De Boca Em Boca
(José Atanásio Borges Pinto, Cenair Maicá, Chaloy Jara)
Andam falando por aí, de boca em boca
Que a nossa fibra e nossa garra esmoreceu
Que andam pisando em nosso pala
Quem consente é certamente porque a fibra já perdeu
Nosso cobre na guaiaca anda minguado
Pela coxilha nuvem negra campereia
A pátria grande olha pra além do horizonte
E aqui nos pago a incerteza nos maneia
Andam falando por aí, de boca em boca
Que a nossa fibra e nossa garra esmoreceu
Que andam pisando em nosso pala
Quem consente é certamente porque a fibra já perdeu
A nossa garra vem do tempo das patreadas
A nossa fibra é a semente do passado
E o destemor é porque nunca aqui nos pagos
Por estrangeiros nosso pala foi pisado
Andam falando por aí, de boca em boca
Que a nossa fibra e nossa garra esmoreceu
Que andam pisando em nosso pala
Quem consente é certamente porque a fibra já perdeu
Meus irmãos, abram gaitas e gargantas
Numa canção que leve a fé por onde ande
E um canto livre há de elevar-se nas coxilhas
Mostrando a raça deste povo do rio grande
Deixe que eles falem por aí, de boca em boca
Pois a nossa fibra e nossa garra não morreu
E ninguém pisa em nosso pala
Quem consente é certamente porque a fibra já perdeu
O sangue guapo dos heróis e dos valentes
Que ainda corre adormecida em nossas veias
Há de aquecer-se em novas rondas e vigílias
Nos dando força pra arrebentar as maneias
Deixem que eles falem por aí, de boca em boca
Pois a nossa fibra e nossa garra não morreu
E ninguém pisa em nosso pala
Quem consente é certamente, porque a fibra já perdeu
Céu, Sol, Sul, Terra e Cor
Céu, Sol, Sul, Terra e Cor
(Leonardo)
Eu quero andar nas coxilhas sentido as flechilhas das ervas no chão,
Ter os pés roseteados de campo, ficar mais trigueiro com o sol de verão,
Fazer versos cantando as belezas desta natureza sem par,
E mostrar para quem quiser ver, um lugar prá viver sem chorar,
É o meu Rio Grande do Sul,
Céu, Sol, Sul, Terra e Cor,
Onde tudo que se planta e cresce,
E o que mais floresce é o amor
Eu quero me banhar nas fontes e olhar horizontes com Deus,
E sentir que as cantigas nativas continuam vivas para os filhos meus,
Ver os campos florindo e crianças sorrindo felizes a cantar
E mostrar para quem quiser ver, um lugar prá viver sem chorar,
É o meu Rio Grande do Sul,
Céu, Sol, Sul, Terra e Cor,
Onde tudo que se planta e cresce,
E o que mais floresce é o amor
(Leonardo)
Eu quero andar nas coxilhas sentido as flechilhas das ervas no chão,
Ter os pés roseteados de campo, ficar mais trigueiro com o sol de verão,
Fazer versos cantando as belezas desta natureza sem par,
E mostrar para quem quiser ver, um lugar prá viver sem chorar,
É o meu Rio Grande do Sul,
Céu, Sol, Sul, Terra e Cor,
Onde tudo que se planta e cresce,
E o que mais floresce é o amor
Eu quero me banhar nas fontes e olhar horizontes com Deus,
E sentir que as cantigas nativas continuam vivas para os filhos meus,
Ver os campos florindo e crianças sorrindo felizes a cantar
E mostrar para quem quiser ver, um lugar prá viver sem chorar,
É o meu Rio Grande do Sul,
Céu, Sol, Sul, Terra e Cor,
Onde tudo que se planta e cresce,
E o que mais floresce é o amor
Eu Sou Do Sul
Eu Sou Do Sul
(Elton Saldanha)
Eu sou do sul, sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul, sou do sul
A minha terra tem um céu azul, céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Nascido entre a poesia e o arado
A gente lida com o gado e cuida da plantação
A minha gente que veio da guerra
Cuida dessa terra
Como quem cuida do coração
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Você, que não conhece meu estado
Está convidado a ser feliz neste lugar
A serra te dá o vinho
O litoral te dá carinho
E o Guaíba te dá um pôr do sol lá na capital
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
A fronteira, los hermanos
É prenda cavalo e canha
Viver lá na campanha é bom demais
Que o santo missioneiro
Te acompanhe companheiro
Se puder vem lavar a alma no rio Uruguai
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
(Elton Saldanha)
Eu sou do sul, sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul, sou do sul
A minha terra tem um céu azul, céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Nascido entre a poesia e o arado
A gente lida com o gado e cuida da plantação
A minha gente que veio da guerra
Cuida dessa terra
Como quem cuida do coração
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Você, que não conhece meu estado
Está convidado a ser feliz neste lugar
A serra te dá o vinho
O litoral te dá carinho
E o Guaíba te dá um pôr do sol lá na capital
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
A fronteira, los hermanos
É prenda cavalo e canha
Viver lá na campanha é bom demais
Que o santo missioneiro
Te acompanhe companheiro
Se puder vem lavar a alma no rio Uruguai
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
É só olhar pra ver que eu sou do sul
A minha terra tem um céu azul
É só olhar e ver
Eu sou do sul
Coração Gaúcho
Coração Gaúcho
(Dionísio Costa)Um mês inteiro de luta, nesta lida aqui de fora
Acho que já tá na hora, de sair do cafundó
Hoje me aparto dos bichos, de laço, mango e maneia
Porque a vida é uma peleia, lidando e mateando só
Enquanto o sol vai entrando e na garupa leva o dia
Uma estampa de alegria, do meu xucrísmo se adona
Pego o rumo de um fandango, pra enfrenar a noite inteira
Uma tropa de vanera, que se escapou da cordeona
O meu coração gaúcho, tá batendo com saudade
Da velha hospitalidade, da nossa gente campeira
Por isso minh'alma xúcra, campeia gaita em galpão
Pra cadenciá o coração, num corcoveo de vanera
Sou taura que ganha a vida lidando co'a matungada
Não me sobra quase nada de tempo pra fazer graça
Por isso de vez em quando, me sumo campeando dança
Pra me apartar na festança, da solidão que me abraça
A china que é dançadeira, vai ver que aínda tô vivo
Tudo que é incomodativo, ficou pra segunda feira
Hoje eu nem quero notícia, da lida que me judia
Tô por conta da alegria, de gaita, china e vanera
Coplas De Tosador
Coplas De Tosador
(Francisco Luzardo, Rogério Melo, Giovani Vieira)
Tá chegando as esquilas!
Já sinto cheiro de cera, e as comparsas da fronteira
Já andam reculutando a indiada flor de tesoura
Que grude de toda folha e o couro fique alumiando!
Já desaguachei a moura
Afiei bem as tesouras
Tô pronto pro que vier
Ferro com as folha benzida
E os braços pra ganhá a vida
No cabo desses talher
Vou me enturmar na comparsa
Que vai lá pra Paz das Garças
Tosar miles de capão
Corriedale sem escolha
De mete de toda folha
Acolherando as duas mãos
Sendo pra lotá ficheira
Me tapo de lã e cera
Pouco me importa o calor
Se resolvo soltá o braço
Quase mato no cansaço
Quem se mete a agarrador
É dois pulsos no martelo
Tchaque-tchaque e atiro o velo
Por cima do atador
Ferro e folha e não tem nada
Vai embora guacha pelada
Berrando pra o tosador
Grudo a marca santaninha
Solto lisa e rosadinha
Porque o braço não se micha!
E n’alguma escapada
Boto cortiça queimada
Garanto que não abicha!
Se me topo com as mirina
Apelo pra cangibrina
Arrolhadita atrás da porta
E no couro murcilhado
Sigo de ferro embuchado
Nas rugas campeando as volta
A pobreza é igual capacho
E só biqueando por baixo
Que um pobre cristão se safa
Quando largo da tesoura
Nas patas da minha moura
Prossigo espichando a safra!
É dois pulsos no martelo
Tchaque-tchaque e atiro o velo
Por cima do atador
Ferro e folha e não tem nada
Vai embora guacha pelada
Berrando pra o tosador
(Francisco Luzardo, Rogério Melo, Giovani Vieira)
Tá chegando as esquilas!
Já sinto cheiro de cera, e as comparsas da fronteira
Já andam reculutando a indiada flor de tesoura
Que grude de toda folha e o couro fique alumiando!
Já desaguachei a moura
Afiei bem as tesouras
Tô pronto pro que vier
Ferro com as folha benzida
E os braços pra ganhá a vida
No cabo desses talher
Vou me enturmar na comparsa
Que vai lá pra Paz das Garças
Tosar miles de capão
Corriedale sem escolha
De mete de toda folha
Acolherando as duas mãos
Sendo pra lotá ficheira
Me tapo de lã e cera
Pouco me importa o calor
Se resolvo soltá o braço
Quase mato no cansaço
Quem se mete a agarrador
É dois pulsos no martelo
Tchaque-tchaque e atiro o velo
Por cima do atador
Ferro e folha e não tem nada
Vai embora guacha pelada
Berrando pra o tosador
Grudo a marca santaninha
Solto lisa e rosadinha
Porque o braço não se micha!
E n’alguma escapada
Boto cortiça queimada
Garanto que não abicha!
Se me topo com as mirina
Apelo pra cangibrina
Arrolhadita atrás da porta
E no couro murcilhado
Sigo de ferro embuchado
Nas rugas campeando as volta
A pobreza é igual capacho
E só biqueando por baixo
Que um pobre cristão se safa
Quando largo da tesoura
Nas patas da minha moura
Prossigo espichando a safra!
É dois pulsos no martelo
Tchaque-tchaque e atiro o velo
Por cima do atador
Ferro e folha e não tem nada
Vai embora guacha pelada
Berrando pra o tosador
Meus Amores
Meus Amores
(Jayme Caetano Braun, Luiz Marenco)
Dentre os amores que eu tenho,
O pingo, a china e o pago
E esta guitarra que trago
Das origens de onde venho
E o poncho, toldo cigano,
Que balanceia nas ancas
Do pingo gateado ruano
Malacara, patas brancas...
No rancho sobre a coxilha
Contemplando a várzea infinda
Tenho a xirua mais linda
Do que flor da maçanilha
Deixa que a lua se estenda
E o mundo fica pequeno
Enquanto bebo o sereno
Nos lábios da minha prenda
Nesta tropeada reiúna
A cãibra do freio é um norte
E apenas bendigo a sorte
Que me deu tanta fortuna
É a sina dos cruzadores
Andar caminhos sem fim
Sou dono dos meus amores
No rancho sobre a coxilha
Contemplando a várzea infinda
Tenho a xirua mais linda
Do que flor da maçanilha
Deixa que a lua se estenda
E o mundo fica pequeno
Enquanto bebo o sereno
Nos lábios da minha prenda
(Jayme Caetano Braun, Luiz Marenco)
Dentre os amores que eu tenho,
O pingo, a china e o pago
E esta guitarra que trago
Das origens de onde venho
E o poncho, toldo cigano,
Que balanceia nas ancas
Do pingo gateado ruano
Malacara, patas brancas...
No rancho sobre a coxilha
Contemplando a várzea infinda
Tenho a xirua mais linda
Do que flor da maçanilha
Deixa que a lua se estenda
E o mundo fica pequeno
Enquanto bebo o sereno
Nos lábios da minha prenda
Nesta tropeada reiúna
A cãibra do freio é um norte
E apenas bendigo a sorte
Que me deu tanta fortuna
É a sina dos cruzadores
Andar caminhos sem fim
Sou dono dos meus amores
Ninguém é dono de mim...
