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A Cor Do Verde

A Cor Do Verde
(Marcelo D´Ávila, Clóvis de Souza)

Que sombra é essa que desbota a pampa
Semeando cinzas sob o céu aberto,
Vertendo o verde numa cor mais triste
E dando ao campo ares de deserto?

Outros matizes brotam nas coxilhas
Em tons de bronze, apagando rastros
E as sesmarias já não tem mais viço,
Somente poeira, onde crescia o pasto.

Acorda, campo! Pois te vais aos poucos
Em outras cores que não são teu verde
Nesta aridez, que é mais sertão que pampa,
Ou a querência vai morrer de sede.

E restarão cravadas nas areias -
Neste amarelo vasto que se some -
As ossamentas brancas, ressequidas,
Da gadaria quem mermou de fome.

Desperta, pampa, que ainda é tempo
De renascer das tuas próprias brasas:
Pintar de verde o verde, novamente,
Rever o pasto ao redor das casas.