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João da Madrugada

João da Madrugada
(Paulo Silva)

Levava
No peito um sonho
No canto
Um grito de paz

Nas mãos
Levava poesias
Pro tempo então germinar

Enrolado no seu poncho
Varava a noite campeira
Fazendo versos solito
Pra sua estrela parceira

Se é forte o vendo da vida
Se esconde numa pajeada
E quando o sol se despenca pra vida
Poeta faz chimarreada

Por isso o mundo fez
Pra João a madrugada

João se vai, se vai
João se vem, se vem
Solito na madruga
Cantando sem ter ninguém
E o tempo vai geando
A aba do seu chapéu
E o João da Madrugada
Vira a estrela lá no céu
E o João da Madrugada
Vira a estrela lá no céu

João se vai, se vai
João se vem, se vem
Solito na madruga
Cantando sem ter ninguém
Se a noite cai uma estrela
Triscando o céu em pajeada
É o João que está voltando
Pra cantar na madrugada
É o João que está voltando
Pra cantar na madrugada


Aos Meus Amigos

Aos Meus Amigos
(Dionísio Costa, Oscar Soares)

Nas andanças desta vida, eu jamais andei sozinho
Porque tenho em meu caminho, os amigos de verdade
Sei que quando estou distante, me carregam na lembrança
E me trazem confiança, num abraço de saudade
A tristeza é passageira, quando a gente tem amigo
E é por isso que eu bendigo, a sincera parceria
Pois a pura amizade, é um divino sentimento
Que espanta o sofrimento e festeja a alegria

Eu agradeço sinceramente aos meus amigos
Que estão sempre comigo me trazendo inspiração
Porque sozinho hoje eu pouco seria
E certamente não teria a paz em meu coração

Um amigo de verdade, é o maior bem da terra
E se acaso a gente erra, nem faz conta e nos perdoa
Quem é feliz tem amigo, vive em paz e tudo bem
E aquele que não tem, então não é boa pessoa
A distância não importa, se a amizade é verdadeira
Permanece a vida inteira e é de graça; não tem preço
Nos momentos mais felizes ou nas horas de amargura
Na escassez ou na fartura, meus amigos não esqueço


Chamamecero


Chamamecero
(Mauro Moraes)

Como se a escuridão trouxesse luz
Como se o coração fosse explodir
Mastiguei a fala negaceei a mágoa
Só pra ver a lágrima feliz

Quis amansar a dor, me vi pela vida
Quis conhecer o amor fiz um chamamé
Cheio de carinho louco de faceiro
Mas que chamameceiro me senti

Coisa de bom menino abraçando o pai
Coisa de mão saudosa mimando o filho
Fui me emocionando a mando do gaiteiro
Mas que chamamecero repeti

A mão vem me dando o soco eu prendo-lhe um sapucay
O pé pisoteia a marca e a alma arrepia em pelo
E quase arrebenta o fole e torce pra vida melhorar

A Amada

A Amada
(Mauro Moraes)

Amada eu tenho andado vago
Penando a lo largo nesta solidão
O campo me parece alheio
Pois perdi o freio do meu coração.
Não fosse esse orgulho macho
Se metendo a besta pra me atazanar
Eu juro que quebrava o cacho
E virava o tacho só pra te abraçar.

De louco fui pensar que a lida
Amansava a vida para te esquecer
Nem mesmo minhas tralhas todas
Nestas trilhas longas podem me deter
Perdi aquele encanto antigo
De correr perigo por um par de esporas
Agora vivo em desabrigo
Sem teu beijo amigo pra sair na aurora.

Amada, a pampa inteira é nada,
E a primavera é imensa para os meus pessuelos
Sem ti eu vou viver sozinho
Sem seguir sinuelo pelos descaminhos.  








Campo Santo

Campo Santo
(Mauro Ferreira, Luiz Bastos)

Não, não digas nada
Que o silêncio é muito
Respeite a ausência de quem foi embora
Os caminhos no mundo de quem chora
Não tiveram o rumo que elegeram
Este é o lugar dos que adormeceram
Para uma noite imensa e sem aurora

São vazias as frases de consolo
A tristeza que aqui abre-se em véu
Faz baixarem-se as abas do chapéu
Para banhar um olhar de estrelas rasas
Esse é o lugar dos que bateram asas
Contaram nuvens e fizeram céu

Junto ao corpo sepulta-se a ilusão
Das sementes plantadas sobre as cruzes
Só tristezas e saudades brotarão
A terra que criou também desfaz
Na cruz cravada sob a dor dos vivos
O tempo que passou não volta atrás

Por isso visto negro e olho triste
Carregado das mágoas que confesso
Só o silêncio e mais nada é o que te peço
A morte ao levar uns maltrata os outros
Esse é o lugar dos que encilharam potros
E alçaram uma viagem sem regresso

Não, não digas nada
Que o silêncio é muito

Moço, Irmão, Companheiro E Paisano


Moço, Irmão, Companheiro E Paisano
(Luiz de Martino Coronel, Neto Fagundes)

Moço,
Se tenho sede
Não fico olhando as nuvens a espera da chuva.
Cavo um poço e bebo a água nas mãos.