No rancho sobre a coxilha
Contemplando a várzea infinda
Tenho a xirua mais linda
Do que flor da maçanilha
Deixa que a lua se estenda
E o mundo fica pequeno
Enquanto bebo o sereno
Nos lábios da minha prenda
Mis Amores
Mis Amores
Versão: Martim César Gonçalves
(Jayme Caetano Braun, Luiz Marenco)
Los amores que yo tengo
El flete, la china, y el pago
Y esta guitarra que traigo
Del suelo de donde vengo
Y el poncho toldo gitano
Que se balanza en las ancas
Del flete gateado ruano
Malacara, patas blancas
Num rancho sobre la sierra
Contemplando las estrellas
Tengo una china mas bella
Que las flores de mi tierra
Dejo la luna alumbrando
Su plateado en algún rio
Mientras yo bebo el rocio
En los labios de la que amo
Desta tropilla reyuna
My flete elije el camino
Y yo bendigo al destino
Que me dio tanta fortuna
Es vida de cruzadores
Andar caminos sin freno
Soy dueño de mis amores
Pero ninguno es mi dueño
Num rancho sobre la sierra
Contemplando las estrellas
Tengo una china mas bella
Que las flores de mi tierra
Dejo la luna alumbrando
Su plateado en algún rio
Mientras yo bebo el rocio
En los labios de la que amo
Versão: Martim César Gonçalves
(Jayme Caetano Braun, Luiz Marenco)
Los amores que yo tengo
El flete, la china, y el pago
Y esta guitarra que traigo
Del suelo de donde vengo
Y el poncho toldo gitano
Que se balanza en las ancas
Del flete gateado ruano
Malacara, patas blancas
Num rancho sobre la sierra
Contemplando las estrellas
Tengo una china mas bella
Que las flores de mi tierra
Dejo la luna alumbrando
Su plateado en algún rio
Mientras yo bebo el rocio
En los labios de la que amo
Desta tropilla reyuna
My flete elije el camino
Y yo bendigo al destino
Que me dio tanta fortuna
Es vida de cruzadores
Andar caminos sin freno
Soy dueño de mis amores
Pero ninguno es mi dueño
Num rancho sobre la sierra
Contemplando las estrellas
Tengo una china mas bella
Que las flores de mi tierra
Dejo la luna alumbrando
Su plateado en algún rio
Mientras yo bebo el rocio
En los labios de la que amo
Quando O Verso Vem Pras Casa
Quando O Verso Vem Pras Casa
(Gujo Teixeira, Luiz Marenco)
A calma do tarumã ganhou sombra mais copada
Pela várzea espichada com o sol da tarde caindo
Um pañuelo maragato se abriu no horizonte
Trazendo um novo reponte prá um fim de tarde bem lindo
Daí um verso de campo se chegou da campereada
No lombo de uma gateada frente aberta de respeito
Desencilhou na ramada já cansado das lonjuras
Mas estampando a figura campeira bem do seu jeito
Cevou um mate pura-folha jujado de maçanilha
E um ventito da coxilha trouxe coplas entre as asas
Prá querência galponeira onde o verso é mais caseiro
Templado à luz de candeeiro e um quarto gordo nas brasa
A mansidão da campanha traz saudade feito açoite
Com olhos negros de noite que ela mesma querenciou
E o verso que tinha sonhos prá rondar na madrugada
Deixou a cancela encostada e a tropa se desgarrou
E o verso sonhou ser várzea com sombra de tarumã
Ser um galo prás manhãs, um gateado prá encilha
Sonhou com os olhos da prenda vestidos de primavera
Adormecidos na espera do sol pontear na coxilha
Ficaram arreios suados e um silêncio de esporas
Um cerne com cor de aurora queimando em fogo de chão
Uma cuia e uma bomba recostada na cambona
E uma saudade redomona pelos cantos do galpão
(Gujo Teixeira, Luiz Marenco)
A calma do tarumã ganhou sombra mais copada
Pela várzea espichada com o sol da tarde caindo
Um pañuelo maragato se abriu no horizonte
Trazendo um novo reponte prá um fim de tarde bem lindo
Daí um verso de campo se chegou da campereada
No lombo de uma gateada frente aberta de respeito
Desencilhou na ramada já cansado das lonjuras
Mas estampando a figura campeira bem do seu jeito
Cevou um mate pura-folha jujado de maçanilha
E um ventito da coxilha trouxe coplas entre as asas
Prá querência galponeira onde o verso é mais caseiro
Templado à luz de candeeiro e um quarto gordo nas brasa
A mansidão da campanha traz saudade feito açoite
Com olhos negros de noite que ela mesma querenciou
E o verso que tinha sonhos prá rondar na madrugada
Deixou a cancela encostada e a tropa se desgarrou
E o verso sonhou ser várzea com sombra de tarumã
Ser um galo prás manhãs, um gateado prá encilha
Sonhou com os olhos da prenda vestidos de primavera
Adormecidos na espera do sol pontear na coxilha
Ficaram arreios suados e um silêncio de esporas
Um cerne com cor de aurora queimando em fogo de chão
Uma cuia e uma bomba recostada na cambona
E uma saudade redomona pelos cantos do galpão
Tablados De Vidro
Tablados de Vidro
(Jaime Vaz Brasil, Paulo Deniz Júnior)
Quantas claves dormem
Sobre o frio del hombre?
Quantas manos cingem
Colos de guitarras?
Quantas vozes podem
Derramar su canto
Em silêncio
A rondar mi soledad?
Quando a sombra dorme
Um outro sol inventa.
O planeta gira
E el corazón se inquieta,
Beija a cor del viento
Que traduz e acende
A janela
De mi cuerpo en soledad.
Ah, meu coração
Mora tan lejos de mi...
Onde foi parar, não sei.
(Vem milonga, vem dizer).
Ah, coração
Não me deixe assim:
- Aquiles -
Dançando flamenco
Bem devagar
Em tablados de vidro.
(Jaime Vaz Brasil, Paulo Deniz Júnior)
Quantas claves dormem
Sobre o frio del hombre?
Quantas manos cingem
Colos de guitarras?
Quantas vozes podem
Derramar su canto
Em silêncio
A rondar mi soledad?
Quando a sombra dorme
Um outro sol inventa.
O planeta gira
E el corazón se inquieta,
Beija a cor del viento
Que traduz e acende
A janela
De mi cuerpo en soledad.
Ah, meu coração
Mora tan lejos de mi...
Onde foi parar, não sei.
(Vem milonga, vem dizer).
Ah, coração
Não me deixe assim:
- Aquiles -
Dançando flamenco
Bem devagar
Em tablados de vidro.
Grito Dos Livres
Grito Dos Livres
(José Fernando Gonzales, Dante Ramon Ledesma)
Quando os campos deste sul eram mais verdes
Índios pampeanos que habitavam o lugar
Foram mesclando com a raça do homem branco
Recém chegado de querências além mar
E o novo ser que se formou miscigenado
Virou semente, germinou e se fez povo
E um grito novo ecoou no continente
Lembrando a todos que esta terra tinha dono
Enquanto o Gaúcho for visto no pampa
Enquanto essa raça teimar em viver
O grito dos livres ecoará nesses montes
Buscando horizontes libertos na paz
No grito do índio, o grito inicial
Com cheiro de terra no próprio ideal
De amor à querência liberta nos pampas
Gerada em estampas do próprio ancestral
A nova raça cresceu e traçou limites
Que bem demarcam a extensão dos ideais
E o mesmo povo hoje repete o grito
Alicerçado nas raízes culturais
A liberdade não tem tempo nem fronteiras
O homem livre não verga e não perde o entono
Vai repetindo a todos num velho grito
Passam os tempos mas a terra ainda tem dono
Do grito do índio, aos gritos atuais
Há cheiro de terra nos próprios ideais
De um povo sofrido, ereto em vontade
De escrever liberdade nos seus memoriais
Enquanto o Gaúcho for visto no pampa
Enquanto essa raça teimar em viver
O grito dos livres ecoará nesses montes
Buscando horizontes libertos na paz
Enquanto o Gaúcho for visto no pampa
Enquanto essa raça teimar em viver
O grito dos livres ecoará nesses montes
Buscando horizontes libertos na paz
Desassossegos
Desassossegos
(Vaine Darde, João Chagas Leite)
Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.
Vem a noite aos poucos alumiar o rancho
Com estrelas frias que se vão depois
Nada é mais triste neste mundo louco
Que matear com a ausência de quem já se foi.
Que desgosto o mate cevado de mágoas
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia no catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó.
Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.
Então me pergunto neste desatino
Se este é meu destino ou Deus se enganou?
Todo desencanto para um só campeiro
Que de tanto amor se desconsolou.
Que desgosto o mate cevado de mágoas
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia no catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó.
Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.
(Vaine Darde, João Chagas Leite)
Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.
Vem a noite aos poucos alumiar o rancho
Com estrelas frias que se vão depois
Nada é mais triste neste mundo louco
Que matear com a ausência de quem já se foi.
Que desgosto o mate cevado de mágoas
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia no catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó.
Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.
Então me pergunto neste desatino
Se este é meu destino ou Deus se enganou?
Todo desencanto para um só campeiro
Que de tanto amor se desconsolou.
Que desgosto o mate cevado de mágoas
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia no catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó.
Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.
Pára Pedro
Pára Pedro
(José Mendes, José Portella Delavy)
Era um baile lá na serra
Na Fazenda da Ramada
Foi por lá que um tal de Pedro
Se chegou de madrugada
Só escutei um zumzum
Mas não sabia de nada
Só ouvia mulher gritando
Esse Pedro é uma parada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Era o Pedro lá num canto
Beliscando a namorada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Quando foi lá pelas tantas
Que a farra estava animada
Apagaram o lampião
E a bagunça foi formada
As velha se revoltaram
“Pedroca não é de nada”
E o Pedro brigou com as velha
E foi uma peleia danada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Fazia “cosca” nas velhas
E as velhas davam risada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro,
Este Pedro é uma parada
Pedro foi dançar um chote
Com uma velha apaixonada
E surgiu o velho da velha
E a coisa foi complicada
Pedro correu pelos fundos
E entrou numa porta errada
As moças levaram um susto
E gritaram desesperadas
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Velha grudada no Pedro
E o velho no Pedro agarrado
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
E assim foi a noite inteira
Até o fim da madrugada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro
(José Mendes, José Portella Delavy)
Era um baile lá na serra
Na Fazenda da Ramada
Foi por lá que um tal de Pedro
Se chegou de madrugada
Só escutei um zumzum
Mas não sabia de nada
Só ouvia mulher gritando
Esse Pedro é uma parada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Era o Pedro lá num canto
Beliscando a namorada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Quando foi lá pelas tantas
Que a farra estava animada
Apagaram o lampião
E a bagunça foi formada
As velha se revoltaram
“Pedroca não é de nada”
E o Pedro brigou com as velha
E foi uma peleia danada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Fazia “cosca” nas velhas
E as velhas davam risada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro,
Este Pedro é uma parada
Pedro foi dançar um chote
Com uma velha apaixonada
E surgiu o velho da velha
E a coisa foi complicada
Pedro correu pelos fundos
E entrou numa porta errada
As moças levaram um susto
E gritaram desesperadas
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Velha grudada no Pedro
E o velho no Pedro agarrado
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
E assim foi a noite inteira
Até o fim da madrugada
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro, Pedro Pára
Pedro Pára, Pára Pedro
Pára Pedro, Pedro Pára
Pára Pedro
Na Paz Do Galpão
Na Paz do Galpão
(Gujo Teixeira, Marcello Caminha)
A tarde cai, eu camboneio um mate
Junto ao braseiro do fogo de chão
O pai-de-fogo, puro cerne de branquilho
Queimando aos poucos na paz de um galpão
O mesmo inverno coloreando o poente
Final de lida, refazendo o dia
Lá no potreiro meu baio pastando
No cinamomo um barreiro em cantoria
Por certo a tarde em outros ranchos da campanha
Por serem humildes tenham a paz que tenho aqui
Pois só quem traz sua querência dentro d'alma
Sabe guardar toda esta paz dentro de si
Encosto a cuia junto ao pé do pai-de-fogo
Chia a cambona repontando o coração
Nas horas mansas que a guitarra faz ponteio
Numa milonga pra espantar a solidão
É lento o tempo na paz de um galpão
Ainda mais quando a saudade bate
A soledade vou matando aos poucos
Na parceria da guitarra e do mate
Então a noite se acomoda nos pelegos
Povoando os sonhos de ilusão e calma
Toda essa paz é um bichará pro inverno
Faz bem pro corpo e acalenta a alma
Por certo a tarde em outros ranchos da campanha
