Na Boca Da Cobra
(Dionísio Costa, José Claro)
Eu tô arranchado com uma coisa á tôa
Uma certa pessoa que só me atrapalha
Tem o mau costume de viver na porta
Co’a língua que corta piór que navalha
Só pra bater beiço que ela sai da tóca
Faz cada fofóca que até me arrepía
Falou pra vizinha que eu não sou tão macho
Que eu sou um borracho já sem serventía
De noite me abraça e diz que me ama
Suspira e me chama de doce de ‘abóbra’
De dia pra ela não passo de um tôngo
E eu sou um 'camundôngo' na boca da cobra
Falou pro compadre que ela me sustenta
E já não aguenta viver com um jaguara
Que só não me larga pois não quer meu fim
Por pena de mim é que não se separa
Eu que pago a conta do vestido novo
E nem ‘fritá’ um ovo a dondóca é capaz
Tem que ter paciência e um saco de ouro
Pra ‘ouví’ os ‘desafôro que a bruxa faz
Meu vizinho brabo, casou co’a Sofia
E agora ‘sis dia’ seu filho nasceu
Ela fez lambança pela redondeza
Que tinha certeza que o piá era meu
Piór que o piazinho é o meu focinho
Quase que o vizinho, me deu um sóva
Se eu não deixar dela ninguém mais me ajuda
E essa linguaruda me manda pra cóva
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