta do vestido novo
E nem ‘fritá’ um ovo a dondóca é capaz
Tem que ter paciência e um saco de ouro
Pra ‘ouví’ os ‘desafôro que a bruxa faz
Meu vizinho brabo, casou co’a Sofia
E agora ‘sis dia’ seu filho nasceu
Ela fez lambança pela redondeza
Que tinha certeza que o piá era meu
Piór que o piazinho é o meu focinho
Quase que o vizinho, me deu um sóva
Se eu não deixar dela ninguém mais me ajuda
E essa linguaruda me manda pra cóva
(Dionísio Costa, José Claro)
Eu tô arranchado com uma coisa á tôa
Uma certa pessoa que só me atrapalha
Tem o mau costume de viver na porta
Co’a língua que corta piór que navalha
Só pra bater beiço que ela sai da tóca
Faz cada fofóca que até me arrepía
Falou pra vizinha que eu não sou tão macho
Que eu sou um borracho já sem serventía
De noite me abraça e diz que me ama
Suspira e me chama de doce de ‘abóbra’
De dia pra ela não passo de um tôngo
E eu sou um 'camundôngo' na boca da cobra
Falou pro compadre que ela me sustenta
E já não aguenta viver com um jaguara
Que só não me larga pois não quer meu fim
Por pena de mim é que não se separa
Eu que pago a conta do vestido novo
E nem ‘fritá’ um ovo a dondóca é capaz
Tem que ter paciência e um saco de ouro
Pra ‘ouví’ os ‘desafôro que a bruxa faz
Meu vizinho brabo, casou co’a Sofia
E agora ‘sis dia’ seu filho nasceu
Ela fez lambança pela redondeza
Que tinha certeza que o piá era meu
Piór que o piazinho é o meu focinho
Quase que o vizinho, me deu um sóva
Se eu não deixar dela ninguém mais me ajuda
E essa linguaruda me manda pra cóva
Os Loco Da Fronteira
Os Loco Da Fronteira
(Anomar Danúbio Vieira, Rogério Melo)
Não afroxemo nem os lançante
Pois semo loco de dá com um pau
Cruzemo a nado se o rio não dá vau
Neste mundo véio flor de cabuloso
E o mala bruja quando esconde o toso
Nós esporiemo bem no sangrador
Em rancho de china, se campiemo amor
Entremo sem sono e garantimo o poso
Semo medonho no cabo da dança
Gostemo mesmo é do bochincho grosso
Que é pra sair tramando o pescoço
Ao trote largo nalguma rancheira
E bem campante, levantando poeira
Coisa gaúcha, vício de campanha
Limpemo a goela num trago de canha
Pois semo loco de lá da fronteira
Semo bem loco, loco de bueno
Mas temo veneno na folha da faca
Quando o sangue ferve e viremo a cabeça
Por Deus, paysano! Ninguém ataca
Nós semo loco lá da fronteira
De raça tranquila, mas de pouca cincha!
E de vereda quando o lombo incha
Saiam de perto que a xucreza é tanta
Cremo em percanta que seja percanta
Apartemo os maula pra outra invernada
E a nossa bebida mais sofisticada
É canha gelada, num “samba com fanta”
Nós semo loco, mas não semo bobo
Semo parceiro de quem é parceiro
Nas horas brabas e no entrevero
Nunca dexamo um amigo solito
Pode ser feio pode ser bonito
Mas é nosso jeito de levar a vida
Por ser de campo e por gostar da lida
É que volta e meia nós preguemo o grito
Semo bem loco, loco de bueno
Mas temo veneno na folha da faca
Quando o sangue ferve e viremo a cabeça
Por Deus, paysano! Ninguém ataca
(Anomar Danúbio Vieira, Rogério Melo)
Não afroxemo nem os lançante
Pois semo loco de dá com um pau
Cruzemo a nado se o rio não dá vau
Neste mundo véio flor de cabuloso
E o mala bruja quando esconde o toso
Nós esporiemo bem no sangrador
Em rancho de china, se campiemo amor
Entremo sem sono e garantimo o poso
Semo medonho no cabo da dança
Gostemo mesmo é do bochincho grosso
Que é pra sair tramando o pescoço
Ao trote largo nalguma rancheira
E bem campante, levantando poeira
Coisa gaúcha, vício de campanha
Limpemo a goela num trago de canha
Pois semo loco de lá da fronteira
Semo bem loco, loco de bueno
Mas temo veneno na folha da faca
Quando o sangue ferve e viremo a cabeça
Por Deus, paysano! Ninguém ataca
Nós semo loco lá da fronteira
De raça tranquila, mas de pouca cincha!
E de vereda quando o lombo incha
Saiam de perto que a xucreza é tanta
Cremo em percanta que seja percanta
Apartemo os maula pra outra invernada
E a nossa bebida mais sofisticada
É canha gelada, num “samba com fanta”
Nós semo loco, mas não semo bobo
Semo parceiro de quem é parceiro
Nas horas brabas e no entrevero
Nunca dexamo um amigo solito
Pode ser feio pode ser bonito
Mas é nosso jeito de levar a vida
Por ser de campo e por gostar da lida
É que volta e meia nós preguemo o grito
Semo bem loco, loco de bueno
Mas temo veneno na folha da faca
Quando o sangue ferve e viremo a cabeça
Por Deus, paysano! Ninguém ataca
Timbre De Galo
Timbre De Galo
(Aparício Silva Rillo, Pedro Ortaça)
Rio Grande, berro de touro,
Quatro patas de cavalo.
Quem não viveu este tempo,
Vive esse tempo a cantá-lo
E eu canto porque me agrada
Neste meu timbre de galo.
É verdade que alguns dizem
Que os tempos hoje são outros,
Que o campo é quase a cidade
E os chiripás estão rotos,
Que as esporas silenciaram
Na carne morta dos potros...
Cada um diz o que pensa
Isso aprendi de infância,
Mas nunca esqueça o herege
Que as cidades de importância
Se ergueram nos alicerces
Dos fortins e das estâncias.
Não esqueça, de outra parte,
Para honrar a descendência,
Que tudo aquilo que muda,
Muda só nas aparências
E até num bronze de praça
Vive a raiz da querência.
Eu nasci no tempo errado
Ou andei muito depressa,
Dei oh de casa em tapera,
Fiquei devendo promessa
Mas se pudesse eu voltava
Pra onde o Rio Grande começa.
E se me chamam de grosso,
Nem me bate a passarinha.
A argila do mundo novo
Não tem a mescla da minha,
Sovada a cascos de touro,
Com águas de carquejinha...
Rio Grande, berro de touro,
Quatro patas de cavalo
Quem não viveu esse tempo
Vive esse tempo ao cantá-lo,
E eu canto porque me agrada
Neste meu timbre de galo...
(Aparício Silva Rillo, Pedro Ortaça)
Rio Grande, berro de touro,
Quatro patas de cavalo.
Quem não viveu este tempo,
Vive esse tempo a cantá-lo
E eu canto porque me agrada
Neste meu timbre de galo.
É verdade que alguns dizem
Que os tempos hoje são outros,
Que o campo é quase a cidade
E os chiripás estão rotos,
Que as esporas silenciaram
Na carne morta dos potros...
Cada um diz o que pensa
Isso aprendi de infância,
Mas nunca esqueça o herege
Que as cidades de importância
Se ergueram nos alicerces
Dos fortins e das estâncias.
Não esqueça, de outra parte,
Para honrar a descendência,
Que tudo aquilo que muda,
Muda só nas aparências
E até num bronze de praça
Vive a raiz da querência.
Eu nasci no tempo errado
Ou andei muito depressa,
Dei oh de casa em tapera,
Fiquei devendo promessa
Mas se pudesse eu voltava
Pra onde o Rio Grande começa.
E se me chamam de grosso,
Nem me bate a passarinha.
A argila do mundo novo
Não tem a mescla da minha,
Sovada a cascos de touro,
Com águas de carquejinha...
Rio Grande, berro de touro,
Quatro patas de cavalo
Quem não viveu esse tempo
Vive esse tempo ao cantá-lo,
E eu canto porque me agrada
Neste meu timbre de galo...
Potro Sem Dono
Potro Sem Dono
(Paulo Portela Fagundes)
A sede de liberdade
Rebenta a soga do potro
Que parte em busca do pago
E num galope dispara
Rasgando a coxilha ao meio
Mordendo o vento na cara.
Bebe horizonte nos olhos,
Empurra a terra pra trás
Já vai bem longe a figura,
Mostra um caminho tenaz
Da humanidade sofrida
Que luta em busca da paz
Vai potro sem dono.
Vai livre como eu.
Se a morte lhe faz negaça,
Joga na vida com a sorte
Desprezo da própria morte,
Não se prende a preconceitos
Nem mata a sede com farsas,
Leva um destino no peito.
Na seiva das madrugadas
Vai florescendo a canção
Aquece o fogo de chão,
Enxuga o pranto de ausência,
Esta guitarra campeira,
Velho clarim da querência.
Vai potro sem dono.
Vai livre como eu.
(Paulo Portela Fagundes)
A sede de liberdade
Rebenta a soga do potro
Que parte em busca do pago
E num galope dispara
Rasgando a coxilha ao meio
Mordendo o vento na cara.
Bebe horizonte nos olhos,
Empurra a terra pra trás
Já vai bem longe a figura,
Mostra um caminho tenaz
Da humanidade sofrida
Que luta em busca da paz
Vai potro sem dono.
Vai livre como eu.
Se a morte lhe faz negaça,
Joga na vida com a sorte
Desprezo da própria morte,
Não se prende a preconceitos
Nem mata a sede com farsas,
Leva um destino no peito.
Na seiva das madrugadas
Vai florescendo a canção
Aquece o fogo de chão,
Enxuga o pranto de ausência,
Esta guitarra campeira,
Velho clarim da querência.
Vai potro sem dono.
Vai livre como eu.
