Mostrando postagens com marcador Carlos Madruga. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Carlos Madruga. Mostrar todas as postagens

JOÃO BARREIRO

 

 

TÍTULO

JOÃO BARREIRO

COMPOSITORES

LETRA

RAFAEL CHIAPPETTA

MÚSICA

CARLOS MADRUGA

INTÉRPRETE

JARI TERRES

RITMO

CHAMARRA

CD/LP

10º UM CANTO PARA MARTIN FIERRO

FESTIVAL

10º UM CANTO PARA MARTIN FIERRO

MÚSICOS

 

PREMIAÇÃO

 

 

JOÃO BARREIRO
(Rafael Chiapetta, Carlos Madruga)
 
Nesta vida de tropeiro,

Vi cantar o João barreiro,

Sobre a quincha do seu rancho.

Eu só tenho meu arreio,

E guapeio tempo feio,

Na baeta do meu poncho.

 

O barreiro tem querência,

E por essa consequência,

Ele tem sua morada.

E pra mim só o que resta,

É não mais que uma sesta,

Numa curva da estrada.

 

Um Paysano milongueiro,

Canta alegre o João barreiro,

Um versito a sua amada.

O meu canto é qual o vento,

Com acordes de lamento,

Assoviando pra boiada.

 

Ser tropeiro não me basta,

Pois enquanto o gado pasta,

Duma “canha” bebo um trago.

Mato a sede nesta fonte,

Desenhando no horizonte,

Um ranchito bem quinchado.

 

Sigo assim neste floreio,

Vou tropeando gado alheio,

Já curtido de distância...

Atorado na guaiaca,

Vou juntando “umas pataca”,

Culatriando uma esperança.

 

Um ranchito eu quero ter,

Para então envelhecer,

Tendo alguém por meu lindeiro.

E me agrada na tronqueira,

Por vizinho de porteira,

Um Paysano, João barreiro.




 

 

Canto de Ausência

Canto de Ausência
(Armando Vasquez, Carlos Madruga)

Se eu me for
O que será de nós?
Quem vai domar os potros?
Recorrer a invernada?
Quem vai servir meu mate?
Me amar na madrugada
Se eu me for
O que será de mim?
O que será de ti?
Se eu me fizer estrada

Sei que os rumos
Serão para mim resumos
De um derivar sem prumos
E léguas de ilusão
Se eu partir
Vou navegar sem porto
Pois a saudade é um cais no mar da solidão
Pois a saudade é um cais ... no mar da solidão

Quando ao longe gritar um quero-quero
Por certo lembrarás que ainda te quero bem
E da varanda tu olharás pra o campo
E me verás chegando mesmo sem ver ninguém

Se eu partir
Em despedida o vento
Na vós do cata-vento
Virá chora por nós
Se eu partir
O que será de ti?
O que será de mim?
Quando estivermos sós
O que será de mim?
Quando estivermos sós?

Quando ao longe gritar um quero-quero
Por certo lembrarás que ainda te quero bem
E da varanda tu olharás pra o campo
E me verás chegando mesmo sem ver ninguém

...se eu partir

Intérprete: César Passarinho

Estampa Domingueira


Estampa Domingueira
(Alex Silveira, Carlos Madruga)
                     
Linda minha estampa domingueira
Quando chego no povoado
Trago além da minha fronteira
Uma sina musiqueira
De quem vem contrabandeado.

Bueno este potro de rendilha
Num trancão de pisa-flor
De uma pelagem tordilha
Traz a origem da tropilha
Pela mão do domador.

Chego, já na frente da janela
De um ranchito bem cuidado
Assoviando algo pra ela
Que esta copla tão singela
Eu compus pra o seu agrado.

Olhos de pealar um coração
Na minha vida tão pequena
Do aguapé de um lagoão
Trago a flor do meu rincão
Pra o cabelo da morena.

Pra estância que vou cantando uma tirana
Mas eu sei que vou voltar
Que passe logo a semana
Pois deixei pra queromana
Meu pala pra ela guardar.

