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Mostrando postagens com marcador Pedro Neves. Mostrar todas as postagens
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MARCA DO PAGO

Título
MARCA DO PAGO
Compositores
LETRA
JOÃO PANTALEÃO LEITE
MÚSICA
PEDRO NEVES
Intérprete
GRUPO CANDEEIRO
Ritmo
BUGIO
CD/LP
09º RONCO DO BUGIO
Festival
09º RONCO DO BUGIO
Declamador

Amadrinhador

Premiações
1º LUGAR
MELHOR ITÉRPRETE – WALTER JEGER JUNIOR (KIKO)
MELHOR INSTRUMENTISTA - LUIZ CARLOS PEREIRA

MARCA DO PAGO
(João Pantaleão Leite, Pedro Neves)

É no floreio da cordeona chorona
Que a indiada sarandeia, João
É no compasso do bugio que o rio..
...Que o rio grande bate o pé, seu José

Vamos dançando noite adentro até...
...Até cavar poeira do chão com o garrão
E o fandango só termina, por sina
Quando cantar o garnizé

Coreografia do Rio Grande aqui nasceu e se expandiu
Candeeiro dessa querência que jamais morre o pavio
Nas quatro estações do ano, faça calor, faça frio
Quem é que não se diverte no balanço do bugio?!

É nesse ronco onde me afino sulino
Que a gauchada levanta e canta
O nosso ritmo campeiro, parceiro
Com alma, garganta e brio, quem não viu

A cordeona galponeira faceira
Mil melodias pressentiu e pariu
Retrechando de fandango em fandango
Sempre exaltando o bugio

E essa marca pioneira bandeira
Que simboliza com afago, esse pago
Inconfundível singular no tocar
Pelas fronteiras do Brasil, já se viu

E abram cancha gauchada animada
Que eu também aqui balanço e danço
Essa cadência gaúcha é que me puxa
Me puxa pra dançar o bugio.


Garoto Esperto

Garoto Esperto
(Dionísio Costa, Pedro Neves)

Aquele garoto de cabeça baixa
Com o frio da algema, comungando o medo
Já conhece as dores da vida madrasta
De sonhos quebrados ainda bem cedo
É só mais um caso nas mãos da justiça
Entre tantos outros que vêm e que vão
É só um garoto que se acha esperto
De olhos vendados na televisão

A escola da rua ditou o destino
Com pequenas falhas, marcou a presença
Vai continuar estudando forçado
E aprender sozinho somar a sentença
Achava que o mundo era brincadeira
E o crime só um meio de ganhar o pão
Brincou de bandido com seus amiguinhos
Com droga nas veias e arma na mão

Quem será o carrasco dessa vida torta
Ou a mão que leva pra o caminho certo?
Quem será agora, o herói do garoto
Ou o próximo alvo do garoto esperto?



Garoto esperto - Pedro Neves by Eliandro Luz

João Saudade


João Saudade
(Pedro Neves, Vaine Darde)

No estilo da estampa
Um resto de pampa
Farrapo dos trapos
Bombacha já rota,
Melena revolta,
E um jeito de guapo
Chapéu deformado
Um lenço rasgado
Ainda bandeira
Guaiaca roída
Rimando com a vida
Do João da Fronteira

Porque, oh João,
Deixaste o galpão
E a lida campeira
Pra ser na cidade
Mais um João-saudade
Sem eira, nem beira?

O João da favela
Que a vida atrela
A um carro de mão
É João-lá-de-fora
Repontando agora
Papel, papelão
E assim, quem diria,
Que a sorte um dia
Lhe desse este pealo
O João já nem sente
Que ontem ginete
É hoje o cavalo.

Porque, oh João,
Deixaste o galpão
E a lida campeira
Pra ser na cidade
Mais um João-saudade
Sem eira, nem beira?

Uma Prosa De Pai Amigo

Uma Prosa De Pai Amigo
(Dionísio Costa, Pedro Neves)

Chegou a hora meus filhos, da gente usar de franqueza
Deixar de lado a aspereza dessa nossa convivência
E se emponchar de paciência para uma prosa de amigo
Sei que me acham antigo, porém isso não me abala
Porque o bom Deus nos iguala e o sangue nos emparelha
E quando um pai aconselha, é o sentimento que fala

Para falar com os meus eu não preciso rodeio
Em precisa larga não creio, por isso sou curto e grosso
Eu tambem já fui um moço, rebelde com os meus pais
Mas não me esqueço jamais quantas vezes eu chorei
Frente aos tombos que levei e concluí, vida afora
Perdidas foram as horas em que não lhes escutei

Não quero que vocês passem por tudo que eu já passei
O mundo é outro, bem sei, mas uma coisa não muda
Quem tem um pai que lhe ajuda tem mais cancha pela frente
Não se torna um indigente, encara a perda sem medo
E aprende, ainda bem cedo, curando as próprias mazelas
Que a vida não é novela, nem o mundo é de brinquedo

Eu não tenho a pretenção que sejam o meu retrato
Eu sei que, às vezes, sou chato e não sou dono da verdade
Porém, a realidade de um pai que tem muito amor
Me obriga a ser portator de atos que não convêm
E embora eu sofra também, não dá pra ficar calado
Assistindo um passo errado de quem a gente quer bem