Poncho Molhado
Poncho Molhado
(José Hilário Retamozo, Ewerton Ferreira)
Poncho molhado, olhar na tropa
E no horizonte
Vai o tropeiro, devagar, estrada a fora
A chuva encharca, está chovendo desde ontonte
Dói dentro d'alma, esta demora
Irmão do gado, ele se sente nesta hora
E o seu destino, também vai, neste reponte
Igual a tropa nesse tranco, estrada afora
Sempre encharcado de horizonte
A tropa segue, devagar, mugindo tonta
Talvez pressinta que seu fim
É o matadouro
E o tropeiro, entristecido, se dá conta
O boi é bicho, mais tem alma sob o couro
O boi é bicho, mais tem alma sob o couro...
(José Hilário Retamozo, Ewerton Ferreira)
Poncho molhado, olhar na tropa
E no horizonte
Vai o tropeiro, devagar, estrada a fora
A chuva encharca, está chovendo desde ontonte
Dói dentro d'alma, esta demora
Irmão do gado, ele se sente nesta hora
E o seu destino, também vai, neste reponte
Igual a tropa nesse tranco, estrada afora
Sempre encharcado de horizonte
A tropa segue, devagar, mugindo tonta
Talvez pressinta que seu fim
É o matadouro
E o tropeiro, entristecido, se dá conta
O boi é bicho, mais tem alma sob o couro
O boi é bicho, mais tem alma sob o couro...
Na Boca Da Noite
Na Boca Da Noite
(Rogério Villagrán, César Oliveira)
Na boca da noite costeando a picada meu zaino que é um gato se para carancho
Bombeando distante pras bandas do poente parece que sente o calor de algum rancho
Eu trago na estampa um jeito teatino porque o destino quis que eu fosse andejo
E a noite serena chega e me provoca campear a chinoca e roubar-lhe um beijo
Um ventito manso me alvorota o pala então eu me aprumo e tapeio o chapéu
Enxergo teu corpo no clarão da lua e os teus lindos olhos brilhando do céu
Eu sinto no peito um guascaço mui forte, inté acho que tenho coração de potro
Que bate ligeiro quando enxergo a flor, se é meu este amor não preciso de outro
A alma de um taura que vaga solito se para mais quebra rumbiando pra o fim
E as ânsias que tenho acolherei com a gana de ver a paisana que espera por mim
Já não vejo a hora de encontrar minha linda e dizer que trago entalado na goela
A felicidade que tanto preciso achei no sorriso que Deus deu pra ela
Que lindo seria se um dia eu pudesse te erguer na garupa do meu zaino bueno
Talvez me perdesse no toque dos dedos campiando os segredos de um corpo moreno
Mas numa volteada te levo comigo pro posto do fundo da estância da barra
Pra ser minha dona e cuidar dum ranchinho e dum pichonzinho que herdará minhas garras
Na boca da noite
Minha Paixão
Minha Paixão
(Dionísio Costa)
Você não tem mistério
Nem leva muito a sério, as nossas diferenças
É doce e decidida
E assim na minha vida, marcou sua presença
Meu anjo mais amigo
Que sempre está comigo, em tudo o que eu faço
Mudou o meu destino
Me fez o seu menino, na paz do seu abraço
Você quebrou o gelo, da minha vida vazia
Me fez até esquecer
Os maus momentos, que eu já vivi um dia
Você iluminou o meu caminho e acordou meu coração
Razão da minha saudade
Que me traz felicidade, você é minha paixão
(Dionísio Costa)
Você não tem mistério
Nem leva muito a sério, as nossas diferenças
É doce e decidida
E assim na minha vida, marcou sua presença
Meu anjo mais amigo
Que sempre está comigo, em tudo o que eu faço
Mudou o meu destino
Me fez o seu menino, na paz do seu abraço
Você quebrou o gelo, da minha vida vazia
Me fez até esquecer
Os maus momentos, que eu já vivi um dia
Você iluminou o meu caminho e acordou meu coração
Razão da minha saudade
Que me traz felicidade, você é minha paixão
Loco De Pressa
Loco De Pressa
(Dionísio Costa)
Uma cordeona aberta na vanera
Chamando a gauchada pra bailar
Uma cantiga reta e bem campeira
No lombo de um verso à corcovear
O chinaredo arísco sarandeando
Amoitando cambichos no olhar
Na sala a polvadeira levantando
E eu 'loco' de préssa pra chegar
Já ouço a cordeona, num tranco monarca
Lá vem outra marca e vou perder mais essa
Um fandango desses, não dá de toceira
E pra dançar vanera, eu tô 'lôco' de préssa
Tem dia que o destino é mesmo ingrato
Nem tudo sai do jeito que se quer
Meu pingo corcoveou se foi ao mato
Campeei mas não achei meu pangaré
Troteando a passo largo eu tô chegando
Não vivo sem vanera e sem 'muié'
Quem saiu bem montado tá bailando
E eu 'lôco de préssa tô de a pé
(Dionísio Costa)
Uma cordeona aberta na vanera
Chamando a gauchada pra bailar
Uma cantiga reta e bem campeira
No lombo de um verso à corcovear
O chinaredo arísco sarandeando
Amoitando cambichos no olhar
Na sala a polvadeira levantando
E eu 'loco' de préssa pra chegar
Já ouço a cordeona, num tranco monarca
Lá vem outra marca e vou perder mais essa
Um fandango desses, não dá de toceira
E pra dançar vanera, eu tô 'lôco' de préssa
Tem dia que o destino é mesmo ingrato
Nem tudo sai do jeito que se quer
Meu pingo corcoveou se foi ao mato
Campeei mas não achei meu pangaré
Troteando a passo largo eu tô chegando
Não vivo sem vanera e sem 'muié'
Quem saiu bem montado tá bailando
E eu 'lôco de préssa tô de a pé
Castelhana
Castelhana
(Rui Biriva, Elton Salddanha)
Eu hoje me vou pra fronteira
Pois queira ou não queira,
Vou ver meu amor
Esperei toda a semana
Prá ver a Castelhana,
Minha linda flor
Tá frio na minha cidade
A bem da verdade, está frio demais.
Ao sul do meu coração
Quero tempo bom
Só voce me traz.
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo.
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
Me diz
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
A gente pode ser feliz.
Eu hoje me vou prá fronteira
Pois queira ou não queira
Vou ver meu amor
Esperei toda a semana
Prá ver a Castelhana
Minha linda flor
Tá frio na minha cidade
A bem da verdade, está frio demais.
Ao sul do meu coração
Quero tempo bom
Só voce me traz
Ao sul do meu coração
Quero tempo bom
Só voce me traz.
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo.
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
Me diz
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
A gente pode ser feliz.
A gente pode ser feliz
A gente pode ser feliz
A gente pode ser feliz.
(Rui Biriva, Elton Salddanha)
Eu hoje me vou pra fronteira
Pois queira ou não queira,
Vou ver meu amor
Esperei toda a semana
Prá ver a Castelhana,
Minha linda flor
Tá frio na minha cidade
A bem da verdade, está frio demais.
Ao sul do meu coração
Quero tempo bom
Só voce me traz.
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo.
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
Me diz
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
A gente pode ser feliz.
Eu hoje me vou prá fronteira
Pois queira ou não queira
Vou ver meu amor
Esperei toda a semana
Prá ver a Castelhana
Minha linda flor
Tá frio na minha cidade
A bem da verdade, está frio demais.
Ao sul do meu coração
Quero tempo bom
Só voce me traz
Ao sul do meu coração
Quero tempo bom
Só voce me traz.
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo
Larga tudo e vem comigo
Vamos encarar o perigo.
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
Me diz
Castelhana se voce me ama, me ama, me ama
A gente pode ser feliz.
A gente pode ser feliz
A gente pode ser feliz
A gente pode ser feliz.
