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ENTRE EL RIO Y EL ARENAL

Título
ENTRE EL RIO Y EL ARENAL
Compositores
LETRA
JOÃO SAMPAIO
MÚSICA
DIEGO GOULART MULLER
ERLON PERICLES
Intérprete
SHANA MULLER
Ritmo
CHAMARRITA
CD/LP
4ª ALDEIA DA MÚSICA DO MERCOSUL
Festival
4ª ALDEIA DA MÚSICA DO MERCOSUL
Declamador

Amadrinhador

Premiações


ENTRE EL RIO Y EL ARENAL
(João Sampaio, Diego Müller, Erlon Péricles)

El sol fuerte como un fuego
Arriba del naranjal
Y mi vida de paisano
Entre el rio y el arenal
Llevo un rio en mi sangre roja
Que tiempo adentro se vá
Mariscando canciones viejas
Que tengo en mi pecho avá

Soy patrón del horizonte
Resero de agua y cielo
Canto un canto cimarrón
Que aprendi con mis avuelos
Vivo lindo en mi ranchito
Yo y Diós cerca del rio
Alzando en la noche um canto
Aromado de rocio
Rio y vida, rancho y catre
Sol ardiente y naranjal
Mi sueño cayó del alma
Entre el rio y el arenal

Tengo un viejo m’baracá
Y una linda verdulera
Donde saco chamamés
Y alguna polka campera
Cuando la noche me embruja
Con perfumes de irupê
Toco algo de otros tiempos
Cantando en aváñe’é.


Geadas

Geadas
(Jayme Caetano Braun, Leonel Gomez, Márcio Rosado)

A geada é o preço que jamais desconta
Nem mesmo um real no gauderiar que entangue
Branqueia tauras e regela o sangue
Mas se derrete quando o sol desponta.

Se faz espelho no lagoão da sanga
Adoça as frutas e madura o trigo
Cinza do tempo que nos encaranga
Paguei o preço de brincar contigo.

Vai-se um ano, mais outro, não me iludo
Foram tantas lichiguanas pelegueadas
Eu sinto frio, mas apesar de tudo
O meu destino é andar quebrando geadas.

Iguais as que quebrei na juventude
Pisando vidros nas manhãs de gelo
As mesmas geadas da gamela do açude
Trago comigo esfarinhadas no cabelo.

Manta gelada que não tem fragrância
E se faz água pra morrer neblina
As geadas pretas que esmaguei na infância
Viraram cinzas pra branquear minha crina.



Intérpretes: Shana Muller, Joca Martins, Luiz Marenco


Das Esperas Na Guerra

Das Esperas Na Guerra
(Caine Teixeira Garcia)

Um mate do estrivo, um nó na garganta
A querência pampeira sonhando ideais
Dois olhos braseiros buscaram os seus
E o sol que nasceu matizou nunca mais

No tino guerreiro alçou perna e se foi
E o adeus no portal ganhou olhos de rio
Adentrou a tristeza no rancho fronteiro
Quando lá no horizonte, o centauro sumiu

Foram dias e noites de uma longa espera
Da china valente de alma aguerrida
Não podia crer que esperava em vão
Com o terço nas mãos, um milagre pedia

Lembrava do pai em seu triste destino
De formar família e erguer sua morada
Até que um dia, ao seguir os clarins
Encontrou o seu fim num campo de batalha

Soubera depois por um chasque mandado
Que a espera acabara na lança inimiga
A silhueta do amado ficou na lembrança
Para ser reencontro, quem sabe em outra vida

Restou em seu peito, amargura e saudade
E no colo a semente que o amor concebeu
No cerro um rancho e duas vidas marcadas
Pela ceifa da guerra, onde um sonho morreu

Algum tempo depois, a seguir seu legado
Viu seu filho partir e pelear por sua terra
A mulher já cansada, mirando distâncias
Cerrou olhos por fim, em sua última espera

Nosso sul se fez pátria e fronteira liberta
Pelo sangue e bravura de homens gaúchos
Mas também pela força de tantas mulheres
Que no anonimato, aguentaram o repuxo


A Uma Espora Perdida

A Uma Espora Perdida
(Gujo Teixeira, Jari Terres)

Pela mansidão, já nem faz caso o pago
Há bocais e garras a esperar a lida
Só restou saudade na parede branca
Uma espora inerte cutucando a vida.

