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Diálogo Antes Da Morte

Diálogo Antes Da Morte                                            
(Luiz Sérgio Metz, Luiz Carlos Borges)

Quem vem lá de trás da trincheira
Sou eu com minha bala certeira
Mas eu não tenho nenhuma arma
Perdi a que tinha de contra carga
Tem uma bala cortada em cruz
Quatro pedaços com quatro luz
Pra mim morrer não é tão fácil
Sou batizado, corpo fechado
Tenho no corpo uma cartilha
Escrita a sangue de farroupilha

Pra mim matar é coisa fácil
Tenho direito, to no combate
A tua morte mais essa cova
Serão as provas do desempate

Saio dali junto à trincheira
Quatro estandarte quatro bandeira
Cortada em cruz e junto à trincheira
Brilho brilhando no ar cortando

Bala de vento, bala de fogo
Bala de luz, bala de novo
Bala de novo, bala de luz
Bala de vento, bala de fogo

Mas vem o dia
Claro amarelo
Armando os homens
De bala e ferro

Armando os homens De bala e ferro
Se vem o dia
Claro amarelo

Lições Da Terra

Lições Da Terra
(Humberto Zanatta, Ribamar Machado)

Por esta verga rotineira em que caminhas
Como boi manso ponteando a lavração
Vira e revira no silêncio do arado
A nova terra para outra plantação.

Neste teu rosto existem rugas que são vergas
E pelas veias do teu corpo correm rios
Os grossos dedos de tuas mãos são como adagas
Cortando a terra e as tranqueiras com seus fios.

Pequeno agricultor, tu és o grande
Plantador da nova roça que sonhamos
Do calo de tuas mãos há de brotar
O fruto da justiça que buscamos.

Tem muita gente que é mais àrida que a terra
Quando te explora, te expulsa e te maltrata
A terra bruta, como homem não se entrega
E vai um dia se vingar de quem a mata.

Quanto se aprende olhando claro em nossa volta
Semente frágil se transforma em linda fruta
Neste entrevero de homens, plantas e de bichos
Brota a certeza de que a vida é sempre luta.