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MORADA

TÍTULO
MORADA
COMPOSITORES
LETRA
MÁRIO BARROS
MÚSICA
MÁRIO BARROS
INTÉRPRETE
DÉLCIO TAVARES
RITMO
MILONGA
CD/LP
1ª MOENDA DA CANÇÃO
FESTIVAL
MOENDA DA CANÇÃO
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES


MORADA
(Mário Barros)

Eu fiz morada na espera
Quando esperar era o fim
Busquei rumos na saudade
E ela negou-se pra mim
Então cheguei à verdade
No momento de partir
Quando somente as estrelas
Me diziam aonde ir

As léguas levam e trazem
Os anseios retovados
Que fazem de meus ideais
O couro em que fui trançado
Um caminho divergente
Fica sempre tão igual
Se o horizonte é mais longe
Do que seu próprio final

Por isso trama e palanque
É que fazem meu sustento
E o som de gaita em bailanta
Me vem ao sopro do vento
No colo de alguma prenda
Sempre encontrei meu alento
Me entreverando nas luzes
Que espiam no firmamento

E assim vou domando os dias
No potreiro da existência
E vou retoçando as noites
Das aragens, das essências
Encilho um flete aragano
E os versos desta vivência
São as cantigas que canto
Aos recantos da querência.

BEM AO MEU REDOR

TÍTULO
BEM AO MEU REDOR
COMPOSITORES
LETRA
LUIS FERNANDO GASTALDO
MÚSICA
PIERO ERENO
INTÉRPRETE
DÉLCIO TAVARES
RITMO
TOADA
CD/LP
04º MINUANO DA CANÇÃO NATIVA
FESTIVAL
04º MINUANO DA CANÇÃO NATIVA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES
01º LUGAR

BEM AO MEU REDOR
(Luis Fernando Gastaldo, Piero Ereno)

Acordei mais cedo, bem antes dos galos,
Pra assistir a aurora vir chamar o dia.
Esquentei a água, fiz um mate novo,
Pra aquecer a alma nestas horas frias...

Às vezes me sento junto ao velho rancho
Contemplando as coisas que a vida me dá...
O cheiro das flores , a calma do campo
E a paz que há no canto de um sabiá.

Cansei meus cavalos por estas distâncias
Pensando que: “longe a vida é melhor...”
Custei para ver que as coisas que amo
Estão junto a mim...bem ao meu redor.

Em frente à morada, a velha figueira,
O pátio, o arvoredo e a criação...
Compõem um cenário que fiz ao meu jeito
E hoje são partes do meu coração.

A felicidade é flor delicada
E só vê suas cores quem a cultivar!
Por isto é que hoje não saio pra lida
Sem antes, querida, um beijo...te dar!


Pampa Pietá

Pampa Pietá
(Dilan Camargo, Newton Bastos)

Ó mãe das nascidas manhãs
Os cães farejam tuas irmãs.
Tende piedade de nós
Herdeiros, parceiros
Dos pecados do mundo
No campo
No amplo
Na pampa sem fim
Tende piedade de nós.

Pampa, pampa
Pampa, pietá!
Pampa, pampa
Pampa, pietá!

Pampa
Quanta soga
Quanta sova
Quanta cova
Sem altura
Sepultura
Pá de corte
Ao pé da morte.

Ó pai dos rebanhos das reses
Ouve o tamanho das rezas.
Tende de piedade de nós
Campeiros, tropeiros
Despiedados, sem mundo
No campo
No amplo
No pampa sem fim
Tende piedade de nós.

Pampa
Quantas luas
Sangas nuas
Dores tuas
Só lonjuras
Criaturas
Pés sem sorte
Fé prá os fortes.



Pampa Pietá - Os Posteiros by guascaletras

A Primeira Vez

A Primeira Vez
(Elton Saldanha)

A primeira vez que eu vi você meu grande amor
Não quis acreditar e mesmo assim aconteceu
A primeira vez que eu vi você
O vento pela rua assobiava o chamamé

A primeira vez que eu vi você
Senti no seu olhar a luz do entardecer
Aprendi sonhar antes de adormecer
E a vida foi chegando de uma vez

E o amor se fez
Quem me dera ter você mais uma vez
E o amor se fez
Essas coisas só acontecem uma vez
Pois quando o amor se vai
A gente não esquece mais

Nasce nos olhos, vem num suspiro
Um bem-me-quer se desfolhou
Vai batendo coração
Porque encontrei meu grande amor

Marquei o dia, marquei a hora
No calendário que o amor fez
A estação da paixão
A minha primeira vez


Coração do Rio Grande

Coração do Rio Grande
(Osvaldo Medeiros)
                      
No coração do Rio Grande
Um dia eu fui morar
Lá encontrei muito amor
Lá aprendi a amar

Naqueles pagos chegados
Qual aconchego de um lar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar.

Nas entranhas do Rio Grande
A cultura, a tradição
Os valores se entrelaçam
Em confraternização

Lá eu vi a gauchinha
Vi também o velho peão
A cantar a prenda minha
A cantar a prenda minha
Com sua canha e o chimarrão.

No coração do Rio Grande
Um dia eu fui morar
Lá encontrei muito amor
Lá aprendi a amar

Naqueles pagos chegados
Qual aconchego de um lar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar
Domei a força gaudéria
E me apeguei ao lugar.