Como que uma espora já sem presilha
Pode ser partilha de uma história assim?
Ser bem mais que o tempo que nos envelhece
E ter em seu aço o que herdei pra mim.

Quanto par de botas, quantos tauras guapos
Num fim de setembro amansando potras
Teve nos garrões esse par de puas
Que hoje anda uma sem saber da outra.

Tanta coisa muda, nesse campo largo
Que uma ausência assim tem tanto sentido
A vida nos mostra e nos ensina o tempo
Só quem teve amores pode os ter perdido.

Que coisa estranha os homens de hoje
Tenham na lembrança o imenso fascínio
Recordar seus tempos numa espora velha
Que por mal domada guardou seu domínio.

Irmã de feitio não sabe que o tempo
Nos templa a seu modo por mais que se ande
Quem sabe perdida consumiu-se a terra
Ou ande na herança de quem foi Rio Grande.

Quem sabe perdida consumiu-se a terra
Ou ande na herança de quem foi Rio Grande.

Ou ande na herança de quem foi Rio Grande.


Madrugada


Madrugada
(Edgar Acaña, Ricardo Martins)

Os fletes campeiros pastando ao luar
Refugo meu catre pra sorver nuances
Que a noite pintou na barra do dia
Quando nasce o pampa a inspirar romances.

O sol vem ao tranco no lombo de um ruano
E a noite lobuna se faz madrugada
Os mates e prosas se fazem silêncio
Emquanto se encilha, pra outra jornada.

Tinido de espora, rangido de basto
E bater de cascos se fazem poesia
Cavalos e homens se tornam centauros
Na pátria gaúcha ao raiar do dia.

Um zaino escarceia atirando o freio
Se faz haragana uma potra bragada
Que ao sentir "coscas" do laço nos tentos
Bufou contra o vento pedindo bolada.

Ritual que faz parte da vida de campo
Porém só conhece quem cedo levanta
E sai campo à fora com o sol na garupa
E trás a querência nos versos que canta



Na Ponta Dos Dedos


Na Ponta Dos Dedos
(Mauro Moraes)

Repentinamente a dor me pealou
Me molestou os olhos
Apressadamente o violão se amigou,
Foi me pedindo colo.

Cantador de vida brejeira,
Não canta besteira, nem charla em vão
Manuseia os apegos da fala
Espera volteada, alçar de função.

Cautelosamente o mal me embretou
Me desalmando o chasque
Tinha umedecido as leguas do grão,
Lavando a cor do mate.

Cancioneiro de prosa caseira
Não culpa as ovelhas dos males que tem
Faz seus versos rodeados de amigos
Educa os ouvidos no canto de alguém.

Ai, violão veiaco
Eu quase me mato te amando parceiro.
Faz de conta que nessa milonga
A vida se alonga na ponta dos dedos.

Prazerosamente o tempo amansou
Foi me sovando as botas
Veio me tenteando o lenço e o chapéu
E uns troço que se gosta.

Quisera, ter podido
Dormir a cavalo e fazer-me esquecer
Silencioso com a minha silhueta
Rondando as fronteiras do meu bem querer.

Ai, violão veiaco
Eu quase me mato te amando parceiro.
Faz de conta que nessa milonga
A vida se alonga na ponta dos dedos.

Carreira de Campo


Carreira de Campo
(Gujo Teixeira, Érlon Péricles, Ângelo Franco, Pirisca Grecco)

Era uma tarde qualquer
Volta pras casas da lida
Ia um gateado e um tordilho
Cruzando a várzea estendida.

Ia um índio no gateado
No tordilho outro campeiro
Um de pala a meia espalda
O outro de lenço e sombreiro.