Por serem humildes tenham a paz que tenho aqui
Pois só quem traz sua querência dentro d'alma
Sabe guardar toda esta paz dentro de si
Encosto a cuia junto ao pé do pai-de-fogo
Chia a cambona repontando o coração
Nas horas mansas que a guitarra faz ponteio
Numa milonga pra espantar a solidão
(Gujo Teixeira, Marcello Caminha)
A tarde cai, eu camboneio um mate
Junto ao braseiro do fogo de chão
O pai-de-fogo, puro cerne de branquilho
Queimando aos poucos na paz de um galpão
O mesmo inverno coloreando o poente
Final de lida, refazendo o dia
Lá no potreiro meu baio pastando
No cinamomo um barreiro em cantoria
Por certo a tarde em outros ranchos da campanha
Por serem humildes tenham a paz que tenho aqui
Pois só quem traz sua querência dentro d'alma
Sabe guardar toda esta paz dentro de si
Encosto a cuia junto ao pé do pai-de-fogo
Chia a cambona repontando o coração
Nas horas mansas que a guitarra faz ponteio
Numa milonga pra espantar a solidão
É lento o tempo na paz de um galpão
Ainda mais quando a saudade bate
A soledade vou matando aos poucos
Na parceria da guitarra e do mate
Então a noite se acomoda nos pelegos
Povoando os sonhos de ilusão e calma
Toda essa paz é um bichará pro inverno
Faz bem pro corpo e acalenta a alma
Por certo a tarde em outros ranchos da campanha
Por serem humildes tenham a paz que tenho aqui
Pois só quem traz sua querência dentro d'alma
Sabe guardar toda esta paz dentro de si
Encosto a cuia junto ao pé do pai-de-fogo
Chia a cambona repontando o coração
Nas horas mansas que a guitarra faz ponteio
Numa milonga pra espantar a solidão
Cova De Touro
Cova De Touro
( Luiz Marenco, Gujo Teixeira)
Quando os ventos de setembro aguçam o instinto das feras
E a novilhada retoça pelo cio da primavera
Covas de touro se abrem, florescem trevos no meio
E tauras travam combates pelo poder do rodeio
Um touro pampa de marca mandando terra pra cima
Outro touro pêlo osco por contragosto se arrima
Dois tauras por excelência, duas tormentas a frente
Juntando forças de campo pra desaguar numa enchente
Nos quatro esteios das patas eu monarqueava meu posto
Prenunciando pêlo e sangue que a espora conhece o gosto
"O mouro nem escarceava atento ao mundo da volta
E os meus quatro ovelheiros formavam a guarda da escolta
Depois da luta firmada e as armas postas pra guerra
Aspas de ponta de lança, lombos curtidos de terra"
Torenas assim se pecham como se fosse um ritual
Pelear pra sobreviver ou por um simples ideal
Não param nem pelo mango, nem nos encontros do mouro
Peleiam por serem tauras, por seu instinto de touro
Depois cansados tranqueiam e vão seguir seus caminhos
Deixando covas abertas prá um avestruz fazer ninho
Nos quatro esteios das patas eu monarqueava meu posto
Prenunciando pêlo e sangue que a espora conhece o gosto
Torenas assim se pecham como se fosse um ritual
Pelear pra sobreviver ou por um simples ideal
( Luiz Marenco, Gujo Teixeira)
Quando os ventos de setembro aguçam o instinto das feras
E a novilhada retoça pelo cio da primavera
Covas de touro se abrem, florescem trevos no meio
E tauras travam combates pelo poder do rodeio
Um touro pampa de marca mandando terra pra cima
Outro touro pêlo osco por contragosto se arrima
Dois tauras por excelência, duas tormentas a frente
Juntando forças de campo pra desaguar numa enchente
Nos quatro esteios das patas eu monarqueava meu posto
Prenunciando pêlo e sangue que a espora conhece o gosto
"O mouro nem escarceava atento ao mundo da volta
E os meus quatro ovelheiros formavam a guarda da escolta
Depois da luta firmada e as armas postas pra guerra
Aspas de ponta de lança, lombos curtidos de terra"
Torenas assim se pecham como se fosse um ritual
Pelear pra sobreviver ou por um simples ideal
Não param nem pelo mango, nem nos encontros do mouro
Peleiam por serem tauras, por seu instinto de touro
Depois cansados tranqueiam e vão seguir seus caminhos
Deixando covas abertas prá um avestruz fazer ninho
Nos quatro esteios das patas eu monarqueava meu posto
Prenunciando pêlo e sangue que a espora conhece o gosto
Torenas assim se pecham como se fosse um ritual
Pelear pra sobreviver ou por um simples ideal
Apaysanado
Apaysanado
(Anomar Danúbio Vieira, Marcello Caminha)
Floreio o bico da gansa
Nesta gateada lobuna
A melhor das minhas alunas
Na doma tradicional
Por favor não levem a mal
Este meu jeito fronteiro
Filho de pai brasileiro
Hijo de madre oriental
Não carrego pretensão
Mas não sou de me achicar
Decerto trouxe de alla
O gosto pela guitarra
Quando a saudade se agarra
Num bordoneio entonado
É o meu povo enforquilhado
Num bagual mandando garra
Sou assim apaysanado
Domador e guitarreiro
Diariamente peão campeiro
Nas folgas campeio festa
Tapeio o chapéu na testa
Pra ver melhor as imagens
Talento fibra e coragem
Não se compra nem se empresta
Quem é do garrão da pátria
Alma sangue e procedência
O amor pela querência
Traz retratado na estampa
Retovos de casco e guampa
No repertório da lida
Pra que o sentido da vida
Finque raízes na pampa
No cabo de uma solinge
Sou mais ligeiro que um gato
No aporreado um carrapato
Largando só no garrote
E macho pra me dar bote
Não se perca por afoito
Junte mais uns sete ou oito
E me atropelem de lote
Numa milonga crioula
Numa chamarra gaúcha
Prego um grito de a la pucha
E me acomodo no embalo
Mateio ao canto do galo
Gosto do assunto bem claro
E se de a pé já não disparo
Quanto mais bem a cavalo
Sou assim apaysanado
Domador e guitarreiro
Diariamente peão campeiro
Nas folgas campeio festa
Tapeio o chapéu na testa
Pra ver melhor as imagens
Talento fibra e coragem
Não se compra nem se empresta
(Anomar Danúbio Vieira, Marcello Caminha)
Floreio o bico da gansa
Nesta gateada lobuna
A melhor das minhas alunas
Na doma tradicional
Por favor não levem a mal
Este meu jeito fronteiro
Filho de pai brasileiro
Hijo de madre oriental
Não carrego pretensão
Mas não sou de me achicar
Decerto trouxe de alla
O gosto pela guitarra
Quando a saudade se agarra
Num bordoneio entonado
É o meu povo enforquilhado
Num bagual mandando garra
Sou assim apaysanado
Domador e guitarreiro
Diariamente peão campeiro
Nas folgas campeio festa
Tapeio o chapéu na testa
Pra ver melhor as imagens
Talento fibra e coragem
Não se compra nem se empresta
Quem é do garrão da pátria
Alma sangue e procedência
O amor pela querência
Traz retratado na estampa
Retovos de casco e guampa
No repertório da lida
Pra que o sentido da vida
Finque raízes na pampa
No cabo de uma solinge
Sou mais ligeiro que um gato
No aporreado um carrapato
Largando só no garrote
E macho pra me dar bote
Não se perca por afoito
Junte mais uns sete ou oito
E me atropelem de lote
Numa milonga crioula
Numa chamarra gaúcha
Prego um grito de a la pucha
E me acomodo no embalo
Mateio ao canto do galo
Gosto do assunto bem claro
E se de a pé já não disparo
Quanto mais bem a cavalo
Sou assim apaysanado
Domador e guitarreiro
Diariamente peão campeiro
Nas folgas campeio festa
Tapeio o chapéu na testa
Pra ver melhor as imagens
Talento fibra e coragem
Não se compra nem se empresta
O Mangrulho
O Mangrulho
(Knelmo Alves, Marco Aurélio Vasconcellos)
No distante passado
As lutas da posse
Raizes da raça
Que aqui ficaria
Um rancho perdido
E solito no pampa
E atento mangrulho
Bombeando distâncias
Mangrulho, mirante
Cuidou desta terra
De assaltos cobiças
E sanhas de guerra
E sanhas de guerra
O que era do dono
Com o dono ficou
E o velho mangrulho
No tempo passou
A cobiça estrangeira
Porém nunca passa
Eu a vejo tentando
Dobrar esta raça
Mas cavando raízes
Me emponcho de orgulho
Pois em cada gaúcho
Eu vejo um mangrulho
(Knelmo Alves, Marco Aurélio Vasconcellos)
No distante passado
As lutas da posse
Raizes da raça
Que aqui ficaria
Um rancho perdido
E solito no pampa
E atento mangrulho
Bombeando distâncias
Mangrulho, mirante
Cuidou desta terra
De assaltos cobiças
E sanhas de guerra
E sanhas de guerra
O que era do dono
Com o dono ficou
E o velho mangrulho
No tempo passou
A cobiça estrangeira
Porém nunca passa
Eu a vejo tentando
Dobrar esta raça
Mas cavando raízes
Me emponcho de orgulho
Pois em cada gaúcho
Eu vejo um mangrulho
Louco Por Vanera
Louco Por Vanera
(Dionísio Costa, Rodrigo Lucena)
Quando me preparo pra 'mexê' os 'cambito'
Me embalo solito bombeando o poente
Esperando o baile, minha alma campeira
Farêja a vanera e se manda na frente
Aqui na campanha é sempre uma luta
Nessa vida bruta tem de tudo um pouco
Mas se dá uma vaza me vou pra zoeira
E se tem vanera esparramo os 'trôco'
Eu sou fandangueiro louco por vanera
E levanto poeira firme no compasso
Pois é no surungo que ajeito namôro
Sacudindo o couro no som de um gaitaço
Quando escuto as marcas que o gaiteiro espicha
A sóla comixa, coçando o garrão
Pra dançar vanera não faço figura
Aperto a cintura e me vou num trancão
Pouco me interessa papo ou cara feia
Não sou de peleia pra fazer meu nome
Eu gosto é de festa, não sou bochincheiro
Mas no meu terreiro carancho não come
A mais dançadeira, de mim já se adona
E o som da cordeona me tira do sério
Mas é só namôro, não tem casamento
Pois ajuntamento não é pra gaudério
Livre de cambicho, eu sigo troteando
Pra viver bailando pela vida inteira
Não méço distância, seja longe ou perto
Tendo baile é certo que eu tô na vanera
(Dionísio Costa, Rodrigo Lucena)
Quando me preparo pra 'mexê' os 'cambito'
Me embalo solito bombeando o poente
Esperando o baile, minha alma campeira
Farêja a vanera e se manda na frente
Aqui na campanha é sempre uma luta
Nessa vida bruta tem de tudo um pouco
Mas se dá uma vaza me vou pra zoeira
E se tem vanera esparramo os 'trôco'
Eu sou fandangueiro louco por vanera
E levanto poeira firme no compasso
Pois é no surungo que ajeito namôro
Sacudindo o couro no som de um gaitaço
Quando escuto as marcas que o gaiteiro espicha
A sóla comixa, coçando o garrão
Pra dançar vanera não faço figura
Aperto a cintura e me vou num trancão
Pouco me interessa papo ou cara feia
Não sou de peleia pra fazer meu nome
Eu gosto é de festa, não sou bochincheiro
Mas no meu terreiro carancho não come
A mais dançadeira, de mim já se adona
E o som da cordeona me tira do sério
Mas é só namôro, não tem casamento
Pois ajuntamento não é pra gaudério
Livre de cambicho, eu sigo troteando
Pra viver bailando pela vida inteira
Não méço distância, seja longe ou perto
Tendo baile é certo que eu tô na vanera
Canto Do Entardecer
Canto Do Entardecer
(Telmo de Lima Freitas)
A rolinha canta no dorso do galho
Saudando o orvalho que à tardinha cai
Ao longe as garças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio Uruguai
Logo escurece, se ouve a cigarra
Mesmo sem guitarra se põe a cantar
Quero-quero grita seu canto charrua
Saludando a lua que está por chegar
E o sabiá responde num tom requintado
Mesmo apaixonado cantando distrai
Ao longe as garças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio Uruguai
(Telmo de Lima Freitas)
A rolinha canta no dorso do galho
Saudando o orvalho que à tardinha cai
Ao longe as garças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio Uruguai
Logo escurece, se ouve a cigarra
Mesmo sem guitarra se põe a cantar
Quero-quero grita seu canto charrua
Saludando a lua que está por chegar
E o sabiá responde num tom requintado
Mesmo apaixonado cantando distrai
Ao longe as garças de plumagens brancas
Enfeitam barrancas no rio Uruguai
Léguas De Solidão
Léguas De Solidão
(Humberto Zanatta, Luiz Carlos Borges)
Em andanças por caminhos
Fez sua vida carreteando
O próprio destino de peão.
Cruzou sanga, cruzou mar,
Pedra e pó encurtando
Distâncias ganhou o pão
Traçando estradas
Nos atalhos primitivos
No horizonte do bem longe andejou
Como cobra
Se estendendo nas coxilhas
Novas querências o seu rastro demarcou
Transportou com segurança
Os mantimentos
Para o comércio dos bolichos
Nas estradas
Carreteou cargas de lã
De sal e charque
E a própria história
No ajoujo da boiada
Nas pousadas foi plantando
Vilarejos no ofício
Da campeira geografia
Pelo pago teve amores
Que marcaram qual o canto
Da carreta que rangia
Rasgou o pampa
Em léguas de solidão
E da carreta fez trincheira e fez morada
Fez da lua, do cachorro e dos avios
Companheiros incansáveis das jornadas
Do roda roda do tempo vão sumindo
A junta mansa e a carreta velho trastes
Porém a fibra do remoto carreteiro
Não há tempo ou pedregulho que desgaste
(Humberto Zanatta, Luiz Carlos Borges)
Em andanças por caminhos
Fez sua vida carreteando
O próprio destino de peão.
