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UM POTRO, UM PIÁ E UMA ESPERANÇA

 

TÍTULO

UM POTRO, UM PIÁ E UMA ESPERANÇA

COMPOSITORES

LETRA

ADAIR DE FREITAS

MÚSICA

ADAIR DE FREITAS

INTÉRPRETE

ADAIR DE FREITAS

RITMO

MILONGA

CD/LP

1º BALSEIROS DA CANÇÃO NATIVA

FESTIVAL

1º BALSEIROS DA CANÇÃO NATIVA

MÚSICOS

             MIGUEL DE FREITAS – CONTRABAIXO
JUAN WINITIS – VIOLÃO SOLO / VOCAL
EVERTON MEUS – VIOLÃO / VOCAL
MARCIANO REIS – GUITARRON / VOCAL

PREMIAÇÃO

 

 

Um Potro, Um Piá E Uma Esperança
(Adair de Freitas)
 
Enfim, nasceu a cria da bragada,
Um macho de bom porte e entonado
Chegou pra ver a luz da madrugada,
Talvez, para ser rei no descampado.
 
Meu filho, venha ver esse regalo
É teu esse potrinho e a partir de agora,
Os dois irão crescer para ser homem e cavalo,
Em liberdade campo a dentro, tempo a fora.
 
Um peão que se fez homem sobre os bastos
E amigo dos cavalos se tornou,
Deixou rastros profundos sobre os pastos,
E nunca da querência se afastou.
 
Conhece a luz que brilha e emociona,
Nos olhos inocentes da criança
E sabe quanto o pago se engalana
Num potro, um piá e uma esperança.
 
Meu filho agora tens um compromisso,
Fazer desse potrinho irmão de lida
E juntos aprenderem que o serviço
Alegra e enobrece nossa vida.
 
E quando amanunciado e sem rancor
Já é chegada a hora de doma-lo
Entrega teu parceiro a um domador
Desses que sabem transformar potro em cavalo.



DE GEADAS, MILONGAS E SAUDADE

Título
DE GEADAS, MILONGA E SAUDADE
Compositores
LETRA
ADAIR DE FREITAS
MÚSICA
ADAIR DE FREITAS
Intérprete
ADAIR DE FREITAS
Ritmo
MILONGA
CD/LP
22ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
Festival
22ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
Declamador

Amadrinhador

Premiações


DE GEADAS, MILONGAS E SAUDADE
(Adair De Freitas)

A madrugada não se acorda pros meus olhos
Que estão pasmados no negror da noite fria
Eu não consigo “desquinar” meus pensamentos
E nem dos galos posso ouvir a cantoria.

O que me vale é o “bichará” cardado a gosto
Que amorna o catre neste agosto que se alonga
Pra reaquecer a coração “encarangado”
Que só se acorda com acordes de milonga.

Como são largas essas noites aporreadas
E este silêncio faz rumores na minh’alma
Vem a saudade no meu rancho bater palmas
Buscando achego pra viver amanunciada.

E vou abrir pra esta gaviona companheira
Meu rancho pobre onde mora o desencanto
Esta saudade amiga antiga do meu canto
Vai ser motivo pra que eu cante a vida inteira.

A geada grande que deitou sobre a coxilha
Espera o beijo do sol quente da manhã
Pra derramar-se pelas várzeas que amanhecem
No grito alerta da garganta dos tajãs.

Logo de noite vou prender um fogo grande
Vou milonguear até que o sono então me abraçe
Pois aquecido no calor da minha guitarra
Nem geada fria esfria um canto que renasce.


FIRMANDO O TUTANO

Título
FIRMANDO O TUTANO
Compositores
Gilberto (Giba) Trindade
Nirion Machado
Cristiano Fantinel
Intérpretes
Adair de Freitas
Cristiano Fantinel
Ritmo
Chamarra
CD/LP
                      23ª Tertúlia Musical Nativista
Festival
                      23ª Tertúlia Musical Nativista
Declamador

Amadrinhador


Firmando o Tutano
(GibaTrindade, Nirion Mchado, Cristiano Fantinel)

Acende o fogo, ceva o mate, meu parceiro,
Que esse costume é condição de gente amiga,
Proseada buena, mirando o dia acordar,
Enquanto a vida, enfeita o pampa de cantigas.

Encilha o pingo, é madrugada, companheiro,
Acerta o tino, que tem campo pra cuidar,
O tempo é escasso e lá pros lados castelhanos,
Tem armação e este aguaceiro vem pra cá.

Vamos de mano, ao coração desta fronteira,
Cumprindo a sorte de lutar nos mesmos pastos,
Firma o tutano, neste oficio de campeiro,
Deixe que a terra dê razão aos nossos rastros.
 
