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ESTRELAS PARCEIRAS

 

TÍTULO

ESTRELAS PARCEIRAS

COMPOSITORES

LETRA

GILBERTO TRINDADE

MÚSICA

JULIANO JAVOSKI

INTÉRPRETE

JULIANO JAVOSKI

RITMO

VALSA

CD/LP

09º CANTO MISSIONEIRO

FESTIVAL

09º CANTO MISSIONEIRO

PREMIAÇÃO

 


ESTRELAS PARCEIRAS
(Gilberto Trindade, Juliano Javoski)

Sempre que parto levo um lume no olhar
Porque seu brilho ilumina meus caminhos
Dois olhos negros reluzindo qual estrelas
Que são parceiras na sina de andar sozinho

Longe do pago trago o campo nas retinas
Pra que não faltem vagalumes nas canções
Pois quem alinha o seu norte nas estrelas
Traz luz pra alma com suas próprias ilusões

Se acaso o tempo não vier fazer agrado
No breu das noites em que o céu foge do olhar
Levo uma estrela na testa do meu cavalo
A melhor guia para um sonho de chegar

Pra quem reparte a claridade pela estrada
Na estrela Dalva busca o rumo e empresta luz
Por isso eu faço do seu lume uma baliza
Se algum mistério enfeita a noite e me seduz

De tanto andar guiando sonhos no escuro
Meus olhos veêm numa estrela o seu valor
Pois quem da lua faz sua musa na canção
Traz sol pra alma quando falta a luz do amor

NEGRO PAMPA

Título
NEGRO PAMPA
Compositores
LETRA
GILBERTO TRINDADE
MÚSICA
ZULMAR BENITEZ
Intérprete
JOÃO QUINTANA E GRUPO PARCERIA
Ritmo
CANDOMBE
CD/LP
16ª CASILHA DA CANÇÃO FARRAPA
Festival
16ª CASILHA DA CANÇÃO FARRAPA
Declamador

Amadrinhador

Premiações
3º LUGAR – LINHA TEMÁTICA FARROUPILHA

NEGRO PAMPA
(Gilberto Trindade, Zulmar Benitez)

Couro negro África mãe
Parindo navios negreiros
Alma crioula encharcada
Com sangue dos saladeiros

Ventas largas pés rachados
Entre as botas de garrão
Coração que traz nas veias
As marcas da escravidão

Faz vigília faz história
Sem questionar a razão
Nas virtudes de tua raça
Os sonhos de uma nação
Sangra o peito Negro Pampa
Que isso te faz um irmão

Como guias rotas crenças
E a fé nos cascos do pingo
Olhar preso na esperança
De um novo poente surgindo

A mão que bate no peito
Trovão despertando a terra
No viço da lança em riste
O campo pronto pra guerra


FIRMANDO O TUTANO

Título
FIRMANDO O TUTANO
Compositores
Gilberto (Giba) Trindade
Nirion Machado
Cristiano Fantinel
Intérpretes
Adair de Freitas
Cristiano Fantinel
Ritmo
Chamarra
CD/LP
                      23ª Tertúlia Musical Nativista
Festival
                      23ª Tertúlia Musical Nativista
Declamador

Amadrinhador


Firmando o Tutano
(GibaTrindade, Nirion Mchado, Cristiano Fantinel)

Acende o fogo, ceva o mate, meu parceiro,
Que esse costume é condição de gente amiga,
Proseada buena, mirando o dia acordar,
Enquanto a vida, enfeita o pampa de cantigas.

Encilha o pingo, é madrugada, companheiro,
Acerta o tino, que tem campo pra cuidar,
O tempo é escasso e lá pros lados castelhanos,
Tem armação e este aguaceiro vem pra cá.

Vamos de mano, ao coração desta fronteira,
Cumprindo a sorte de lutar nos mesmos pastos,
Firma o tutano, neste oficio de campeiro,
Deixe que a terra dê razão aos nossos rastros.
 
Encara a tarde, o sol que arde, companheiro
Ritual de campo onde o fronteiro se retrata,
Segue a labuta, com alma aberta dos que sabem,
Ver o valor de um bom amigo antes da “plata”.

Fim da jornada, a vida é bruta, meu parceiro,
Passa esse amargo e escuta a noite se encantar,
Outra proseada, pra exaltar lidas renhidas,
Por que amanhã tem campo e sonho pra cuidar.

Quinchador

Quinchador
(Gilberto Trindade, Volmir Coelho)

Com o fio do aço separa o santo capim das touceiras,
Pra forjar mais uma quincha, no coração da fronteira.
Passa a foice Quinchador, que os feixes vão se atilhando,
Tem goteiras no galpão e o inverno vem galopando.

