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PELEGUEANDO UMA VANERA

TÍTULO
PELEGUEANDO UMA VANERA
COMPOSITORES
LETRA
TELMO DE LIMA FREITAS
MÚSICA
JOSÉ ANTÔNIO HAHN
INTÉRPRETE
EDSON OTTO
RITMO
VANEIRA
CD/LP
03ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
FESTIVAL
03ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES


PELEGUEANDO UMA VANERA
(Telmo de Lima Freitas, José Antonio Hahn)

Quando na campanha,
A gente pega uma cordeona,
Faz a noite temporona
Amadurecer no pé.

Nesta contradança
A gente passa a noite inteira,
Pelegueando uma vanera
Sob sum céu de santa fé.

Ninguém lembra que a noite
Há muito já se cambiou,
Pialando a última estrela
Que por descuido ficou.

Ao tranco lerdo das horas
Eu saio cantando a esmo
E o compasso da vanera
Vai falando pra mim mesmo.


PATAQUERO

Título
PATAQUERO
Compositores
LETRA
TELMO DE LIMA FREITAS
MÚSICA
TELMO DE LIMA FREITAS
Intérprete
TELMO DE LIMA FREITAS
Ritmo

CD/LP
7ª RECULUTA DA CANÇÃO CRIOULA
Festival
7ª RECULUTA DA CANÇÃO CRIOULA
Declamador

Amadrinhador

Premiações


PATAQUERO
(Telmo de lima Freitas)

Tive notícia que no Rancho do Polaco
Tem um matungo veiaco, de arrastar a cara no chão
Sou negro Mário que se agarra nos arreios
E se rodar eu meu boleio, já de cabresto na mão

Eu fui criado na Estância do Arvoredo
E pra domar tenho segredo que eu herdei do meu avô
Quebro do queixo pra depois domar debaixo
E quando encilho, quebro o cacho, pra saberem quem eu sou

Quando eu nasci quiseram me botar fora
Mas o tinido da espora que me fez ressuscitar
Com três mangaços e um grito no pé do ouvido
Eu acordei sem um gemido, nem vontade de chorar

Por isso eu vivo taureando com a judiaria
Mas nem bem clareia o dia, já sei a lida de cor
Faço do potro um amigo dos arreios
E se arrebentar pelo meio, saio na parte maior.


Defumando Ausências

Defumando Ausências
(Telmo de Lima Freitas)

Busquei o teu riso claro,
Chamei por teu nome mil vezes em vão,
E muitos invernos ao pé do borralho,
Defumei ausências no fogo de chão

Gritei pela madrugada,
Lá fora nem rastro de alguém pra escutar
Um dia uma estrela correu na janela,
Me dando notícias que ias chegar

Passei vassoura na sala do rancho,
Enxaguei a cuia pra te esperar
E quando viestes pra baixo do poncho,
Mil sonhos antigos comecei cantar

E desde essa feita não me reconheço,
Nem sei se mereço amar e sorrir
Mi'as pilchas de gala são os teus carinhos
Que abrem caminhos pra eu prosseguir

Busquei o teu riso claro,
Chamei por teu nome mil vezes em vão,
E muitos invernos ao pé do borralho,
Defumei ausências no fogo de chão

Gritei pela madrugada,
Lá fora nem rastro de alguém pra escutar
Um dia uma estrela correu na janela,
Me dando notícias que ias chegar

Passei vassoura na sala do rancho,
Enxaguei a cuia pra te esperar
E quando viestes pra baixo do poncho,
Mil sonhos antigos comecei cantar

E desde essa feita não me reconheço,
Nem sei se mereço amar e sorrir
Mi'as pilchas de gala são os teus carinhos
Que abrem caminhos pra eu prosseguir


Intérprete: José Claudio Machado, Marinês Siqueira, Telmo de Lima Freitas


Alambrado De Cordas

Alambrado De Cordas
(Telmo de Lima Freitas)

Neste alambrado de cordas estirado no violão
Neste alambrado de cordas estirado no violão
As alegrias mateiam no fogo do coração
As alegrias mateiam no fogo do coração

Então começo a cantar canções que nunca cantei
Então começo a cantar canções que nunca cantei
Lembrando ariscas tropeadas das tropas que não tropeei
Lembrando ariscas tropeadas das tropas que não tropeei

E os dedos corcoveiam numa ânsia de afagar-te
E os dedos corcoveiam numa ânsia de afagar-te
Pois no rodeio da vida serás o meu último aparte
Pois no rodeio da vida serás o meu último aparte

