Na Ponta Dos Dedos
(Mauro Moraes)
Repentinamente a dor me pealou
Me molestou os olhos
Apressadamente o violão se amigou,
Foi me pedindo colo.
Cantador de vida brejeira,
Não canta besteira, nem charla em vão
Manuseia os apegos da fala
Espera volteada, alçar de função.
Cautelosamente o mal me embretou
Me desalmando o chasque
Tinha umedecido as leguas do grão,
Lavando a cor do mate.
Cancioneiro de prosa caseira
Não culpa as ovelhas dos males que tem
Faz seus versos rodeados de amigos
Educa os ouvidos no canto de alguém.
Ai, violão veiaco
Eu quase me mato te amando parceiro.
Faz de conta que nessa milonga
A vida se alonga na ponta dos dedos.
Prazerosamente o tempo amansou
Foi me sovando as botas
Veio me tenteando o lenço e o chapéu
E uns troço que se gosta.
Quisera, ter podido
Dormir a cavalo e fazer-me esquecer
Silencioso com a minha silhueta
Rondando as fronteiras do meu bem querer.
Ai, violão veiaco
Eu quase me mato te amando parceiro.
Faz de conta que nessa milonga
A vida se alonga na ponta dos dedos.