Cruzou sanga, cruzou mar,
Pedra e pó encurtando
Distâncias ganhou o pão
Traçando estradas
Nos atalhos primitivos
No horizonte do bem longe andejou
Como cobra
Se estendendo nas coxilhas
Novas querências o seu rastro demarcou
Transportou com segurança
Os mantimentos
Para o comércio dos bolichos
Nas estradas
Carreteou cargas de lã
De sal e charque
E a própria história
No ajoujo da boiada
Nas pousadas foi plantando
Vilarejos no ofício
Da campeira geografia
Pelo pago teve amores
Que marcaram qual o canto
Da carreta que rangia
Rasgou o pampa
Em léguas de solidão
E da carreta fez trincheira e fez morada
Fez da lua, do cachorro e dos avios
Companheiros incansáveis das jornadas
Do roda roda do tempo vão sumindo
A junta mansa e a carreta velho trastes
Porém a fibra do remoto carreteiro
Não há tempo ou pedregulho que desgaste
Visita De Saudade
Visita De Saudade
(Dionísio Costa, José Claro)
Na noite passada, meu sono não veio
E eu fiz um passeio, na minha lembrança
Do meu pai amigo, revi o semblante
Por algum instante, voltei ser criança
Senti a inocência, da vida tranqüila
Que a gente aniquila, quando bate as asas
Vi nesta saudade, meu velho mateando
Comigo proseando, na sombra da casa
Que hora sagrada, foi este momento
Pois em pensamento, lhe dei um abraço
E embora distante, do meu grande amigo
Sei que está comigo, nos versos que eu faço
Parece verdade, na força da mente
Que eu ví novamente, o velho Nelcindo
Me alcançando a cuia, com um pé no banco
De cabelos brancos e um sorriso lindo
Que coisa abençoada, que cena bonita
Foi esta visita, que eu recebia
Bem na minha frente, comigo abancado
O meu pai amado, que há tempo eu não via
O mesmo trejeito, a mesma alegria
E a fisionomia, que de mim não sai
De olhos molhados, beijei o seu rosto
E senti o gosto, do amor do pai
Ao roncar a cuia, me disse sorrindo
Meu filho vou indo, preciso voltar
Que deus te abençoe, com sorte e saúde
Só aí que eu pude, então lhe falar
Tu sabe meu velho, que o meu dia a dia
É uma correria, mas não te esqueci
Como me faz falta, a tua amizade
E que baita saudade, eu sinto de ti
Teus ensinamentos em minha memória
Faz a minha história, ter clareza e brilho
Mesmo que esta vida seja tão pequena
Já valeu a pena, só por ser teu filho
(Dionísio Costa, José Claro)
Na noite passada, meu sono não veio
E eu fiz um passeio, na minha lembrança
Do meu pai amigo, revi o semblante
Por algum instante, voltei ser criança
Senti a inocência, da vida tranqüila
Que a gente aniquila, quando bate as asas
Vi nesta saudade, meu velho mateando
Comigo proseando, na sombra da casa
Que hora sagrada, foi este momento
Pois em pensamento, lhe dei um abraço
E embora distante, do meu grande amigo
Sei que está comigo, nos versos que eu faço
Parece verdade, na força da mente
Que eu ví novamente, o velho Nelcindo
Me alcançando a cuia, com um pé no banco
De cabelos brancos e um sorriso lindo
Que coisa abençoada, que cena bonita
Foi esta visita, que eu recebia
Bem na minha frente, comigo abancado
O meu pai amado, que há tempo eu não via
O mesmo trejeito, a mesma alegria
E a fisionomia, que de mim não sai
De olhos molhados, beijei o seu rosto
E senti o gosto, do amor do pai
Ao roncar a cuia, me disse sorrindo
Meu filho vou indo, preciso voltar
Que deus te abençoe, com sorte e saúde
Só aí que eu pude, então lhe falar
Tu sabe meu velho, que o meu dia a dia
É uma correria, mas não te esqueci
Como me faz falta, a tua amizade
E que baita saudade, eu sinto de ti
Teus ensinamentos em minha memória
Faz a minha história, ter clareza e brilho
Mesmo que esta vida seja tão pequena
Já valeu a pena, só por ser teu filho
Queimada
Queimada
(Cide Guez)
Na boca da queima há um grito sentido
E a mão que incendeia, não pede perdão
Nem ouve os gemidos dos lírios feridos
E o choro de morte no verde do chão
A fumaça se ergue em negra romaria
O campo se veste cor dos temporais
As chamas se afundam pelas sesmarias
Vermelhas manadas de chucros baguais
É campo queimando, vai perdendo o pêlo
E a mão que incendeia não pede perdão
Nem ouve os gemidos dos lírios queimados
E o choro de morte no luto do chão
Agoniza o campo num manto de fogo
E um negro sudário se estende no chão
E um pássaro clama em tristes lamentos
O filho no ninho ainda embrião
É hora do homem parar de agredir
Ou gerações futuras serão caravanas errantes
Condenadas a morte da fome
Numa terra que não vai parir
(Cide Guez)
Na boca da queima há um grito sentido
E a mão que incendeia, não pede perdão
Nem ouve os gemidos dos lírios feridos
E o choro de morte no verde do chão
A fumaça se ergue em negra romaria
O campo se veste cor dos temporais
As chamas se afundam pelas sesmarias
Vermelhas manadas de chucros baguais
É campo queimando, vai perdendo o pêlo
E a mão que incendeia não pede perdão
Nem ouve os gemidos dos lírios queimados
E o choro de morte no luto do chão
Agoniza o campo num manto de fogo
E um negro sudário se estende no chão
E um pássaro clama em tristes lamentos
O filho no ninho ainda embrião
É hora do homem parar de agredir
Ou gerações futuras serão caravanas errantes
Condenadas a morte da fome
Numa terra que não vai parir
Um Milongão Dos Veiaco
Um Milongão Dos Veiaco
(Anomar Danúbio Vieira, Mauro Moraes)
Aba larga retovado, pala de seda no braço
E o choro fino do aço das chilenas no garrão
Encilhei um milongão, não vi que era dos veiaco
E sacudiu os meus caco bem no que sai do violão
No alambrado das cordas quis me apertar num floreio
Aprumei um bordoneio bem na dobra da virilha
Quando um taura se enforquilha é duro de se pelar
Se me ponho a guitarrear sou pampa em riba da encilha
Prá ginetear de bolada um milongão dos veiáco
Hay que tener fé no taco e uma alma guitarreira
Um batidão de fronteira mais firme do que um palanque
Que desde o primeiro arranque já enrede o mal na açoiteira
Do jeito que o diabo gosta se prendeu mandando garra
No parador da guitarra escondeu a cara com as mão
E eu gritei com o milongão e aticei a cachorrada
Que a vida não vale nada se não se tem tradição
Tem que ter corpo leviano e um dedilhado campeiro
Pra mostrar pra um caborteiro qual é o pau que dá cavaco
Calça os ferro no sovaco, esfrega o pala na cara
Não é qualquer um que pára num milongão dos veiaco
Prá ginetear de bolada um milongão dos veiáco
Hay que tener fé no taco e uma alma guitarreira
Um batidão de fronteira mais firme do que um palanque
Que desde o primeiro arranque já enrede o mal na açoiteira
(Anomar Danúbio Vieira, Mauro Moraes)
Aba larga retovado, pala de seda no braço
E o choro fino do aço das chilenas no garrão
Encilhei um milongão, não vi que era dos veiaco
E sacudiu os meus caco bem no que sai do violão
No alambrado das cordas quis me apertar num floreio
Aprumei um bordoneio bem na dobra da virilha
Quando um taura se enforquilha é duro de se pelar
Se me ponho a guitarrear sou pampa em riba da encilha
Prá ginetear de bolada um milongão dos veiáco
Hay que tener fé no taco e uma alma guitarreira
Um batidão de fronteira mais firme do que um palanque
Que desde o primeiro arranque já enrede o mal na açoiteira
Do jeito que o diabo gosta se prendeu mandando garra
No parador da guitarra escondeu a cara com as mão
E eu gritei com o milongão e aticei a cachorrada
Que a vida não vale nada se não se tem tradição
Tem que ter corpo leviano e um dedilhado campeiro
Pra mostrar pra um caborteiro qual é o pau que dá cavaco
Calça os ferro no sovaco, esfrega o pala na cara
Não é qualquer um que pára num milongão dos veiaco
Prá ginetear de bolada um milongão dos veiáco
Hay que tener fé no taco e uma alma guitarreira
Um batidão de fronteira mais firme do que um palanque
Que desde o primeiro arranque já enrede o mal na açoiteira
De Bota Nova
De Bota Nova
(Rico Baschera, Gildinho)
De bota nova tô chegando pro baile companheiro
Que o tranco fandangueiro me chamou pra bailar
Na sala bem lisinha quero fazê um estrago
Depois de toma uns trago me vou pra la e pra cá
Não quero nem noticia da lida de mangueira
Quando escuto vaneira tristeza não não me agarra
Eu venho descontado judiado do seviço
Findei os compromissos agora eu quero farra
Capricha seu gaiteiro que eu danço e me garanto
Já vi que lá no canto tem uma que me quer
Preciso de um cambicho e a minha bota nova
Precisa de uma sova pra não me aperta o pé
De bota nova tô chegando vou firme num embalo
Nem me lembro do calo que essa bota me fez
Pior é não ter tempo só pra alegrar a vida
Que eu não largava a lida fazia mais de um mês
Por isso seu gaiteiro capricha uma bem boa
Que um beliscão à toa não tá me encomodando
Um calo não é nada, tudo que é ruim tem fim
Que um baile bom assim so lá de vez em quando.
(Rico Baschera, Gildinho)
De bota nova tô chegando pro baile companheiro
Que o tranco fandangueiro me chamou pra bailar
Na sala bem lisinha quero fazê um estrago
Depois de toma uns trago me vou pra la e pra cá
Não quero nem noticia da lida de mangueira
Quando escuto vaneira tristeza não não me agarra
Eu venho descontado judiado do seviço
Findei os compromissos agora eu quero farra
Capricha seu gaiteiro que eu danço e me garanto
Já vi que lá no canto tem uma que me quer
Preciso de um cambicho e a minha bota nova
Precisa de uma sova pra não me aperta o pé
De bota nova tô chegando vou firme num embalo
Nem me lembro do calo que essa bota me fez
Pior é não ter tempo só pra alegrar a vida
Que eu não largava a lida fazia mais de um mês
Por isso seu gaiteiro capricha uma bem boa
Que um beliscão à toa não tá me encomodando
Um calo não é nada, tudo que é ruim tem fim
Que um baile bom assim so lá de vez em quando.
Tordilho Negro
Tordilho Negro
(Teixeirinha)
Correu notícias que um gaúcho
Lá estância do paredão
Tinha um cavalo tordilho negro
Foi mal domado ficou redomão
Este gaúcho dono do pingo
Desafiava qualquer peão
Dava o tordilho negro de presente
Prá quem montasse sem cair no chão
Eu fui criado na vida de campo
Não acredito em assombração
Fui na estância topar o desafio
Correu boato na população
Foi num domingo clareava o dia
Puxei o pingo e o povo reuniu
Joguei os trastes no lombo do taura
Murchou a orelha teve um arrepiu
Botei a ponta da bota no estribo
Alguns gaiatos por perto sorriu
Ainda disse comigo eram oito
Que boleou a perna montou e caiu
Saltei do lombo e gritei por povo
Este será o último desafio
Tordilho negro berrava na espora
Por vinte horas ninguém mais nos viu
Mais de uma légua o pingo corcoviou
Manchou de sangue a espora prateada
Amanheceu o povo pelo campo
Procurava um morto pela invernada
Compraram vela fizeram um caixão
A minha alma estava encomendada
A meia noite mais de mil pessoas
Desistiu da busca desacorçoada
Daqui a pouco ouviram um tropel
Olharam o campo noite enluarada
Eu vinha vindo no tordilho negro
Feliz saboreando a marcha troteada
Boleei a perna na frente do povo
Deixei as rédeas arrastar no capim
Lavado em suor o tordilho negro
Ficou pastando em volta de mim
Tinha uma prenda no meio do povo
Muito gaúcha e eu falei assim
Venha provar a marcha do tordilho
Faça o favor e monte de selim
Andou no pingo mais de meia hora
Dei-lhe uma rosa lá do seu jardim
Levei prá casa o meu tordilho negro
Mais uma história quem chega no fim
(Teixeirinha)
Correu notícias que um gaúcho
Lá estância do paredão
Tinha um cavalo tordilho negro
Foi mal domado ficou redomão
Este gaúcho dono do pingo
Desafiava qualquer peão
Dava o tordilho negro de presente
Prá quem montasse sem cair no chão
Eu fui criado na vida de campo
Não acredito em assombração
Fui na estância topar o desafio
Correu boato na população
Foi num domingo clareava o dia
Puxei o pingo e o povo reuniu
Joguei os trastes no lombo do taura
Murchou a orelha teve um arrepiu
Botei a ponta da bota no estribo
Alguns gaiatos por perto sorriu
Ainda disse comigo eram oito
Que boleou a perna montou e caiu
Saltei do lombo e gritei por povo
Este será o último desafio
Tordilho negro berrava na espora
Por vinte horas ninguém mais nos viu
Mais de uma légua o pingo corcoviou
Manchou de sangue a espora prateada
Amanheceu o povo pelo campo
Procurava um morto pela invernada
Compraram vela fizeram um caixão
A minha alma estava encomendada
A meia noite mais de mil pessoas
Desistiu da busca desacorçoada
Daqui a pouco ouviram um tropel
Olharam o campo noite enluarada
Eu vinha vindo no tordilho negro
Feliz saboreando a marcha troteada
Boleei a perna na frente do povo
Deixei as rédeas arrastar no capim
Lavado em suor o tordilho negro
Ficou pastando em volta de mim
Tinha uma prenda no meio do povo
Muito gaúcha e eu falei assim
Venha provar a marcha do tordilho
Faça o favor e monte de selim
Andou no pingo mais de meia hora
Dei-lhe uma rosa lá do seu jardim
Levei prá casa o meu tordilho negro
Mais uma história quem chega no fim
Desgarrados
Desgarrados
(Mário Barbará, Sérgio Napp)
Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
Cevavam mate,sorriso franco, palheiro aceso
Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, oque vale é o sonho
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
(Mário Barbará, Sérgio Napp)
Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
Cevavam mate,sorriso franco, palheiro aceso
Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, oque vale é o sonho
Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
Vento Negro
Vento Negro
(José Fogaça)
Onde a terra começar
Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento negro eu sou
Quem me ouve vai contar
Quero luta, guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão
Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão
Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração
Dos montes, vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo o meu país
Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei
Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão
Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração
(José Fogaça)
Onde a terra começar
Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento negro eu sou
Quem me ouve vai contar
Quero luta, guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão
Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão
Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração
Dos montes, vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo o meu país
Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei
Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão
Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração
Semeadura
Semeadura
(José Fogaça, Vitor Ramil)
Nós vamos prosseguir, companheiro
Medo não há
No rumo certo da estrada
Unidos vamos crescer e andar
Nós vamos repartir, companheiro
O campo e o mar
O pão da vida, meu braço, meu peito
Feito pra amar.
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar.
Nós vamos semear, companheiro
No coração
Manhãs e frutos e sonhos
Pr'um dia acabar com esta escuridão
Nós vamos preparar, companheiro
Sem ilusão
Um novo tempo, em que a paz e a fartura
Brotem das mãos.
Minha guitarra, companheiro
Fala o idioma das águas, das pedras
Dos cárceres, do medo, do fogo, do sal
Minha guitarra
Tem os demônios da ternura e da tempestade
É como um cavalo
Que rasga o ventre da noite
Beija o relâmpago
E desafia os senhores da vida e da morte
Minha guitarra é minha terra, companheiro
É meu arado semeando na escuridão
Um tempo de claridade
Minha guitarra é meu povo, companheiro
(José Fogaça, Vitor Ramil)
Nós vamos prosseguir, companheiro
Medo não há
No rumo certo da estrada
Unidos vamos crescer e andar
Nós vamos repartir, companheiro
O campo e o mar
O pão da vida, meu braço, meu peito
Feito pra amar.
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar.
Nós vamos semear, companheiro
No coração
Manhãs e frutos e sonhos
Pr'um dia acabar com esta escuridão
Nós vamos preparar, companheiro
Sem ilusão
Um novo tempo, em que a paz e a fartura
Brotem das mãos.
Minha guitarra, companheiro
Fala o idioma das águas, das pedras
Dos cárceres, do medo, do fogo, do sal
Minha guitarra
Tem os demônios da ternura e da tempestade
É como um cavalo
Que rasga o ventre da noite
Beija o relâmpago
E desafia os senhores da vida e da morte
Minha guitarra é minha terra, companheiro
É meu arado semeando na escuridão
Um tempo de claridade
Minha guitarra é meu povo, companheiro
Ronco Do Bronco
O Ronco Do Bronco
(Telmo de Lima Freitas)
O ronco do bronco na grota escondido
Sussurra alarido num dia de estio
Murmuram as guelas dos bicho da mata
O som da cascata convida o rio
O bugio resmungando no seu resmungar
Convida que todos aprendam a cantar
Conserve o que é nosso, conserve o que é seu
Não tire uma vida que você não deu
Que linda algazarra das aves sonoras
Ao som das auroras da mata sutil
O ronco soturno acorda água grande
No sul do Rio Grande do nosso Brasil
Bugio tá na mata, não mate o bugio
É mais uma vida com seu desafio
Conserve o que é nosso, conserve o que é seu
Não tire uma vida que você não deu
(Telmo de Lima Freitas)
O ronco do bronco na grota escondido
Sussurra alarido num dia de estio
Murmuram as guelas dos bicho da mata
O som da cascata convida o rio
O bugio resmungando no seu resmungar
Convida que todos aprendam a cantar
Conserve o que é nosso, conserve o que é seu
Não tire uma vida que você não deu
Que linda algazarra das aves sonoras
Ao som das auroras da mata sutil
O ronco soturno acorda água grande
No sul do Rio Grande do nosso Brasil
Bugio tá na mata, não mate o bugio
É mais uma vida com seu desafio
Conserve o que é nosso, conserve o que é seu
Não tire uma vida que você não deu
Pelo Duro
Pelo Duro
(Adair Antunes, Pedro Homero)
Sou pelo duro
Gaúcho lá da fronteira
Tenho medo de açoiteira
Fui criado meio guacho
Montando em pelo
Cabresteando a malacara
É coisa que não se fala
Mas, são lembranças de piá
Hoje, a cidade me tornou alienado
Me sinto meio maneado
Dentro duma calça lee
Meu velho rancho
Com cozinha em separado
E um matinho ao lado
Que eu tinha medo de ir
Tudo cambiado por um JK minguado
Com latrina bem juntinho
Do quartinho de dormir
Leite num saco
E costela com carimbo
De manhã, compro dum gringo
Que fala que nem mascate
Até a tricota
Que me escondia do frio
Eu troquei por um abrigo
Que não ame abriga de nada
Na minha blusa, tá escrito U.S.A
Pois, na butique não há
Roupa falando dos pagos
É tudo moda
Que nossa cultura fere
Mas que um pelo duro adere
Sem sentir que tá matando
Todo um passado
Que precisa estar presente
No canto da nossa gente
Na pilcha de cada um
Eu sou Gaúcho, por incrível que pareça
(Adair Antunes, Pedro Homero)
Sou pelo duro
Gaúcho lá da fronteira
Tenho medo de açoiteira
Fui criado meio guacho
Montando em pelo
Cabresteando a malacara
É coisa que não se fala
Mas, são lembranças de piá
Hoje, a cidade me tornou alienado
Me sinto meio maneado
Dentro duma calça lee
Meu velho rancho
Com cozinha em separado
E um matinho ao lado
Que eu tinha medo de ir
Tudo cambiado por um JK minguado
Com latrina bem juntinho
Do quartinho de dormir
Leite num saco
E costela com carimbo
De manhã, compro dum gringo
Que fala que nem mascate
Até a tricota
Que me escondia do frio
Eu troquei por um abrigo
Que não ame abriga de nada
Na minha blusa, tá escrito U.S.A
Pois, na butique não há
Roupa falando dos pagos
É tudo moda
Que nossa cultura fere
Mas que um pelo duro adere
Sem sentir que tá matando
Todo um passado
Que precisa estar presente
No canto da nossa gente
Na pilcha de cada um
Eu sou Gaúcho, por incrível que pareça
Romance Na Tafona
Romance Na Tafona
Maria florão de negra,
Pacácio negro na flor
Se negacearam por meses
Para uma noite de amor.
Na “tafona” abandonada
Que apodreceu arrodeando,
Pacácio serviu a cama
E esperou chimarreando
Do pelego fez colchão,
Do lombinho travesseiro,
Da badana fez lençol,
Fez estufa do braseiro.
A tarde morreu com chuva
Mais garoa que aguaceiro,
E incendiaram de amor
A “tafona” antes tapera.
A noite cuspiu um raio
Que correu pelo aramado
Queimando trama e palanque
Na hora desse noivado
E o braço forte do negro
Entre rude e delicado
Protegeu Negra Maria
Do susto desse mandado.
(Antonio Carlos Machado, Luiz Carlos Borges)
Pacácio negro na flor
Se negacearam por meses
Para uma noite de amor.
Na “tafona” abandonada
Que apodreceu arrodeando,
Pacácio serviu a cama
E esperou chimarreando
Do pelego fez colchão,
Do lombinho travesseiro,
Da badana fez lençol,
Fez estufa do braseiro.
A tarde morreu com chuva
Mais garoa que aguaceiro,
E incendiaram de amor
A “tafona” antes tapera.
A noite cuspiu um raio
Que correu pelo aramado
Queimando trama e palanque
Na hora desse noivado
E o braço forte do negro
Entre rude e delicado
Protegeu Negra Maria
Do susto desse mandado.
Tipo À Tôa
Tipo À Tôa
(Dionísio Costa, José Claro)Nascí pra viver na farra onde conversa a cordeona
Dengo e chôro não me agarra, meu abraço não tem dona
Solito me determino, pra me casar tô sem préssa
E o rumo do meu destino é só pra mim que interéssa
Bruxaría não me péga, 'zóio' feio não me marca
Tudo que a sorte me néga, eu ajeito na fuzarca
Me sumo quando anoitece, 'campeá' um retôsso no pago
Só volto quando amanhece, repunando fumo e trago
Me chamam de tipo à tôa só porque eu gosto de festa
Se tem tanta coisa boa, não 'vô' 'pegá' o que não présta
(Nem ligo pra o que não présta)
Se tem barulho me chêgo, pra 'bebê' e 'fazê' fumaça
Tô virado num morcego, de noite eu ando na caça
E os 'pila' que vêm suado, vai num tapa que eu nem vejo
Chego no rancho quebrado e os 'beiço' inchado de beijo
Chinaredo e jogatina tão me rapando o bocó
Sou movido à 'cangibrina' e não caio num góle só
Carestía não me afronta, quem tem pouco, não tem nada
Pois enquanto eu pagá a conta, eu é que enfreno essa eguada
Despedida
Despedida
(Jaime Vaz Brasil, Ricardo Freire)
Quando a guerra não foi mais que um simples jogo
Quando o medo fez mais cedo um outro escuro
E o futuro se fez logo ali, dobrando
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o mundo foi além do meu quintal
Quando a vida foi jornal e não história
E a memória fez a contramão do dia
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o vento não me fez abrir os braços
Ao abraço sideral de estar voando
E a pandorga me fugiu sem dizer quando
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o guarda que dormia nos brinquedos
Pôs o dedo no olhar da minha pressa
E quis ver o que a vida fez de mim
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando a noite foi algema no meu sono
E eu, de dono, fui escravo de um relógio
E no pulso pus dilema e cotidiano
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o tempo foi julgado em outra lei
E a tristeza me beijou, tão natural
Nas paredes, no vazio fundo da casa
Eu vi, amiga: era tarde.
Muito tarde.
(Jaime Vaz Brasil, Ricardo Freire)
Quando a guerra não foi mais que um simples jogo
Quando o medo fez mais cedo um outro escuro
E o futuro se fez logo ali, dobrando
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o mundo foi além do meu quintal
Quando a vida foi jornal e não história
E a memória fez a contramão do dia
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o vento não me fez abrir os braços
Ao abraço sideral de estar voando
E a pandorga me fugiu sem dizer quando
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o guarda que dormia nos brinquedos
Pôs o dedo no olhar da minha pressa
E quis ver o que a vida fez de mim
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando a noite foi algema no meu sono
E eu, de dono, fui escravo de um relógio
E no pulso pus dilema e cotidiano
Eu vi, amiga: era tarde.
Quando o tempo foi julgado em outra lei
E a tristeza me beijou, tão natural
Nas paredes, no vazio fundo da casa
Eu vi, amiga: era tarde.
Muito tarde.
O Sonho
O Sonho
(Xirú Antunes, Adriano Gomes, Juliano Gomes)
Quem sabe meu sonho
Ficou negaciando
Na costa de um mato
Nos ritos de um trago
Das últimas luzes
Que estreitam domingos.
Ficou nas ramadas
Encilhando um mouro
Depois da sestiada
Ou nas madrugadas
Num quarto de ronda
De alguma tropeada.
Meu sonho rebolca
Nas xergas tão velhas
Moldadas de lombo
Guardando suores
Tal qual as relíquias
De um tempo precioso.
Fareja cambonas
Com jujos de campo
Pelas madrugadas
Chuliando cancelas
Que abertas prá o dia
Envidam potradas.
Meu sonho falqueja
As tramas de angico
Nas chuvas de agosto
E saca as penúrias
De tanta invernera
Nos cardos de um poncho.
Galopa num vento
Desfiando saudades
Soprado da estância
Abanos de pala
Mesclados nas rimas
De crina e guitarra.
Talvez quando escute
Os gritos da pampa
N’alguma ilusão
Limite o silêncio
Fazendo fronteiras
Na paz de um galpão.
(Xirú Antunes, Adriano Gomes, Juliano Gomes)
Quem sabe meu sonho
Ficou negaciando
Na costa de um mato
Nos ritos de um trago
Das últimas luzes
Que estreitam domingos.
Ficou nas ramadas
Encilhando um mouro
Depois da sestiada
Ou nas madrugadas
Num quarto de ronda
De alguma tropeada.
Meu sonho rebolca
Nas xergas tão velhas
Moldadas de lombo
Guardando suores
Tal qual as relíquias
De um tempo precioso.
Fareja cambonas
Com jujos de campo
Pelas madrugadas
Chuliando cancelas
Que abertas prá o dia
Envidam potradas.
Meu sonho falqueja
As tramas de angico
Nas chuvas de agosto
E saca as penúrias
De tanta invernera
Nos cardos de um poncho.
Galopa num vento
Desfiando saudades
Soprado da estância
Abanos de pala
Mesclados nas rimas
De crina e guitarra.
Talvez quando escute
Os gritos da pampa
N’alguma ilusão
Limite o silêncio
Fazendo fronteiras
Na paz de um galpão.
Paleteada
Paleteada
(Rogério Villagrán, César Oliveira)
Vem se escorando no freio
Se enforcando na peiteira
E quase que se debruça
No grito de upa e se foi
Meu gateado frente aberta
Brazino nas quatro patas
Devereda se desata
E se acolhera com o boi
Num mouro marca de H
O Junico me faz costado
E o osco canela fina
Se para cheio de assombro
Meu gateado vem por cima
E mouro não frouxa um tento
E o osco espragueija o vento
Quando lhe cuspo no lombo.
Grito a grito, peito a peito;
Repontemo até o rodeio
Este matreiro teimoso
Que refugou na picada,
De à cavalo eu não refugo
Embora o tempo desabe
E o mais matreiro já sabe
Que me gusta a paleteada.
Paleteada é lida bruta
Nascida nas escramuças
Quando se apartavam tropas
Em machaços atropelos
A encontro e a bico de bota
Tirava o boi do refugo
Que reboleava o sabugo
Na direção do sinuelo.
Grito a grito, peito a peito;
Repontemo até o rodeio
Este matreiro teimoso
Que refugou na picada,
De à cavalo eu não refugo
Embora o tempo desabe
E o mais matreiro ja sabe
Que me gusta a paleteada.
(Rogério Villagrán, César Oliveira)
Vem se escorando no freio
Se enforcando na peiteira
E quase que se debruça
No grito de upa e se foi
Meu gateado frente aberta
Brazino nas quatro patas
Devereda se desata
E se acolhera com o boi
Num mouro marca de H
O Junico me faz costado
E o osco canela fina
Se para cheio de assombro
Meu gateado vem por cima
E mouro não frouxa um tento
E o osco espragueija o vento
Quando lhe cuspo no lombo.
Grito a grito, peito a peito;
Repontemo até o rodeio
Este matreiro teimoso
Que refugou na picada,
De à cavalo eu não refugo
Embora o tempo desabe
E o mais matreiro já sabe
Que me gusta a paleteada.
Paleteada é lida bruta
Nascida nas escramuças
Quando se apartavam tropas
Em machaços atropelos
A encontro e a bico de bota
Tirava o boi do refugo
Que reboleava o sabugo
Na direção do sinuelo.
Grito a grito, peito a peito;
Repontemo até o rodeio
Este matreiro teimoso
Que refugou na picada,
De à cavalo eu não refugo
Embora o tempo desabe
E o mais matreiro ja sabe
Que me gusta a paleteada.
Cavalinho De Pau
Cavalinho De Pau
(Edilberto Teixeira, César Oliveira)
Meu cavalinho de pau
Crioulo da fantasia
Tinha a cola que não crescia
E a boca sem comer pasto
Tinha o lombo meio cião
E o pescoço de gavião
E uma rachadura no casco.
Tinha raça de taquara
Cruzada com carafá
Delgado como um virá
E um pêlo bem pangaré
Parente da cobra verde
Com seu galope de rente
Ia escrevendo com o pé.
Brincando de faz de conta
Lhe ensinei a velhacar
Dar coices e escramuçar
Com jeito de um redomão
Só nunca pude frastá-lo
Sofrenado meu cavalo
Fincava a cola no chão.
Com a cola dele pra o céu
Apontava estrela guia
Um olho na pontaria
Mirava pra os pica-paus
Pauleava as caranguejeiras
E as gatas namoradeiras
Que me aturdiam aos miaus.