Nasceu Um Gaúcho
Nasceu Um Gaúcho
(Dionísio Costa, Pedro Neves)
Um chôro na madrugada, ecoou pela canhada
Acordando a criação
Veio do rancho do fundo, e dando 'buenas' pra o mundo
Se espalhou pelo rincão
Sorriu a família inteira e o vento na cumieira
Com seu canto acalentou
Aquela vida modesta e os galos fizeram festa
Pra o piazinho que chegou
Já nasceu afortunado, pelo amor amparado
Tendo pai e mãe do lado e o carinho dos avós
Veio sadío de bom pórte, há de ser um gurí forte
Pois nem todos têm a sorte, de não se criarem sós
Nasceu um Gaúcho e o chôro criança
Renova a esperança, de um tempo melhor
A vida se fez, de um amor maduro
E a fé no futuro, é muito maior
O pai sonhando acordado, já enxerga o piá criado
Sendo seu melhor amigo
A mãe reza e agradece, pedindo a deus numa prece
Que o proteja do perigo
Trouxe alegria pra os pais e o semblante de ancestrais
Que com ele vai crescer
Pouco importa não ter luxo, pois quando nasce um Gáucho
É o rio grande a renascer
Chora gauchinho, chora, que o dia não demora
E a alegria desta hora, jamais será esquecida
Na incerteza de esperar, como custou pra chegar
Deixa o piazinho chorar, é assim que começa a vida
(Dionísio Costa, Pedro Neves)
Um chôro na madrugada, ecoou pela canhada
Acordando a criação
Veio do rancho do fundo, e dando 'buenas' pra o mundo
Se espalhou pelo rincão
Sorriu a família inteira e o vento na cumieira
Com seu canto acalentou
Aquela vida modesta e os galos fizeram festa
Pra o piazinho que chegou
Já nasceu afortunado, pelo amor amparado
Tendo pai e mãe do lado e o carinho dos avós
Veio sadío de bom pórte, há de ser um gurí forte
Pois nem todos têm a sorte, de não se criarem sós
Nasceu um Gaúcho e o chôro criança
Renova a esperança, de um tempo melhor
A vida se fez, de um amor maduro
E a fé no futuro, é muito maior
O pai sonhando acordado, já enxerga o piá criado
Sendo seu melhor amigo
A mãe reza e agradece, pedindo a deus numa prece
Que o proteja do perigo
Trouxe alegria pra os pais e o semblante de ancestrais
Que com ele vai crescer
Pouco importa não ter luxo, pois quando nasce um Gáucho
É o rio grande a renascer
Chora gauchinho, chora, que o dia não demora
E a alegria desta hora, jamais será esquecida
Na incerteza de esperar, como custou pra chegar
Deixa o piazinho chorar, é assim que começa a vida
Engasgado Na Pistóla
Engasgado Na Pistóla
(Dionísio Costa)Ô ‘muié’ não me incomóda, que eu tô com os ‘bófe’ azedo
Amanheci no chinedo e a cachaça me fez mal
Tô co’a cabeça arrodeando e os ‘garrão’ que é puro inchúme
Pela falta de costume , de ‘retossá’ sem buçal
Depois que ‘ajuntei’ contigo, que é coisa pra mais de ano
Eu não tinha sacado os ‘pano’, pra o ‘mulherío' que é da lida
Mas já que faz um bom tempo, que eu te procuro e não acho
Pra o meu desejo de macho, me obriguei ‘campeá’ guarida
Quando eu chego da lida, não me dá mais atenção
E nas minhas ‘percisão’, tu deixou de me ‘atendê’
Vai até tarde da noite, assaltando a geladeira
Se entupindo de besteira, de à cavalo na ‘tevê’
Devido à tua frescura, me desfalquei de alguns ‘pila’
E me enfurnei lá na vila, pra me ‘esfregá’ e ‘batê’ cóla
Cheguei lá ‘loco’ de fome, com o ‘zóio’ maior que o bucho
Pronto pra ‘estorá’ uns ‘cartucho’ engasgado na pistóla
Caprichando nos ‘amasso’, não dei bola pra o respeito
Bailei de tudo que é jeito, num entrevero de couro
Empinei uma gelada, fui apartando o chinedo
Reculutei o praguedo e me atraquei no namoro
Botei em dia os ‘assunto’, daquilo que a gente gosta
Tinha umas quantas ‘disposta’, à me ‘agradá’ e me ‘serví’
Larguei duma e peguei outra, fui repassando as ‘guria’
Esfolei até uma ‘tia’, mas sempre pensando em ti
Ganhei um monte de agrado, paguei e fui atendido
E já que tô bem servido, o gasto nem considero
Gastei tudo o que eu podia, nos ‘trôco’ fiz um estrago
Mas em casa eu também pago e tu não faz o que eu quero
Acho que fiz muito bem, pois não judiei do teu couro
Depois de ouvir desaforo, destrato à torto e direito
Em vez de ‘ficá’ reinando, vá já me ‘fazê’ uma cânja
Só não me venha com gânja, que hoje eu já tô satisfeito
Grito Largo
Grito Largo
(José Carlos Batista De Deus, Fernando Mendonça Mendes)
O Vento Norte a embalar macegas
E o baio ruano abaralhando o freio
Solto do peito aquele grito largo
Marca sagrada de parar rodeio
Um pouco adiante o cusco atropela
A lebrezita que arrancou do sono
Bem lá no alto um touro osco berra
Como se fosse desse mundo o dono
Pela invernada vão brotando trilhas
Riscando o verde de pêlo e poesia
A cavalhada em disparada louca
E o tranco manso do gado de cria
A água suja no passo da sanga
Carrega cheiro de pasto pisado
Um quero-quero recortando os ares
Mistura jeito de chefe soldado
Até uma nuvem caminhando lenta
Chega sedenta no cocho de sal
Deus participa desta tarde morna
E deixa à mostra seu amor rural
Será esse grito de parar rodeio
Letra de um hino ou cantar de vida
É certo mesmo que faz bem à alma
E adoça a boca no rigor da lida
Até uma nuvem caminhando lenta
Chega sedenta no cocho de sal
Deus participa dessa tarde morna
E deixa à mostra seu amor rural
Será esse grito de parar rodeio
Letra de um hino ou cantar de vida
É certo mesmo que faz bem à alma
E adoça a boca no rigor da lida
(José Carlos Batista De Deus, Fernando Mendonça Mendes)
O Vento Norte a embalar macegas
E o baio ruano abaralhando o freio
Solto do peito aquele grito largo
Marca sagrada de parar rodeio
Um pouco adiante o cusco atropela
A lebrezita que arrancou do sono
Bem lá no alto um touro osco berra
Como se fosse desse mundo o dono
Pela invernada vão brotando trilhas
Riscando o verde de pêlo e poesia
A cavalhada em disparada louca
E o tranco manso do gado de cria
A água suja no passo da sanga
Carrega cheiro de pasto pisado
Um quero-quero recortando os ares
Mistura jeito de chefe soldado
Até uma nuvem caminhando lenta
Chega sedenta no cocho de sal
Deus participa desta tarde morna
E deixa à mostra seu amor rural
Será esse grito de parar rodeio
Letra de um hino ou cantar de vida
É certo mesmo que faz bem à alma
E adoça a boca no rigor da lida
Até uma nuvem caminhando lenta
Chega sedenta no cocho de sal
Deus participa dessa tarde morna
E deixa à mostra seu amor rural
Será esse grito de parar rodeio
Letra de um hino ou cantar de vida
É certo mesmo que faz bem à alma
E adoça a boca no rigor da lida
Alma De Estância E Querência
Alma De Estância E Querência
(Sérgio Carvalho Pereira, Luiz Marenco, Jari Terres)
Da gadaria faz silhueta a madrugada
Das quatro quadras da invernada do branquilho
Rodeio grande, saltou cedo a peonada
Levando a lua na cabeça do lombilho
A mim me toca repontar o fundo do campo
Na hora santa em que a manhã tira o seu véu
Levo na testa do gateado a última estrela
Que aquerenciada não quis mais voltar pra o céu
E o meu cavalo que "le gusta" ouvir um silvido
Olha comprido e põe tenência nas orelhas
Enxergo o gado e o assobio sai tão sentido
Que acende o sol num gravatá crista vermelha
O boi compreende o chamado da melodia
E a gadaria pisoteia um Santa Fé
Chegam no passo da restinga, e uma traíra
Atira um bote à flor azul de um aguapé
Olhando a ponta que encordoa pra o rodeio
Cresce o anseio de viver nestas lonjuras
Bárbara é a lida no lombo dos arreios
E alma de campo é a bendição destas planuras
Já me disseram que se acabam as invernadas
Que retalhadas marcam o fim dessa existência
Mas trago a essência e a constância de um olho d'água
E a alma penduada com sementes de querência
(Sérgio Carvalho Pereira, Luiz Marenco, Jari Terres)
Da gadaria faz silhueta a madrugada
Das quatro quadras da invernada do branquilho
Rodeio grande, saltou cedo a peonada
Levando a lua na cabeça do lombilho
A mim me toca repontar o fundo do campo
Na hora santa em que a manhã tira o seu véu
Levo na testa do gateado a última estrela
Que aquerenciada não quis mais voltar pra o céu
E o meu cavalo que "le gusta" ouvir um silvido
Olha comprido e põe tenência nas orelhas
Enxergo o gado e o assobio sai tão sentido
Que acende o sol num gravatá crista vermelha
O boi compreende o chamado da melodia
E a gadaria pisoteia um Santa Fé
Chegam no passo da restinga, e uma traíra
Atira um bote à flor azul de um aguapé
Olhando a ponta que encordoa pra o rodeio
Cresce o anseio de viver nestas lonjuras
Bárbara é a lida no lombo dos arreios
E alma de campo é a bendição destas planuras
Já me disseram que se acabam as invernadas
Que retalhadas marcam o fim dessa existência
Mas trago a essência e a constância de um olho d'água
E a alma penduada com sementes de querência
A Te Procurar
A Te Procurar
(Dionísio Costa)
Feito um louco andarilho
Buscando ansioso o que nunca foi meu
Já andei por aí
Procurando teu rastro em escuros caminhos
Me perdi pelo mundo
Tentando encontrar, meu olhar se perdeu
E em meio à estranhos
À te procurar me sentí mais sozinho
Fui buscar tão distante
Quem já fez morada no meu coração
E por rebeldia
Afastou-se em silêncio sem nem um adeus
Igual a neblina
Se vai quando o sol chega beijando o chão
Saiu de mansinho
Deixando um vazio entre os braços meus
Será que é verdade
Que a felicidade é só passageira
E a desilusão
Faz parte da vida de quem muito ama
Ou será a saudade
Nossa confidente, fiel companheira
E o que era cinza
Queima como brasa e reascende a chama
(Dionísio Costa)
Feito um louco andarilho
Buscando ansioso o que nunca foi meu
Já andei por aí
Procurando teu rastro em escuros caminhos
Me perdi pelo mundo
Tentando encontrar, meu olhar se perdeu
E em meio à estranhos
À te procurar me sentí mais sozinho
Fui buscar tão distante
Quem já fez morada no meu coração
E por rebeldia
Afastou-se em silêncio sem nem um adeus
Igual a neblina
Se vai quando o sol chega beijando o chão
Saiu de mansinho
Deixando um vazio entre os braços meus
Será que é verdade
Que a felicidade é só passageira
E a desilusão
Faz parte da vida de quem muito ama
Ou será a saudade
Nossa confidente, fiel companheira
E o que era cinza
Queima como brasa e reascende a chama
A Dom Gildinho Monarca
A Dom Gildinho Monarca
(Dionísio Costa, Mário Nenê)
Essa magia faz o mundo mais feliz
Com seus acórdes enche o pampa de poesia
Com alegria vai plantando essa raiz
Esteio forte de cérne que não se vérga
E não se entrega vai aguentando o tirão
Firmando o taco na cultura que preserva
Fazendo história nos fandangos de galpão
Abre a gaita Dom Gildinho, grande gaiteiro monarca
Mostra ao povo em cada marca, tua estampa galponeira
Levando além da fronteira, pra espalhar nos continentes
A melodia imponente, da nossa gente campeira
A tua alegria já é marca registrada
Na longa estrada dos monarcas fandangueando
Com teu sorriso alumiando as madrugadas
A gauchada nem nóta o tempo passando
Taura campeiro de altivez bem gauchesca
Cria da cêpa que brotou pelas coxilhas
Vai ostentando este rio grande junto ao peito
Que é onde bate teu coração farroupilha
O teu alicerce de campeiro foi formado
Pelo legado do atavismo deste chão
Herança xucra rebuscada no passado
Que mantém viva a cultura e a tradição
Por isso quando abre a gaita companheiro
O mundo inteiro te escuta com afago
Pois vai levando nesta sína de gaiteiro
As melodias fandangueiras do meu pago
Abrindo Caminhos
Abrindo Caminhos
(Dilan Camargo, Celso Bastos)
Cavalgo por algo
Neste campo absoluto
Meus palas de festa
Meus palas de luto
O vento na testa
Nada mais escuto.