E nos singelos acordes que tange meu violão
E nos singelos acordes que tange meu violão
Tua imagem sarandeia no movimento da mão
Tua imagem sarandeia no movimento da mão

Neste alambrado de cordas estirado no violão
Neste alambrado de cordas estirado no violão
As alegrias mateiam no fogo do coração
As alegrias mateiam no fogo do coração

E os dedos corcoveiam numa ânsia de afagar-te
E os dedos corcoveiam numa ânsia de afagar-te
Pois no rodeio da vida serás o meu último aparte
Pois no rodeio da vida serás o meu último aparte
Pois no rodeio da vida serás o meu último aparte
Pois no rodeio da vida serás o meu último aparte


Intérprete: Telmo de Lima Freitas

Açougueiro

Açougueiro
(Telmo de Lima Freitas)

O pulso é o fiel da balança
Empunhando a carneadeira,
Rude e guapa companheira
Para qualquer puxirão,
Corta da ponta ao gavião,
Cabo de pau falquejado,
Com três pinos remachados
Na empunhadura da mão.

Só vendo com que destreza
Sangra coureia e desmancha.
E segue pedindo cancha
Na munheca do Zé Grande.
A experiência que comande
No seu jeitão de carnear,
Vai tirando o costilhar
No estilo do Rio Grande.

Golpeia um gole daqueles
De afugentar mau olhado,
Avental ensanguentado
Cheirando a chão de sangria,
Tapado de judiaria,
Vai coureando a própria vida,
Cheirando a alma na lida
Pra retalhar mais um dia.

E quem passar na Glorinha,
Bem logo ali, mais adiante,
Vai encontrar um gigante
Prestativo ao seu dispor,
Um gaúcho, sim senhor,
Zé Grande por apelido,
Graças a Deus, bem vivido,
Açougueiro e carneador.



Açougueiro - Telmo de Lima freitas by guascaletras

Lembranças


Lembranças
(Telmo de Lima Freitas)

Quando as almas perdidas se encontram
Machucadas pelo desprazer
Um aceno um riso apenas
Da vontade da gente viver

São os velhos mistérios da vida
Rebenquiados pelo dia-a-dia

Já cansados de tanta tristeza
Vão em busca de nova alegria

E ao morrer nesta tarde morena
Quando o sol despacito se vai
As lembranças tranqueiras com as águas
Passageiras do rio Uruguai

E as guitarras eternas cigarras
Entre as flores dos velhos ipês

Sempre vivas dormidas se acordam
Na lembrança da primeira vez

Estrela Boieira

Estrela Boieira
(Telmo de Lima Freitas)

Estrela boieira, sinuelo da noite,
Que mostra ao tropeiro o rumo a seguir
A noite se prancha nas barras do dia
E a estrela boieira começa a sumir

Se muda pra outra invernada do fundo
Sem deixar o rastro pra onde se foi
O dia já claro, o tropeiro canta
Ao som do mugido da tropa de boi

Os bichos do campo festejam o dia
Quebrando o silêncio do amanhecer
O tropeiro canta sua toada tropeira
Lembrando a boieira do seu bem-querer.

Alma Gaúcha

Alma Gaúcha
(Telmo de Lima Freitas)

A semente que trago na alma gaúcha
Tem o cheiro das cinzas de muitos fogões
Tem o canto nativo de velhos monarcas
Que marcaram tarcas no chão das Missões

É por isso que eu trago nas cordas do pinho
O pó das estradas que muito cruzei
As noites de lua, as várzeas tordilhas
Cheirando a flexilhas que muito pisei...

Às vezes eu mesmo cantava chorando
Montado no baio das predileções
Nem mesmo pensava que o tempo mudasse
E apenas ficassem só recordações

Por isso me lembro cantando sozinho
Antigos caminhos que a alma guardou
E sempre que posso cantar a meu jeito
Dou rédeas ao peito da forma que sou...

A Mesma Fuça

A Mesma Fuça
(Telmo de Lima Freitas)

Sou paraboiense, sangue são-borjense, com a mesma fuça,
Na volta apertada não frouxo por nada, nem que a vaca tussa
Lenço colorado, cano sextavado na mão de sabiá
E um touro Solingen que ninguém se “astreve” de querer “prová”

Nos bailes do Passo, chego fachudaço pra me divertir
Uma vinte e quatro chorando e gemendo nas mãos do Gazi
Barroso de Mattos, Galeno Fontela chegam na janela
Quando sem demora a pipoca estoura fora da panela...

