Serra do Passarinho
(Delci
Oliveira, Robledo Martins)
Depois
do grande dilúvio, no pampa emergiram cerros
E algumas
aves viageiras vieram como sinuelos
Das
sementes que traziam para espalhar no caminho
Nasceram
as coronilhas na Serra do Passarinho
A coronilha
foi boa para abrigar os seus ninhos
Entre
as rolagens de sombra e a proteção dos espinhos
Vieram
orquestra de cantos na manhã de brandas brumas
Que
vinha acordar a serra para enfeita-la de plumas
No
fim do Século XX, como figuras no espaço
Surgiram
aves de fogo com grandes bicos de aço
Nas
asas tinham veneno e as garras eram gaiolas
Para
os pássaros cantores e os de plumagem formosa
O verde
virou coivara coberta de cinza e pó
Na
última coronilha ficou um pássaro só
E o
pampa acordava triste ouvindo um canto sozinho
Na
última coronilha da Serra do Passarinho