Irmão,
Se tenho fome
Não fico a rondar o celeiro
Vou à luta, dou mãos ao arado
E me alimento dos frutos que nascem do chão.

Companheiro,
Se tenho protesto
Não esmoreço
Digo logo o que quero, no palco, na praça
Para ser verdadeiro.

Paisano,
Se amo,
Não me retiro ao suspiro.
Abro os meus braços, afago, morro e proclamo
A beleza de quem amo.

Eu bebo a água nas mãos
Como os frutos que planto
Digo o que penso,
Digo o que penso
E a quem amo, amo tanto

Abrindo Caminhos

Abrindo Caminhos
(Dilan Camargo, Celso Bastos)

Cavalgo por algo
Neste campo absoluto
Meus palas de festa
Meus palas de luto
O vento na testa
Nada mais escuto.

Cavalgo por algo
E me largo no infinito
Minhas tropas e coplas
Minhas guerras e mitos
Adaga nas manoplas
A vida é um grito.

Cavalgo por algo
Nesta viagem em que trago
O meu par de esporas
Estrelas sonoras
Abrindo caminhos
Na luz das auroras.

Cavalgo por algo
Neste lago verde e raso
Na língua que falo
O sol dos ocasos
Os cascos e os causos
Dos homens cavalos.

Cavalgo por algo
Neste sul que foi azul
Ainda não cheguei
Na fonte me procuro
Mas cavalgar eu sei
Ao rio do Futuro.

Canto Alegretense

Canto Alegretense
(Antonio Fagundes, Bagre Fagundes)

Não me perguntes onde fica o Alegrete
Segue o rumo do seu próprio coração
Cruzarás pela estrada algum ginete
E ouvirás toque de gaita e violão

Prá quem chega de Rosário ao fim da tarde
Ou quem vem de Uruguaiana de manhã
Tem o sol como uma brasa que ainda arde
Mergulhado no Rio Ibirapuitã

Ouve o canto Gaucheso e Brasileiro
Desta terra que eu amei desde guri
Flor de tuna, camoatim de mel campeiro
Pedra moura das quebradas do Inhanduy

E na hora derradeira que eu mereça
Ver o sol alegretense entardecer
Como os potros vou virar minha cabeça
Para os pagos no momento de morrer

E nos olhos vou levar o encantamento
Desta terra que eu amei com devoção
Cada verso que eu componho é um pagamento
De uma dívida de amor e gratidão

Ouve o canto Gaucheso e Brasileiro
Desta terra que eu amei desde guri
Flor de tuna, camoatim de mel campeiro
Pedra moura das quebradas do Inhanduy

Sonho de Seresteiro

Sonho de Seresteiro
(Neto Fagundes)

Lembro cantigas, poemas
Sobre a imagem da janela
Surgiu a face mais bela
Nas grades da casa antiga

No chão senta o seresteiro
Rasga viola e garganta
Empolgado quando canta
Excitado quando mira

Surgiu na porta um semblante
Quebrando o negro da noite
Sentou, escutou e trouxe
A inspiração pra quem canta

A lua prateada e ouro
Da cor daquela morena
Pra quem dediquei meus versos
Atriz principal da cena

Queria parar o mundo
Mesmo que fosse uma hora
Pra continuar madrugadas
E a noite não ir embora

Depois descansar no leito
Feito de nuvens macias
Querendo laçar a lua
Pra galopear pelos dias

Nos canteiros do universo
Colherei as Três-Marias
Da inspiração dos planetas
Guardei pra ti mil poesias

Queria parar o mundo
Mesmo que fosse uma hora
Pra continuar madrugadas
E a noite não ir embora

Depois descansar no leito
Feito de nuvens macias
Querendo laçar a lua
Pra galopear pelos dias

Nos canteiros do universo
Colherei as Três-Marias
Da inspiração dos planetas
Guardei pra ti mil poesias

Da inspiração dos planetas
Guardei pra ti mil poesias




Enviada por Liane