Na convivência crioula
O Rio Grande me mostrou
Toda a beleza da vida
O seu sentido e o que sou

Vi o guasca e a chinoca
O Minuano e o Pampeiro
Vi bandos de quero-quero
O chicote e o cavalo
Do negro do pastoreio.

No coração do Rio Grande
Um dia eu fui morar
Lá encontrei muito amor
Lá aprendi a amar

Osvaldo Medeiros E Grupo Vocal Nativista - Coracao Do Rio Grande by Guascaletras

Rancho Coração

Rancho Coração
(Márcio Rosado, Jaime Brum Carlos)

Nestes junhos de invernias
Com prenúncios de geadas
Busco na luz das estrelas
Os olhos da minha amada

No meu rancho coração
Me emponcho de soledade
Abro as portas pra os recuerdos
Dá "oh de casa!", a saudade

Meu rancho de porta aberta
E cheio de boas vindas
Está vazio com tua ausência
Por isso é mais triste ainda

Guitarreio melodias
Entropilhadas de amores
Grafadas nos aramados
Com as tramas dos corredores

Se os junhos trazem as cheias
Mesmo em clima de verão
Tua ausência traz saudade
No meu rancho coração

Meu rancho de porta aberta
E cheio de boas vindas
Está vazio com tua ausência
Por isso é mais triste ainda

Talvez um dia tu voltes
Para cevar o meu mate
Trazendo o verão em junho
No outono em arremate

Quando chegar meu inverno
Não estarei mais sozinho
E os rios que correm em mim
Transbordarão de carinho

Meu rancho de porta aberta
E cheio de boas vindas
Está vazio com tua ausência
Por isso é mais triste ainda

Pedro Guará

Pedro Guará
(Cláudio Boeira Garcia, José Cláudio Machado)

Num lamento, chegou o Minuano
Anunciando o último inverno
O orvalho chorou nas campinas
E o céu enlutou as estrelas

Pedro Guará, sentindo mais forte
Cheiro da terra, o vento do sul
Entrava no rancho, no calor do braseiro
Mateava na espera do tempo chegar.

Pedro Guará, viveu aragano
Campereando manhãs distantes
E passando plantava alegria
O riso ficava quando partia.

Pedro Guará, partiu sem rastro
Fruto maduro na volta pra terra
Rasgando um riso, seu último gesto
Sumiu da serra, não vai mais cantar.

Aguas De Dentro

Águas De Dentro
(José Fernando Gonzales, Talo Pereyra, Luiz Bastos)

Os rios que carrego
Tem águas vermelhas
Mais rubras que as águas
No alto Uruguai

São águas paridas
Na fonte da vida
Vertentes perdidas
Na história dos pais

Nas águas de dentro
No rio das funduras
Navegam sementes
Plantadas em nós

São águas maduras
As águas vermelhas
Os veios antigos
Que vem dos avós

As águas de dentro
São águas de mim
Farão corredeira
Além do meu tempo
Depois do meu fim

As águas de herança
Dos rios que carrego
Vermelhas da ânsia
De antigos caudais

Tem força de braço
No corte do relho
E remanso sereno
Na luz de ancestrais

Os rios que carrego
Farão descendência
Somando as memórias
Trazidas de mim

E as águas de dentro
Serão corredeiras
Nas veias dos filhos
Depois do meu fim

Rio Das Lágrimas


Rio Das Lágrimas
(Dilan Camargo, Newton Bastos)

Eram armas de Castela
Contou a velha mestiça
De Portugal também vinham
E a paz nos olhos não tinham

Chereçá Apacuí
Chereçá Apacuí
Nas coxilhas de Marica
Nas serras do Batovi

O rio nasce dos olhos
A luz nasce do olhar
A lágrima dos vencidos
Em vida se transformar

Rio das lágrimas
Rio das lágrimas
Correnteza de tristezas
Quando Sepé chorou

Ameríndio esse rio
É um fio, filete, caudais
A lágrima dos vencidos
Não se chora nunca mais
Não se chora nunca mais
Nos campos meridionais

Pilchas

Pilchas
(Luiz de Martino Coronel, Airton Pimentel)

Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas
Não pensem que são pirilampos estas estrelas lá fora
É a lua clara dos campos refletida nas esporas

Se uso vincha na testa é pra ver o mundo mais claro
Não vendo o mundo por frestas lhe posso fazer reparos
Sem cinturão com guaiaca me sinto quase que em pelo
Quando meu laço desata sou carretel de novelo

Da bodega levo um trago pra matar a minha sede
Meu chapéu de aba quebrada beija santo de parede

Atirei as boleadeiras contra a noite que surgia
Noite adentro entre as estrelas se tornaram Três Marias

Mate de Esperança

Mate de Esperança
(Francisco Castilhos, Albino Manique)

Eu vou cevar um mate gordo de esperança
Com a erva verde do verde do teu olhar
Tomar um trago bem graúdo
E preparar tudo
Para te esperar

E o meu rancho que era escuro de saudade
Eu vou fazer uma pintura de alegria
Para te impressionar e te agradar
Se tu voltar guria

Eu fiz promessa pro negrinho
Eu fiz promessa pro negro do pastoreio
Levei fumo em rama e um gole de canha
Como oferenda
Só para ele me ajudar
Só pra ele me ajudar a encontrar um meio
E um laço forte pra que eu te prenda, prenda

Oh!oh!oh!
E então sem mágoa
Posso até sentir o que virá depois
Oh!oh!oh!
Vou esquentar a água e feliz servir
Um mate pra nós dois.