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A LINGUAGEM DA MILONGA

Título
A LINGUAGEM DA MILONGA
Compositores
LETRA
MARCELO D’ÁVILA
MÚSICA
ROBSON GARCIA
Intérprete
DANIEL CAVALHEIRO
Ritmo
MILONGA
CD/LP
5º MOINHO DA CANÇÃO GAÚCHA
Festival
5º MOINHO DA CANÇÃO GAÚCHA
Declamador

Amadrinhador

Premiações


A LINGUAGEM DA MILONGA
(Marcelo D’Ávila, Robson Garcia)

Esses versos que eu componho
Tendo o pinho no costado
São como nesgas de sonho
Pra se sonhar acordado.

Versejo como quem planta,
Obedecendo a lição:
O trigo nasce semente
Pra só depois virar pão.

Eu canto o que o campo cala
Em seu mutismo de sombra
Há sóis na voz de quem fala
A linguagem da milonga.

Zeloso, fiz uma trança
Com as cordas do violão
E a milonga veio mansa
Lamber sal na minha mão.

Vou milongueando minhas penas
No mate do fim de tarde;
Das coisas tristes que trago
Todas elas são saudade.


O Meu Lugar

O Meu Lugar
(Caine Teixeira Garcia, Daniel Cavalheiro)

O meu lugar, não é mais meu
Pois se perdeu n’algum lugar   
Num corredor – de morte em vida –
Onde o destino é não chegar

Este lugar, que tenho agora
Não é “lá fora”, me faz penar
Alma de campo, presa a um tempo
Que em silêncio, não quer calar

Neste povoeiro, sonhos logrados
Canso cavalos na solidão
O meu lugar, hoje é passado
Sempre presente no coração

Do meu lugar, eu sou herança
Campo na estampa, sonhos no olhar
Preso num tempo - entre as estâncias
Na eterna ânsia de regressar                                   
                                              
No horizonte, poeira e mais nada
Incerta estrada prá trilhar
Um corredor – de morte em vida –
E uma porfia de não chegar

Mas sei que um dia, hei de voltar
Ao meu lugar, mesmo no fim
A alma pampa, por ser querência
Lambe as feridas que sangram em mim


Intérprete: Daniel Cavalheiro

Povo Do Pampa

Povo Do Pampa
(Alex Silveira, Caine Teixeira Garcia)

Rio Grande Pátria de tantos
Povo do pampa e campeiro
Gaúchos de toda a estirpe
Deste sul tão Brasileiro

Uruguai do gado pampa
Da monta em basto oriental
Das “criollas” de Vichadero
Da milonga tradicional

Assim, por serem irmãos
De alma e cor de bandeira
Trazem nos olhos a luz
Do sol da mesma fronteira.

São três pátrias, mesmo pampa
Mesma guitarra e pajada
Do folclore e da bombacha
Parceiros da mesma estrada

O mesmo mate comunga
Quem trás na bota campeira
A terra do mesmo campo
Do chão da mesma mangueira

Do bocal, cordas de doma
De um potro de queixo atado
Da mesma raça, crioula
Bragados, mouros, gateados

Não importa se Riograndense
Uruguaio ou Argentino
Gaúcho é sempre Gaúcho
Forjados num só destino

Argentina do rio Paraná
Do bandoneon e malambo
Das tropilhas em Jesus Maria
Da nostalgia de um tango

São três pátrias, mesmo pampa
Mesma guitarra e pajada
Do folclore e da bombacha
Parceiros da mesma estrada

O mesmo mate comunga
Quem trás na bota campeira
A terra do mesmo campo
Do chão da mesma mangueira


Intérprete: Daniel Cavalheiro

Memorial De Pampa E Fronteira

Memorial De Pampa E Fronteira
(Leonardo Borges, Daniel Cavalheiro)

Pampa...pátria sulina com alma empastada
Fronteira...sonhos comuns com divisas marcadas
História...fatos guardados na tulha do tempo
Memória...registro firmado de cada momento

São várzeas infindas, são campos e grotas
É sangue e suor sobre couro das botas
É lida e serviço, cordeona e violão
É pampa e fronteira... de uma só tradição!