Cavalgo por algo
E me largo no infinito
Minhas tropas e coplas
Minhas guerras e mitos
Adaga nas manoplas
A vida é um grito.
Cavalgo por algo
Nesta viagem em que trago
O meu par de esporas
Estrelas sonoras
Abrindo caminhos
Na luz das auroras.
Cavalgo por algo
Neste lago verde e raso
Na língua que falo
O sol dos ocasos
Os cascos e os causos
Dos homens cavalos.
Cavalgo por algo
Neste sul que foi azul
Ainda não cheguei
Na fonte me procuro
Mas cavalgar eu sei
Ao rio do Futuro.
(Dilan Camargo, Celso Bastos)
Cavalgo por algo
Neste campo absoluto
Meus palas de festa
Meus palas de luto
O vento na testa
Nada mais escuto.
Cavalgo por algo
E me largo no infinito
Minhas tropas e coplas
Minhas guerras e mitos
Adaga nas manoplas
A vida é um grito.
Cavalgo por algo
Nesta viagem em que trago
O meu par de esporas
Estrelas sonoras
Abrindo caminhos
Na luz das auroras.
Cavalgo por algo
Neste lago verde e raso
Na língua que falo
O sol dos ocasos
Os cascos e os causos
Dos homens cavalos.
Cavalgo por algo
Neste sul que foi azul
Ainda não cheguei
Na fonte me procuro
Mas cavalgar eu sei
Ao rio do Futuro.
Rancho De Luz
Rancho De Luz
(Tulio Urach, Carlos Omar Villela Gomes, Gibão Strazzabosco)
Sentado à mesa um mate novo
A vela acesa, o olho turvo
Ouço mil cascos em disparada
Lá por de trás da coxilha,
E o negrinho gorgeia seu riso
Por ter achado a tropilha.
Dou-te o lume da vela a prece prometida
Encontrem minha alma que anda perdida,
A escuridão da noite ainda me trás
Espíritos que vagam sem ter paz
Aquerenciando o temor de encontrar,
Lá fora o fogo incensato do boitatá.
Aháááááá
São índios e padres
São negros, mulheres, soldados
Aháááááá
Que adentram o rancho
E mateiam proseando ao meu lado
Guiam-se pela prece
Aos braços abertos na cruz,
Enquanto a vela aquece
Os sonhos que povoam
Esse rancho de luz
Indago à Cristo na parede
Se pode um mate aumentar a sede
Na chama da vela que se desfigura
Vejo campo e nele ecos de loucura,
Faiscas de adagas a morte estampada,
Tempo das batalhas, de morrer por nada.
Murmúrios engasgados em pecado e dor
Clamam ao meu lado a mão do redentor,
Roque na fogueira sem um coração
Toma a minha prece como extrema unção
O aço De La Torre vem pedir perdão,
A fúria da criolla com sangue nas mãos
Aháááááá
São índios e padres
São negros, mulheres, soldados
Aháááááá
Que adentram o rancho
E mateiam proseando ao meu lado
Guiam-se pela prece
Aos braços abertos na cruz,
Enquanto a vela aquece
Os sonhos que povoam
Esse rancho de luz
Dou-te o lume da vela a prece prometida
Aháááááá
(Tulio Urach, Carlos Omar Villela Gomes, Gibão Strazzabosco)
Sentado à mesa um mate novo
A vela acesa, o olho turvo
Ouço mil cascos em disparada
Lá por de trás da coxilha,
E o negrinho gorgeia seu riso
Por ter achado a tropilha.
Dou-te o lume da vela a prece prometida
Encontrem minha alma que anda perdida,
A escuridão da noite ainda me trás
Espíritos que vagam sem ter paz
Aquerenciando o temor de encontrar,
Lá fora o fogo incensato do boitatá.
Aháááááá
São índios e padres
São negros, mulheres, soldados
Aháááááá
Que adentram o rancho
E mateiam proseando ao meu lado
Guiam-se pela prece
Aos braços abertos na cruz,
Enquanto a vela aquece
Os sonhos que povoam
Esse rancho de luz
Indago à Cristo na parede
Se pode um mate aumentar a sede
Na chama da vela que se desfigura
Vejo campo e nele ecos de loucura,
Faiscas de adagas a morte estampada,
Tempo das batalhas, de morrer por nada.
Murmúrios engasgados em pecado e dor
Clamam ao meu lado a mão do redentor,
Roque na fogueira sem um coração
Toma a minha prece como extrema unção
O aço De La Torre vem pedir perdão,
A fúria da criolla com sangue nas mãos
Aháááááá
São índios e padres
São negros, mulheres, soldados
Aháááááá
Que adentram o rancho
E mateiam proseando ao meu lado
Guiam-se pela prece
Aos braços abertos na cruz,
Enquanto a vela aquece
Os sonhos que povoam
Esse rancho de luz
Dou-te o lume da vela a prece prometida
Aháááááá
Canção Do Noivo
Canção Do Noivo
(Vaine Darde, Sabani Felipe de Souza)
Cerração desceu do cerro vestiu de noiva a aurora
Eu tenho andado nublado desde quando foste embora
Casuarina despertou com violinos nupciais
Se eu não noivar contigo não me caso nunca mais
Fiz um mate apaixonado com cidró e hortelã
Vesti um poncho de nuvens e me perdi na manhã
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Enfeitei a casa vaga com gerânios e camélias
E a névoa me trouxe véus das cortinas das janelas
Desfolhei rosas vermelhas que colhi por toda a parte
Ficou uma colcha de pétalas abandonada no catre
O dia desconsolado nublou o campo e a cidade
Desde quando me deixaste fiquei noivo da saudade
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
(Vaine Darde, Sabani Felipe de Souza)
Cerração desceu do cerro vestiu de noiva a aurora
Eu tenho andado nublado desde quando foste embora
Casuarina despertou com violinos nupciais
Se eu não noivar contigo não me caso nunca mais
Fiz um mate apaixonado com cidró e hortelã
Vesti um poncho de nuvens e me perdi na manhã
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Enfeitei a casa vaga com gerânios e camélias
E a névoa me trouxe véus das cortinas das janelas
Desfolhei rosas vermelhas que colhi por toda a parte
Ficou uma colcha de pétalas abandonada no catre
O dia desconsolado nublou o campo e a cidade
Desde quando me deixaste fiquei noivo da saudade
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Boeira
Boeira
(Nenito Sarturi, Miguel Marques)
Quando a noite abre a cancela
Do invernadão do infinito
Surge a luz dos olhos dela
Pra quem vagueia solito
Ponteando a noite campeira
Na tropa do firmamento
Fiz uma estrela boeira
Parceira do meu lamento
Esta estrela solitária
Guiei luzeiros sem fim
É uma frincha imaginária
Clareando o mundo pra mim
Só tu boeira candente
Quente e ansiosa de abraços
Essa amante permanente
Guiando sempre meus passos
Engarupada de estrelas
A noite pinta nuances
Soprando o lume das velas
E o braseiro dos romances
Há um recuerdo em cada canto
Deste rancho abandonado
A saudade é um acalanto
Quinchando o peito cansado
O capim de Santa Fé
Aos temporais sucumbiu
Deixando sonhos no tempo
Num rancho triste e vazio
Só tu boeira candente
Quente e ansiosa de abraços
Essa amante permanente
Guiando sempre meus passos
(Nenito Sarturi, Miguel Marques)
Quando a noite abre a cancela
Do invernadão do infinito
Surge a luz dos olhos dela
Pra quem vagueia solito
Ponteando a noite campeira
Na tropa do firmamento
Fiz uma estrela boeira
Parceira do meu lamento
Esta estrela solitária
Guiei luzeiros sem fim
É uma frincha imaginária
Clareando o mundo pra mim
Só tu boeira candente
Quente e ansiosa de abraços
Essa amante permanente
Guiando sempre meus passos
Engarupada de estrelas
A noite pinta nuances
Soprando o lume das velas
E o braseiro dos romances
Há um recuerdo em cada canto
Deste rancho abandonado
A saudade é um acalanto
Quinchando o peito cansado
O capim de Santa Fé
Aos temporais sucumbiu
Deixando sonhos no tempo
Num rancho triste e vazio
Só tu boeira candente
Quente e ansiosa de abraços
Essa amante permanente
Guiando sempre meus passos
Canto Ao Pastoreio
Canto Ao Pastoreio
(Eliezer Tadeu Dias De Sousa, João Bosco Ayala)
Boleio a perna num verso...
Do verso faço uma prece...
A inspiração transparece
Num simbronaço de luz
Que este negrinho traduz
A devoção da minha raça,
Que vive pedindo graças,
Como a um segundo Jesus...
E, como tantos, pedi
E também fui atendido,
Achei os sonhos perdidos,
De adelgaçados anseios...
E agora que sento arreios,
No lombo desses rosilhos,
É graças a ti, que encilho,
Negrinho do Pastoreio...!
Escreves por linhas tortas,
De forma certa e parelha...
E segue batendo orelha
Com tantos santos sangrudos...
Canonizados, fachudos
No pedestal das igrejas,
Mas tu tens campo e carqueja
E o Rio Grande acima de tudo...!
Te quarteou outro moreno,
Entre o tempo e a distância,
Também crioulo de estância,
Mesma alma em transparência...
Mesma cor na descendência
E o mesmo gosto por potros,
Encarnados um no outro
Pra sinuelar a querência...
Vos agradeço, parceiros,
Por esta graça alcançada,
Me deste céu e estradas,
E rumos a percorrer...
Pingos de lida e lazer,
Meus troféus de casco e crina,
O bem maior da campina
Que um Gaúcho pode ter!
Escreves por linhas tortas,
De forma certa e parelha...
E segue batendo orelha
Com tantos santos sangrudos...
Canonizados, fachudos
No pedestal das igrejas,
Mas tu tens campo e carqueja
E o Rio Grande acima de tudo...!