Bueno este potro de rendilha
Num trancão de pisa-flor...


De Mudança


De Mudança
(Alex Silveira, Carlos Madruga)

Junta os caco muié véia, põe tudo no carretão
Panela, trempe, cambona o meu pala teu colchão
Não te esquece da tua loça, bacia balde e lampião
Vou recolhendo as galinha, uma leitoa emprenhada
Cachorro, gato, marreco, duas tambeiras mojadas
E a petiça piqueteira de pelagem colorada...

Do suspiro ao canta galo vou passa no Tiaraju
Toma um trago no Bugio e posá no Guabiju
Côa mudança toda atada com soga de coro cru...

Levo o mundel do guri, pra não fica resmungando
A caturra e o guaxinho que as cosa vão se ajeitando
Quem parte não deixa nada, se não acaba voltando
Bule, leitera e caneco vão embaixo do pelego
Pra não ir batendo lata estragando meu sossego
Que a viagem vai ser longa, vou parti de manhã cedo...

Do suspiro ao canta galo vou passa no Tiaraju
Toma um trago no Bugio e posá no Guabiju
Côa mudança toda atada com soga de coro cru...

Em Silêncio


Em Silêncio
(Lisandro Amaral, Carlos Madruga)

A sombra da noite linda
Sereno e campo florido
Derrama um corpo de amor
Sobre meu poncho estendido

Provo teu gosto em silêncio
Como quem bebe o luar
No proibido da noite
Não tive medo de amar

Provo teu corpo num sonho
Deste que ardem por dentro
Guardo comigo, em silencio
O próprio gosto do vento

Talvez não saibas quem sou
Porque cruzei teu silencio
No proibido da noite
Não viste a cor do meu lenço

Aos olhos da mañanita
Acorda o campo florido
Goteja um poncho em silêncio
Sobre a garupa do pingo

Talvez não saibas quem sou
Porque cruzei teu silencio
No proibido da noite
Não viste a cor do meu lenço

O Bolicho Do Tchalo

O Bolicho Do Tchalo
(Rafael Teixeira Chiappetta, Carlos Madruga)

Quem veio de longe, quem veio de perto
Que entre no mas que o bolicho ta aberto
Se a goela ta seca com teia de aranha
Se achegue pra diante, pra um trago de canha
Tem canha solita, tem canha com funcho
Aqui rapadura não cria caruncho
Tem banha de porco das buena e cheirosa
Porem só em cima, que é meio rançosa
Aqui no bolicho, tem fumo de rolo
Conforme a tragada, pateia o miolo
Os anos se passam, se vai o granito
Mas tem a vantagem, espanta mosquito
Bolicho gaúcho é aquele do tchalo
Que serve uma bóia, com carne de galo
A bem da verdade comi um jacu
E o trago foi largo, na sombra do umbu

Tem água de cheiro, pra índio valente
Se errar a dosagem, tonteia o vivente
Se a caso a mimosa, for boa de olfato
A china desmaia, no cheiro do extrato
Aqui no bolicho tem charque de chibo
Só vendo por manta, e não passo recibo
O chibo engordou comendo carqueja
E não faça causo de alguma vareja

Ao Trote No Silêncio

Ao Trote No Silêncio
(Evair Soares Gomez, Carlos Madruga)

Da ponta dos cascos bolcando a macega
Ao balanço da perna rodeando as chilenas
Ao trote no silêncio uma noite escura condena
Escutar a cantilena das encilhas do cavalo

Do laço nos tentos o barulho dos guizos
E um relho comprido ao arrastar da pontera
Vai rangendo as basteiras, na carona de couro
E a barbela do mouro sonando ao mascar do freio

Quem troteou no silêncio dessas madrugadas
Teve o estalo da "chala" que mingua o vento
Por birra ou lamento, apura o último pito
Pouco chão pra o ranchito, que não vejo faz tempo

