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O MEU SONHO DE CAMPEIRO

Título
O MEU SONHO DE CAMPEIRO
Compositores
Alex Silveira
Matheus Leal
Intérpretes
Matheus Leal
Ita Cunha
Ritmo
Chamarra
CD/LP
3ª Manoca do Canto Gaúcho
Festival
3ª Manoca do Canto Gaúcho
Declamador

Amadrinhador


O MEU SONHO DE CAMPEIRO
(Alex Silveira, Matheus Leal)

Uma boina repousando sobre um pala
Trempe e cambona junto as brasas do fogão
Um silêncio, meu olhar despreocupado
Procuro as coisas que são do meu agrado
E depois guardo no baú do coração

Quando vejo um paysano pela estrada
Penso e repenso d'onde vem sua existência
Será tropeiro, de comparsa ou domador
Que volta às casas pra rever a sua flor
Trazendo coplas de saudade da querência

Assim é a terra que escolhi pra o meu lugar
Com a rudeza, mas também com nostalgia
Fundo de campo que pra mim é um regalo
Tanto horizonte, rancho tosco e bom cavalo
E uma vontade de viver a cada dia

Mas hoje o rádio me deixou entristecido
Com as notícias que ouvi da sua voz
Fome de guerra pelas mãos destes malinos
Homens que teimam em mudar nosso destino
E destruir a paz do mundo que há entre nós

Quem sabe um dia eu consiga no meu sonho
Transformar a insensatez de um ditador
Pois vale tanto um "buenas tarde" na porteira
Mostrar que o mate ali na sombra da figueira
Pra minha gente tem muito mais valor.


Povo Do Pampa

Povo Do Pampa
(Alex Silveira, Caine Teixeira Garcia)

Rio Grande Pátria de tantos
Povo do pampa e campeiro
Gaúchos de toda a estirpe
Deste sul tão Brasileiro

Uruguai do gado pampa
Da monta em basto oriental
Das “criollas” de Vichadero
Da milonga tradicional

Assim, por serem irmãos
De alma e cor de bandeira
Trazem nos olhos a luz
Do sol da mesma fronteira.

São três pátrias, mesmo pampa
Mesma guitarra e pajada
Do folclore e da bombacha
Parceiros da mesma estrada

O mesmo mate comunga
Quem trás na bota campeira
A terra do mesmo campo
Do chão da mesma mangueira

Do bocal, cordas de doma
De um potro de queixo atado
Da mesma raça, crioula
Bragados, mouros, gateados

Não importa se Riograndense
Uruguaio ou Argentino
Gaúcho é sempre Gaúcho
Forjados num só destino

Argentina do rio Paraná
Do bandoneon e malambo
Das tropilhas em Jesus Maria
Da nostalgia de um tango

São três pátrias, mesmo pampa
Mesma guitarra e pajada
Do folclore e da bombacha
Parceiros da mesma estrada

O mesmo mate comunga
Quem trás na bota campeira
A terra do mesmo campo
Do chão da mesma mangueira


Intérprete: Daniel Cavalheiro

Relato De Quem Voltou

Relato De Quem Voltou
(Alex Silveira, Jari Terres, Edilberto Bérgamo)

Adeus as cruzes dos potros
E minha vida na espora
No braço que me sustenta,
No escarcéu campo a fora

Adeus ao galpão antigo
O aroma da maçanilha
Ao ritual da Ave Maria
O velho rádio de pilha

Adeus ao meu bichará
Com a lã crua do ideal
E o bufo lá do potreio
Do meu baio ainda bagual

Como era simples meu mundo
Na voz de algum payador
Banho de sanga e pitanga
E campos bordados em flor

Assim olhava o universo
Do meu rancho na janela,
Era andarilho meu sonho
Mas parava na cancela

Um dia fui mais adiante
Cruzei e varei estradas
Andei, andei pelo rumo
Que apontava a madrugada

Sorvi o apojo das ruas,
E descobri seus segredos
Tardes de angustias e saudade,
Noite de insônia e de medo

Depois que fui vida e morte
De um mundo que me estropiou,
Eu acordei desse sonho
De quem se foi mais voltou



INTÉRPRETE: JARI TERRES


Meu Poncho

Meu Poncho
(Alex Silveira, Matheus Leal)

Meu poncho antigo
Com sua baeta encarnada
Igual ao matiz do pampa
Quando rompe uma alvorada

Permita a comparação
Parece um carnal sangrando
Talvez um sol maragato
Da lenha que vai queimando

Meu poncho véio
Que mostra sua flor madura
Coloreando do avesso
A sua própria moldura

Meu poncho amigo
Companheiro das tropeadas
Um galpão pra minha alma
No frio de alguma pousada

Parceiros da mesma essência
Campeiros do mesmo ato
Escutem o meu silêncio
Só pela imagem dos fatos

Faço minha própria estrada
Nos caminhos da fronteira
Sobre a anca do meu flete
Meu poncho é rancho e bandeira

Comigo andou em peleias
Onde cruzam os ventenas
Mas também serviu de catre
Para o sono da morena

Por isso quando eu me for
Parceiros tirem o chapéu
Por respeito vou levar
Meu velho poncho pra o céu


De Campo e Cidade

De Campo e Cidade
(Alex Silveira, Roberto Luçardo)

Trago rendilhas de sonhos
Pra tironear o bocal
E deixar doce de boca
A vida de ser rural.