É assim nosso mundo aos olhos de Deus
Fronteira gaúcha que é minha e dos meus
É a Arte e cultura mantendo o legado
História e destino...A ferro forjado!

Pampa...sustento de tantos que vivem do arreio!
Fronteira...”hermanos” de paz sobre o pago lindeiro
História...é o verso deixado no livro da vida
Memória...”recuerdos” marcados por idas e vindas

“Es poncho y espuelas, tropillas y estancias”
Um sul ancestral que mantém a constância
Seguindo o futuro e honrando o passado
É pampa e fronteira...em ambos os lados!


Intérprete: Daniel Cavalheiro


A Cor Do Verde

A Cor Do Verde
(Marcelo D´Ávila, Clóvis de Souza)

Que sombra é essa que desbota a pampa
Semeando cinzas sob o céu aberto,
Vertendo o verde numa cor mais triste
E dando ao campo ares de deserto?

Outros matizes brotam nas coxilhas
Em tons de bronze, apagando rastros
E as sesmarias já não tem mais viço,
Somente poeira, onde crescia o pasto.

Acorda, campo! Pois te vais aos poucos
Em outras cores que não são teu verde
Nesta aridez, que é mais sertão que pampa,
Ou a querência vai morrer de sede.

E restarão cravadas nas areias -
Neste amarelo vasto que se some -
As ossamentas brancas, ressequidas,
Da gadaria quem mermou de fome.

Desperta, pampa, que ainda é tempo
De renascer das tuas próprias brasas:
Pintar de verde o verde, novamente,
Rever o pasto ao redor das casas.

Cismando Com O Vento

Cismando Com O Vento
(Severino Moreira, Caine Teixeira Garcia, Zulmar Benitez)

Igual a um potro desbocado
Que se perde campo à fora
Treme barbelas e argolas
E assobia no alambrado
Arrepia os descampados
E o pêlo da cavalhada
Vem numa copla afinada
Duetando o berro do gado

Desbocado vento norte
Que vem me bater à fronte
Já chega de três ontonte
Me açoitando o chapéu
Vem fazendo escarcéu
Num redemoinho de fumaça
Por certo depois que passa
Nuvens choram lá no céu

Eu também sou desbocado
Cruzando a mesma querência
Tu abstrato, eu essência
Tu no ar e eu no chão
Tens no sopro a razão
Com a força que nos norteia
Tu cantas por boca alheia
E eu pelo coração

Vem mareteando os açudes
Levantando geada preta
Quando o dia faz careta
E não dá vaza ao campeiro
E quando vira pampeiro
E vai da alma até o osso
Vazando o pano grosso
Que abriga um fronteiro

Que Assim Seja

Que Assim Seja
(Zeca Alves, Daniel Cavalheiro)

Quando o silêncio vai pelo caminho, buscando a volta que a estrada tem,
Levo comigo as penas que me tocam, e tiro delas o que me convém;
Mirando longe, vou livrando as pedras, nesse destino que se fez regalo,
Pois, hoje sei que a cruz que se carrega não é motivo pra estropiar cavalo.

Levei um tempo pra entender a vida, na direção daquilo que procuro,
E perceber que a luz mostra o sentido, pra guiar quem vê melhor no escuro;
Talvez, por isso, encilho pingos "buenos", e não sofreno, por saber que assim...
Evito a dor primeira de cortá-los, e a do remorso que ia ser pra mim.

Se tenho sede de uma boa aguada, e de uma sombra pra desencilhar,
A própria sede serve de motivo, pra que eu procure onde descansar;
Digo, em verdade, que os meus cavalos, são a razão deste pensar, também,
Porque, se levo algum pelo cabresto, tem um disposto a me levar além...

