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Onde O Cantor Expõe As Razões Do Seu Canto

Onde O Cantor Expõe As Razões Do Seu Canto
(Mário Barbará, Sérgio Napp)

Por esse homem nos olhos de quem as estrelas fazem chão
E em cujas mãos há uma força tamanha que ninguém adivinha
Por este homem claro de céu, resto de verde, berro de boi
Pitangas colhidas na festa da vida, carícia de campos cobertos de trigo
Por este homem, pampa, milongas e rio é que faço meu canto

E sendo cantar meu ofício, e nada tendo além desta voz
Que se ouça meu canto, que se ouça meu canto
Cravo cravado em clara garganta, sangra sangrando campina e barranca
Ferra ferrando, inventa alegrias nas cordas do coração
Nas cordas do coração, nas cordas do coração

Baile De Candieiro


Baile De Candieiro
(Sergio Napp, Albino Manique)

Camisa branca lenço colorado
E uma bota nova e calça de riscado
Pelos cabelos muita brilhantina
Que tem bate coxa no salão da esquina

E vou chegando meio ressabiado
Pelo lusco-fusco deste candieiro
E no entreveiro busco a tal morena
Por quem me deixei assim enfeitiçado

E já nos tocamos pro meio do baile
E mais uma volta e uma volta e meia
Toca mais um xote mais uma vaneira
Que eu mostro o meu valor

E eu me apeio pelo seu cangote
E o seu perfume me deixando tonto
Mais uma volteada que eu não abro mão
De quem é o meu amor

Ai, meu candieiro
Se apagas teu lume agora
Eu pego esta flor de morena
Encilho o meu pingo e me vou mundo afora

Milonga Da Saudade

Milonga Da Saudade
(Pery Souza, Sérgio Napp)

A saudade quando aperta o seu cerco
Não avisa
Chega sempre de surpresa
Se debate o coração apaixonado
Mas não larga, a saudade
Sua presa.

Os apitos são avisos de partida
Chora o vento
Chora o rio de encontro as pedras
Só não chora quem secou-se por primeiro.

Quem a vê assim parada e tão triste
Olhos secos
A esperar quem não virá
Não entende que o amor é uma sina
Alucina
E faz ver onde não há.

Quando o sol se esconde
E ao porto chega enfim a calmaria
Mesmo então as aves fogem assustadas
Ao ouvirem o gemido da saudade.

Intérprete: Shana Muller


Desgarrados

Desgarrados
(Mário Barbará, Sérgio Napp)

Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital

Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

Cevavam mate,sorriso franco, palheiro aceso
Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, oque vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será