Nessa alma teatina
Brotam ilusões de campeiro
Dois mundos que se atropelam
Num coração caborteiro.

Um teima em suas origens
De tapejara da estância
Outro procura uma estrada
Sem se importar com a distância.

Mas aos poucos minhas razões
Vão cedendo em suas vontades
E vejo o campo mais longe
E mais de perto a cidade.

É como o romper de um elo
Separando pai e filho
Um fica remoendo mágoas,
Outra parte é andarilho.

Pois me ausentei dos arreios
Sem impedir o destino
Hoje sou mais povoeiro
Com alma de campesino.


 

Estampa Domingueira


Estampa Domingueira
(Alex Silveira, Carlos Madruga)
                     
Linda minha estampa domingueira
Quando chego no povoado
Trago além da minha fronteira
Uma sina musiqueira
De quem vem contrabandeado.

Bueno este potro de rendilha
Num trancão de pisa-flor
De uma pelagem tordilha
Traz a origem da tropilha
Pela mão do domador.

Chego, já na frente da janela
De um ranchito bem cuidado
Assoviando algo pra ela
Que esta copla tão singela
Eu compus pra o seu agrado.

Olhos de pealar um coração
Na minha vida tão pequena
Do aguapé de um lagoão
Trago a flor do meu rincão
Pra o cabelo da morena.

Pra estância que vou cantando uma tirana
Mas eu sei que vou voltar
Que passe logo a semana
Pois deixei pra queromana
Meu pala pra ela guardar.

Bueno este potro de rendilha
Num trancão de pisa-flor...


Pra Quem Larga Um Sapucaí


Pra Quem Larga Um Sapucaí
(Alex Silveira, Érlon Péricles)

Pra quem larga um Sapucaí
Com entono de índio pampa
A terra treme na volta
Quando um touro afia a guampa

Ginete em basto oriental
Lá pras bandas do Uruguai
Faz um veiaco berrar
Pra se mesclar ao Sapucaí

Marcação de estância grande
Yo lo creo num pealo
Cai touro e levanta boi
Que o capador é bem galo

Por isso é que o Sapucaí
Mostrando a selvagem estampa
Percorre as varas do peito
Sai do brete da garganta

Minha alma fica mais xucra
Com a voz de um cantor campeiro
Cantando as coisas do pago
No seu estilo fronteiro

Meu verso mete o cavalo
Abre a porteira e se vai
Esbarra e saca o sombreiro
Pra quem larga um Sapucaí

De Mudança


De Mudança
(Alex Silveira, Carlos Madruga)

Junta os caco muié véia, põe tudo no carretão
Panela, trempe, cambona o meu pala teu colchão
Não te esquece da tua loça, bacia balde e lampião
Vou recolhendo as galinha, uma leitoa emprenhada
Cachorro, gato, marreco, duas tambeiras mojadas
E a petiça piqueteira de pelagem colorada...

Do suspiro ao canta galo vou passa no Tiaraju
Toma um trago no Bugio e posá no Guabiju
Côa mudança toda atada com soga de coro cru...

Levo o mundel do guri, pra não fica resmungando
A caturra e o guaxinho que as cosa vão se ajeitando
Quem parte não deixa nada, se não acaba voltando
Bule, leitera e caneco vão embaixo do pelego
Pra não ir batendo lata estragando meu sossego
Que a viagem vai ser longa, vou parti de manhã cedo...

Do suspiro ao canta galo vou passa no Tiaraju
Toma um trago no Bugio e posá no Guabiju
Côa mudança toda atada com soga de coro cru...

Aprumando A Bagualada

Aprumando A Bagualada
(Carlos Madruga, Alex Silveira)

Pealar a bagualada
Na saída da mangueira
No meio da polvadeira
Sentir o cimbro do laço
E o potro num manotaço
Tenteia o cerro da armada
Querendo escapá a bolcada
Quando lhe dobra o espinhaço.

Mas a mão do pealador
É certeira nesse ofício
E como que nem um vício
Não erra nenhum pealo
Nas munheca do cavalo
O doze-braça sovado
De quatro tentos trançado
É um mimo pra este regalo.

Pra uma lida de estância
É coisa linda a potrada
De crina e cola aparada
Um palmo sobre o garrão
E quando frouxa o tirão
Depois do serviço feito
Vê! Que pingo sem defeito
Esse baio do patrão.

E nem dá tempo pra gente
Comentar sobre algum ponto
Se é bem forte de encontro
Ou vai dar por partidor
Se as garra de um domador
Não deixa o bagual cansado
Ou quem sabe neste fado
Seja selim pra uma flor.