Ao trote atiro o freio o mouro pedindo rédea
O vento deita a macega e se enreda no pega mão.
Golpeia a chave do arame junto a caneca enloçada
Que vem segura nas garra pra o desaiuno do dia

Segue arrodiando as chilenas o casco bolcando o pasto
A ringideira dos basto num recitado poema
A noite escura condena no trotear da madrugada
Romper o silêncio da estrada as encilhas do cavalo

Quem troteou no silêncio dessas madrugadas
Teve o estalo da "chala" que mingua o vento
Por birra ou lamento, apura o último pito
Pouco chão pra o ranchito, que não vejo faz tempo

Madalena Flor Do Campo

Madalena Flor Do Campo
(Rafael Teixeira Chiappetta, Carlos Madruga)

Madalena flor do campo,
Com dois olhos pirilampos,
De arrepiar então o pêlo.

Num domingo de carreira,
Me topei com a boieira,
Com uma rosa no cabelo.

Apeiei do meu picaço,
Já levando um tirambaço,
Do olhar da Madalena.

Num jeitão galanteador,
Fiz ruflar o tirador,
No compasso da chilena.

Era linda aquela china,
Num olhar de relancina,
Vi nos olhos um poema.

E num jeito sem alarde,
Recebi um buenas tarde,
Da xirua Madalena.

Ao sacar o meu sombreiro
Enganando um cavalheiro,
Me acheguei para uma prosa.

O motivo foi pra mim,
Em saber qual o jardim,
De onde veio aquela rosa.

A mais bela flor pampeana,
Esta prenda campechana,
Mais formosa que açucena.

Quando Deus criou as flores,
Pois eu digo pra os senhores,
Se inspirou em Madalena.

Quando então chegou a hora,
No picaço fui-me embora,
E a saudade foi ao tranco.

Nos meus sonhos vêm a cena,
Vejo então a Madalena,
Me abanando um lenço branco.

Aprumando A Bagualada

Aprumando A Bagualada
(Carlos Madruga, Alex Silveira)

Pealar a bagualada
Na saída da mangueira
No meio da polvadeira
Sentir o cimbro do laço
E o potro num manotaço
Tenteia o cerro da armada
Querendo escapá a bolcada
Quando lhe dobra o espinhaço.

Mas a mão do pealador
É certeira nesse ofício
E como que nem um vício
Não erra nenhum pealo
Nas munheca do cavalo
O doze-braça sovado
De quatro tentos trançado
É um mimo pra este regalo.

Pra uma lida de estância
É coisa linda a potrada
De crina e cola aparada
Um palmo sobre o garrão
E quando frouxa o tirão
Depois do serviço feito
Vê! Que pingo sem defeito
Esse baio do patrão.

E nem dá tempo pra gente
Comentar sobre algum ponto
Se é bem forte de encontro
Ou vai dar por partidor
Se as garra de um domador
Não deixa o bagual cansado
Ou quem sabe neste fado
Seja selim pra uma flor.

A Morte De Um Potro

A Morte De Um Potro
(Rogério Ávila, Carlos Madruga)

Na pata do potro, o talho do arame
Do sangue no pasto, o golpe no chão
Se desata a rédea e a campana do estrivo
Vai sonando nos basto uma prece ao rincão!

A morte de um pingo na lida da doma
É triteza que assoma no olhar de um campeiro
Se vinha blandeando, terceando com a espora
Num berro, que agora, é silêncio ao potreiro!

Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!

Retardam chilenas e as cordas de arrasto
A cincha e os basto numa ausência de lombo
Ficou um pedaço de pampa estendido
E o pago sentido no quadro de um tombo!

Talvez a querência anoiteça mais triste
Mas o campo se arrima na sorte de um outro
Ficou a mirada lembrando do estouro
Na falta do couro das garrão de potro!

Assim cruza o rastro, o índio vaqueano
Buscando o abandono do que amadrinhou
Saber da trompada queu viu contra o mato
E o potro veiáco se descogotou!