Muitos pais que eu conheço se esquecem do compromisso
Com seus filhos são omissos e depois, depois sofrem na desgraça
De ver virar em fumaça o futuro imaginado
Mesmo que eu seja quadrado, escutem tudo que eu digo
Que, além de pai, sou um amigo, tenho experiência de vida
E, nas ganhas e perdidas, vocês podem contar comigo

Por fim, espero que sejam filhos, amigos de fato
Que este pai antigoe chato só quer o bem de vocês
E se é pouco o que já fez, foi sempre de coração
Não esqueçam que a razão é o que derruba os espertos
E podem ficar certos, se estiverem precisando
O pai estará esperando, sempre de braços abertos

Isto É Rio Grande


Isto É Rio Grande
(Léo Ribeiro de Souza, Pedro Neves)

Na velha calçada de folhas tombadas ao sopro do outono
Um homem do pampa reponta na estampa ponchadas de sono.
O baile foi bueno, alegre, sereno, rodeado de amigos,
Cruzando a neblina o cheiro da china carrega consigo.

Encilha o cavalo e o timbre do galo clareia o caminho,
Buscando sossego revoam morcegos pro antigo moinho.
Nesta geografia de pasto e poesia lá vai o charrua
Na guarda do pingo um cusco latindo pra um resto de lua.

A cena nativa faz parte da vida de um povo com brilho,
Raça que não morre porque o sangue corre nas veias dos filhos.
Rio Grande de outrora, Rio Grande de agora, Rio Grande de sempre,
Na sina campeira, na cor da bandeira, é o Rio Grande da gente.

Batendo na marca vai junto ao monarca a história distante
Reduções missioneiras, farrapos, fronteiras, heróis imigrantes.
Murmuram as esporas e os cantos de aurora acordam o paisano
E vê que a querência não muda a essência no passar dos anos.

Churrasco, rodeios, mateadas, floreios de gaita e violão,
Trabalho irmanado na luz do povoado e na paz do galpão.
Rio Grande é beleza, eu tenho certeza você me entendeu
E quem é da terra morre pela terra que tanto lhe deu.

Nasceu Um Gaúcho

Nasceu Um Gaúcho
(Dionísio Costa, Pedro Neves)

Um chôro na madrugada, ecoou pela canhada
Acordando a criação
Veio do rancho do fundo, e dando 'buenas' pra o mundo
Se espalhou pelo rincão
Sorriu a família inteira e o vento na cumieira
Com seu canto acalentou
Aquela vida modesta e os galos fizeram festa
Pra o piazinho que chegou

Já nasceu afortunado, pelo amor amparado
Tendo pai e mãe do lado e o carinho dos avós
Veio sadío de bom pórte, há de ser um gurí forte
Pois nem todos têm a sorte, de não se criarem sós

Nasceu um Gaúcho e o chôro criança
Renova a esperança, de um tempo melhor
A vida se fez, de um amor maduro
E a fé no futuro, é muito maior

O pai sonhando acordado, já enxerga o piá criado
Sendo seu melhor amigo
A mãe reza e agradece, pedindo a deus numa prece
Que o proteja do perigo
Trouxe alegria pra os pais e o semblante de ancestrais
Que com ele vai crescer
Pouco importa não ter luxo, pois quando nasce um Gáucho
É o rio grande a renascer

Chora gauchinho, chora, que o dia não demora
E a alegria desta hora, jamais será esquecida
Na incerteza de esperar, como custou pra chegar
Deixa o piazinho chorar, é assim que começa a vida

Proseando Com Meu Cavalo

Proseando Com Meu Cavalo
(Pedro Neves, Dionísio Costa)

Vem cá meu pingo, ‘bamo tê’ uma prósa boa
Tu anda à tôa, me tratando aos 'manotáço'
Não facilita, nem exija muito mimo
Porque eu te estimo e não quero te ‘passá’ o laço
Bicho rebelde, não me assusta nem um pouco
Matungo ‘lôco’, tu pode ‘virá’ as ‘cangáia’
Qualquer pulinho, não vai me tirar do sério
Que eu sou gaudério e vou campear rabo de saia

Não esperava que fosse me dar trabalho
Pois tô grisalho e tu também não é mais pôtro
Andamos juntos dividindo o mesmo arreio
E é muito feio um amigo ‘derrubá’ o outro

Se tu bem sabe que eu sou teu melhor amigo
Conto contigo pra me levar pra os namôros
Que coisa feia tu bancar o caborteiro
Meu companheiro me fazendo desafôro
Por isso amigo escuta bem o que te falo
Tu é cavalo e me ajudar é tua sína
Se na verdade somos parceiros de estrada
Não custa nada, tu ‘engarupá’ alguma china

Tu me desculpe te 'passá' este baita píto
Mas acredito que meu cavalo me entende
Me obedecendo tu vai correr perigo
Que um bom amigo não se empresta e nem se vende
O nosso trato vale mais do que um contrato
Não te maltrato e tu não me deixa de à pé
De tardezinha te levo pra 'vê' uma eguáda
De madrugada me leva pra 'vê' as 'muié'