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Pago Perdido

Pago Perdido
(Antonio Augusto Ferreira, Everton Dos Anjos Ferreira)

Um rebenque, um freio, um para de esporas
Restos de história onde a saudade esbarra
Quem já foi tropa, mas é tento agora
Afina o coração pela guitarra

Nasci onde nasceu o continente
Sou do tempo das tropas e manadas
Pintei de rubro o cerne dessa gente
Gastei poncho e cachorro nas estradas

Tive tropilhas de pêlo e procedência
Para amansar os rumos da querência

Antes dos bretes e dos corredores,
Rincões abertos para casco e guampa,
As madrugadas de Deus eram melhores
E mais rosadas as manhãs do pampa

Cavalos, gados, campos, armas, sedas,
Relíquias guascas que a memória trago,
Perderam-se nos rumos e veredas
Por onde andou a história do meu pago

Tive tropilhas de pêlo e procedência
Para amansar os rumos da querência.

Entardecer

Entardecer
(Antonio Augusto Ferreira, Everton Dos Anjos Ferreira)

Um matiz cabloco
Pinta o céu de vinho
Pra morar sozinho
Todo pago é pouco.
Todo céu se agita,
O horizonte é louco
No matiz cabloco
De perder de vista.

Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada

O Minuano rincha
Nas estradas rubras
Repontando as nuvens
Pelo céu arriba.
O sol poente arde
Em sobre-lombo à crista
Quando Deus artista
Vem pintar a tarde.

Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada

O matiz de chumbo
Predomina agora.
Vai chegando a hora
De pensar meu rumo.
Alço o olhar lobuno
Mais além do poente
Onde vive ausente
Meu sonhar renhuno.

Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada