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Não É Bem Assim

Não É Bem Assim
(Dionísio Costa, Gildinho)

Eu nem canto tanto, porém me garanto
Porque tem uns quantos, que cantam mais feio
Escrevo poesia e verso em quantia
E a pirataria me atóra no meio
Não que eu queira briga, mas é bom que eu diga
Viver da cantiga não é bem assim
Pra encher as 'lata' dos 'pila' ando às 'cata'
Mas sóbra pirata pra 'arrancá' meu rim

É que eu sou peitudo, tendo pouco estudo
Não tenho canudo não sou bacharel
Mas invento um eito de verso bem feito
E se tiver defeito nem vai pro papel
Qualquer um se anima no lombo da rima
Mas 'ficá' lá em cima não é bem assim
Se a idéia é pouca então fecha a boca
Pois madeira ôca só engorda cupim

Se désse dinheiro 'escutá' o berreiro
De algum fuxiqueiro eu já tava rico
Quem faz alarido por mim tá esquecido
Porque o meu ouvido nunca foi 'piníco'
E essa mulherada que tá na ‘tenteada’
Pra viver encostada não é bem assim
Dispenso arreganho senão eu apanho
E o pouco que eu ganho mal dá só pra mim

Se alguém por despeito do que eu tenho feito
Sempre que dá um jeito me tranca o caminho
É falsa amizade não tem qualidade
Nem capacidade de pensar sozinho
Conversa e laçasso não me encurta o passo
Pois 'fazê' o que eu faço não é bem assim
Quem vive com classe não esconde a face
Mas tem quem já nasce pra comer capim

Se a cobra rasteja então que assim seja
E deus que proteja quem me dá uma mão
Quem de mim não gosta já sabe a resposta
Que o Dionísio Costa não ‘fróxa’ o garrão

De Bota Nova

De Bota Nova
(Rico Baschera, Gildinho)

De bota nova tô chegando pro baile companheiro
Que o tranco fandangueiro me chamou pra bailar
Na sala bem lisinha quero fazê um estrago
Depois de toma uns trago me vou pra la e pra cá

Não quero nem noticia da lida de mangueira
Quando escuto vaneira tristeza não não me agarra
Eu venho descontado judiado do seviço
Findei os compromissos agora eu quero farra

Capricha seu gaiteiro que eu danço e me garanto
Já vi que lá no canto tem uma que me quer
Preciso de um cambicho e a minha bota nova
Precisa de uma sova pra não me aperta o pé

De bota nova tô chegando vou firme num embalo
Nem me lembro do calo que essa bota me fez
Pior é não ter tempo só pra alegrar a vida
Que eu não largava a lida fazia mais de um mês

Por isso seu gaiteiro capricha uma bem boa
Que um beliscão à toa não tá me encomodando
Um calo não é nada, tudo que é ruim tem fim
Que um baile bom assim so lá de vez em quando.

Loco Pra Dançá


Loco Pra Dançá
(Dionísio Costa, Bonitinho)
 
Um sotaque de vanera
Numa gaita bagaceira, fazendo o baile fervê
Uma china de primeira
Que se bandiô da fronteira, só me dá o que fazê
Um pandeiro bem surrado
Num trancão embatucado, pro povo dizê no pé
E a guitarra debochada
Num bailão de cola atada, tapadinho de muié

Tá formado o intrevêro
Pode avisar o gaiteiro, que hoje o bicho vai pegá
Deixe que o mundo se acabe
Porque todo mundo sabe, que eu tô loco pra dançá

Numa vontade medonha
Eu atropelo a vergonha, na cerveja bem gelada
A vanera é sala cheia
Num balanço que incendeia e assânha a mulherada
Agarrado na morena
Sei que vai valer a pena, cada pila que eu gastá
Já matei a minha sêde
Não vou escorá parede, dá licença vou dançá