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Quando Tropear É Um Ofício

Quando Tropear É Um Ofício
(Adair de Freitas)

A tropa vai ao tranco estrada à fora
Fareja o próprio rastro sem saber
Que a morte desde ontonte faz negaça
E nos caminhos que hoje passa nunca mais irá volver.

O berro, a poeira, o grito dos tropeiros
Se perdem na amplidão desses confins
E aos poucos me dou conta que o destino
Da tropa e do tropeiro é o mesmo enfim.

Criado desde piá pelas estâncias
A magia das distâncias eu sonhava decifrar
Rumbeando a estrada livre dos teatinos
Encontrei no meu destino este ofício de tropear.

Sou parte destes berros, desta poeira
Destes gritos, vida inteira, na culatra ou no fiador,
Fascínio da sonata de um cincerro
Que escutei por trás do cerro num sem fim de corredor.

Quem traz dentro da alma este xucrismo
De andar buscando a luz dos horizontes
Forjado no rigor da dura lida
Sabe que a sede de vida se mata na própria fonte.

Não teme o sol que abrasa os corredores
E o frio de uma garoa galopeada
Assim é o homem livre dos caminhos
Que um dia, por querer, se fez estrada.


Intérprete: Adair de Freitas