Batia os galhos das árvores
Derrubava frutas no chão
No ombro foi mosquetão
Espada para o meu cinto
No seu galope macio
Nas longas tardes de frio
Tropeei ninhadas de pinto.
Corri carreiras de a pé
Medi fundura de poço
Fiz raias pra jogar osso
E guiada pros bois a pipa
Fiz flechas pros meus caminhos
Furei o fundo dos ninhos
E o bando das caturritas.
Um dia jogando talho
Outro piá espadachim
Paulada não foi pra mim
E às brincas, perdi o jogo
Quebrou-se o meu cavalinho
No outro dia bem cedinho
Virou gravetos pro fogo.
(Edilberto Teixeira, César Oliveira)
Meu cavalinho de pau
Crioulo da fantasia
Tinha a cola que não crescia
E a boca sem comer pasto
Tinha o lombo meio cião
E o pescoço de gavião
E uma rachadura no casco.
Tinha raça de taquara
Cruzada com carafá
Delgado como um virá
E um pêlo bem pangaré
Parente da cobra verde
Com seu galope de rente
Ia escrevendo com o pé.
Brincando de faz de conta
Lhe ensinei a velhacar
Dar coices e escramuçar
Com jeito de um redomão
Só nunca pude frastá-lo
Sofrenado meu cavalo
Fincava a cola no chão.
Com a cola dele pra o céu
Apontava estrela guia
Um olho na pontaria
Mirava pra os pica-paus
Pauleava as caranguejeiras
E as gatas namoradeiras
Que me aturdiam aos miaus.
Batia os galhos das árvores
Derrubava frutas no chão
No ombro foi mosquetão
Espada para o meu cinto
No seu galope macio
Nas longas tardes de frio
Tropeei ninhadas de pinto.
Corri carreiras de a pé
Medi fundura de poço
Fiz raias pra jogar osso
E guiada pros bois a pipa
Fiz flechas pros meus caminhos
Furei o fundo dos ninhos
E o bando das caturritas.
Um dia jogando talho
Outro piá espadachim
Paulada não foi pra mim
E às brincas, perdi o jogo
Quebrou-se o meu cavalinho
No outro dia bem cedinho
Virou gravetos pro fogo.
Réstia De Vida
Réstia de Vida
(Carlos Omar Vilella Gomes, Jari Terres)
Talvez as palavras não bastem e os olhos não vejam o que existe além
Quando os versos florescem discretos as paixões do poeta florescem também
Talvez seja um cheiro de mato essa réstia de vida que me leva a lutar
Nesta terra onde encontro a pureza vou largando as tristezas que somei neste andar
Nesta terra onde encontro a pureza vou largando as tristezas que somei neste andar
O que seria do poeta se não existisse a beleza de cada lugar
Se a lua sumisse da noite e o vento em açoite gemesse ao soprar
Mas enquanto existir um a estrela algum rio que vagueia uma garça no céu
Sempre verde será a esperança e por estas distâncias o poeta terá seu papel
Pois o verso é um pequeno resumo a essência do sumo do que há em cada ser
E o poeta é quem busca esses rumos nesta parte do mundo que insiste em viver
E o poeta é quem busca esses rumos nesta parte do mundo que insiste em viver
O que seria da vida se um dia o poeta sem luz resolvesse calar
Sem a sanga pra matar a sede sem a flor sem o verde sem razões pra cantar
O que seria da vida, o que seria da vida, o que seria da vida sem razões pra cantar
(Carlos Omar Vilella Gomes, Jari Terres)
Talvez as palavras não bastem e os olhos não vejam o que existe além
Quando os versos florescem discretos as paixões do poeta florescem também
Talvez seja um cheiro de mato essa réstia de vida que me leva a lutar
Nesta terra onde encontro a pureza vou largando as tristezas que somei neste andar
Nesta terra onde encontro a pureza vou largando as tristezas que somei neste andar
O que seria do poeta se não existisse a beleza de cada lugar
Se a lua sumisse da noite e o vento em açoite gemesse ao soprar
Mas enquanto existir um a estrela algum rio que vagueia uma garça no céu
Sempre verde será a esperança e por estas distâncias o poeta terá seu papel
Pois o verso é um pequeno resumo a essência do sumo do que há em cada ser
E o poeta é quem busca esses rumos nesta parte do mundo que insiste em viver
E o poeta é quem busca esses rumos nesta parte do mundo que insiste em viver
O que seria da vida se um dia o poeta sem luz resolvesse calar
Sem a sanga pra matar a sede sem a flor sem o verde sem razões pra cantar
O que seria da vida, o que seria da vida, o que seria da vida sem razões pra cantar
Bailanta Gaúcha
Bailanta Gaúcha
(Alci Vieira Junior)
Começou o alvoroço da indiada na frente
Como chega gente pra festa dançar
Tem prenda bonita cheirosa e ajeitada
E a indiada se agita antes de começar
Palanqueado na copa preparando a mente
Só esperando a hora pra trova atracá
A gelada rolando, e a peonada olhando
As muié desfilando pra lá e pra cá
A gaita roncou sapucay se ouviu
Todo o povo reuniu pra dançar a vaneira
Bailanta ajeitada tem show dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
Bailanta gaúcha das buenas
Não se encontra em qualquer lugar
Show de um cantor dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
A moçada afogando as mágoas da vida
É parceira a bebida pra esquecer alguém
Numa festa animada com gente bonita
Os corações palpitam entre olhares que vem
A peonada esperta sabe do que digo
As coisas só se aprumam depois de um bailado
Coisa boa é dançar de pescoço tramado
Eu com a prenda e o trago não falta mais nada
A gaita roncou sapucay se ouviu
Todo o povo reuniu pra dançar a vaneira
Bailanta ajeitada tem show dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
Bailanta gaúcha das buenas
Não se encontra em qualquer lugar
Show de um cantor dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
(Alci Vieira Junior)
Começou o alvoroço da indiada na frente
Como chega gente pra festa dançar
Tem prenda bonita cheirosa e ajeitada
E a indiada se agita antes de começar
Palanqueado na copa preparando a mente
Só esperando a hora pra trova atracá
A gelada rolando, e a peonada olhando
As muié desfilando pra lá e pra cá
A gaita roncou sapucay se ouviu
Todo o povo reuniu pra dançar a vaneira
Bailanta ajeitada tem show dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
Bailanta gaúcha das buenas
Não se encontra em qualquer lugar
Show de um cantor dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
A moçada afogando as mágoas da vida
É parceira a bebida pra esquecer alguém
Numa festa animada com gente bonita
Os corações palpitam entre olhares que vem
A peonada esperta sabe do que digo
As coisas só se aprumam depois de um bailado
Coisa boa é dançar de pescoço tramado
Eu com a prenda e o trago não falta mais nada
A gaita roncou sapucay se ouviu
Todo o povo reuniu pra dançar a vaneira
Bailanta ajeitada tem show dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
Bailanta gaúcha das buenas
Não se encontra em qualquer lugar
Show de um cantor dos campeiros
E baile fandangueiro até clarear o dia
Querência Amada
Querência Amada
(Teixeirinha)
Quem quiser saber quem sou
Olha para o céu azul
E grita junto comigo
Viva o Rio Grande do Sul!
O lenço me identifica
Qual a minha procedência
Na província de São Pedro
Padroeiro da querência
Oh! Meu Rio Grande
De encantos mil
Disposto a tudo
Pelo Brasil
Querência amada dos parrerais
Da uva vem o vinho
Do povo vem o carinho
Bondade nunca é demais
Berço de Flores da Cunha
E de Borges de Medeiros
Terra de Getúlio Vargas
Presidente brasileiro
Eu sou da mesma vertente
Que Deus saúde me mande
Que eu possa ver muitos anos
O céu azul do Rio Grande
Te quero tanto
Torrão Gaúcho
Morrer por ti
Me dou ao luxo
Querência amada
Planície e serra
Dos braços que me puxa
Da linda mulher Gaúcha
Beleza da minha terra
Meu coração é pequeno
Porque Deus me fez assim
O Rio Grande é bem maior
Mas cabe dentro de mim
Sou da geração mais nova
Poeta bem macho e guapo
Nas minhas veias escorre
O sangue herói de Farrapo
Deus é Gaúcho
De espora e mango
Foi maragato ou foi chimango
Querência amada
Meu céu de anil
Este Rio Grande gigante
Mais uma estrela brilhante
Na bandeira do Brasil
(Teixeirinha)
Quem quiser saber quem sou
Olha para o céu azul
E grita junto comigo
Viva o Rio Grande do Sul!
O lenço me identifica
Qual a minha procedência
Na província de São Pedro
Padroeiro da querência
Oh! Meu Rio Grande
De encantos mil
Disposto a tudo
Pelo Brasil
Querência amada dos parrerais
Da uva vem o vinho
Do povo vem o carinho
Bondade nunca é demais
Berço de Flores da Cunha
E de Borges de Medeiros
Terra de Getúlio Vargas
Presidente brasileiro
Eu sou da mesma vertente
Que Deus saúde me mande
Que eu possa ver muitos anos
O céu azul do Rio Grande
Te quero tanto
Torrão Gaúcho
Morrer por ti
Me dou ao luxo
Querência amada
Planície e serra
Dos braços que me puxa
Da linda mulher Gaúcha
Beleza da minha terra
Meu coração é pequeno
Porque Deus me fez assim
O Rio Grande é bem maior
Mas cabe dentro de mim
Sou da geração mais nova
Poeta bem macho e guapo
Nas minhas veias escorre
O sangue herói de Farrapo
Deus é Gaúcho
De espora e mango
Foi maragato ou foi chimango
Querência amada
Meu céu de anil
Este Rio Grande gigante
Mais uma estrela brilhante
Na bandeira do Brasil
Replica
Réplica
(Nilo Bairros De Brum)
Esse réu eu defendo de graça
Ele é bom não amola ninguém
No entanto quem canta o bugio
Bota vícios que ele não tem
Que é safado, ladrão e velhaco
Abusado e vergonha não tem
Quem diz isso transfere pro bicho
Os defeitos que a si não convém.
O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.
O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.
Eu me espanto com tanta maldade
Dessa gente que o mundo pariu
Habitando um planeta tão lindo
Só queimou, devastou, poluiu
Derrubou a floresta nativa
Pôs veneno nas águas do rio
Tá matando o que resta da fauna
E ainda diz que o bandido é o bugio.
O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.
O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.
Data vênia senhores que cantam
Seus libelos não têm procedência
Quem acusa quem culpa não têm
Tá de mal com a sua consciência.
Bom seria se a gente trocasse
A calúnia por um elogio
Preservando o que resta do pago
Como faz o mais bronco bugio.
O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.
O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.
(Nilo Bairros De Brum)
Esse réu eu defendo de graça
Ele é bom não amola ninguém
No entanto quem canta o bugio
Bota vícios que ele não tem
Que é safado, ladrão e velhaco
Abusado e vergonha não tem
Quem diz isso transfere pro bicho
Os defeitos que a si não convém.
O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.
O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.
Eu me espanto com tanta maldade
Dessa gente que o mundo pariu
Habitando um planeta tão lindo
Só queimou, devastou, poluiu
Derrubou a floresta nativa
Pôs veneno nas águas do rio
Tá matando o que resta da fauna
E ainda diz que o bandido é o bugio.
O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.
O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.
Data vênia senhores que cantam
Seus libelos não têm procedência
Quem acusa quem culpa não têm
Tá de mal com a sua consciência.
Bom seria se a gente trocasse
A calúnia por um elogio
Preservando o que resta do pago
Como faz o mais bronco bugio.
O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.
O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.
Orgulhos De Um Povo
Orgulhos De Um Povo
(Silvio Genro, Duca Duarte)
Eu sinto orgulho desse sotaque sulino...
De um povo que canta o Hino
Com respeito e devoção!
Dessa Bandeira, amado pano sagrado...
Do mapa do nosso Estado
Em forma de coração!
Eu tenho orgulho das nossas rodas de Mate
E na paz que se reparte
Nesse gesto de oferenda!
Da cor alegre de um Brinco-de-Princesa,
Flor que enfeita com beleza
As tranças das nossas prendas!
Eu sinto orgulho
Do entono dos centauros
No trono dos seus Cavalos,
Preservando Tradições!
Eu tenho orgulho
Dessa Alma Farroupilha,
Chama Crioula que brilha
No sacrário dos Galpões!
Eu sinto orgulho desse meu sangue Farrapo...
Brasão de Armas dos guapos,
Que nos trás tanta emoção!
Dessa heróica bravura dos Quero-queros,
Feito caudilhos austeros
Defendendo nosso chão!
Eu tenho orgulho dum churrasquito nas brasas...
Cordeona pedindo vasa
E a gauchada contente!
Eu sinto orgulho dessa fé que se revela
Num simples chá de Macela
Curando os males da gente!
Eu sinto orgulho
Do entono dos centauros
No trono dos seus Cavalos,
Preservando Tradições!
Eu tenho orgulho
Dessa Alma Farroupilha,
Chama Crioula que brilha
No sacrário dos Galpões!
(Silvio Genro, Duca Duarte)
Eu sinto orgulho desse sotaque sulino...
De um povo que canta o Hino
Com respeito e devoção!
Dessa Bandeira, amado pano sagrado...
Do mapa do nosso Estado
Em forma de coração!
Eu tenho orgulho das nossas rodas de Mate
E na paz que se reparte
Nesse gesto de oferenda!
Da cor alegre de um Brinco-de-Princesa,
Flor que enfeita com beleza
As tranças das nossas prendas!
Eu sinto orgulho
Do entono dos centauros
No trono dos seus Cavalos,
Preservando Tradições!
Eu tenho orgulho
Dessa Alma Farroupilha,
Chama Crioula que brilha
No sacrário dos Galpões!