(Eliezer Tadeu Dias De Sousa, João Bosco Ayala)
Boleio a perna num verso...
Do verso faço uma prece...
A inspiração transparece
Num simbronaço de luz
Que este negrinho traduz
A devoção da minha raça,
Que vive pedindo graças,
Como a um segundo Jesus...
E, como tantos, pedi
E também fui atendido,
Achei os sonhos perdidos,
De adelgaçados anseios...
E agora que sento arreios,
No lombo desses rosilhos,
É graças a ti, que encilho,
Negrinho do Pastoreio...!
Escreves por linhas tortas,
De forma certa e parelha...
E segue batendo orelha
Com tantos santos sangrudos...
Canonizados, fachudos
No pedestal das igrejas,
Mas tu tens campo e carqueja
E o Rio Grande acima de tudo...!
Te quarteou outro moreno,
Entre o tempo e a distância,
Também crioulo de estância,
Mesma alma em transparência...
Mesma cor na descendência
E o mesmo gosto por potros,
Encarnados um no outro
Pra sinuelar a querência...
Vos agradeço, parceiros,
Por esta graça alcançada,
Me deste céu e estradas,
E rumos a percorrer...
Pingos de lida e lazer,
Meus troféus de casco e crina,
O bem maior da campina
Que um Gaúcho pode ter!
Escreves por linhas tortas,
De forma certa e parelha...
E segue batendo orelha
Com tantos santos sangrudos...
Canonizados, fachudos
No pedestal das igrejas,
Mas tu tens campo e carqueja
E o Rio Grande acima de tudo...!
Esquilador
Esquilador
(Telmo de Lima Freitas)
Quando é tempo de tosquia
Já clareia o dia com outro sabor,
As tesouras cortam em um só compasso
Enrijecendo o braço do esquilador
Um descascarreia, outro já maneia
E vai levantando para o tosador
Avental de estopa, faixa na cintura
E um gole de pura pra espantar o calor.
Alma branca igual ao velo
Tosando a martelo quase envelheceu
Hoje perguntando para a própria vida
P'ronde foi lida que ele conheceu
Quase um pesadelo arrepia o pelo
Do couro curtido do esquilador
Ao cambiar de sorte levou um cimbronaço
Ouvindo o compasso tocado à motor.
A vida disfarça lembrando a comparsa
Quando alinhavava o seu próprio chão
Envidou os pagos numa só parada
33 de espada, mas perdeu de mão
Nesta vida guapa vivendo de inhapa
Vai voltar aos pagos para remoçar
Quem vendeu tesouras na ilusão povoeira
Volte pra fronteira para se encontrar.
(Telmo de Lima Freitas)
Quando é tempo de tosquia
Já clareia o dia com outro sabor,
As tesouras cortam em um só compasso
Enrijecendo o braço do esquilador
Um descascarreia, outro já maneia
E vai levantando para o tosador
Avental de estopa, faixa na cintura
E um gole de pura pra espantar o calor.
Alma branca igual ao velo
Tosando a martelo quase envelheceu
Hoje perguntando para a própria vida
P'ronde foi lida que ele conheceu
Quase um pesadelo arrepia o pelo
Do couro curtido do esquilador
Ao cambiar de sorte levou um cimbronaço
Ouvindo o compasso tocado à motor.
A vida disfarça lembrando a comparsa
Quando alinhavava o seu próprio chão
Envidou os pagos numa só parada
33 de espada, mas perdeu de mão
Nesta vida guapa vivendo de inhapa
Vai voltar aos pagos para remoçar
Quem vendeu tesouras na ilusão povoeira
Volte pra fronteira para se encontrar.
Ave Maria Do Gaúcho
Ave Maria Do Gaúcho
(Teixeirinha)
Ave Maria do Gaúcho quando ele sai campo a fora
Também reza um padre-nosso pede pra nossa senhora
Pra livrar raio e trovoada temporal vem sem demora
A chinoca lá no rancho também reza nesta hora
Ele apressa sua tropa era boi vamos embora
“Virgem Santa ouve as preces que ele rezou com fervor
O temporal já se espalha e o céu já muda de cor
Ele tira o seu chapéu olha o céu do redentor
Obrigado Virgem Santa
Obrigado meu senhor
Posso voltar pro meu rancho ver a china meu amor”
Na planície ou na coxilha lá vai um Gaúcho andando
Muitas vezes numa restinga tem uma cobra esperando
No estouro de uma tropa ou um boi brabo avançando
Na rodada de um cavalo ou um furacão roncando
Pra livrar destes perigos Ave Maria vai rezando: era boi!
Primeira prenda do céu Santa Virgem imaculada
Protege o Gaúcho andando na coxilha ou na canhada
E assim ele prossegue chegar ao fim da jornada
Entra no rancho cantando com a bolsa recheada
Para agradecer a virgem reza junto a sua amada
Ave Maria, Ave Maria abençoada.
(Teixeirinha)
Ave Maria do Gaúcho quando ele sai campo a fora
Também reza um padre-nosso pede pra nossa senhora
Pra livrar raio e trovoada temporal vem sem demora
A chinoca lá no rancho também reza nesta hora
Ele apressa sua tropa era boi vamos embora
“Virgem Santa ouve as preces que ele rezou com fervor
O temporal já se espalha e o céu já muda de cor
Ele tira o seu chapéu olha o céu do redentor
Obrigado Virgem Santa
Obrigado meu senhor
Posso voltar pro meu rancho ver a china meu amor”
Na planície ou na coxilha lá vai um Gaúcho andando
Muitas vezes numa restinga tem uma cobra esperando
No estouro de uma tropa ou um boi brabo avançando
Na rodada de um cavalo ou um furacão roncando
Pra livrar destes perigos Ave Maria vai rezando: era boi!
Primeira prenda do céu Santa Virgem imaculada
Protege o Gaúcho andando na coxilha ou na canhada
E assim ele prossegue chegar ao fim da jornada
Entra no rancho cantando com a bolsa recheada
Para agradecer a virgem reza junto a sua amada
Ave Maria, Ave Maria abençoada.
Terra Saudade
Terra Saudade
(Horácio Côrtes, Milton Magalhães)
No alto da serra um dia
Uma alta cruz foi plantada
Junto a capela fundada
Pelos nossos ancestrais
E no chão cheio de vida
Nasceu uma terra querida
Cruz alta dos trigais
Quem bebe a água da fonte
Carrega a cruz da paixão
Esse é o pealo derradeiro
Pera aquecer nesse chão
Cruz Alta da Panelinha
Tem dita fonte encantada
Quem bebe aqui faz morada
Eu que em teu seio nasci
Vou mergulhar em tuas águas
Para afogar minhas mágoas
Por estar longe de ti
A minha infância gaudéria
Entre teus campos dourados
Em meio a bois e arados
Que tristeza já passou
Hoje as picadas no mato
São corredores de asfalto
Que o progresso te legou
(Horácio Côrtes, Milton Magalhães)
No alto da serra um dia
Uma alta cruz foi plantada
Junto a capela fundada
Pelos nossos ancestrais
E no chão cheio de vida
Nasceu uma terra querida
Cruz alta dos trigais
Quem bebe a água da fonte
Carrega a cruz da paixão
Esse é o pealo derradeiro
Pera aquecer nesse chão
Cruz Alta da Panelinha
Tem dita fonte encantada
Quem bebe aqui faz morada
Eu que em teu seio nasci
Vou mergulhar em tuas águas
Para afogar minhas mágoas
Por estar longe de ti
A minha infância gaudéria
Entre teus campos dourados
Em meio a bois e arados
Que tristeza já passou
Hoje as picadas no mato
São corredores de asfalto
Que o progresso te legou
Vida De Peão
Vida De Peão
(Enio Medeiros, Rogério Villagrán)
Com minha mala no ombro chapéu de aba tapeada
Um pañuelo colorado e o pala da cor da geada
Quando o sol mostra o fucinho entre os ramos da canhada
Eu já tô com as trouxa pronta esperando na parada
A embarcação barulhenta se arrasta batendo lata
Levo lembranças amigas, recuerdo, saludo e plata
Esta noite eu perco a doma e arrasto as alpargatas
Lá no rancho do Abrelino, nos braços de uma mulata
De vez em quando, quando posso
Dou uma voltita no povo
Tiro uns três ou quatro dias
De retoço com as guria
E volto pra estância de novo
Já paguei conta atrasada
Sempre fui um bom pagador
E na rua do chapéu
Posei enredado de amor
Comprei um par de bota nova
E um pala bueno de fato
E domingo gastei uns trago
Com as moça do maragato
Segunda-feira bem cedo, me acordo lôco de pena
De não ter guardados um quilo dos carinhos da morena
Volto à estância novamente, pois esta vida é um confronto
Rebentando aspa de boi, trompando égua dos encontro
De vez em quando, quando posso
Dou uma voltita no povo
Tiro uns três ou quatro dias
De retoço com as guria
E volto pra estância de novo
(Enio Medeiros, Rogério Villagrán)
Com minha mala no ombro chapéu de aba tapeada
Um pañuelo colorado e o pala da cor da geada
Quando o sol mostra o fucinho entre os ramos da canhada
Eu já tô com as trouxa pronta esperando na parada
A embarcação barulhenta se arrasta batendo lata
Levo lembranças amigas, recuerdo, saludo e plata
Esta noite eu perco a doma e arrasto as alpargatas
Lá no rancho do Abrelino, nos braços de uma mulata
De vez em quando, quando posso
Dou uma voltita no povo
Tiro uns três ou quatro dias
De retoço com as guria
E volto pra estância de novo
Já paguei conta atrasada
Sempre fui um bom pagador
E na rua do chapéu
Posei enredado de amor
Comprei um par de bota nova
E um pala bueno de fato
E domingo gastei uns trago
Com as moça do maragato
Segunda-feira bem cedo, me acordo lôco de pena
De não ter guardados um quilo dos carinhos da morena
Volto à estância novamente, pois esta vida é um confronto
Rebentando aspa de boi, trompando égua dos encontro
De vez em quando, quando posso
Dou uma voltita no povo
Tiro uns três ou quatro dias
De retoço com as guria
E volto pra estância de novo
Ofício-Solidão
Ofício-Solidão
(Rejane Fernandes, Francisco Alves)
De ouvido sempre alerta,
Artista em cada cercado,
O alambrador musicista
Afina os fios do aramado.
