Ofício-Solidão

Ofício-Solidão
(Rejane Fernandes, Francisco Alves)

De ouvido sempre alerta,
Artista em cada cercado,
O alambrador musicista
Afina os fios do aramado.

As cordas do instrumento
Invadem campos distantes.
Enfeitam moirões cativos,
Perseguem os caminhantes.

A família vai crescendo,
Marcada pelo aramado,
Que aprisiona gente e terra,
Nos sete fios afinados.

Em mansas noites de prosa, ao abrigo do galpão,
O artista conta causos desse ofício-solidão.
Alambrador por herança, gosto e profissão,
Ama as coxilhas do pampa, cercadas por sua mão.

Sentindo o peso do tempo,
Passa pros filhos ciência,
Ensina os sons do alambrado,
Mostra o valor da querência.

Sabe que o homem do campo
Não tem lugar na cidade.
Morre operário de obra,
Com sonhos, sem liberdade.
Ama as coxilhas do pampa, cercadas por sua mão.
Alambrador por herança, desse ofício-solidão.

De ouvido semapre alerta,
Marcado pelo aramado,
Sentindo o peso do tempo,
Ensina os sons do alambrado.

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