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Erva Mate

Erva Mate
(Ataliba de Lima Lopes, Luis Carlos Lanfredi)

Erva mate galponeira
Que acalenta o pajador
O teu carijo é a bandeira
Do Rio Grande mateador

Com o taura que perde o sono
Tu te afivela faceira
Só recomenda teu dono
Não deixe ferver a chaleira.

Enraizou-se na história
Com tua espuma esverdeada
Fez da cuia tua memória
E da bomba china delgada

Rainha que se levanta
Emponchada na coxilha
Curandeira de erva santa
Do gaúcho farroupilha

Do porongo fiz meu sonho
Da erva fiz o meu chão
Carrego versos profundos
Com gosto de chimarrão.


Vaneira Grossa

Vaneira Grossa
(Neneco, João Agenir dos Santos)

Essa vaneira é antiga e vem da fronteira
O autor não se sabe, mas é de primeira
Me toque a vaneira grossa, me apincho na sala
Num trote de guapo a gaitita me embala

E não existe mais grossa que esta vaneira
Na manha de ganso, vou na polvadeira
Menina dance comigo que é do meu agrado
A vaneira grossa do jeitão largado

Recordo os tempos passados que morei na roça
Vovô já tocava a vaneira grossa
Hoje os tempos mudaram, ficou a saudade
Mas trouxe a vaneira, morar na cidade

Vaneira que o povo canta e aprende a dançar
Em qualquer bailanta chegou pra ficar
E no fandango Monarca bailando a contento
Vaneira é uma marca que faz casamento



Vaneira Grossa by guascaletras

Infância Perdida


Infância Perdida
(João Pantaleão Leite, Nenito Sarturi, Luiz Lanfredi)

Perdido, procuro os campos e poente multicor
Já não vejo pirilampos alumiando o corredor
Sinto falta da bonança do meu sorriso criança
Resquícios de brisa mansa nas laranjeiras em flor

Nessa lembrança, vem saudade da distância
A minha infância se bandeou pra o lado oposto
Vai derramando a pipa d’água de meus olhos
Deixando trilhas pelas rugas do meu rosto

Cadê a tropa de mentira que jamais teve refugo
O meu lacinho de imbira, boleadeiras de sabugo
A tropilha malacara se perdeu numa coivara
E eu potro de taquara me fugiu com laço e tudo

Nessa lembrança, vem saudade da distância
A minha infância se bandeou pra o lado oposto
Vai derramando a pipa d’água de meus olhos
Deixando trilhas pelas rugas do meu rosto

Perdi o caniço franzino nas águas turvas do açude
Rolou meu sonho menino que nem bolita de gude
Sumiu a estampa fagueira qual pandorga caborteira
Numa tarde domingueira campeando minha juventude

Nessa lembrança, vem saudade da distância
A minha infância se bandeou pra o lado oposto
Vai derramando a pipa d’água de meus olhos
Deixando trilhas pelas rugas do meu rosto

Com seu bodoque certeiro, pacholice de piá
O mundo maula traiçoeiro me abateu como a um sabiá
Nos alambrados da vida campeio a infância perdida
Que as arapucas bandidas deixaram ao deus-dará

Nessa lembrança, vem saudade da distância
A minha infância se bandeou pra o lado oposto
Vai derramando a pipa d’água de meus olhos
Deixando trilhas pelas rugas do meu rosto



Os Monarcas - Infância Perdida by Guascaletras

Só No Sábado Que Vem

Só No Sábado Que Vem
(Percival Pedroso, Doly Costa)

A chamarra solta a chincha no corcóveo rabonado
E o lampião acende a chama clareando os quatro costados
Bem sestrosa da cozinha igual mulita da toca
Com tope de fita e tudo um exemplar de chinoca

É hoje, penso ligeiro que gasto um eito de prosa
E levo pros meus pelegos essa prendinha dengosa
É hoje, penso ligeiro que gasto um eito de prosa
E levo pros meus pelegos essa prendinha dengosa

Uma cordeona castiga, lua a lua, sol a sol
Começa no lusco-fusco e só cala no arrebol
Uma cordeona castiga, lua a lua, sol a sol
Começa no lusco-fusco e só cala no arrebol

Entre poeira e brilhantina, se foi meu taco de bota
Surrando o lombo do chão montando nota por nota
Saudando a barra do dia lá do fundo do quintal
O galo despertador sola um canto matinal

Cala-se a velha cordeona, dorme um lampião sonolento
E a prosa que não gastei levo de volta nos tentos
Retorno como cheguei: eu, o pingo e mais ninguém
Porque a resposta da prenda só no sábado que vem

Uma cordeona castiga, lua a lua, sol a sol
Começa no lusco-fusco e só cala no arrebol
Uma cordeona castiga, lua a lua, sol a sol
Começa no lusco-fusco e só cala no arrebol

Entre poeira e brilhantina, se foi meu taco de bota
Surrando o lombo do chão montando nota por nota
Saudando a barra do dia lá no fundo do quintal
O galo despertador sola um canto matinal

Cala-se a velha cordeona, dorme um lampião sonolento
E a prosa que não gastei levo de volta nos tentos
Retorno como cheguei: eu, o pingo e mais ninguém
Porque a resposta da prenda só no sábado que vem



Só No Sábado Que Vem - Os Monarcas by Guascaletras

Chamamento


Chamamento
(Nelson Xavier, José Carlos da Silva Santos)