As cordas do instrumento
Invadem campos distantes.
Enfeitam moirões cativos,
Perseguem os caminhantes.
A família vai crescendo,
Marcada pelo aramado,
Que aprisiona gente e terra,
Nos sete fios afinados.
Em mansas noites de prosa, ao abrigo do galpão,
O artista conta causos desse ofício-solidão.
Alambrador por herança, gosto e profissão,
Ama as coxilhas do pampa, cercadas por sua mão.
Sentindo o peso do tempo,
Passa pros filhos ciência,
Ensina os sons do alambrado,
Mostra o valor da querência.
Sabe que o homem do campo
Não tem lugar na cidade.
Morre operário de obra,
Com sonhos, sem liberdade.
Ama as coxilhas do pampa, cercadas por sua mão.
Alambrador por herança, desse ofício-solidão.
De ouvido semapre alerta,
Marcado pelo aramado,
Sentindo o peso do tempo,
Ensina os sons do alambrado.
(Rejane Fernandes, Francisco Alves)
De ouvido sempre alerta,
Artista em cada cercado,
O alambrador musicista
Afina os fios do aramado.
As cordas do instrumento
Invadem campos distantes.
Enfeitam moirões cativos,
Perseguem os caminhantes.
A família vai crescendo,
Marcada pelo aramado,
Que aprisiona gente e terra,
Nos sete fios afinados.
Em mansas noites de prosa, ao abrigo do galpão,
O artista conta causos desse ofício-solidão.
Alambrador por herança, gosto e profissão,
Ama as coxilhas do pampa, cercadas por sua mão.
Sentindo o peso do tempo,
Passa pros filhos ciência,
Ensina os sons do alambrado,
Mostra o valor da querência.
Sabe que o homem do campo
Não tem lugar na cidade.
Morre operário de obra,
Com sonhos, sem liberdade.
Ama as coxilhas do pampa, cercadas por sua mão.
Alambrador por herança, desse ofício-solidão.
De ouvido semapre alerta,
Marcado pelo aramado,
Sentindo o peso do tempo,
Ensina os sons do alambrado.
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A Boa Vista Do Peão De Tropa
A Boa Vista Do Peão De Tropa
(Mauro Moraes)
Nos rincões da minha querência, arrabaleira conforme a vontade
Me serve um mate, pampa minha, nesta vidinha que me destes
Antes que embeste a novilhada, prá o mundo alheio das porteiras
Saúdo a poeira destas crinas, que me arrocinam sujeitando
E da garupa do cavalo, faço um regalo à ventania
Que na poesia destas léguas, tomo por rédeas e conselhos
Chamo no freio a coisa braba, o tempo é feio, mas que importa
Quando se engorda na invernada, não falta nada
Prá quem baba de focinho levantado e mais curioso
A fim de ir, a estância do passo, na direção de casa, costeando o arvoredo
O meu desespero porfia co'a tropa, fazendo o que gosta ao sul de mim mesmo
E todo o bem que havia maneado ao destino, divide caminho com a rês que amadrinha
O rio que eu não via, mimando de sede, a minha saudade
Na função dos meus afazeres, rememorados conforme a manada
Vou ressabiando afeito a fadiga, nas horas mingas de sossego
Talvez melhore durante a sesteada, sou por demais igual a campanha
Tamanha a alma de horizonte, ali defronte os cinamomos
Já não habita a teimosia, atropelando o meu rodeio
Quando me agüento no forcejo, pra erguer no laço os caídos
Não me lastimo, nem receio, vou pelo meio do sinuelo
Tocando manso os mais ariscos, só pelo vício de por quartos
Cuidar do gado, rondando o baio, que amanuceio
A fim de ir, a estância do passo, na direção de casa, costeando o arvoredo
O meu desespero porfia co'a tropa, fazendo o que gosta ao sul de mim mesmo
E todo o bem que havia maneado ao destino, divide caminho com a rês que amadrinha
O rio que eu não via, mimando de sede, a minha saudade
(Mauro Moraes)
Nos rincões da minha querência, arrabaleira conforme a vontade
Me serve um mate, pampa minha, nesta vidinha que me destes
Antes que embeste a novilhada, prá o mundo alheio das porteiras
Saúdo a poeira destas crinas, que me arrocinam sujeitando
E da garupa do cavalo, faço um regalo à ventania
Que na poesia destas léguas, tomo por rédeas e conselhos
Chamo no freio a coisa braba, o tempo é feio, mas que importa
Quando se engorda na invernada, não falta nada
Prá quem baba de focinho levantado e mais curioso
A fim de ir, a estância do passo, na direção de casa, costeando o arvoredo
O meu desespero porfia co'a tropa, fazendo o que gosta ao sul de mim mesmo
E todo o bem que havia maneado ao destino, divide caminho com a rês que amadrinha
O rio que eu não via, mimando de sede, a minha saudade
Na função dos meus afazeres, rememorados conforme a manada
Vou ressabiando afeito a fadiga, nas horas mingas de sossego
Talvez melhore durante a sesteada, sou por demais igual a campanha
Tamanha a alma de horizonte, ali defronte os cinamomos
Já não habita a teimosia, atropelando o meu rodeio
Quando me agüento no forcejo, pra erguer no laço os caídos
Não me lastimo, nem receio, vou pelo meio do sinuelo
Tocando manso os mais ariscos, só pelo vício de por quartos
Cuidar do gado, rondando o baio, que amanuceio
A fim de ir, a estância do passo, na direção de casa, costeando o arvoredo
O meu desespero porfia co'a tropa, fazendo o que gosta ao sul de mim mesmo
E todo o bem que havia maneado ao destino, divide caminho com a rês que amadrinha
O rio que eu não via, mimando de sede, a minha saudade
Lições Da Terra
Lições Da Terra
(Humberto Zanatta, Ribamar Machado)
Por esta verga rotineira em que caminhas
Como boi manso ponteando a lavração
Vira e revira no silêncio do arado
A nova terra para outra plantação.
Neste teu rosto existem rugas que são vergas
E pelas veias do teu corpo correm rios
Os grossos dedos de tuas mãos são como adagas
Cortando a terra e as tranqueiras com seus fios.
Pequeno agricultor, tu és o grande
Plantador da nova roça que sonhamos
Do calo de tuas mãos há de brotar
O fruto da justiça que buscamos.
Tem muita gente que é mais àrida que a terra
Quando te explora, te expulsa e te maltrata
A terra bruta, como homem não se entrega
E vai um dia se vingar de quem a mata.
Quanto se aprende olhando claro em nossa volta
Semente frágil se transforma em linda fruta
Neste entrevero de homens, plantas e de bichos
Brota a certeza de que a vida é sempre luta.
(Humberto Zanatta, Ribamar Machado)
Por esta verga rotineira em que caminhas
Como boi manso ponteando a lavração
Vira e revira no silêncio do arado
A nova terra para outra plantação.
Neste teu rosto existem rugas que são vergas
E pelas veias do teu corpo correm rios
Os grossos dedos de tuas mãos são como adagas
Cortando a terra e as tranqueiras com seus fios.
Pequeno agricultor, tu és o grande
Plantador da nova roça que sonhamos
Do calo de tuas mãos há de brotar
O fruto da justiça que buscamos.
Tem muita gente que é mais àrida que a terra
Quando te explora, te expulsa e te maltrata
A terra bruta, como homem não se entrega
E vai um dia se vingar de quem a mata.
Quanto se aprende olhando claro em nossa volta
Semente frágil se transforma em linda fruta
Neste entrevero de homens, plantas e de bichos
Brota a certeza de que a vida é sempre luta.
Tropeiro Do Futuro
Tropeiro Do Futuro
(Armando Vasquez, Adão Quintana Vieira)
Piazito, olhes bem estas campanhas
Desta Querência, onde tocas boi por diante;
Tu que vais ser o amanhã rumo ao futuro,
Tens que saber o que te espera pela frente.
Põe tenência no que te digo, piá:
Cuida esta Pampa que o amanhã espera por ti;
Lembra que um dia eu deixarei de ser moço;
E tu também, vais deixar de ser guri.
Não te impressiones com discursos e bravatas,
Desses que zumbem como fazem as abelhas:
Vai ver os sorros misturados aos rebanhos,
Pelos caminhos, a berrar junto às ovelhas.
Quando tu fores o Tropeiro do Futuro
E pelas trilhas encontrar dificuldades,
Recorda sempre o que a querência te ensinou
E saberás te conduzir à liberdade.
Quando encontrares, nos atalhos desta Pampa,
Tropas vendidas, seduzidas por vinténs,
Lembra guri: nem que o mundo venha abaixo,
Jamais entregues a Querência pra ninguém.
As piores ervas são aquelas que não vemos,
Ervas daninhas que a qualquer tempo resistem;
Mesmo sem vê-las, toma cuidado guri,
São como o vento que não vês, mas ele existe.
Quando tu fores o Tropeiro do Futuro
E pelas trilhas encontrar dificuldades,
Recorda sempre o que a querência te ensinou
E saberás te conduzir à liberdade.
Tropeiro do Futuro - João Quintana Vieira e Grupo Parceria by Guascaletras
(Armando Vasquez, Adão Quintana Vieira)
Piazito, olhes bem estas campanhas
Desta Querência, onde tocas boi por diante;
Tu que vais ser o amanhã rumo ao futuro,
Tens que saber o que te espera pela frente.
Põe tenência no que te digo, piá:
Cuida esta Pampa que o amanhã espera por ti;
Lembra que um dia eu deixarei de ser moço;
E tu também, vais deixar de ser guri.
Não te impressiones com discursos e bravatas,
Desses que zumbem como fazem as abelhas:
Vai ver os sorros misturados aos rebanhos,
Pelos caminhos, a berrar junto às ovelhas.
Quando tu fores o Tropeiro do Futuro
E pelas trilhas encontrar dificuldades,
Recorda sempre o que a querência te ensinou
E saberás te conduzir à liberdade.