Mas tudo faz parte dessa missioneira festa são-borjeana
Não se mede espaço pra dar um abraço numa passeana
Sou paraboiense, sangue são-borjense, com a mesma fuça,
Na volta apertada não frouxo por nada, nem que a vaca tussa...

Meu Rancho

Meu Rancho
(Telmo de Lima Freitas)

Primavera chegou
No meu rancho cantor
Lá na sanga as pitangas
Tão rubras, tão doces
Tal qual nosso amor.

O sabiá começou
O cantar da paixão
Modulando cantigas
Que tocam no fundo
Do meu coração.

O barreiro cantou
Quando viu tu chegar
Festejando contente
O grande presente
De erguer nosso altar.

Quero-quero querendo
Dizer algo pra mim
Que na soma dos dias
Nossas alegrias
Jamais terão fim.

Alma De Galpón

Alma De Galpón
(Telmo de Lima Freitas, Versão: Roberto Mara)

Qué bien que hace un mate a la medida
Cuando cebado al calor vivo de la mano
Mientras el día va llegando poco a poco
Despertando la boyerita más temprano

Qué bien que hace oir el potro a los relinchos
Ya en la manguera esperando su bozal
Bayo pardusco, cabos negros, de respeto
Que por lo visto, no nació pa' ser bagual

Qué bien que hace darse un baño en la cañada
Usar las pilchas domingueras pa' pasear
Escuchar los ocho bajos y el rezongos
Adivinando el pensamiento de su par

Qué bien que hace saborear gusto e querencia
Sintiendo voces del campo al amanecer
Y el tropa-tropa del arriero en los caminos
Hecho responso como un rezo pa' volver

Qué bien que hace refrescarse en la gamela
Desenfrenar para después cimarronear
Las vacas mansas rumiando junto a las casas
Y los terneros cabeceando pa' mamar

Qué bien que hace el olor de la ceniza
Respirar hondo el humo de un tizón
Mi Rio Grande, tú repites diariamente
Como se forja un'alma de galpón

Alma De Galpão

Alma De Galpão
(Telmo de Lima Freitas)

Como faz bem um chimarrão feito a capricho
Quando cevado com o calor da própria mão
A madrugada negaceando mostra a cara
Cheiro de garras e pelegos pelo chão

Como faz bem ouvir o relincho do potro
Já na magueira na espera do buçal
Baio sebruno, cabos negros de respeito
Que pelo jeito, não nasceu pra ser bagual

Como faz bem tomar um banho na restinga
Vestir as pilchas domingueiras pra passear
Ouvir a gaita de oito baixos resmungando
Adivinhando o pensamento do seu par

Como faz bem sentir o gosto da querência
Ouvir um grito explodindo no rincão
O venha, venha, do tropeiro nas estradas
Rezando a prece, de retorno ao velho chão

Como faz bem lavar a fuça na gamela
Tirar o freio pra depois chimarronear
E o gado manso ruminando junto as casas
E a terneirada num berreiro pra mamar

Como faz bem sentir o cheiro do borralho
Respirar fundo a fumaça dum tição
Rio Grande velho, que retrata diariamente
Como se forja uma alma de galpão

Esquilador

Esquilador
(Telmo de Lima Freitas)

Quando é tempo de tosquia
Já clareia o dia com outro sabor,
As tesouras cortam em um só compasso
Enrijecendo o braço do esquilador

Um descascarreia, outro já maneia
E vai levantando para o tosador
Avental de estopa, faixa na cintura
E um gole de pura pra espantar o calor.

Alma branca igual ao velo
Tosando a martelo quase envelheceu
Hoje perguntando para a própria vida
P'ronde foi lida que ele conheceu
Quase um pesadelo arrepia o pelo
Do couro curtido do esquilador
Ao cambiar de sorte levou um cimbronaço
Ouvindo o compasso tocado à motor.

A vida disfarça lembrando a comparsa
Quando alinhavava o seu próprio chão
Envidou os pagos numa só parada
33 de espada, mas perdeu de mão
Nesta vida guapa vivendo de inhapa
Vai voltar aos pagos para remoçar
Quem vendeu tesouras na ilusão povoeira
Volte pra fronteira para se encontrar.