Se largaram em paleteio
Que um olhar firma a carreira
desde as duas corticeiras
Até o cruzar da porteira.

É a rédea frouxa na mão
Contra uma espora segura
Quem sabe é por pataquada,
Por honra ou por rapadura.

Só sei que bem pareciam
dois tauras em disparada
uma carga de combate
Mas era só carreirada...

Hace tiempo no se via 
Uma carreira tão parelha
Era fucinho a fucinho 
Era orelha com orelha...

A várzea ficou pequena 
Pra mostrar como se faz
Uma carreira de campo 
Saltando barro pra trás.

O gateado mais ligeiro 
Que um tirambaço de bala
Cruzou o vão da porteira
Com o índio abanando o pala.

No tordilho outro balaço
Cruzou ligeiro num facho
Chapéu tapeado na aba
Mas firme no barbicacho
Quem perdeu e quem ganhou
Cruzaram assim num repente
Um diz que cruzou primeiro
O outro que ia na frente.

Milonga Da Saudade

Milonga Da Saudade
(Pery Souza, Sérgio Napp)

A saudade quando aperta o seu cerco
Não avisa
Chega sempre de surpresa
Se debate o coração apaixonado
Mas não larga, a saudade
Sua presa.

Os apitos são avisos de partida
Chora o vento
Chora o rio de encontro as pedras
Só não chora quem secou-se por primeiro.

Quem a vê assim parada e tão triste
Olhos secos
A esperar quem não virá
Não entende que o amor é uma sina
Alucina
E faz ver onde não há.

Quando o sol se esconde
E ao porto chega enfim a calmaria
Mesmo então as aves fogem assustadas
Ao ouvirem o gemido da saudade.

Intérprete: Shana Muller


Oração Do Pescador

Oração Do Pescador
(Érlon Péricles)

Chalaneiro do rio Uruguay,
Pescador do Ibirapuitã;
Pelo leito teu barco se vai,
Recorrendo espinhéis nas manhãs.

Peixe arisco que é sonho e que é pão...
Sina rude que a água abençoa,
O sustento a guiar tua mão
No balanço da tua canoa.

Linha de espera, anzol, o barco a cruzar!
Bata teu peito n’ água se precisar...

Nossa senhora dos rios
Mãe, Rainha, te proteja!
Guarda teus rumos ribeiros
E a fartura em tua mesa.

Pescador, pescador, pescador...
Em cada noite escura mais um desafio
Pescador, pescador, pescador
Destino pescador que vai descendo o rio.


Intérprete: Shana Muller

Quatro Cantos Do Planeta


Quatro Cantos Do Planeta
(Rodrigo Bauer, Ângelo Franco)
                       
São quatro irmãos, quatro tentos
De um laço sovado e forte!
Talvez os quatro elementos
Unidos no mesmo porte...
Ou mesmo a rosa-dos-ventos:
Leste, oeste, sul e norte...

...um trevo de quatro folhas
Prenunciando a própria sorte!

A sorte tem quatro faces,
Cada qual com seus atalhos!
Simbolizadas nos naipes
Pra quem conhece o baralho!
Na anca do pingo bate,
Mas volta sem atrapalho...

...a sorte anda num flete
Cola atada a quatro galhos!

São quatro vozes ouvidas
Nas estâncias, nos quintais...
Pelas várzeas estendidas,
Nas coxilhas, capitais...
Vão às vilas escondidas,
Voltam das perimetrais...

...quatro cantos do planeta
Com sotaques regionais!

Quatro pétalas contadas
Que formam um bem-me-quer...
No vento são espalhadas
Por onde o vento quiser!
Mas voltam na mesma estrada,
Cada um quando puder...

...são quatro irmãos, quatro tentos...
Três homens e uma mulher!

Eu Quero Ser Do Mundo

Eu Quero Ser Do Mundo
(Érlon Péricles, Zelito Ramos)

Eu quero ser do mundo,
Abrir porteiras.
Conhecer novas paisagens
Seguir além.
Deixo meu barco solto na correnteza
Pra buscar os caminhos que me convém.

