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O MURO

TÍTULO
O MURO
COMPOSITORES
LETRA
VAINE DARDE
MÚSICA
MAURO MARQUES
INTÉRPRETE
JAIRO LAMBARI FERNANDES
RITMO
MILONGA
CD/LP
                            2º MINUANO DA CANÇÃO NATIVA
FESTIVAL
                             2º MINUANO DA CANÇÃO NATIVA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES
1º LUGAR


O MURO
(Vaine Darde, Mauro Marques)

O muro imposto a minha infância livre
Me fez cativo no viver liberto
Prendendo os sonhos que em guri eu tive
Tornando longe o que morava perto

(Eu tinha o mundo no quintal da casa
Angico, salsos e melões maduros
Só me faltava ter um par de asas
Para ter coragem de transpor o muro)

Agora eu sei que tinha um céu aberto
E que no pátio era mais liberto
(Pois era livre pois saber sonhar)
E quem diria que no meu futuro
Todo passado pularia o muro
(Para a poesia me fazer voar)

A VITÓRIA DO TRIGO

Título
A VITÓRIA DO TRIGO
Compositores
LETRA
VAINE DARDE
MÚSICA
DANTE RAMON LEDESMA
Intérprete
DANTE RAMON LEDESMA
Ritmo

CD/LP
ALMA E VIDA
DANTE AO VIVO
20 ANOS
Festival

Declamador

Amadrinhador

Premiações


A VITÓRIA DO TRIGO
(Vaine Darde, Dante Ramon Ledesma)

Não precisa ser herói
Para lutar pela terra
Por que quando a fome dói
Qualquer homem entra em guerra

É preciso ter cuidado
Para evitar essa luta
Pois cada pai é um soldado
Quando é o pão que se disputa

Se somos todos irmãos
Se todos somos amigos
Basta um pedaço de chão
Para a vitória do trigo

Basta um pedaço de terra
Para a semente ser pão
Enquanto a fome faz guerra
A paz espera no chão (2 vezes)

Há planícies que se somem
Desde o horizonte ao rio
E a vida morre de fome
Com tanto campo vazio

Ao longo destas porteiras
De sesmarias sitiadas
A ambição ergue trincheiras
Contra o sonho de inocentes e de enxadas

Se somos todos irmãos
Se todos somos amigos
Basta um pedaço de chão
Para a vitória do trigo

Basta um pedaço de terra
Para a semente ser pão
Enquanto a fome faz guerra
A paz espera no chão

Se somos todos irmãos
Se todos somos amigos

As Penas Dos Anjos

As Penas Dos Anjos
(Vaine Darde, Sabani Felipe de Souza)

Jogaram um sonho pra lua,
Deixaram o amor no abandono
E as realidades das ruas, fez mais um anjo – demônio.
A infância querendo colo,
Se perde em busca do pão,
Com a poesia nos olhos
E a violência nas mãos

Quem é que fere a ternura
Ao profanar a menina
Perdida na noite escura
No desamor das esquinas?
A hipocrisia das ruas
Não reconhece jamais
Que a moça que se insinua
Só anda querendo um pai.

Mas que liberdade é esta
Do falso poder dos homens,
Se o mesmo Deus que liberta,
Impõe as ruas e a fome?

A mesma lei que condena
Querendo impor a razão
Deve a metade da pena
Pela constante omissão.
A sociedade descansa
Em almofadas douradas
Enquanto o sonha da infância
Se perde pelas calçadas.

Porém, quem sabe não diz,
Que vê e finge não ver:
Se engana de ser feliz
E vive só por viver...
Pois, como pode um país
Com tanto ouro escondido
Ter menina meretriz
E ter menino bandido


Intérprete: Nilton Ferreira


Inquietude

Inquietude
(Vaine Darde, Sabani Felipe de Souza)

Alguma coisa estranha
Anda rondando o país:
Nos braços do estivador,
Nos beijos da meretriz;
No cantador de cordel,
Nas previsões da vidente,
Se espalha feito uma peste
E toma conta da gente...

Conspira nos botequins,
Bate na porta das casas,
Faz procissão nos confins,
Desperta o sono das brasas.
Há um perigo constante
De que um dique arrebente
E o velho rio da esperança
Cause uma nova enchente...

Há uma inquietude no povo
Que a notícia não diz,
De ir pra rua, de novo,
E refazer o país.

Anda inspirando o poema,
Sofrendo o a fome das vilas;
Pegando trem no subúrbio,
Perdendo a vida nas filas.
Vive descalço nas praças,
Gastando a infância nos morros,
Vendendo as moças nas docas,
E, às vezes, pede socorro...

É um festim de mendigos,
É um motim de guitarras
Onde se insurgem profetas,
Onde ressurgem cigarras.
É o cotidiano das ruas
Numa comédia febril
E, às vezes, vira tragédia
Pelos sertões do Brasil.


Desencontros Do Tempo


Desencontros Do Tempo
(Vaine Darde, Everson Maré)

Hoje encontrei no galpão
Algumas coisas antigas,
As bugigangas da lida
Que o tempo escondeu de mim...
Os trastes, tristes imóveis
De doma, tropa e arado,
Num par de esporas calado
Duas estrelas sem luz.

Revendo meus badulaques,
Os utensílios de campo,
Parceiros dos pirilampos
Quando eu rondava por lá,
Foi tanta saudade xucra
Que o açude vazou nos olhos
E o violão pediu colo
Para a milonga chorar.

Distante dos horizontes de ontem,
Encontro nos desencontros do tempo
A vida antiga, amiga das lidas,
Cantando léguas na língua dos ventos.