Encara a tarde, o sol que arde, companheiro
Ritual de campo onde o fronteiro se retrata,
Segue a labuta, com alma aberta dos que sabem,
Ver o valor de um bom amigo antes da “plata”.

Fim da jornada, a vida é bruta, meu parceiro,
Passa esse amargo e escuta a noite se encantar,
Outra proseada, pra exaltar lidas renhidas,
Por que amanhã tem campo e sonho pra cuidar.

Quando Tropear É Um Ofício

Quando Tropear É Um Ofício
(Adair de Freitas)

A tropa vai ao tranco estrada à fora
Fareja o próprio rastro sem saber
Que a morte desde ontonte faz negaça
E nos caminhos que hoje passa nunca mais irá volver.

O berro, a poeira, o grito dos tropeiros
Se perdem na amplidão desses confins
E aos poucos me dou conta que o destino
Da tropa e do tropeiro é o mesmo enfim.

Criado desde piá pelas estâncias
A magia das distâncias eu sonhava decifrar
Rumbeando a estrada livre dos teatinos
Encontrei no meu destino este ofício de tropear.

Sou parte destes berros, desta poeira
Destes gritos, vida inteira, na culatra ou no fiador,
Fascínio da sonata de um cincerro
Que escutei por trás do cerro num sem fim de corredor.

Quem traz dentro da alma este xucrismo
De andar buscando a luz dos horizontes
Forjado no rigor da dura lida
Sabe que a sede de vida se mata na própria fonte.

Não teme o sol que abrasa os corredores
E o frio de uma garoa galopeada
Assim é o homem livre dos caminhos
Que um dia, por querer, se fez estrada.


Intérprete: Adair de Freitas


Trindade

Trindade
(Gilberto Trindade, Nirion Machado)

O velho é molde ancestral que vem de boa semente,
Cruzou um tempo inclemente de rédeas firmes na mão,
Fez pátria e revolução charlando um pampa dialeto,
E ensinou filhos e netos semear amor no seu chão.

O outro é de um tempo novo e traz figura mais branda,
Mas no olhar a mesma gana de quem cumpriu a missão,
Por ser templado em galpão na velha forja do pampa,
Carrega o campo na estampa e os sonhos no coração.

O moço é mescla dos dois pisando nos mesmos rastros,
Com a coronilha dos braços vai estampando no chão,
A sangue, suor e paixão e uns arroubos de vaidades,
O armorial desta Trindade que faz do campo a razão.

O Filho, o Pai e o Avô, três tentos de um mesmo laço,
Cerzidos no mesmo abraço que a mão da vida trançou,
Sem galardões de doutor, mas honras de resistências,
Vão semeando na querência seus sonhos de paz e amor.

Os três conservam rituais, tisnados no breu dos anos,
A poeira, chuva e minuanos, para legar aos demais,
Pois sabem que a alma se vai e a matéria vira pó,
Mas o que ensinam os avós, a qualquer tempo resiste,
Nesta Trindade que existe, na vida de todos nós!



Intérprete: Robledo Martins, Adair de Freitas, Cristiano Fantinel


Pra Cantar O Que A Alma Tem

Pra Cantar O Que A Alma Tem
(Marcelo D’Ávila, Robson Garcia)

Não vou cansar minha guitarra
Com milongas extraviadas
De acordes duros de boca
E versos que dizem nada.

Porque é preciso tenência
Pra cantar o que alma tem:
O verso é palavra morta
Se não disser a quê vem.

Quem canta aquilo que sente
Tem razões pra ser feliz;
Se deixo alguma semente
É porque tive raiz.

Avesso a cantos estranhos
De rimas tão diminutas
Meu verso tem a crueza
Do campo em matéria bruta.

O verso é munício da alma
Contra a prisão das encerras
Por isso faço meus versos
Com forte cheiro de terra.

Romance De Um Peão Posteiro


Romance De Um Peão Posteiro
(Adair de Freitas, Ricardo Martins)

Quando volto as casa num final de tarde,
Venho assoviando uma coplita mansa;
Meio “basteriado” pela dura lida
Mas meu coração canta de esperança.

Sei que me esperam junto da janela...
Dois olhos matreiros presos na distância
-É a dona do rancho que sai porta fora
Pra os braços rudes deste peão de estância.-

É um rancho posteiro num fundo de campo...
Meu pequeno mundo que eu mesmo fiz;
Como por encanto torna-se um palácio
Pra prenda rainha que me faz feliz.

