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SAUDADE, TEMPO E LEMBRANÇA


TÍTULO
SAUDADE, TEMPO E LEMBRANÇA
COMPOSITORES
LETRA
BELMIRO PEREIRA
MÚSICA
LUIZ CARDOSO
INTÉRPRETE
ROBLEDO MARTINS
RITMO
MILONGA
CD/LP
20ª TERTULIA MUSICAL NATIVISTA
FESTIVAL
20ª TERTULIA MUSICAL NATIVISTA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES

SAUDADE, TEMPO E LEMBRANÇA
(Belmiro Pereira, Luiz Cardoso)

Qual um reponte de nuvens, costeando o rumo do vento,
Assim tranqueia o destino pelas mãos duras do tempo.
A vida é tropa que marcha, ruminando os dissabores
De sonhos que desgarraram nas curvas dos corredores.

O tempo é estrada comprida sem ter atalho nem volta,
É feito cusco lebreiro que aperta, boca e não solta.
A vida é estouro de tropa que não sabe aonde vai,
Que pensa em ganhar o mundo e além da cerca não sai

Saudade é alma ferida
Que nem o tempo maneia
Se o tempo é o jugo da vida
Lembrança é o tempo que apeia

O tempo, qual um carancho, traz sua sina nas asas!
Lembrança, um potro sogueiro, rondando a volta das casas.
Na cancha incerta da vida, o tempo ganha de mão.
Saudade é vento, rangendo nas frinchas do coração.

Nada se leva da vida, saudades ficam com alguém,
Mas que o tempo implacável um dia leva também.
Deter o tempo é ilusão, é sonho que não se alcança
E assim a vida se faz...saudade, tempo e lembrança



FICOU DE A PÉ O CAPATAZ

Título
FICOU DE A PÉ O CAPATAZ
Compositores
LETRA
RODRIGO BARRETO
MÚSICA
ROBLEDO MARTINS
EVERSON MARÉ
Intérpretes
MATHEUS LEAL
ITA CUNHA
Ritmo

CD/LP
8ª GALPONEIRA
Festival
8ª GALPONEIRA
Declamador

Amadrinhador

Premiações


FICOU DE A PÉ O CAPATAZ
(Rodrigo Barreto, Robledo Martins, Everson Maré)

Até parece que o mundo
Desaba num tempo feio
Rumor de pata e relincho
E rédea partindo ao meio
Uma zaina malacara
Lá na porteira do passo
Deixou “de a pé” o Nicássio
E disparou com os arreios

Mas o amigo Nicássio
Há muitos dias na estância
Tinha sua alma inquieta
Mais uma tropa de ânsia
Pôs atenção no palheiro
E não teve o que fazer
Ao ver a zaina correr
Ganhando campo e distância

O cavalo me diz coisas
Até mesmo disparando,
O som de casco no chão
No meu ouvido ecoando.
É minuano que sopra
E vem no couro calando,
É tal guitarra campeira
Em polca se desmanchando.

Eu me criei escutando
Daquele mais “escolado”
Pingo que pisa na “rédea”
Da boca tá estragado.
Por isso ao bolear a perna
Seja em porteira ou picada
Garantir sempre a pisada...
Trazer o “calo” agarrado!

E bate laço na anca,
Dobra os “pelego” pra trás
Rompeu barbela de freio
Ficou “de a pé” o capataz
Naquele tropel de casco
Tragou terreno a malina
Fica a espelhar na retina
O vulto que se desfaz.


A Paixão De Maria Clara

A Paixão De Maria Clara
(Marcelo D’Ávila, Nilton Junior da Silveira)

Corriam os anos de sangue e degola
Nas lutas mais brutas que o Sul conheceu
E nesse entrevero de morte e tristeza
Em tempos de guerra, o amor floresceu.

A Santa Maria da Boca do Monte -
De federalistas e republicanos –
Foi palco da história de sonho e poesia
De Maria Clara e Júlio Bozano.

O amor é uma planta que exige cuidados,
Que nasce semente e em flor desabrocha;
Assim foi a vida de entrega e paixão
De Maria Clara Mariano da Rocha

Mas a realidade prepara armadilhas
E a guerra não poupa heróis nem amantes:
No tiro certeiro da mão assassina
O jovem Bozano tombou, cambaleante.

A morte maleva cumpriu seu mandado
E o flete do tempo, impassível, passou,
E Maria Clara, fiel ao amado,
Num luto eterno jamais se casou.

