Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Cavalinho De Pau. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cavalinho De Pau. Mostrar todas as postagens

Cavalinho De Pau

Cavalinho De Pau
(Edilberto Teixeira, César Oliveira)

Meu cavalinho de pau
Crioulo da fantasia
Tinha a cola que não crescia
E a boca sem comer pasto
Tinha o lombo meio cião
E o pescoço de gavião
E uma rachadura no casco.

Tinha raça de taquara
Cruzada com carafá
Delgado como um virá
E um pêlo bem pangaré
Parente da cobra verde
Com seu galope de rente
Ia escrevendo com o pé.

Brincando de faz de conta
Lhe ensinei a velhacar
Dar coices e escramuçar
Com jeito de um redomão
Só nunca pude frastá-lo
Sofrenado meu cavalo
Fincava a cola no chão.

Com a cola dele pra o céu
Apontava estrela guia
Um olho na pontaria
Mirava pra os pica-paus
Pauleava as caranguejeiras
E as gatas namoradeiras
Que me aturdiam aos miaus.

Batia os galhos das árvores
Derrubava frutas no chão
No ombro foi mosquetão
Espada para o meu cinto
No seu galope macio
Nas longas tardes de frio
Tropeei ninhadas de pinto.

Corri carreiras de a pé
Medi fundura de poço
Fiz raias pra jogar osso
E guiada pros bois a pipa
Fiz flechas pros meus caminhos
Furei o fundo dos ninhos
E o bando das caturritas.

Um dia jogando talho
Outro piá espadachim
Paulada não foi pra mim
E às brincas, perdi o jogo
Quebrou-se o meu cavalinho
No outro dia bem cedinho
Virou gravetos pro fogo.