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Nas Varandas


Nas Varandas
(Eron Rodrigues, Luiz Carlos Ranoff)

Quero sentar nas varandas das casas grandes de outrora,
Quero sorver a demora nessas prosas mais antigas
Quero ouvir as cantigas nas soleiras das janelas
E açucenas amarelas perfumando mãos amigas.

Quero enxergar jasmineiros enfeitando as fachadas,
Donzelas enamoradas à espera de um amor,
Quero sentir o sabor das iguarias de forno
E o sopro de um vento morno mesclando cheiro de flor.

Quero voltar para mim e amansar as minhas ânsias,
Quero abrandar as distâncias nesses conflitos de esperas;
Para povoar taperas que habitam meus confins,
Pra florescer os jardins do meu sonho primavera!

Quero passear nas calçadas repartindo o mesmo sonho,
Nesse semblante risonho de crianças em correrias,
O revoar das cotovias a procura de abrigos,
Cultivar os bons amigos dando razão aos meus dias.

Quero embalar utopias nas cadeiras de balanço,
Quero ter um gesto manso do viver interiorano,
Quero ser um soberano no lugar onde me achego
Onde reina o aconchego entre seres mais humanos.


Intérprete: Eraci Rocha, Juliana Spanevello


Campo e Mulher


Campo e Mulher
(Luiz Carlos Ranoff)

Embora pele macia eu trago o campo em mim
E quem tem origem nele sabe por que sou assim
Não é porque sou mulher que não sei o que ele quer
Eu sei do labor que o brilho da flor que enfeita o jardim

O campo me deu ternura que não encontro aqui
Lições que hoje córrego e que jamais esqueci
Prefiro o berro do gado que o ronco forte de um carro
Eu gosto de ver um potro a correr pisando o capim

Se nem só de pão vive o homem
Também nem só de homem vive o campo
Pois em cada rancho ou estância
Tem a fibra e a elegância da mulher com seu encanto

Por ter esse jeito calmo e alegria no olhar
Não pense que se preciso também não saiba lutar
Pra terra somos iguais respeito nunca é demais
Então meu senhor é tempo de amor justiça e paz

A força move montanhas mas um sorriso também então porque preconceito?
Ninguém é mais que ninguém
Campeiro mesmo de fato é aquele de fino trato
Assim é que sou levando eu vou a vida que eu quis

Por Trás De Um Violão

Por Trás De Um Violão
(Luiz Carlos Ranoff, Jair Medeiros)

Por trás de um violão que toca,
Há mistérios e magias
Segredos e confissões
Que se disfarçam na poesia
Tem um coração que se entrega
Quando canta o amor
Mas se for preciso veste a farda
Pra enfrentar o dissabor

Por trás de um violão que toca,
Tem discórdia e rebeldia
Nuances de liberdade
Nas entranhas da harmonia
Tem o pó da estrada, o breu da noite
E o orvalho da manhã
O canto de um povo
Que respeita sua história
E a rudeza dos galpões com picumã

Por trás de um violão que toca
Há um rio de emoções
São lágrimas e suor
Que vão regando as canções
Escorrem pela face
Param na concha da mão
Pra saciar a sede do violão

Por trás de um violão que toca,
Há encontros e partidas.
Saudades que cicatrizam
Antes de virar ferida
O medo de um dia não poder
Mais “amassar” seu próprio pão
E que falte rima para os versos,
Qual semente para o chão.

Por trás de um violão que toca,
Há quem cante e é feliz.
Embora sangre mazelas
Pelos veios do país
Atrás do violão existe alguém
Que quer alimentar os seus
Não julgue, pois que, toca e quem canta,
Segue apenas seu destino
E este, é um dom de Deus.