O amor é uma planta que exige cuidados,
Que nasce semente e em flor desabrocha;
Assim foi a vida de entrega e paixão
De Maria Clara Mariano da Rocha

A dor e a tristeza tornaram-se força
E a moça buscou por um novo ideal
Nos bancos e livros da universidade
Formando-se médica na capital.

E Maria Clara, agora doutora,
Seguindo sua sina de amor e esperança,
Viveu a cuidar de outras Marias,
Marias-meninas, Marias-crianças.


Intérprete: Maria Helena Anversa, Robledo Martins


Eu Sou A Voz

Eu Sou A Voz
(Juca Moraes, Nilton Junior Da Silveira)

Eu sou a voz destes poetas delirantes
Eu canto os seus delírios do viver
Também viajo nos seus barcos sem amor
Eu mostro a dor que eles temiam esconder

Sou eu a flor que eles temiam não colher
Por entender que o bem-me-quer não lhe quer mais,
Eu sou a paz dos seus dias infelizes
E as cicatrizes das suas chagas naturais...

Sou eu, o palco, o microfone e a plateia
Eu sou a estréia pra esta dor se derramar
Eu abro o peito pra cantar a odisseia
Que nada é sem a magia de um cantar...

Eu canto a cor do poeta em seus escuros
Sou eu que juro entender sua dor
Me faço amor, mesmo que ame sem querer
É só saber que ele sofre deste amor.

Sou eu cantora que me finjo não chorar
Nem me importar com a dor que eles sentem
Mas se eles mentem que essa dor pode passar
Eu vou chorar cantando a dor que eles mentem


Intérpretes: Robledo Martins, Maria Helena Anversa

Trindade

Trindade
(Gilberto Trindade, Nirion Machado)

O velho é molde ancestral que vem de boa semente,
Cruzou um tempo inclemente de rédeas firmes na mão,
Fez pátria e revolução charlando um pampa dialeto,
E ensinou filhos e netos semear amor no seu chão.

O outro é de um tempo novo e traz figura mais branda,
Mas no olhar a mesma gana de quem cumpriu a missão,
Por ser templado em galpão na velha forja do pampa,
Carrega o campo na estampa e os sonhos no coração.

O moço é mescla dos dois pisando nos mesmos rastros,
Com a coronilha dos braços vai estampando no chão,
A sangue, suor e paixão e uns arroubos de vaidades,
O armorial desta Trindade que faz do campo a razão.

O Filho, o Pai e o Avô, três tentos de um mesmo laço,
Cerzidos no mesmo abraço que a mão da vida trançou,
Sem galardões de doutor, mas honras de resistências,
Vão semeando na querência seus sonhos de paz e amor.

Os três conservam rituais, tisnados no breu dos anos,
A poeira, chuva e minuanos, para legar aos demais,
Pois sabem que a alma se vai e a matéria vira pó,
Mas o que ensinam os avós, a qualquer tempo resiste,
Nesta Trindade que existe, na vida de todos nós!



Intérprete: Robledo Martins, Adair de Freitas, Cristiano Fantinel


Legado De Pai

Legado De Pai
(Carlos Roberto Hahn, Nílton Júnior da Silveira)

Meu filho, eu te digo, que nem sempre eu ligo
Pra o que falam de mim
Sei que, às vezes, a canha na razão se entranha
E eu me perco de mim

Por certo que a changa é somente uma canga
E em nada me adoça
Sou quase um bicho carregando o lixo
Nos varais da carroça

É o que cabe pra mim, e nunca vai ter fim
Carregar o imundo
Quem já foi bom domador, ter que sentir a dor
De servir de matungo

Aprendi que ser bom, bem mais que um dom
É o dever de um homem
Inda que ronde o rancho, como se fosse um carancho
O fantasma da fome

Não me ponho tristonho de saber que meu sonho
Não vai se realizar
Não me vêm dissabores, pois tenho valores
Pra poder te mostrar

Não deixei de te amar e o melhor quis te dar
Sem medir meu suor
Mesmo andando em pobreza, eu tenho plena certeza
De que fiz meu melhor

Bem sei que falta o pão e me dói o coração
Não poder te dar mais
Mas eu tenho a certeza de que em nossa mesa
Não faltou amor de pai

Cuando El Amor Muere En El Alma

Cuando El Amor Muere En El Alma
(Martim César Gonçalves, Paulo Timm)

La nube gris en tu mirada
Hablaba más que mil palabras
No hacía falta oír tu voz
Diciéndome un triste adiós

Cuando el amor muere en el alma
La vida te pide perdón
No hay un lucero en el alba
El día llega sin el sol

¿Cómo olvidar...
No recordar más nuestro ayer
Decir, al fin, que ese dolor
No habita más mi corazón?
¿Cómo aceptar...
Que la primavera ya se fué
Y está el jardín sin una flor
Porque el amor se marchitó?