Nos corredores ao longo do mundo,
Um cusco ausente ainda late pra lua,
E o pampa arde no fundo do peito
De quem se encontra perdido nas ruas...
E, da porteira não vejo no pasto
Algum petiço querendo retoço
Só o cata-vento que bebe na tarde
O rio que corre no fundo do poço.

Milonga Em Tempo De Seca


Milonga Em Tempo De Seca     
(Vaine Darde, Everson Maré)
                                                       
Parceiro,
Que desgraça essa seca infame,
O sol queimando o pasto,
Infernizando os homens,
Na lenta agonia que abate o boi...
Essa sede de verde que se estende a lo largo,
A taipa se destapa, refugando o gado,
Na luta de quem sonha pra chorar depois!

“La pucha”, patrão velho que castigo maula
O suor que nos ensopa,
Pra salvar a tropa,
E o rebanho penando cada dia mais...
Não há com quem contar na falta das aguadas,
Só o terço e a novena das mulheres nas casas,
Nos levam de à cabresto,
Nos fundões rurais!

Me resta lá no passo
Um olho d’agua escasso,
Quem sabe salvo o cusco,
O baio, o porco, o guacho
E uma tambeira buena pra manter os piás...
Santinha me prepara por favor um mate,
Com a água que ainda resta nesta bordalesa,
Não quero que a tristeza me desmame a fé!

João Saudade


João Saudade
(Pedro Neves, Vaine Darde)

No estilo da estampa
Um resto de pampa
Farrapo dos trapos
Bombacha já rota,
Melena revolta,
E um jeito de guapo
Chapéu deformado
Um lenço rasgado
Ainda bandeira
Guaiaca roída
Rimando com a vida
Do João da Fronteira

Porque, oh João,
Deixaste o galpão
E a lida campeira
Pra ser na cidade
Mais um João-saudade
Sem eira, nem beira?

O João da favela
Que a vida atrela
A um carro de mão
É João-lá-de-fora
Repontando agora
Papel, papelão
E assim, quem diria,
Que a sorte um dia
Lhe desse este pealo
O João já nem sente
Que ontem ginete
É hoje o cavalo.

Porque, oh João,
Deixaste o galpão
E a lida campeira
Pra ser na cidade
Mais um João-saudade
Sem eira, nem beira?

A Querência É Residente


A Querência É Residente
(Vaine Darde, João Bosco Ayala)

Não penses que a querância te abandona
No momento em que te ausentas
A querência te acompanha
E vestida de saudade,
Na distância se apresenta

Pois sempre quando a gente vive fora
O coração não se acostuma
Nem percebe que por dentro
Quanto mais o tempo passa
A querência se avoluma

Onde somos passageiros,
A querência é residente
A querência é a existência
Do pampa dentro da gente

A querência muito mais que geografia
É sentimento crescente
A gente se ausenta dela
Porém percebe que ela
Fica morando na gente.

Toda vez que alguém se vai
Pra fazer itinerário
A querência se expande
E onde quer que se ande
Ela impõe seu território.

Desenlace


Desenlace
(Vaine Darde, Érlon Péricles)

Há um silencio inquebrantável pela casa
Roupas rotas em desordem pelo chão
Trastes tristes denunciando o desenlace
E uma ausência povoando a solidão

Não há trilhas para as tralhas em desuso
Nem motivos para os mates matinais
Resta o rastro de um perfume que se evade
E que arde cada dia um pouco mais

Mesmo vaso ao descaso chora a rosa
Cada pétala uma lágrima de dor
Falta d’ água farta mágoa se desfolha
Dia – a – dia a samambaia em desamor

Nunca mais os lençóis brancos no varal
Qual bandeiras num quintal de arrabalde
Sem fumaça de monturo ou chaminé
Dói na casa em cada tábua um saudade

Laço frágil de romance em desenlace
Dor sem fim nos confins da solidão
Quando a casa já sem causa fechas as portas
E decide residir no coração

Canção Do Noivo

Canção Do Noivo
(Vaine Darde, Sabani Felipe de Souza)

Cerração desceu do cerro vestiu de noiva a aurora
Eu tenho andado nublado desde quando foste embora
Casuarina despertou com violinos nupciais
Se eu não noivar contigo não me caso nunca mais
Fiz um mate apaixonado com cidró e hortelã
Vesti um poncho de nuvens e me perdi na manhã

Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão

Enfeitei a casa vaga com gerânios e camélias
E a névoa me trouxe véus das cortinas das janelas
Desfolhei rosas vermelhas que colhi por toda a parte
Ficou uma colcha de pétalas abandonada no catre
O dia desconsolado nublou o campo e a cidade
Desde quando me deixaste fiquei noivo da saudade

Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão
Outra vez o sol desfez o enxoval da cerração
Se não noivares comigo vou casar com a solidão

Desassossegos

Desassossegos
(Vaine Darde, João Chagas Leite)

Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.

Vem a noite aos poucos alumiar o rancho
Com estrelas frias que se vão depois
Nada é mais triste neste mundo louco
Que matear com a ausência de quem já se foi.

Que desgosto o mate cevado de mágoas
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia no catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó.

Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.
Então me pergunto neste desatino
Se este é meu destino ou Deus se enganou?
Todo desencanto para um só campeiro
Que de tanto amor se desconsolou.

Que desgosto o mate cevado de mágoas
Pra quem não se basta pra viver tão só
A insônia no catre vara a madrugada
Neste fim de mundo que nem Deus tem dó.
Meus desassossegos sentam na varanda
Pra matear saudades nesta solidão
Cada por de sol dói feito uma brasa
Queimando lembranças no meu coração.