Eu sinto orgulho desse meu sangue Farrapo...
Brasão de Armas dos guapos,
Que nos trás tanta emoção!
Dessa heróica bravura dos Quero-queros,
Feito caudilhos austeros
Defendendo nosso chão!
Eu tenho orgulho dum churrasquito nas brasas...
Cordeona pedindo vasa
E a gauchada contente!
Eu sinto orgulho dessa fé que se revela
Num simples chá de Macela
Curando os males da gente!
Eu sinto orgulho
Do entono dos centauros
No trono dos seus Cavalos,
Preservando Tradições!
Eu tenho orgulho
Dessa Alma Farroupilha,
Chama Crioula que brilha
No sacrário dos Galpões!
Balseiros Do Rio Uruguai
Balseiros Do Rio Uruguai
(Barbosa Lessa)
Oba, viva veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço p'ra gente.
Vou soltar minha balsa no rio,
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu.
Amanhã eu vou m'embora
Pra os rumo de Uruguaiana
Vou levando na minha balsa
Cedro, angico e canjerana.
Quando chegar em São Borja,
Dou um pulo a Santo Tomé
Para ver la correntina
E pra bailar um chamamé.
Oba, viva veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço p'ra gente
Vou soltar minha balsa no rio,
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu.
Ao chegar no Salto Grande
Me despeço deste mundo,
Rezo a Deus e a São Miguel
E solto a balsa lá no fundo.
Quem se escapa deste golpe,
Chega salvo na Argentina.
Mas duvido que se escape
Do olhar das correntinas.
Oba, viva veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço p'ra gente.
Vou soltar minha balsa no rio,
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu.
(Barbosa Lessa)
Oba, viva veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço p'ra gente.
Vou soltar minha balsa no rio,
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu.
Amanhã eu vou m'embora
Pra os rumo de Uruguaiana
Vou levando na minha balsa
Cedro, angico e canjerana.
Quando chegar em São Borja,
Dou um pulo a Santo Tomé
Para ver la correntina
E pra bailar um chamamé.
Oba, viva veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço p'ra gente
Vou soltar minha balsa no rio,
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu.
Ao chegar no Salto Grande
Me despeço deste mundo,
Rezo a Deus e a São Miguel
E solto a balsa lá no fundo.
Quem se escapa deste golpe,
Chega salvo na Argentina.
Mas duvido que se escape
Do olhar das correntinas.
Oba, viva veio a enchente
O Uruguai transbordou
Vai dar serviço p'ra gente.
Vou soltar minha balsa no rio,
Vou rever maravilhas
Que ninguém descobriu.
Pilchas
Pilchas
(Luiz de Martino Coronel, Airton Pimentel)
Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas
Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas
Se uso vincha na testa é pra ver o mundo mais claro
Não vendo o mundo por frestas lhe posso fazer reparos
Sem cinturão com guaiaca me sinto quase que em pelo
Quando meu laço desata sou carretel de novelo
Da bodega levo um trago pra matar a minha sede
Meu chapéu de aba quebrada beija santo de parede
Atirei as boleadeiras contra a noite que surgia
Noite adentro entre as estrelas se tornaram Três Marias
(Luiz de Martino Coronel, Airton Pimentel)
Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas
Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas
Se uso vincha na testa é pra ver o mundo mais claro
Não vendo o mundo por frestas lhe posso fazer reparos
Sem cinturão com guaiaca me sinto quase que em pelo
Quando meu laço desata sou carretel de novelo
Da bodega levo um trago pra matar a minha sede
Meu chapéu de aba quebrada beija santo de parede
Atirei as boleadeiras contra a noite que surgia
Noite adentro entre as estrelas se tornaram Três Marias
Barranca E Fronteira
Barranca E Fronteira
(Antonio Fagundes, Luis Telles)
Quando chega o domingo, eu encilho o meu pingo que troteando sai
Rumo as velhas barrancas e histórias tantas do Rio Uruguai
Eu sou fronteiriço de rédea e caniço e o perigo me atrai
Sou de Uruguaiana, de mãe castelhana igual ao meu pai
Se a terra não é minha, se a vida é mesquinha o que se há de fazer
Mais um sonho nasceu e o rio se fez meu e nele vou descer
Vai encontrar quem espera morena e sincera que é o meu bem querer
Meu momento é aí no chão onde nasci e onde vou morrer
Tem o verde do campo nos seus olhos
E o feitiço maleva que é puro veneno no caminhar
Uma noite serena adormece morena em seus cabelos
E seu corpo bronzeado é um laço atirado a me pealar
Tristeza e alegria são meu dia a dia já me acostumei
Sou de campo e de rio, faça sol, faça frio lá domingo estarei
Barranca e fronteira, canha brasileira assim me criei
Com carinho nos braços galopo aos meus passos e me torno um rei
Agora o meu dia a dia só tem alegria, tristeza deixei
Encontrei na verdade a outra metade que tanto busquei
Barranca e fronteira, canha brasileira feliz estarei
Com carinho nos braços da prenda, os abraços e me sinto um rei
Tem o verde do campo nos seus olhos
E o feitiço maleva que é puro veneno no caminhar
Uma noite serena adormece morena em seus cabelos
E seu corpo bronzeado é um laço atirado a me pealar
Agora o meu dia a dia só tem alegria, tristeza deixei
Encontrei na verdade a outra metade que tanto busquei
Barranca e fronteira, canha brasileira feliz estarei
Com carinho nos braços da prenda, os abraços e me sinto um rei
(Antonio Fagundes, Luis Telles)
Quando chega o domingo, eu encilho o meu pingo que troteando sai
Rumo as velhas barrancas e histórias tantas do Rio Uruguai
Eu sou fronteiriço de rédea e caniço e o perigo me atrai
Sou de Uruguaiana, de mãe castelhana igual ao meu pai
Se a terra não é minha, se a vida é mesquinha o que se há de fazer
Mais um sonho nasceu e o rio se fez meu e nele vou descer
Vai encontrar quem espera morena e sincera que é o meu bem querer
Meu momento é aí no chão onde nasci e onde vou morrer
Tem o verde do campo nos seus olhos
E o feitiço maleva que é puro veneno no caminhar
Uma noite serena adormece morena em seus cabelos
E seu corpo bronzeado é um laço atirado a me pealar
Tristeza e alegria são meu dia a dia já me acostumei
Sou de campo e de rio, faça sol, faça frio lá domingo estarei
Barranca e fronteira, canha brasileira assim me criei
Com carinho nos braços galopo aos meus passos e me torno um rei
Agora o meu dia a dia só tem alegria, tristeza deixei
Encontrei na verdade a outra metade que tanto busquei
Barranca e fronteira, canha brasileira feliz estarei
Com carinho nos braços da prenda, os abraços e me sinto um rei
Tem o verde do campo nos seus olhos
E o feitiço maleva que é puro veneno no caminhar
Uma noite serena adormece morena em seus cabelos
E seu corpo bronzeado é um laço atirado a me pealar
Agora o meu dia a dia só tem alegria, tristeza deixei
Encontrei na verdade a outra metade que tanto busquei
Barranca e fronteira, canha brasileira feliz estarei
Com carinho nos braços da prenda, os abraços e me sinto um rei
Sabe Moço
Sabe Moço
(Francisco Alves)
Sabe moço, que no meio do alvoroço
Tive um lenço no pescoço, que foi bandeira pra mim
E andei mil peleias, em lutas brutas e feias
Desde o começo até o fim
Sabe moço, depois das revoluções
Vi esbanjarem brasões prá caudilhos coronéis
Vi cintilarem anéis assinatura em papéis
Honrarias para heróis
É duro moço, olhar agora prá história
E ver páginas de glórias e retratos de imortais
Sabe moço, fui guerreiro como tantos
Que andaram nos quatro cantos
Sempre seguindo um clarim
E o que restou, ah sim!
No peito em vez de medalhas
Cicatrizes de batalhas
Foi o que sobrou prá mim
Ah sim!
No peito em vez de medalhas
Cicatrizes de batalhas
Foi o que sobrou prá mim
(Francisco Alves)
Sabe moço, que no meio do alvoroço
Tive um lenço no pescoço, que foi bandeira pra mim
E andei mil peleias, em lutas brutas e feias
Desde o começo até o fim
Sabe moço, depois das revoluções
Vi esbanjarem brasões prá caudilhos coronéis
Vi cintilarem anéis assinatura em papéis
Honrarias para heróis
É duro moço, olhar agora prá história
E ver páginas de glórias e retratos de imortais
Sabe moço, fui guerreiro como tantos
Que andaram nos quatro cantos
Sempre seguindo um clarim
E o que restou, ah sim!
No peito em vez de medalhas
Cicatrizes de batalhas
Foi o que sobrou prá mim
Ah sim!
No peito em vez de medalhas
Cicatrizes de batalhas
Foi o que sobrou prá mim
Entardecer
Entardecer
(Antonio Augusto Ferreira, Everton Dos Anjos Ferreira)
Um matiz cabloco
Pinta o céu de vinho
Pra morar sozinho
Todo pago é pouco.
Todo céu se agita,
O horizonte é louco
No matiz cabloco
De perder de vista.
Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada
O Minuano rincha
Nas estradas rubras
Repontando as nuvens
Pelo céu arriba.
O sol poente arde
Em sobre-lombo à crista
Quando Deus artista
Vem pintar a tarde.
Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada
O matiz de chumbo
Predomina agora.
Vai chegando a hora
De pensar meu rumo.
Alço o olhar lobuno
Mais além do poente
Onde vive ausente
Meu sonhar renhuno.
Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada
(Antonio Augusto Ferreira, Everton Dos Anjos Ferreira)
Um matiz cabloco
Pinta o céu de vinho
Pra morar sozinho
Todo pago é pouco.
Todo céu se agita,
O horizonte é louco
No matiz cabloco
De perder de vista.
Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada
O Minuano rincha
Nas estradas rubras
Repontando as nuvens
Pelo céu arriba.
O sol poente arde
Em sobre-lombo à crista
Quando Deus artista
Vem pintar a tarde.
Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada
O matiz de chumbo
Predomina agora.
Vai chegando a hora
De pensar meu rumo.
Alço o olhar lobuno
Mais além do poente
Onde vive ausente
Meu sonhar renhuno.
Amada, amada,
Por viver sozinho
Não me apego a nada
Baile Xucro
Baile Xucro
(Necir Dorneles, Bernardinho Pires)
A quanto tempo não se vê uma oito baixos
Resmungando num galpão
Churumingando no bugio e na vaneira
Como antes era neste chão.
Em cada canto do galpão um candeeiro
Num luzque-fusque de luz fraca e de poeira
E a voz crioula da cordeona noite a dentro
Se afundava nas campanhas da fronteira.
Meu pensamento galopeia tempo a fora
Me relembrando das festanças do rincão
Ainda me sinto um piazote de campanha
Cantando versos na polca relação.
O baile xucro pouco a pouco foi morrendo
Não se vê mais a oito baixos num galpão
Mas sempre há de renascer tua alembrança
Prá que não morra os costumes deste chão.
(Necir Dorneles, Bernardinho Pires)
A quanto tempo não se vê uma oito baixos
Resmungando num galpão
Churumingando no bugio e na vaneira
Como antes era neste chão.
Em cada canto do galpão um candeeiro
Num luzque-fusque de luz fraca e de poeira
E a voz crioula da cordeona noite a dentro
Se afundava nas campanhas da fronteira.
Meu pensamento galopeia tempo a fora
Me relembrando das festanças do rincão
Ainda me sinto um piazote de campanha
Cantando versos na polca relação.
O baile xucro pouco a pouco foi morrendo
Não se vê mais a oito baixos num galpão
Mas sempre há de renascer tua alembrança
Prá que não morra os costumes deste chão.
Resto De Baile
Resto De Baile
(Telmo de Lima Freitas, José Antonio Hahn)
Dei de rédeas em busca,
De um baile campeiro,
Com luz de candeeiro
Morrendo o pavio.
Cheguei como chegam,
Sem dar “ó de casa”,
De primeira vasa
Dancei o bugio.
De par co’uma gaita
A viola chorava,
E eu perguntava
Por qual a razão
Que a moça morena
De flor no cabelo
Ficava co’os olhos
Pregados no chão.
Talvez busque na noite
De um baile campeiro
A luz que um candeeiro
Não pode lhe dar.
Quem fica cismando
Perdida nos sonhos
Quem sabe campeia
Também o seu par.
Dancei toda a noite
Levando comigo
Um resto de baile
No meu assobio,
Lembrando da moça
De flor no cabelo,
Pedindo ao gaiteiro
O mesmo bugio.
(Telmo de Lima Freitas, José Antonio Hahn)
Dei de rédeas em busca,
De um baile campeiro,
Com luz de candeeiro
Morrendo o pavio.
Cheguei como chegam,
Sem dar “ó de casa”,
De primeira vasa
Dancei o bugio.
De par co’uma gaita
A viola chorava,
E eu perguntava
Por qual a razão
Que a moça morena
De flor no cabelo
Ficava co’os olhos
Pregados no chão.
Talvez busque na noite
De um baile campeiro
A luz que um candeeiro
Não pode lhe dar.
Quem fica cismando
Perdida nos sonhos
Quem sabe campeia
Também o seu par.
Dancei toda a noite
Levando comigo
Um resto de baile
No meu assobio,
Lembrando da moça
De flor no cabelo,
Pedindo ao gaiteiro
O mesmo bugio.
Madrugada
Madrugada
(Mauro Harff, Loracy Bertoto)
Ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô, ô
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
É madrugada na praia
Pescador já vem chegando
O céu, no mar aconchegado
Da cor do sol se vai pintando.
É madrugada na vila,
Muita gente despertando
Ao som de um alvorecer
Que ao longe está chamando.