Canto Do Entardecer

Canto Do Entardecer
(Telmo de Lima Freitas)

A rolinha canta no dorso do galho
Saudando o orvalho que à tardinha cai
Ao longe as garças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio Uruguai

Logo escurece, se ouve a cigarra
Mesmo sem guitarra se põe a cantar
Quero-quero grita seu canto charrua
Saludando a lua que está por chegar

E o sabiá responde num tom requintado
Mesmo apaixonado cantando distrai
Ao longe as garças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio Uruguai

Ronco Do Bronco

O Ronco Do Bronco
(Telmo de Lima Freitas)

O ronco do bronco na grota escondido
Sussurra alarido num dia de estio
Murmuram as guelas dos bicho da mata
O som da cascata convida o rio

O bugio resmungando no seu resmungar
Convida que todos aprendam a cantar
Conserve o que é nosso, conserve o que é seu
Não tire uma vida que você não deu

Que linda algazarra das aves sonoras
Ao som das auroras da mata sutil
O ronco soturno acorda água grande
No sul do Rio Grande do nosso Brasil

Bugio tá na mata, não mate o bugio
É mais uma vida com seu desafio
Conserve o que é nosso, conserve o que é seu
Não tire uma vida que você não deu

Resto De Baile

Resto De Baile
(Telmo de Lima Freitas, José Antonio Hahn)

Dei de rédeas em busca,
De um baile campeiro,
Com luz de candeeiro
Morrendo o pavio.
Cheguei como chegam,
Sem dar “ó de casa”,
De primeira vasa
Dancei o bugio.

De par co’uma gaita
A viola chorava,
E eu perguntava
Por qual a razão
Que a moça morena
De flor no cabelo
Ficava co’os olhos
Pregados no chão.

Talvez busque na noite
De um baile campeiro
A luz que um candeeiro
Não pode lhe dar.
Quem fica cismando
Perdida nos sonhos
Quem sabe campeia
Também o seu par.

Dancei toda a noite
Levando comigo
Um resto de baile
No meu assobio,
Lembrando da moça
De flor no cabelo,
Pedindo ao gaiteiro
O mesmo bugio.

Retorno

Retorno
(Telmo de Lima Freitas)

O barco da minha infância
Desprendeu-se de mim mesmo,
Tive ganas de um retorno
Mas meu barco não voltou.

Nem eu mesmo sei o rumo
Do meu barco pequenino,
Levando um sonho menino
Do menino que ficou...

O meu barco pequenino
Desprendeu-se de repente
Foi beber o sol poente
Nas barrancas doutro rio.

Quando o barco desancora
Do porto da nossa infância
Sai beber o sol poente
Nas barrancas doutro rio.

Quando o barco desancora
Do porto da nossa infância,
Sai beber céu e distância
Sem tempo para voltar.

Mas um dia ele retorna
Pra sua antiga lagoa,
Trazendo luar na proa,
Cansado de navegar.

Prece ao Minuano

Prece ao Minuano
(Telmo de Lima Freitas)

Nestas planuras do Rio Grande onde existe
Um cantor que é bem mais triste
Que o cantar do meu violão...
Deixa semente de saudades quando passa,
Se mesclando na fumaça da minha imaginação.

Ouço cantigas, é o Minuano me pedindo
E os caminhos vão se abrindo
Pra passar minhas canções;
Rogando ao mundo que a maior fraternidade
Seja o elo de bondade
Pra todos os corações.

Vento Minuano,
Eu te peço que prossigas
Nesta cantiga
De fraterna comunhão.

Vento Minuano, pensativo te reponto,
O meu mate já está pronto
Porque sou madrugador...
Venho pedir-te muito pouco, quase nada,
Que ilumine a carreteada
Da minha querência flor.

Peço que tragas a mensagem para o povo,
Animando o sangue novo,
Seiva forte do meu chão,
Que todos possam cantar o mesmo hino,
Reafirmando o seu destino
Na futura geração.

Vento Minuano,
Eu te peço que prossigas
Nesta cantiga
De fraterna comunhão.

Vento Minuano, pensativo te reponto,
O meu mate já está pronto
Porque sou madrugador...
Venho pedir-te muito pouco, quase nada,
Que ilumine a carreteada
Da minha querência flor.

Peço que tragas a mensagem para o povo,
Animando o sangue novo,
Seiva forte do meu chão,
Que todos possam cantar o mesmo hino,
Reafirmando o seu destino
Na futura geração.

Vento Minuano,
Eu te peço que prossigas
Nesta cantiga
De fraterna comunhão.