Uma inquietude racha a tampa da caixa
Me deixa louca, me deixa solta
Beijando a boca da solidão.

Sou mais um pirilampo num céu de estrelas
Guardando a luz que vem da boieira
Pra iluminar toda a escuridão

Vem um sonho e me leva nesta viagem
Se vou contigo tenho coragem
Minha saudade vai me valer.
Pela fronteira larga do sentimento
É o meu coração que segue no vento
Nas asas leves do teu querer.

Bota o caldeirão pra ferver!
Bota o coração pra sonhar!
Quero ver quem paga pra ver
Até onde eu posso chegar.

Alma Chamamecera

Alma Chamamecera
(Érlon Péricles)

Minha alma chamamecera
Solfeja notas em assovio
E eu perco a noção das horas
Ponteando o pinho em noites de frio.

Saudades da terra boa,
Cheiro de mato, costa de rio
É a tristeza que se achega
Chaira sua faca, aumentando o fio.

Por que será que se parte?
Por quantas vezes me perguntei
Ganhei o mundão por diante
Buscando os sonhos que inventei

É preciso andejar muito
Pra descobrir o que agora sei
Coisas que tinham valor
Com o passar do tempo, hoje já não tem.

É estranho esse sentimento
De amor profundo por nosso chão
Fica guardado no peito
Bem lá no fundo do coração

E quando menos se espera
Vem desaguar na foz da emoção
Vem me sofrenando a alma
E a saudade cobra recordação.

O rio dos olhos se inunda
Sai do seu leito, campo afora vai
Levando tudo por diante
Feito as enchentes do Uruguai
Um verso amigo se achega
Pra enxugar o pranto que do rosto cai
O peito transborda mágoa
E a garganta arde num sapucay.

Ao Sopro Da Chacarera

Ao Sopro Da Chacarera

(Érlon Péricles)

Sopra um vento da Argentina
Cruzando o rio Uruguai
Atravessa a pampa inteira
Deixa marcas onde vai

Vem trazendo na garupa
Una hermosa chacarera
Canção de luta e lamento
Que vem abrindo porteiras.

Vem do norte, vem chegando
Parceira da voz do vento
Um canto de terra e gente
De sonho e de sentimento

Guitarra e bombo leguero
Mescla de sangue e raiz
Um grito de liberdade
Ecoando ao sul do país.

Sopra, sopra chacarera
Voando na imensidão
Os ventos do teu compasso
Nos conduzem pela mão

Sopra, sopra chacarera,
Alma índia em devoção
Sopro que cruza a fronteira
Bate, bate coração.

Chacarera de los vientos
Canto de alma guerreira
Vem buscando novos rumos
Novas cores de bandeira

Asi se vá con sus sueños
Enchendo de luz a pampa
É a força bugra da raça
Em cada voz que te canta.

Asi Se Va Por El Sur

Asi Se Va Por El Sur
(Érlon Péricles)

El viento viene cantando por las cañadas
Canciones de campo y rio trae en su voz
Recuerdos de vida y sueño, memórias de luna y sol
Llevando su sentimiento y su soledad
El viento cruza la pampa y guarda secretos
Campeando viejos caminos al tiempo vá.
Llegando de manso al cielo,
con la esperanza del pueblo
Llevando su sentimiento y su soledad
Y asi se va por la noche,
Y asi se va por el sur
Y asi se va por la noche
Con sus estrellas de luz.
Con sus estrellas de luz,
Asi se va por el sur
El viento lleva sus penas y su coraje
Camina con la verdad por el sendero.
Tiene tristeza en el alba
Y asi viaja com sus sueños
Y en el corazón del pueblo tiene um lucero.
El viento cruza la pampa y guarda secretos
Campeando viejos caminos, al tiempo vá.
Llegando de manso al cielo, con la esperanza del pueblo
Llevando sus sentimientos, su soledad.