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Chasque Pra Dom Munhoz


Chasque Pra Dom Munhoz
(Gaspar Machado, Airton Pimentel)

Amigo Élbio Munhoz meu chasque não tem floreio
Eu uso bombacha larga e um chapéu de um metro e meio
Botas de garrão de potro laço, pealo e gineteio
E me sustento pachola na serventia do arreio

Por voltas que a vida faz para açoitar um cristão
Ando cortado dos trocos freio e pelego na mão
Sem um cavalo de lei pra visitar meu rincão
O nosso caiboaté é grande e guardo no coração

A tia Maria me disse que tua tropilha é de lei
E o José Rodrigues ramos confirmou quando eu pensei
Em te pedir um cavalo nesses versos que eu criei
Pra cantar em São Gabriel querência que eu sempre amei

Entrega pro tio Adil lá na costa do lajeado
E diz pra Anilde e a Silvinha que eu chegarei afogado
Num borrachão de saudade do tamanho do meu pago
E a negra Juci que espere com chimarrão bem cevado

Dom Élbio guarde consigo que um dia arranco do peito
E pago esta obrigação que me deixa satisfeito
E o pelo é da tua conta baio ou rosilho eu aceito
Que o velho Moacir Cabral me fez assim por direito

De Como Cantar Um Flete


De Como Cantar Um Flete
(Lucio Yanel , Gaspar Machado)

Nesta folga domingueira
Trancei um buçal de estouro
Pra amanunsiar a meu modo
Esta beleza de mouro

Lonqueando tentos cantava
Minha própria confidência
Pra fazer deste cavalo
O melhor desta querência

Um bocal de tamanduá
Lombilho, cincha e carona
E aquele entono de quebra
Pra levantar a sia dona

Quem doma sabe o valor
De um flete manso e ordeiro
Valente e doce de boca
Para um aparte campeiro

Pelo fiador do buçal
E ao meu santo protetor
Este cavalo de lei
É a alma do domador

O valor de sua raça
Semeará aos quatro ventos
Co'a força do seu estado
A bate cola dos tentos

E o Rio Grande que de longe
Vem montado neste embalo
Será grato a vida inteira
Às patas deste cavalo

Aos Domingos

Aos Domingos
(Gaspar Machado, Walther Morais)

Domingo de manhãzinha
Sento os recaus no gateado
De crina e casco aparado
O mundo é tudo o que eu quero
Meu pala branco de seda
Bota negra reluzenta
E uma bombacha cinzenta
De tudo que mais venero

Eu boto o pé no estribo
E o flete campeia a volta
Já com luzeiro de escolta
Unido à luz da boiadeira
E o brilho da feiticeira
Se corta no campo afora
Com a serenata da espora
Pra uma canção estradeira

Esta vida a gente leva
Nos encontros do cavalo
Pechando e botando pealo
Coisas que faço me rindo
Do bagual eu faço um pingo
Pra um andejar de aragano
Que não tem dias do ano
Mais belos do que os domingos

Pelo caminho se vai
Ao potreiro dos olhos dela
Sogueiros de sentinela
No lombo das sesmarias
Clareando as barras do dia
Encilho com a liberdade
E cabresteio a saudade
Pra tironear judiaria

Ao se cantar uma flor
O sentimento é dobrado
Troca orelha o meu gateado
Que inté nem toca no pasto
E o vocabulário gasto
Ensaia o que é de dizer
As coisas do bem querer
Pra garupa do meu basto.