Del fuego ardiente en tu sonrisa
Sólo quedaron las cenizas
De aquellos años de ilusión
Quizás tan sólo una canción

Cuando el amor muere en el alma
El tiempo pasa sin razón
Se quedan mudas las guitarras
No hay más luna en tu balcón


Silêncio e Pedra

Silêncio e Pedra
(Lisandro Amaral, Aluísio Rockembach)

Silêncio e pedra, molho a alma qual o rio
Canoa e remo, misterioso igual tajã,
Temendo as chuvas, pesco aos olhos veraneiros
De um céu inteiro, que reflete o Camaquã

Andei no tempo igual as águas, nada mais
Por tempo sei que os meus silêncios pensadores
Igual a tantos que remando anoiteceram
Silêncio e pedra um tanto mais que pescadores

Alma e rio, dorme o cio de quem passou
Junto a barranca que me viu, silêncio e medo
Alma em cio, sabe o rio que em mim plantou
Água e vida que se escapam pelos dedos.

Silencio e pedra, molho a vida em meio ao rio
Remo e canoa, mais alerta que um tajã
Temendo os ventos, sonho aos olhos veraneiros
De um mundo inteiro, que remei no Camaquã

Andei no tempo igual as águas, nada mais
Por tempo sei que os meus silêncios pensadores
Igual a tantos que remando anoiteceram
Silêncio e pedra um tanto mais que pescadores

Alma e rio, dorme o cio de quem passou
Junto a barranca que me viu, silêncio e medo
Alma em cio, sabe o rio que em mim plantou
Água e vida que se escapam pelos dedos.


De Flor Em Flor

De Flor Em Flor
(Adão Quevedo, Danilo Kuhn)

Pequenino beija-flor
Na vidraça da janela,
Trouxe um recado de amor
Doce feito os beijos dela.

Em resposta mando outro
Em plumas, ventos e céu,
Diga a ela o quanto sofro
Sem os seus lábios de mel.

Beija-flor, leva ligeiro
Um chasque pro meu amor.
Deus te fez mensageiro
Pra voar de flor em flor.

A distância é quase nada
Se a alma for vizinha.
Meus olhos rondam e estrada,
Saudade é erva daninha.

Pra que viver tão sozinho,
Trancado na solidão?
Diga para o meu benzinho:
- A vida anda sem razão.

Beija-flor, leva ligeiro
Um chasque pro meu amor.
Deus te fez mensageiro
Pra voar de flor em flor.


Amanhecer De Milonga

Amanhecer De Milonga
(Danilo Kuhn)

A milonga, em sua aurora,
Abre as cortinas da noite;
Vislumbra a pampa, lá fora,
Da janela do horizonte.

A milonga amanhece
Tão sonora e luzidia...
Como se fosse uma prece
Abençoa as sesmarias.

Milonga do amanhecer,
Traz, pra alma, claridade.
O sol que nasce na pampa
Chega na hora do mate.

A milonga, já desperta,
Num instante se faz dia;
É quero-quero em alerta
No topo de uma coxilha.

A milonga, em plenitude,
É o dia que se prolonga.
Há, no espelho do açude,
Distraída, uma milonga...

Milonga do amanhecer,
Traz, pra alma, claridade.
O sol que nasce na pampa
Chega na hora do mate.


Romance Em Estiagem

Romance Em Estiagem
(Danilo Kuhn)

A vida, cá na campanha,
Andava meio sisuda.
Coração feito cacimba
Esperando água da chuva.

Um dia encilhei o pingo
Que restara desta seca
E me fui bebendo estrada
Entre nuvens de poeira.

Perdido, entre a paisagem,
Um par de olhos castanhos...
Chuvarada na campanha!
– Foi-se embora a estiagem –.

Na porteira da fazenda
O meu peito descobriu
Que o olhar daquela prenda
Era de inundar estio.

Coração foi na corrente
Das corredeiras do rio...
O amor se fez enchente
Neste peito tão vazio.

No entanto, tamanho encanto
Num instante se desfez
E o rio tornou-se pranto...
– De tristeza, me afoguei –.

A prenda de olhos castanhos
Não me deu seu coração
E eu, aos poucos, fui secando...
– Vi meus olhos rasos d´água –.

Me fui voltando “pras casa”,
A galope, no meu pingo
Que o sol forte da campanha
Já levou em seu estio...

Inda lembro da fazenda,
Das corredeiras do rio
E do olhar daquela prenda
Que era de inundar estio.