Mais um dia de empreitada pelo chircal dos varzedos,
Lidando com o Santafé e ardidos talhos nos dedos.
Na estância o patrão espera, pelas mãos do Quinchador
Que empresta o suor da labuta, pra terra regar sua flor.

Cimbrando o braço e a foice separa os sonhos da lida,
Com preces pra o capim santo, saciar suas ansias de vida,
Porque empenhou primaveras nos desvarios das riquezas,
Sem quinchar o próprio rancho, pra não faltar pão na mesa.

Traz pra perto o arrastão, que a noite vem de carancho,
São mais uns pilas no bolso e cara alegre em seu rancho,
Acorda junto com os galos, pois catre não paga a canha,
E o patrão por satisfeito é mais um amigo que ganha!

Com o ponteador de taquara, prende esperança ao capim,
Trançando orações no arame, pra o oficio nunca ter fim,
Pois de galpão em galpão, na benção de suas cumeeiras,
Criou seus filhos e calos, com a mesma templa campeira.


Intérprete: Volmir Coelho

Entre O Jarau E As Missões

Entre O Jarau E As Missões
(Gilberto Trindade, Halber Lopes)

Reconheci pela estampa e o jeito que se entronava
Num ruano cola atada montaria de ginete
Tocava a tarde por frente com o olhar no horizonte
Toureando a boca da noite pra pousar no Alegrete

Trazia nos seus peçuelos cheiros de sangue e fumaça
Colhidos nas arruaças por descampados pampeanos
Peleando contra tiranos campeando melhores dias
Junto ao negro Malaquias parceiro de muitos anos

Carregava no semblante a intrepidez dos baguais
E cargas de tropas rivais refletidas na retinas
Vinha com nó pelas crinas e riscado a ponta de lança
Repontando suas lembranças de fuzarcas correntinas

Além da adaga e do trinta trazia a gaita nos tentos
Companheira de talento nos bochinchos de galpões
Um pala roto a tirões de minuano e balaços
E um ruano batendo cascos na direção da Missões

Crioulo esteio pampeano criado em palcos de guerra
Juca Ruivo alma de terra mais arisco que Urutau
Que o Jayme Caetano Braun afirmou que nnao é lenda
Pois nasceu por encomenda nas quebradas do Jarau



Intérprete: Ramão Missioneiro

Trindade

Trindade
(Gilberto Trindade, Nirion Machado)

O velho é molde ancestral que vem de boa semente,
Cruzou um tempo inclemente de rédeas firmes na mão,
Fez pátria e revolução charlando um pampa dialeto,
E ensinou filhos e netos semear amor no seu chão.

O outro é de um tempo novo e traz figura mais branda,
Mas no olhar a mesma gana de quem cumpriu a missão,
Por ser templado em galpão na velha forja do pampa,
Carrega o campo na estampa e os sonhos no coração.

O moço é mescla dos dois pisando nos mesmos rastros,
Com a coronilha dos braços vai estampando no chão,
A sangue, suor e paixão e uns arroubos de vaidades,
O armorial desta Trindade que faz do campo a razão.

O Filho, o Pai e o Avô, três tentos de um mesmo laço,
Cerzidos no mesmo abraço que a mão da vida trançou,
Sem galardões de doutor, mas honras de resistências,
Vão semeando na querência seus sonhos de paz e amor.

Os três conservam rituais, tisnados no breu dos anos,
A poeira, chuva e minuanos, para legar aos demais,
Pois sabem que a alma se vai e a matéria vira pó,
Mas o que ensinam os avós, a qualquer tempo resiste,
Nesta Trindade que existe, na vida de todos nós!



Intérprete: Robledo Martins, Adair de Freitas, Cristiano Fantinel


Quando Um Mate Traz Saudades

Quando Um Mate Traz Saudades
(Gilberto Trindade, Volmir Coelho)

Há muito trago guardadas, imagens vivas no peito,
Que destravam sentimentos quando mateio saudades,
Me levando tempo afora, por emotivas lembranças,
Onde deixei minha infância brincando na mocidade.

Tem tanta coisa bonita nesses rincões que visito
Que a cada gole sorvido, solto um sonho da prisão,
Revendo ternos olhares entre agruras e alegrias,
Quando eu passo pelos dias, das proseadas no galpão.

Precisa luz da ciência para explicar o que habita,
Nas imagens escondidas dos rincões de todos nós,
Que furtivas vem a tona, pelos remansos da alma,
Quando nossas horas calmas, fazem lembrar dos avós!

Neste mundo onde me encontro com diletos corações,
Tem conflitos e ilusões, mas também muito carinho,
Com ancestrais reunidos mateando nas madrugadas,
De uma fraterna morada onde o amor tinha seu ninho.

