Trindade
(Gilberto Trindade, Nirion Machado)
O velho é molde ancestral que vem de boa semente,
Cruzou um tempo inclemente de rédeas firmes na mão,
Fez pátria e revolução charlando um pampa dialeto,
E ensinou filhos e netos semear amor no seu chão.
O outro é de um tempo novo e traz figura mais branda,
Mas no olhar a mesma gana de quem cumpriu a missão,
Por ser templado em galpão na velha forja do pampa,
Carrega o campo na estampa e os sonhos no coração.
O moço é mescla dos dois pisando nos mesmos rastros,
Com a coronilha dos braços vai estampando no chão,
A sangue, suor e paixão e uns arroubos de vaidades,
O armorial desta Trindade que faz do campo a razão.
O Filho, o Pai e o Avô, três tentos de um mesmo laço,
Cerzidos no mesmo abraço que a mão da vida trançou,
Sem galardões de doutor, mas honras de resistências,
Vão semeando na querência seus sonhos de paz e amor.
Os três conservam rituais, tisnados no breu dos anos,
A poeira, chuva e minuanos, para legar aos demais,
Pois sabem que a alma se vai e a matéria vira pó,
Mas o que ensinam os avós, a qualquer tempo resiste,
Nesta Trindade que existe, na vida de todos nós!
Intérprete: Robledo Martins, Adair de
Freitas, Cristiano Fantinel
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