Changueiro De Vida E Lida
(Adair de Freitas)
Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro
E assim será,
Porque haverá de ser assim a vida de um peão
Changueando a lida vida a fora sem buscar razão
Nem me interessa outro moldes se não for assim
E viverá
Porque viver sendo changueiro é tudo o que aprendeu
Sabe que as preces nada valem pra quem é ateu
Nem catecismos pra quem não tem fé.
Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro
Vou madrugar
Passar na venda, encher a mala de garupa e sair
Galope alegre rumo ao rancho pra fazer sorrir
Minha chinoca e os piazitos que esperando estão
E vou ficar
Dois ou três dias para matar essa saudade enfim
Juntar as garras e partir, pois tem que ser assim
Meu rancho é o mundo e as estradas... se nasci peão
Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro
Então irei,
Mais uma vez, pingo de tiro pelo corredor
A repassar meu próprio rastro sempre campeador
E auroras novas que iluminam o pago de onde vim
E cantarei,
Meu canto alerta terra e fogo changueador também
Com a certeza que na vida nada nem ninguém,
Há de domar o potro xucro que escarceia em mim.
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