Hoje vago nas paragens
Remoendo a solidão
De um romance em estiagem
Que secou meu coração.


Vidalera de Cismas

Vidalera de Cismas
(Xirú Antunes, Robledo Martins)

Se perguntarem de onde venho
Venho rastreando a historia
Repisando trajetórias
Com geografias e ventos
E a mim me agradam os argumentos
Que os pajonais oferecem
Missais que fulguram preces
Desfiadas no entardecer
Então eu começo a entender
As cismas que me aparecem

Vidala das minhas cismas
Aroma dos meus recuerdos
Consciência que carrego
Redescobrindo argumentos

Eu tenho um coração
Que já vem de casta antiga
Um coração fogoneiro
Arabesco e cantor

Da terra branca dos mouros
Aos verdes continentinos
Meu coração vidalero
Meu coração payador

Meu coração é de barro
De luas madeiras e sonhos
Mesmo céu destas fronteiras
Pó das varridas dos ranchos

Coração americano
De Guevara a Martin Fierro
De Neruda ao Caetano
O profeta missioneiro

Coração que bate forte
Pulsando as ânsias da terra
No peito de um teatino
Meu coração é um poeta

Por mais que ande buscando
Um lugar onde parar
Alguém de olhos cativos
Um cativeiro no olhar

Meu coração guarany
Não se cansa de cismar
Já sabe que seu destino
É andar cantar e sonhar

Vidala das minhas cismas
Aroma dos meus recuerdos


Sinceridade

Sinceridade
(Rômulo Chaves, Everson Maré)

Porque afirmar opinião
...Quando o coração fala noutro sentido
Só sei que o sentimento
Na estrada do tempo anda meio escondido

Então lá dentro do peito
Se mostra com jeito a flor da verdade
E a alma acorda seu dia
No sol que irradia a sinceridade

Não basta ser falante
Ou sempre confiante pra ter boa imagem
Palavreado bonito ou a força dos gritos
Nem sempre é coragem

Há que entender pela vida
A exata medida da paz que é tão boa
Na sinceridade da luz que guia e conduz
Os rumos de uma pessoa

Quero sorrir com vontade
Chorar de saudade do jeito que for
Olho no olho ao falar pra poder enxergar
Na palavra o valor
Ser quando em silêncio
Naquilo que penso sincero comigo
Na consciência a leveza
Estampando a clareza nas coisas que digo

Assim vou mais além
Na jornada do bem que é sempre sincera
Não quero chegar ao fim
Perdido de mim numa alma tapera

Um homem mostra quem é
No rastro dos pés atitudes e gestos
Pois é sinal de grandeza
Escolher com certeza o justo e o certo

Sincero eu quero andar
Para encontrar o melhor dos caminhos
Meu coração vem dizer que amar e viver
Não se aprende sozinho

Enquanto o tempo me abraça
E a vida passa ao longo dos anos
Sigo buscando abrigo na força de amigos
Na gente que amo



A Querência É Residente


A Querência É Residente
(Vaine Darde, João Bosco Ayala)

Não penses que a querância te abandona
No momento em que te ausentas
A querência te acompanha
E vestida de saudade,
Na distância se apresenta

Pois sempre quando a gente vive fora
O coração não se acostuma
Nem percebe que por dentro
Quanto mais o tempo passa
A querência se avoluma

Onde somos passageiros,
A querência é residente
A querência é a existência
Do pampa dentro da gente

A querência muito mais que geografia
É sentimento crescente
A gente se ausenta dela
Porém percebe que ela
Fica morando na gente.

Toda vez que alguém se vai
Pra fazer itinerário
A querência se expande
E onde quer que se ande
Ela impõe seu território.

Serra do Passarinho

Serra do Passarinho
(Delci Oliveira, Robledo Martins)

Depois do grande dilúvio, no pampa emergiram cerros
E algumas aves viageiras vieram como sinuelos
Das sementes que traziam para espalhar no caminho
Nasceram as coronilhas na Serra do Passarinho

A coronilha foi boa para abrigar os seus ninhos
Entre as rolagens de sombra e a proteção dos espinhos
Vieram orquestra de cantos na manhã de brandas brumas
Que vinha acordar a serra para enfeita-la de plumas

No fim do Século XX, como figuras no espaço
Surgiram aves de fogo com grandes bicos de aço
Nas asas tinham veneno e as garras eram gaiolas
Para os pássaros cantores e os de plumagem formosa

O verde virou coivara coberta de cinza e pó
Na última coronilha ficou um pássaro só
E o pampa acordava triste ouvindo um canto sozinho
Na última coronilha da Serra do Passarinho