Esta prenda linda prendeu meu destino,
Não sou mais teatino, veja o que ela fez
E ao olhar seu ventre sei com ansiedade
Que em breve no rancho, nós seremos três

Vou aumentar o rancho pois sou prevenido,
Já tenho escolhido um pingo pra o piá,
Vai ser meu parceiro pras horas de mate
Maior alegria que está não há.

Quem tem o que tenho, vai me dar razão
(De cantar alegre galopeando ao vento)
A saudade é um chasque pra mulher amada
Que me invade o peito, coração a dentro...

Cantiga Para Um Novo Mundo


Cantiga Para Um Novo Mundo
(Adair de Freitas)

Quem não tem rumo se achegue,
Que eu tenho rumo pra nós,
Na velha estrada do canto
Por onde anda minha voz.

Meu verso fez um caminho
Sem grilhões e sem amarras
E se por vezes se prende
É nas cordas da guitarra

E se por vezes se prende
É nas cordas da guitarra

Quem muda os rumos do canto
Não vai a lugar nenhum
Que a cruz do canto verdade
É peso demais pra um.

Vamos cantar companheiro
Que o campo é um facho de luz
E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

Quem canta o pago nativo
Para os irmãos do universo
É uma trincheira de guerra
Armado de canto e verso.

Sorve outro mate, parceiro,
Da seiva bugra pagã
Que há um oh de casa chegando
Na luz da nova manhã.

Que há um oh de casa chegando
Na luz da nova manhã.

Quem muda os rumos do canto
Não vai a lugar nenhum
Que a cruz do canto verdade
É peso demais pra um.

Vamos cantar companheiro
Que o campo é um facho de luz
E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz...

Inverno Pampeano

Inverno Pampeano
(Adair de Freitas)

Lá vem o Minuano açoitando as macegas
Nas frinchas do rancho um medonho assovio
O gado procura um capão pro abrigo
E o cusco parceiro tirita de frio

Na fúria dos ventos do inverno pampeano
Alambrado tinindo se torna um bordão
Que a mãe natureza dedilha sem pressa
Entoando na tarde uma triste canção

Ao pé de algum fogo se abanca o Gaúcho
Enrolado no pala pra um mate parceiro
A cuia campeira de mão vai trocando
E aquece a amizade entre rudes campeiros

Os tauras conhecem do tempo suas manhas
Se acaso na noite o Minuano cessar
Vai ter geada grande branqueando as coxilhas
Paisagem tão linda só Deus pra pintar

Inverno pampeano de opaco matiz
Do fogo campeiro clareando os galpões
É tempo em que os sonhos se tornam mais gris
E acordam lembranças de antigos verões

Mas quando o agosto se finda e nos ranchos
A vida caminha em compasso de espera
A moça bonita já sonha com o campo
Abrindo mil flores para a primavera

O inverno pampeano então se despede
Se vai correr mundo e depois voltará
Trazendo a esperança de paz entre os homens
E a luz da igualdade que um dia virá

Ao pé de algum fogo se abanca o Gaúcho
Enrolado no pala pra um mate parceiro
A cuia campeira de mão vai trocando
E aquece a amizade entre rudes campeiros

Os tauras conhecem do tempo suas manhas
Se acaso na noite o Minuano cessar
Vai ter geada grande branqueando as coxilhas
Paisagem tão linda só Deus pra pintar

Inverno pampeano de opaco matiz
Do fogo campeiro clareando os galpões
É tempo em que os sonhos se tornam mais gris
E acordam lembranças de antigos verões

Changueiro De Vida E Lida

Changueiro De Vida E Lida
(Adair de Freitas)

Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro

E assim será,
Porque haverá de ser assim a vida de um peão
Changueando a lida vida a fora sem buscar razão
Nem me interessa outro moldes se não for assim
E viverá
Porque viver sendo changueiro é tudo o que aprendeu
Sabe que as preces nada valem pra quem é ateu
Nem catecismos pra quem não tem fé.

Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro

Vou madrugar
Passar na venda, encher a mala de garupa e sair
Galope alegre rumo ao rancho pra fazer sorrir
Minha chinoca e os piazitos que esperando estão
E vou ficar
Dois ou três dias para matar essa saudade enfim
Juntar as garras e partir, pois tem que ser assim
Meu rancho é o mundo e as estradas... se nasci peão

Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro

Então irei,
Mais uma vez, pingo de tiro pelo corredor
A repassar meu próprio rastro sempre campeador
E auroras novas que iluminam o pago de onde vim
E cantarei,
Meu canto alerta terra e fogo changueador também
Com a certeza que na vida nada nem ninguém,
Há de domar o potro xucro que escarceia em mim.