Sou petiço da esperança na carreira da verdade
Sou a fé do homem do campo que se foi lá pra cidade
Sou velhas recordações de um taura assanhado
Chamado pé de valsa riscando nesse bailado

Sou estória do faz de conta, que fala da realidade
Sou a boca do minuano soprando muita saudade
Sou fogo de chão pro gaiteiro que se agarra sempre ao passado
Lembrando de muitos bailes, batendo nesse ponteado

Sou grito do quero-quero, no chamamento campeiro
Pra manter o atavismo, deste garrão brasileiro
Sou grito do peão, reponte se perdendo pela estrada
Sou pedido de um retorno sou eco de uma chamada

Bruxinha De Pano

Bruxinha De Pano
(Aparicio Silva Rillo, José Gonzaga Lewis Bicca)

Bruxinha de pano,
Corpo de trapo,
Olhos de retrós
Encantaste as meninas de outrora,
Que agora são mães e avós

Ninguém mais te lembra, bruxinha de pano
De ti só ficou a saudade cruel
Nuns trapos de chita num fundo de mala
Nos restos de linhas de algum carretel

O mundo hoje é outro, os homens mudaram
E até as meninas de agora não são
Aquelas meninas, de fitas nas tranças
Nanando bruxinhas, no berço das mãos

Bruxinha de pano,
Corpo de trapo,
Olhos de retrós
Encantaste as meninas de outrora,
Que agora são mães e avós

Parece que vejo as bruxinhas de pano
Tornadas humanas por graça de Deus
Dançando uma valsa dolente e antiga
Aos tempos passados, dizendo adeus

O mundo hoje é outro, os homens mudaram
E até as meninas de agora não são
Aquelas meninas, de fitas nas tranças
Nanando bruxinhas, no berço das mãos


 

De Bota Nova

De Bota Nova
(Rico Baschera, Gildinho)

De bota nova tô chegando pro baile companheiro
Que o tranco fandangueiro me chamou pra bailar
Na sala bem lisinha quero fazê um estrago
Depois de toma uns trago me vou pra la e pra cá

Não quero nem noticia da lida de mangueira
Quando escuto vaneira tristeza não não me agarra
Eu venho descontado judiado do seviço
Findei os compromissos agora eu quero farra

Capricha seu gaiteiro que eu danço e me garanto
Já vi que lá no canto tem uma que me quer
Preciso de um cambicho e a minha bota nova
Precisa de uma sova pra não me aperta o pé

De bota nova tô chegando vou firme num embalo
Nem me lembro do calo que essa bota me fez
Pior é não ter tempo só pra alegrar a vida
Que eu não largava a lida fazia mais de um mês

Por isso seu gaiteiro capricha uma bem boa
Que um beliscão à toa não tá me encomodando
Um calo não é nada, tudo que é ruim tem fim
Que um baile bom assim so lá de vez em quando.

Replica

Réplica
(Nilo Bairros De Brum)

Esse réu eu defendo de graça
Ele é bom não amola ninguém
No entanto quem canta o bugio
Bota vícios que ele não tem

Que é safado, ladrão e velhaco
Abusado e vergonha não tem
Quem diz isso transfere pro bicho
Os defeitos que a si não convém.

O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.

O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.

Eu me espanto com tanta maldade
Dessa gente que o mundo pariu
Habitando um planeta tão lindo
Só queimou, devastou, poluiu

Derrubou a floresta nativa
Pôs veneno nas águas do rio
Tá matando o que resta da fauna
E ainda diz que o bandido é o bugio.

O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.

O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.

Data vênia senhores que cantam
Seus libelos não têm procedência
Quem acusa quem culpa não têm
Tá de mal com a sua consciência.

Bom seria se a gente trocasse
A calúnia por um elogio
Preservando o que resta do pago
Como faz o mais bronco bugio.

O bugio tá roncando na mata
Vai chover amanhã de manhã
Ou será que é o motor de uma serra
Derrubando algum Tarumã.

O bugio tá roncando na mata
Tá gritando o seu desafio
Ou será que é choro de gaita
Lamentando o fim do bugio.

O Brasil De Bombacha

O Brasil De Bombacha
(Ângelo Marques, Ricardo Marques, Léo Ribeiro de Souza)

Após muito tempo guardando
Os limites do Sul do Brasil
O gaúcho migrou para o Norte
E do Norte mudou o perfil

Deixou para traz a campanha
E a beleza dos campos dourados
E se foi a buscar nova vida
Numa terra de mato fechado
Este é o Brasil de bombacha
É a saga da raça guerreira
Nos fundões sesta pátria se acha
Um gaúcho abrindo fronteira

Só quem parte é quem sabe da dor
de deixar o seu pago e sua gente
As lembranças rebrotam ao redor
Só o forte consegue ir em frente
Nos pessuêlos vão laços de afeto
E a honra de ser o que são
Os centauros da banda do Sul
Povo guapo criado em galpão

Ao chegar no torrão de seu gosto
Vão semeando alegria e respeito
O trabalho em seguida da fruto
E o fruto é um consolo pro peito
Mate quente ou mate gelado
Chimarrão ou então tererê
Os costumes vão sendo mesclados
Num País com sotaque de tchê

Quando bate a saudade daninha
Nos gaudérios tão longe de casa
A cordeona resmunga num rancho
E o churrasco respinga na brasa

No alicerce de algum CTG
O Rio Grande campeiro floresce
Aos gaúchos de alma pioneira
Comovido o Brasil agradece