Quando encontrares, nos atalhos desta Pampa,
Tropas vendidas, seduzidas por vinténs,
Lembra guri: nem que o mundo venha abaixo,
Jamais entregues a Querência pra ninguém.
As piores ervas são aquelas que não vemos,
Ervas daninhas que a qualquer tempo resistem;
Mesmo sem vê-las, toma cuidado guri,
São como o vento que não vês, mas ele existe.
Quando tu fores o Tropeiro do Futuro
E pelas trilhas encontrar dificuldades,
Recorda sempre o que a querência te ensinou
E saberás te conduzir à liberdade.
Tropeiro do Futuro - João Quintana Vieira e Grupo Parceria by Guascaletras
Juntando Os Gravetos
Juntando Os Gravetos
(Mauro Moraes)
Eu tenho muito, dessa mania de querer escrever de fazer de tudo um pouco
E sempre dedilho a palavra de alma lavada juntando este tempo louco
Se a trova anda em desova é porque o violão dilacera quem lê
E a porta logo escancara com os olhos em brasa pagando pra vê
Na distância de quem espera à léguas ando tocando o cavalo
Um baio bem encilhado, e às vezes topo com o gado, lambendo o sal no rodeio
Ando à procura de alguém que me de um aparte também é verdade
E ainda tiro o chapéu, olhando firme pro céu, queimando a carne
E desde cedo me vejo em conflito comigo, levando cada baita pealo,
Coisas de pampa e fronteira, campo e campeiro, tomando mate
Tristeza vou pôr uma beca, sair campo a fora, prosear com a querência
Juntando os gravetos saber como anda as ovelhas
E algumas porqueiras que eu gosto de ter
Lá em casa na hora do rango, a cuscada late, bate-cola
O cheiro da bóia é bom, saudade me passa o pão e o leite dos guachos
No pátio a solidão varre o cisco, o coração sabe disso e se esparrama nos galhos
Logo o violão mete bronca e antes que a vida responda, que mal tem um agarro
Tristeza vou pôr uma beca, sair campo a fora, prosear com a querência
Juntando os gravetos saber como anda as ovelhas
E algumas porqueiras que eu gosto de ter
(Mauro Moraes)
Eu tenho muito, dessa mania de querer escrever de fazer de tudo um pouco
E sempre dedilho a palavra de alma lavada juntando este tempo louco
Se a trova anda em desova é porque o violão dilacera quem lê
E a porta logo escancara com os olhos em brasa pagando pra vê
Na distância de quem espera à léguas ando tocando o cavalo
Um baio bem encilhado, e às vezes topo com o gado, lambendo o sal no rodeio
Ando à procura de alguém que me de um aparte também é verdade
E ainda tiro o chapéu, olhando firme pro céu, queimando a carne
E desde cedo me vejo em conflito comigo, levando cada baita pealo,
Coisas de pampa e fronteira, campo e campeiro, tomando mate
Tristeza vou pôr uma beca, sair campo a fora, prosear com a querência
Juntando os gravetos saber como anda as ovelhas
E algumas porqueiras que eu gosto de ter
Lá em casa na hora do rango, a cuscada late, bate-cola
O cheiro da bóia é bom, saudade me passa o pão e o leite dos guachos
No pátio a solidão varre o cisco, o coração sabe disso e se esparrama nos galhos
Logo o violão mete bronca e antes que a vida responda, que mal tem um agarro
Tristeza vou pôr uma beca, sair campo a fora, prosear com a querência
Juntando os gravetos saber como anda as ovelhas
E algumas porqueiras que eu gosto de ter
A Morte De Um Potro
A Morte De Um Potro
(Rogério Ávila, Carlos Madruga)
Na pata do potro, o talho do arame
Do sangue no pasto, o golpe no chão
Se desata a rédea e a campana do estrivo
Vai sonando nos basto uma prece ao rincão!
A morte de um pingo na lida da doma
É triteza que assoma no olhar de um campeiro
Se vinha blandeando, terceando com a espora
Num berro, que agora, é silêncio ao potreiro!
Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!
Retardam chilenas e as cordas de arrasto
A cincha e os basto numa ausência de lombo
Ficou um pedaço de pampa estendido
E o pago sentido no quadro de um tombo!
Talvez a querência anoiteça mais triste
Mas o campo se arrima na sorte de um outro
Ficou a mirada lembrando do estouro
Na falta do couro das garrão de potro!
Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!
(Rogério Ávila, Carlos Madruga)
Na pata do potro, o talho do arame
Do sangue no pasto, o golpe no chão
Se desata a rédea e a campana do estrivo
Vai sonando nos basto uma prece ao rincão!
A morte de um pingo na lida da doma
É triteza que assoma no olhar de um campeiro
Se vinha blandeando, terceando com a espora
Num berro, que agora, é silêncio ao potreiro!
Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!
Retardam chilenas e as cordas de arrasto
A cincha e os basto numa ausência de lombo
Ficou um pedaço de pampa estendido
E o pago sentido no quadro de um tombo!
Talvez a querência anoiteça mais triste
Mas o campo se arrima na sorte de um outro
Ficou a mirada lembrando do estouro
Na falta do couro das garrão de potro!
Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!
Versos Para Meu Cusco
Versos Para Meu Cusco
(Fábio Gonçalves Korsak, Antonio Augusto Korsack, Paulo César da Silva)
Desde bem cedo ouço o latido do meu cusco
Que faz comigo a lida bruta da campanha
No frio do inverno deixa o calor do baixeiro
E pra mangueira a gadaria ele arrebanha
Enquanto ordeio as vacas pra o meu consumo
O taura lambe ao pé do fogo o próprio couro
Depois do trato no saleiro para os bichos
Vamo às ovelhas, ele latindo eu no meu mouro
E quem já teve um cachorro companheiro
Conhece o gosto da verdadeira amizade
Não pede nada e um afago é o maior prêmio
Pra quem não fala e tem nos olhos a verdade
Viro os meu livro, ainda há tempo pra aprender
Mais um amargo e o cão sente a despedida
Vou pra cidade atrás do sonho do diploma
E o meu amigo no galpão busca a guarida
De tardezita ele me espera na porteira
Traz alegria esse meu peito ainda moço
Costela gorda, um violão e um bom cambicho
E o cusco ao lado na espera de algum osso
E quem já teve um cachorro companheiro
Conhece o gosto da verdadeira amizade
Não pede nada e um afago é o maior prêmio
Pra quem não fala e tem nos olhos a verdade
(Fábio Gonçalves Korsak, Antonio Augusto Korsack, Paulo César da Silva)
Desde bem cedo ouço o latido do meu cusco
Que faz comigo a lida bruta da campanha
No frio do inverno deixa o calor do baixeiro
E pra mangueira a gadaria ele arrebanha
Enquanto ordeio as vacas pra o meu consumo
O taura lambe ao pé do fogo o próprio couro
Depois do trato no saleiro para os bichos
Vamo às ovelhas, ele latindo eu no meu mouro
E quem já teve um cachorro companheiro
Conhece o gosto da verdadeira amizade
Não pede nada e um afago é o maior prêmio
Pra quem não fala e tem nos olhos a verdade
Viro os meu livro, ainda há tempo pra aprender
Mais um amargo e o cão sente a despedida
Vou pra cidade atrás do sonho do diploma
E o meu amigo no galpão busca a guarida
De tardezita ele me espera na porteira
Traz alegria esse meu peito ainda moço
Costela gorda, um violão e um bom cambicho
E o cusco ao lado na espera de algum osso
E quem já teve um cachorro companheiro
Conhece o gosto da verdadeira amizade
Não pede nada e um afago é o maior prêmio
Pra quem não fala e tem nos olhos a verdade
Pago Perdido
Pago Perdido
(Antonio Augusto Ferreira, Everton Dos Anjos Ferreira)
Um rebenque, um freio, um para de esporas
Restos de história onde a saudade esbarra
Quem já foi tropa, mas é tento agora
Afina o coração pela guitarra
Nasci onde nasceu o continente
Sou do tempo das tropas e manadas
Pintei de rubro o cerne dessa gente
Gastei poncho e cachorro nas estradas
Tive tropilhas de pêlo e procedência
Para amansar os rumos da querência
Antes dos bretes e dos corredores,
Rincões abertos para casco e guampa,
As madrugadas de Deus eram melhores
E mais rosadas as manhãs do pampa
Cavalos, gados, campos, armas, sedas,
Relíquias guascas que a memória trago,
Perderam-se nos rumos e veredas
Por onde andou a história do meu pago
Tive tropilhas de pêlo e procedência
Para amansar os rumos da querência.
(Antonio Augusto Ferreira, Everton Dos Anjos Ferreira)
Um rebenque, um freio, um para de esporas
Restos de história onde a saudade esbarra
Quem já foi tropa, mas é tento agora
Afina o coração pela guitarra
Nasci onde nasceu o continente
Sou do tempo das tropas e manadas
Pintei de rubro o cerne dessa gente
Gastei poncho e cachorro nas estradas
Tive tropilhas de pêlo e procedência
Para amansar os rumos da querência
Antes dos bretes e dos corredores,
Rincões abertos para casco e guampa,
As madrugadas de Deus eram melhores
E mais rosadas as manhãs do pampa
Cavalos, gados, campos, armas, sedas,
Relíquias guascas que a memória trago,
Perderam-se nos rumos e veredas
Por onde andou a história do meu pago
Tive tropilhas de pêlo e procedência
Para amansar os rumos da querência.