Tem o calor dos abraços, nessas imagens que trago,
Algum tombo mais amargo e sonhos vagando ao léu,
E um gosto de benquerença, nos gestos pulsando a vida,
De velhas mãos estendidas, qual escadas para o céu.


Intérprete: Volmir Coelho

O Poder Da Palavra

O Poder Da Palavra
(Dilamar Costenaro, Gilberto Trindade, Xuxu Nunes)

No princípio era o verbo, e o verbo era com Deus,
Que à Sua semelhança, fez o homem, filho Seu.
A história ganhou começo, da palavra proferida,
E a voz tornou-se oração na fé que alicerça a vida.

Quando o silêncio se rompe esse dom se profetiza...
Balizando o bem e o mal, com igual peso e medida,
O tempo que nunca mente sabe medir a opinião,
E aos poucos vai demonstrando ser o senhor da razão.

Cada dito tem seu preço, na equação da sentença,
Embora cada consciência saiba aquilo que fala...
Ninguém cobre com o pala mentira e falsidade!
Pois no íntimo a verdade tem voz e jamais se cala!

O homem refaz caminhos e retempera sua conduta,
E a vida ensina silente, que aprende mais quem escuta.
Pois o silêncio é a razão que se cala à sua vontade,
Sem precisar falar nada sempre revela a verdade.

O sentido da palavra mede o valor que ela tem,
Falando quando é preciso, e ouvindo quando convém.
A fala em sua essência pede coerência e calma,
Pra virtude de quem ouve alimentar sua alma.


O Vai E Vem Do Verso

O Vai E Vem Do Verso
(Gilberto Trindade, Volmir Coelho)

Meu verso vem dos escampos
Rangindo basto e carona
Pra se benzer no galpão
Com o chiado da cambona
Vem da grota onde o cardeal
Por cantor afina o canto
Saudando a luz das estrelas
Que a noite tece no manto
Vive agarrado na quincha
Junto ao breu do picumã
E canta nas madrugadas
Pra acordar o sol da manhã

Não empresto esse meu verso
Pois ele e tudo que tenho
Vivo dele e ele de mim
Toureando os mesmos anseios
E só pra quem sabe escutar
A gente salta do arreio

Meu verso vem rédea solta
Qual o cantar das cigarras
Pampa adentro e tempo afora
Nas notas da minha guitarra
Vem das páginas da história
Na sombra do meu cavalo
Cantando as dores e amores
Do coração do meu pago
E se um dia perder o entono
Pras garras da evolução
Eu boto a alma na estrada
Pra campear outra missão


Cruzando A Vida

Cruzando A Vida
(Gilberto Trindade, Cristiano Fantinel)

Vivo o meu tempo risonho
Entre o viço das lembranças
Que os ancestrais campeadores
Me legaram como herança
Pra ir cruzando esta vida
De a cavalo na esperança

Não sigo rasto dos outros
Quem faz meu rumo sou eu
E deste jeito passo adiante
Tudo o que o mundo me deu
Porque na vida só ensina
Quem nela muito aprendeu

Se a visão dos horizonte
É um convite pra andejar
As raízes na querência
São minhas razões pra voltar
Pois essa pampa é um regalo
Pra aquele que sabe olhar

De tanto enfrenar anseios
Trago a alma basteriada
E os sonhos de piá já gastos
Pela rudez das jornadas
Buscando sorte e carinhos
Para enfeitar minha estrada

E assim vou cruzando a vida
E a vida cruza por mim
Botando espinhos nas trilhas
E flores no meu jardim
Pra que eu saiba a diferença
Entre o que é bom e ruim

As Razões Das Argolas

As Razões Das Argolas
(Gilberto Trindade, Xuxu Nunes)

Cruzam a história gaúcha
Servindo peões e povoeiros
De aço prendem nos laços
O entono dos caborteiros
De ouro enlaçam os amores
E enfeitam dedos solteiros

O bronze que forja sinos
Templa argolas de valor
Nos aperos “de patrão”
Da prata emprestam a cor
E vendem brilho na estampa
Presas na mão do doutor

Mal comparando as argolas
São como os homens também
Na força de seus abraços
Seguram tudo o que tem
Mas nem cobertas de ouro
Prendem o coração de alguém

Amarram sonhos nos outros
E amores mundo afora
Prendem as rédeas no freio
E o tento a alma da espora
E encantam os olhos da gente
Ornando brincos de argolas

Parceiras de vida e lidas
Guardando nossos valores
Cruzam a história gaúcha
Servindo a peões e senhores
Mas jamais botaram garras
Nos sonhos dos sonhadores