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
É madrugada no campo
A brisa cheirando a calma,
O verde é mais verde agora
Que o sol lhe emprestou a alma.
É madrugada na mata,
Penumbra, rasgos de luz,
Silêncio, que só paz traduz.
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
É madrugada na vida
Suave aroma de flor
É o eco de uma cantiga,
Que afasta o amargo da dor;
Quem não madruga na vida jamais
Tem de deus o favor
A luz dessa graça só tinge quem vive de amor.
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
(Mauro Harff, Loracy Bertoto)
Ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô, ô
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
É madrugada na praia
Pescador já vem chegando
O céu, no mar aconchegado
Da cor do sol se vai pintando.
É madrugada na vila,
Muita gente despertando
Ao som de um alvorecer
Que ao longe está chamando.
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
É madrugada no campo
A brisa cheirando a calma,
O verde é mais verde agora
Que o sol lhe emprestou a alma.
É madrugada na mata,
Penumbra, rasgos de luz,
Silêncio, que só paz traduz.
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
É madrugada na vida
Suave aroma de flor
É o eco de uma cantiga,
Que afasta o amargo da dor;
Quem não madruga na vida jamais
Tem de deus o favor
A luz dessa graça só tinge quem vive de amor.
É madrugada na praia, na vila,
Na espessa floresta,
No campo, na vida...
Se é madrugada agora
É hora
De festa...
Vida É Jogo Jogo É Sorte
Vida É Jogo Jogo É Sorte
(Ernando Garcia Coelho)
O Gaúcho
Vive e canta,
Alegre com a natureza,
Aquarela de beleza
Que se encontra onde se ande...
Colorindo nossa lida,
Nosso chão, nossa morada,
Até cruzar-se a estrada
Pra o outro lado da vida.
Herança que o patrão velho
Deixou a todo o campeiro:
Enfrentar o dia inteiro
O sol quente,
O vento forte,
Até o dia em que a morte
O leve pra junto dele,
No eterno jogo da vida.
Vida é jogo
Jogo é sorte,
Vida é jogo,
Jogo é sorte!
(Ernando Garcia Coelho)
O Gaúcho
Vive e canta,
Alegre com a natureza,
Aquarela de beleza
Que se encontra onde se ande...
Colorindo nossa lida,
Nosso chão, nossa morada,
Até cruzar-se a estrada
Pra o outro lado da vida.
Herança que o patrão velho
Deixou a todo o campeiro:
Enfrentar o dia inteiro
O sol quente,
O vento forte,
Até o dia em que a morte
O leve pra junto dele,
No eterno jogo da vida.
Vida é jogo
Jogo é sorte,
Vida é jogo,
Jogo é sorte!
Loco Pra Dançá
Loco Pra Dançá
(Dionísio Costa, Bonitinho)
Um sotaque de vanera
Numa gaita bagaceira, fazendo o baile fervê
Uma china de primeira
Que se bandiô da fronteira, só me dá o que fazê
Um pandeiro bem surrado
Num trancão embatucado, pro povo dizê no pé
E a guitarra debochada
Num bailão de cola atada, tapadinho de muié
Tá formado o intrevêro
Pode avisar o gaiteiro, que hoje o bicho vai pegá
Deixe que o mundo se acabe
Porque todo mundo sabe, que eu tô loco pra dançá
Numa vontade medonha
Eu atropelo a vergonha, na cerveja bem gelada
A vanera é sala cheia
Num balanço que incendeia e assânha a mulherada
Agarrado na morena
Sei que vai valer a pena, cada pila que eu gastá
Já matei a minha sêde
Não vou escorá parede, dá licença vou dançá
Pedindo Vaza
Pedindo vaza
(Dionísio Costa, Chico Espenosse)
Por eu ter uma cifra pequena
Não me acanho pra festa e namoro
Se a saudade de baile me enfrena
Me engarupo pra chacoaiá o couro
Pra bailá não importa a distância
Quando o taura carece de afago
Muito embora o salário da estância
Seja uns troco de pouca importância
Sempre dá pra o ingresso e uns trago
Tendo gaita eu me sinto em casa
E o chinedo de pronto me nota
Sou nanico mas arrasto a asa
Me agiganto e vou pedindo vaza
Pra o bugio que eu carrego nas bota
Gosto muito de beijo e abraço
Mas também não refugo peleia
Por viver entre berro e pataço
Não me assusta quem tem cara feia
Desaforo eu destrincho na hora
Pois não sou de deixar pra depois
Desconfio de china que chora
Se dengueando da boca pra fora
E atirando a mirada pra dois
Reconheço que sou meio tosco
Mas da vida conheço o bastante
E conforme se ajeita o enrosco
Eu já sei o que vem logo adiante
É por isso que bailo e me espicho
Com a banca de rico me assanho
Me apartando do cheiro dos bicho
Eu troteio tenteando cambicho
Mesmo sendo minguado meu ganho
(Dionísio Costa, Chico Espenosse)
Por eu ter uma cifra pequena
Não me acanho pra festa e namoro
Se a saudade de baile me enfrena
Me engarupo pra chacoaiá o couro
Pra bailá não importa a distância
Quando o taura carece de afago
Muito embora o salário da estância
Seja uns troco de pouca importância
Sempre dá pra o ingresso e uns trago
Tendo gaita eu me sinto em casa
E o chinedo de pronto me nota
Sou nanico mas arrasto a asa
Me agiganto e vou pedindo vaza
Pra o bugio que eu carrego nas bota
Gosto muito de beijo e abraço
Mas também não refugo peleia
Por viver entre berro e pataço
Não me assusta quem tem cara feia
Desaforo eu destrincho na hora
Pois não sou de deixar pra depois
Desconfio de china que chora
Se dengueando da boca pra fora
E atirando a mirada pra dois
Reconheço que sou meio tosco
Mas da vida conheço o bastante
E conforme se ajeita o enrosco
Eu já sei o que vem logo adiante
É por isso que bailo e me espicho
Com a banca de rico me assanho
Me apartando do cheiro dos bicho
Eu troteio tenteando cambicho
Mesmo sendo minguado meu ganho
A Concha Das Horas
A Concha Das Horas
(Jaime Vaz Brasil, Ricardo Freire)
Leva o teu sorriso, por favor leva pra longe.
Leva o que puderes, leva as minhas dores todas.
Leva o teu olhar e leva o que mais achares
E eu acolherei, desta vez, o teu silêncio.
Guarda o teu amor, num lugar que não existe.
Deixa, eu mesma lavo o que nos sobrou de triste.
Pelo nosso quarto, pela cama no deserto
Eu vou sacudir o que dizem ser adeus.
Leva teu rancor, teu espelho mais antigo.
Leva o que couber no teu corpo tão vazio.
Deixa meus escudos. Deixa, eu fugirei do frio
Mesmo que viaje à neve das cordilheiras.
Mas a noite é longa, nas malas e nas tristezas.
Leva tudo agora, que a manhã não se demora.
Deixa, eu mesma espanto o que tanto ainda me cala
E o teu desamor me dói mais quando nem falas.
Mas quem sabe amigo...
Um dia eu te lembre
No beijo esquecido
Na palma do tempo
Na concha das horas.
Aos Domingos
Aos Domingos
(Gaspar Machado, Walther Morais)
Domingo de manhãzinha
Sento os recaus no gateado
De crina e casco aparado
O mundo é tudo o que eu quero
Meu pala branco de seda
Bota negra reluzenta
E uma bombacha cinzenta
De tudo que mais venero
Eu boto o pé no estribo
E o flete campeia a volta
Já com luzeiro de escolta
Unido à luz da boiadeira
E o brilho da feiticeira
Se corta no campo afora
Com a serenata da espora
Pra uma canção estradeira
Esta vida a gente leva
Nos encontros do cavalo
Pechando e botando pealo
Coisas que faço me rindo
Do bagual eu faço um pingo
Pra um andejar de aragano
Que não tem dias do ano
Mais belos do que os domingos
Pelo caminho se vai
Ao potreiro dos olhos dela
Sogueiros de sentinela
No lombo das sesmarias
Clareando as barras do dia
Encilho com a liberdade
E cabresteio a saudade
Pra tironear judiaria
Ao se cantar uma flor
O sentimento é dobrado
Troca orelha o meu gateado
Que inté nem toca no pasto
E o vocabulário gasto
Ensaia o que é de dizer
As coisas do bem querer
Pra garupa do meu basto.
Ama Mãe
Ama Mãe
(Geremias Dillenburg)
O melhor lugar do mundo
É um colo de mãe
Porque é lá que eu me sinto seguro
E lá não tenho medo do amanhã
Quantas noites em claro
Quantas noites em meu amparo
Mãe do céu, mãe da terra,
Mãe que hoje rezas por mim
Como é bom ser filho
Mãe do lar, mãe da dor
Mãe do meu amor sem fim
Eu quero estar contigo
Porque eu preciso de ti
Sempre do meu lado
Quero sempre sentir
O calor de ser amado
E eu sei que tu me amas
Ama mãe
Eu sei que tu me amas
Ama mãe
Eu sei que tu me amas
Ama mãe
Sacudindo a Crina
Sacudindo a Crina
(Dionísio Costa)
Na hospitalidade de um rancho sem luxo
É onde um Gaúcho é bem mais feliz
Curtido no tempo, à poeira e fumaça
É um templo da raça, no sul do país
Ali o Rio Grande no sangue rebróta
Cadenciando as notas que vem da vanera
A cordeona arteira fazendo folia
Reponta alegria pela sala inteira
O taura se solta sacudindo a crína
E o cheiro da china no ar sarandeia
O xucrismo guapo na gaita se acampa
E a alma do pampa no surungo apeia
Quando a cordeona, sagrado instrumento
Faz um chamamento pra bailar de novo
A alma do pampa ali se retrata
Bailando resgata a grandeza de um povo
São essas noitadas de amor à querência
Pela convivência de seres iguais
Que afirmam pra o mundo o nosso civismo
E que o gauchísmo não morre jamais
(Dionísio Costa)
Na hospitalidade de um rancho sem luxo
É onde um Gaúcho é bem mais feliz
Curtido no tempo, à poeira e fumaça
É um templo da raça, no sul do país
Ali o Rio Grande no sangue rebróta
Cadenciando as notas que vem da vanera
A cordeona arteira fazendo folia
Reponta alegria pela sala inteira
O taura se solta sacudindo a crína
E o cheiro da china no ar sarandeia
O xucrismo guapo na gaita se acampa
E a alma do pampa no surungo apeia
Quando a cordeona, sagrado instrumento
Faz um chamamento pra bailar de novo
A alma do pampa ali se retrata
Bailando resgata a grandeza de um povo
São essas noitadas de amor à querência
Pela convivência de seres iguais
Que afirmam pra o mundo o nosso civismo
E que o gauchísmo não morre jamais
De Alma Campo e Silêncio
De Alma, Campo e Silêncio
(Fernando Soares, Juliano Gomes, Everson Maré)
(Fernando Soares, Juliano Gomes, Everson Maré)
Noite de campo que vejo numa lembrança de outrora
Beira de um fogo que acalma, triste cambona que chora
Alma povoada em silêncio deste meu rancho fronteiro
Mateando alguma saudade costeando o sono da espora
Vento que geme na quincha feito um basto na estrada
Resmunga o som de tesoura do picumã amorenada
Quem sabe traga de arrasto alguma manga pras casa
E um cheiro bruto de terra pra invadir a madrugada
Noite que chora pro campo tocando a tropa na sanga
Batiza os lábios da china num galho flôr de pitanga
Somente o sonho que cresce num distanciar de povoeiro
Que parte junto com a aguada pra alguém que vive de changa
E a primavera se estende com olhos claros pra lida
Bolear a perna na estância, este é meu rumo na vida
Solito eu cruzo as horas num camperear de invernada
De rédea firme por diante com alguma mágoa contida
Beira de um fogo que acalma, triste cambona que chora
Alma povoada em silêncio deste meu rancho fronteiro
Mateando alguma saudade costeando o sono da espora
Vento que geme na quincha feito um basto na estrada
Resmunga o som de tesoura do picumã amorenada
Quem sabe traga de arrasto alguma manga pras casa
E um cheiro bruto de terra pra invadir a madrugada
Noite que chora pro campo tocando a tropa na sanga
Batiza os lábios da china num galho flôr de pitanga
Somente o sonho que cresce num distanciar de povoeiro
Que parte junto com a aguada pra alguém que vive de changa
E a primavera se estende com olhos claros pra lida
Bolear a perna na estância, este é meu rumo na vida
Solito eu cruzo as horas num camperear de invernada
De rédea firme por diante com alguma mágoa contida
Milonga Para Pedro Bicuíra
Milonga Para Pedro Bicuíra
(Jorge Alberto Maack)
E vem o Sol anunciando o dia
O mar com sua dança sutil
O Minuano soprando garboso
A sinfonia que nunca se ouviu
Pedro Bicuíra apreensivo estava
Mateando com o silêncio e o cusco
Em dias melhores Pedro sonhava
Saudade de sua Maria
A carona aparce
E Pedro à Deus agradece
Chegou o dia de ir à cidade
Matar a saudade de sua Maria
Aquela índia bonita que um dia
Pedro Bicuíra acredita
Será a dona dos seus sonhos
Pra sempre, sua amada Maria
(Jorge Alberto Maack)
E vem o Sol anunciando o dia
O mar com sua dança sutil
O Minuano soprando garboso
A sinfonia que nunca se ouviu
Pedro Bicuíra apreensivo estava
Mateando com o silêncio e o cusco
Em dias melhores Pedro sonhava
Saudade de sua Maria
A carona aparce
E Pedro à Deus agradece
Chegou o dia de ir à cidade
Matar a saudade de sua Maria
Aquela índia bonita que um dia
Pedro Bicuíra acredita
Será a dona dos seus sonhos
Pra sempre, sua amada Maria
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