A cada escolha que me dita um rumo, se estende o rastro pelo corredor,
Com fé na alma, vejo as consequências, e se me fiz, ou não, merecedor;
Por ter saído em busca de respostas, a vida, às vezes, cobra mais empenho,
Daí, reviso minhas atitudes, pra evoluir nessa missão que tenho.

É mais feliz quem sabe ver o mundo, com olhos claros, muito além daqui,
E recomeça reparando os erros, quando descobre a humildade em si;
Nem sempre o mínimo que faço é pouco, nem sempre o máximo é suficiente,
Só que meu ser tende a cuidar com jeito, do que preciso pra seguir em frente.

Notei então que, nada é por acaso, tão logo, a sina me afastou dos meus,
E, que a lonjura que nos faz distante, nos aproxima ainda mais de Deus.
Mas, se tiver de ser, que assim seja; sigo adiante no meu estradear,
Conforme posso, num tranco largo, sou dos que sabem onde quer chegar.

Mas se tiver de ser, que assim seja...




Que Assim Seja - Daniel Cavalheiro by guascaletras

Admirável Mundo Novo


Admirável Mundo Novo
(Marcelo D´Ávila, Clóvis Souza)

Quando um largo caminho se bifurca
Na circunstância de uma encruzilhada
A travessia torna-se mais lenta,
Tanto mais estreita fica a estrada.

Também assim é o resultado do trabalho,
Obedecendo esta simples equação:
Pra construir um mundo novo e melhor
A soma sempre é maior que a divisão.

Admirável mundo novo que se ergue
No horizonte desta nossa era
Enraizado em firmes alicerces
Pelas zelosas mãos de quem coopera.

Pois é preciso entender que o vento
Sopra a favor de quem sabe onde vai
E que o futuro se constrói com todos
Que juntam forças pra poderem mais.

Quando o trabalho é compartilhado
Surgem os frutos, grandes e fecundos;
No braço forte da cooperativa
Está a base deste novo mundo.

Quando O Rio Grande Corre Pelas Veias


Quando O Rio Grande Corre Pelas Veias
(Marcelo D´Ávila, Robson Garcia)

Nalgum fundo de campo da fronteira
Um índio bem montado mira ao longe
E a pampa inteira cabe nos seus olhos
Repletos de coxilhas e horizontes.

Há muito de querência neste homem,
Há séculos de história escrita em versos
E a herança da Campanha se reflete
Na simples amplitude de seus gestos.

A singeleza de cevar um mate
E alçar a perna pra espiar estrelas
É a liturgia do ritual campeiro
Quando o Rio Grande corre pelas veias.

Nalgum fundo de campo da fronteira
Com a proteção sagrada do chapéu
Um índio afina as cordas da guitarra
Olhando a pampa comungar com o céu.

Sou eu o homem que bombeia ao longe
Repleto de coxilhas e distâncias;
O campo é minha razão, é minha essência,
Porque eu sou eu e minhas circunstâncias.

De Duas Pátrias

De Duas Pátrias
(Marcelo D´Ávila, Juliano Moreno)

"Caudillo blanco" forjado a ponta de lança,
Foi ordenança, "cabo viejo" e general;
Com Gumercindo peleou em noventa e três,
A uma só vez, riograndense e oriental.

Hay lenços brancos nas fileiras maragatas -
Índios do Prata tendo a guerra por ofício.
Vai na vanguarda o General de Duas Pátrias
E na culatra umas novilhas pro munício.

Marcham valentes nos caminhos da fronteira,
Rumo à Rivera sem temer o sacrifício,
De peito aberto, ouvindo o vento que assopra
Alguma copla em honra a Dom Aparício.

Em Masoller trançaram aço com aço
Quando um balaço disparado pela raiva
Pôs fim ao homem, mas criou um novo mito
No último grito de Aparício Saraiva.

O poncho velho que em tantas noites escuras
Foi armadura na barbárie das batalhas
Agora cobre o corpo inerte do guerreiro
Num derradeiro e terno abraço de mortalha.