No Rio Da Vida
No Rio Da Vida
(Dionísio Costa, José Claro)
A vida é um rio carregando a gente
Caminhando sempre pra núnca voltar
No leito do tempo desliza pra o fim
Assim como as águas no rumo do mar
Quando a alegria é enchente no peito
A vida transborda de felicidade
Se vem o desprezo saímos do curso
E nos afogamos num mar de saudade
Já tive a vida como um rio calmo
Correndo silente pra o mar da paixão
Já fui correnteza carregando sonhos
Mas fiquei nas curvas da desilusão
As vezes o sonho é um convite louco
Prá um mergulho à esmo onde não dá pé
Por vezes a vida é bruta cachoeira
E as vezes marasmo lá dos aguapés
Quando a incerteza ao fundo nos leva
E a vida é turva e sem horizontes
Buscando as margens de um raso tranquilo
Olhamos a vida de cima da ponte
(Dionísio Costa, José Claro)
A vida é um rio carregando a gente
Caminhando sempre pra núnca voltar
No leito do tempo desliza pra o fim
Assim como as águas no rumo do mar
Quando a alegria é enchente no peito
A vida transborda de felicidade
Se vem o desprezo saímos do curso
E nos afogamos num mar de saudade
Já tive a vida como um rio calmo
Correndo silente pra o mar da paixão
Já fui correnteza carregando sonhos
Mas fiquei nas curvas da desilusão
As vezes o sonho é um convite louco
Prá um mergulho à esmo onde não dá pé
Por vezes a vida é bruta cachoeira
E as vezes marasmo lá dos aguapés
Quando a incerteza ao fundo nos leva
E a vida é turva e sem horizontes
Buscando as margens de um raso tranquilo
Olhamos a vida de cima da ponte
O Campo
O Campo
(André Oliveira, Rogério Melo)
Parou o pampeano
Esbarrou um picaço
Estendeu-se o laço
Da ilhapa à presilha
Do outro lado um gateado
Cinchava uma pata
O boi berra e se estaca
Prevendo a sangria
Na ponta da faca
O destino é traçado
E o sangrador e cortado
Manchando as flexilhas
Afrouxaram-se os laços
O pampeano se ajoelha
Sobre a mancha vermelha
No chão do potreiro
A folha chairada
Já risca o couro
No ritual crioulo
De um pago fronteiro
Se foi mais um boi
Pra “corda” e munício
E o matambre pro vício
Do assado campeiro
A força do campo
Rebrota invernadas
Engorda boiada
E sustenta a nação
É a mesma contida e vivida
Ostentando esta vida
Deste sul de rincão.
E o campo de novo
Viçoso floresce
Pois tem alicerce
De várzea e coxilha
Renasce na morte
E se torna mais forte
Bebendo a sangria.
E assim segue a lida
Tranqueando na estância
Firmando a constância
De manter existência
Levando a pecuária
Em ranchos e galpões
Em sobrados e mansões
Em longínquas querências
Pra que o mundo conheça
O valor de uma raça
Mostrando o que passa
O campo e sua essência
A força do campo
Rebrota invernadas
Engorda boiada
E sustenta a nação
É a mesma contida e vivida
Ostentando esta vida
Deste sul de rincão.
E o campo de novo
Viçoso floresce
Pois tem alicerce
De várzea e coxilha
Renasce na morte
E se torna mais forte
Bebendo a sangria.
(André Oliveira, Rogério Melo)
Parou o pampeano
Esbarrou um picaço
Estendeu-se o laço
Da ilhapa à presilha
Do outro lado um gateado
Cinchava uma pata
O boi berra e se estaca
Prevendo a sangria
Na ponta da faca
O destino é traçado
E o sangrador e cortado
Manchando as flexilhas
Afrouxaram-se os laços
O pampeano se ajoelha
Sobre a mancha vermelha
No chão do potreiro
A folha chairada
Já risca o couro
No ritual crioulo
De um pago fronteiro
Se foi mais um boi
Pra “corda” e munício
E o matambre pro vício
Do assado campeiro
A força do campo
Rebrota invernadas
Engorda boiada
E sustenta a nação
É a mesma contida e vivida
Ostentando esta vida
Deste sul de rincão.
E o campo de novo
Viçoso floresce
Pois tem alicerce
De várzea e coxilha
Renasce na morte
E se torna mais forte
Bebendo a sangria.
E assim segue a lida
Tranqueando na estância
Firmando a constância
De manter existência
Levando a pecuária
Em ranchos e galpões
Em sobrados e mansões
Em longínquas querências
Pra que o mundo conheça
O valor de uma raça
Mostrando o que passa
O campo e sua essência
A força do campo
Rebrota invernadas
Engorda boiada
E sustenta a nação
É a mesma contida e vivida
Ostentando esta vida
Deste sul de rincão.
E o campo de novo
Viçoso floresce
Pois tem alicerce
De várzea e coxilha
Renasce na morte
E se torna mais forte
Bebendo a sangria.
Proseando Com Meu Cavalo
Proseando Com Meu Cavalo
(Pedro Neves, Dionísio Costa)
Vem cá meu pingo, ‘bamo tê’ uma prósa boa
Tu anda à tôa, me tratando aos 'manotáço'
Não facilita, nem exija muito mimo
Porque eu te estimo e não quero te ‘passá’ o laço
Bicho rebelde, não me assusta nem um pouco
Matungo ‘lôco’, tu pode ‘virá’ as ‘cangáia’
Qualquer pulinho, não vai me tirar do sério
Que eu sou gaudério e vou campear rabo de saia
Não esperava que fosse me dar trabalho
Pois tô grisalho e tu também não é mais pôtro
Andamos juntos dividindo o mesmo arreio
E é muito feio um amigo ‘derrubá’ o outro
Se tu bem sabe que eu sou teu melhor amigo
Conto contigo pra me levar pra os namôros
Que coisa feia tu bancar o caborteiro
Meu companheiro me fazendo desafôro
Por isso amigo escuta bem o que te falo
Tu é cavalo e me ajudar é tua sína
Se na verdade somos parceiros de estrada
Não custa nada, tu ‘engarupá’ alguma china
Tu me desculpe te 'passá' este baita píto
Mas acredito que meu cavalo me entende
Me obedecendo tu vai correr perigo
Que um bom amigo não se empresta e nem se vende
O nosso trato vale mais do que um contrato
Não te maltrato e tu não me deixa de à pé
De tardezinha te levo pra 'vê' uma eguáda
De madrugada me leva pra 'vê' as 'muié'
(Pedro Neves, Dionísio Costa)
Vem cá meu pingo, ‘bamo tê’ uma prósa boa
Tu anda à tôa, me tratando aos 'manotáço'
Não facilita, nem exija muito mimo
Porque eu te estimo e não quero te ‘passá’ o laço
Bicho rebelde, não me assusta nem um pouco
Matungo ‘lôco’, tu pode ‘virá’ as ‘cangáia’
Qualquer pulinho, não vai me tirar do sério
Que eu sou gaudério e vou campear rabo de saia
Não esperava que fosse me dar trabalho
Pois tô grisalho e tu também não é mais pôtro
Andamos juntos dividindo o mesmo arreio
E é muito feio um amigo ‘derrubá’ o outro
Se tu bem sabe que eu sou teu melhor amigo
Conto contigo pra me levar pra os namôros
Que coisa feia tu bancar o caborteiro
Meu companheiro me fazendo desafôro
Por isso amigo escuta bem o que te falo
Tu é cavalo e me ajudar é tua sína
Se na verdade somos parceiros de estrada
Não custa nada, tu ‘engarupá’ alguma china
Tu me desculpe te 'passá' este baita píto
Mas acredito que meu cavalo me entende
Me obedecendo tu vai correr perigo
Que um bom amigo não se empresta e nem se vende
O nosso trato vale mais do que um contrato
Não te maltrato e tu não me deixa de à pé
De tardezinha te levo pra 'vê' uma eguáda
De madrugada me leva pra 'vê' as 'muié'
Romance De Baile
Romance De Baile
(Dionísio Costa, Amaro Peres)
Alço a perna num final de tarde
Pra ‘matá’ a saudade de um baile campeiro
Os arreios no maior capricho
Atrás de um cambicho me largo faceiro
Logo a noite me péga na estrada
Co’a alma emalada por uma esperança
De alegrar esta vida custósa
Ajeitando uma prósa no meio da dança
Meu cavalo num tranco sereno
Pingo bueno da minha confiança
Me carrega ao rumo da cordeona
Pra rever a dona da minha lembrança
Já me vejo à rodar no galpão
Coração à pular junto dela
Cabresteando pensamentos loucos
Uma noite é pouco pra bailar com ela
Pra quem leva uma vida solito
Quem sabe um ranchito pra viver à dois
Mas só levo na minha saudade
Um romance de baile pra lembrar depois
A vanera convida que eu dance
E eu neste romance me sinto um monarca
Deixo atado mais algum assunto
Uma propósta junto lá na outra marca
Quando o sol méte a cara na quincha
Meu zaino relincha chamando por mim
Vem o dia, no mundo se arrancha
Meu sonho desmancha e é o baile no fim
Um asceno e um sorriso lindo
Vou saíndo sonhando acordado
Dando rédeas à essa emoção
No fogo da paixão nem me sinto cansado
Me despéço com o peito em brasa
Vou pra casa com o beijo dela
Cabresteando pensamentos loucos
Uma vida é pouco pra viver com ela
(Dionísio Costa, Amaro Peres)
Alço a perna num final de tarde
Pra ‘matá’ a saudade de um baile campeiro
Os arreios no maior capricho
Atrás de um cambicho me largo faceiro
Logo a noite me péga na estrada
Co’a alma emalada por uma esperança
De alegrar esta vida custósa
Ajeitando uma prósa no meio da dança
Meu cavalo num tranco sereno
Pingo bueno da minha confiança
Me carrega ao rumo da cordeona
Pra rever a dona da minha lembrança
Já me vejo à rodar no galpão
Coração à pular junto dela
Cabresteando pensamentos loucos
Uma noite é pouco pra bailar com ela
Pra quem leva uma vida solito
Quem sabe um ranchito pra viver à dois
Mas só levo na minha saudade
Um romance de baile pra lembrar depois
A vanera convida que eu dance
E eu neste romance me sinto um monarca
Deixo atado mais algum assunto
Uma propósta junto lá na outra marca
Quando o sol méte a cara na quincha
Meu zaino relincha chamando por mim
Vem o dia, no mundo se arrancha
Meu sonho desmancha e é o baile no fim
Um asceno e um sorriso lindo
Vou saíndo sonhando acordado
Dando rédeas à essa emoção
No fogo da paixão nem me sinto cansado
Me despéço com o peito em brasa
Vou pra casa com o beijo dela
Cabresteando pensamentos loucos
Uma vida é pouco pra viver com ela
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