Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Robledo Martins. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Robledo Martins. Mostrar todas as postagens

Tropa Morta


Tropa Morta
(Volmir Coelho, João Bosco Ayala, Everson Maré)

Segue o corpo desta tropa
Findando a vida na estrada
O berro é o triste lamento
Indo ao fim da jornada
Peão e tropa um só destino
Findar no sal das charqueadas

Na ponta a “morte” chamando
Por conhecer o caminho
Num grito de venha...venha...
Pra o corpo que aos pouquinhos
A cada marcha encurta a vida aqui na culatra
Seguindo o rastro vai indo

Tropa morta pelo tempo
Conduzida ao matador
Somos iguais nesta estrada
Que o tempo fará o fiador...

Ficara somente o rastro
Desta tropa que passou
Até mesmo um mal costeado
Que duma ronda furou
Venho na “corda” berrando...
...e berrando se “quedou”.

Tropa morta no caminho
Segue lenta ao destino
Sem saber pra onde vai
Tropeiro e tropa um só rumo
De ir sem voltar jamais...

Milonga À Sombra

Milonga À Sombra
(Serverino Moreira, Juliano Javoski)

“Pensando bem, a sombra é nosso lado abstrato”

Parceira de todos os dias
Irmã gêmea que o Sol me deu
Parte abstrata de mim,
Refletida na cor do breu.

No chão me copia sem face
Na água me imita o semblante
Sol á pino fico pequeno
Sol baixo me torno gigante

Por vezes é o meu sinuelo
Em outras guarda meus passos
As vezes caminha a meu lado
Junto ao pé e longe do braço.

Se guitarreio sente inveja
E debochada me provoca,
Na sua guitarra sem voz
“Arremeda” e também toca.

No galpão reflete na quincha,
No braseiro parece crescer,
Se mateio comunga do mate
Se proseio parece entender.

Parece que a sombra tem vida
E por a gente sente carinho,
Enciumada desaparece,
Se noutra sombra me aninho.

Por isso canto pras sombras,
Talvez nem assombre ao cantar,
Mas o meu canto tem sombras,
Que parecem me sussurrar

A Pátria À Beira De Um Rio

A Pátria À Beira De Um Rio
(Martin César Gonçalves, Paulo Timm, Alessandro Gonçalves)

Roda carreta é o destino
Andar por anos a fio
A pátria ainda é um menino
Brincando à beira de um rio

Depois virão as fronteiras
Marcando a sangue esta terra
Trezentos anos de poeira
Da história de tantas guerras.

Range a carreta do tempo
Singrando a pampa sem fim
Seu canto antigo é um lamento
Que eu trago ponteando em mim.

Cerro, canhada... recuerdos
De secas, cheias e geadas
O mundo tranqueia lento
No mesmo andar da boiada

Ferro, madeira... silêncio
Do tempo que tudo acalma
Carreta, estrada... é o vento
Três pátrias dentro da alma

Canto Ao Pastoreio

Canto Ao Pastoreio
(Eliezer Tadeu Dias De Sousa, João Bosco Ayala)

Boleio a perna num verso...
Do verso faço uma prece...
A inspiração transparece
Num simbronaço de luz
Que este negrinho traduz
A devoção da minha raça,
Que vive pedindo graças,
Como a um segundo Jesus...

E, como tantos, pedi
E também fui atendido,
Achei os sonhos perdidos,
De adelgaçados anseios...
E agora que sento arreios,
No lombo desses rosilhos,
É graças a ti, que encilho,
Negrinho do Pastoreio...!

Escreves por linhas tortas,
De forma certa e parelha...
E segue batendo orelha
Com tantos santos sangrudos...
Canonizados, fachudos
No pedestal das igrejas,
Mas tu tens campo e carqueja
E o Rio Grande acima de tudo...!

Te quarteou outro moreno,
Entre o tempo e a distância,
Também crioulo de estância,
Mesma alma em transparência...
Mesma cor na descendência
E o mesmo gosto por potros,
Encarnados um no outro
Pra sinuelar a querência...

Vos agradeço, parceiros,
Por esta graça alcançada,
Me deste céu e estradas,
E rumos a percorrer...
Pingos de lida e lazer,
Meus troféus de casco e crina,
O bem maior da campina
Que um Gaúcho pode ter!

Escreves por linhas tortas,
De forma certa e parelha...
E segue batendo orelha
Com tantos santos sangrudos...
Canonizados, fachudos
No pedestal das igrejas,
Mas tu tens campo e carqueja
E o Rio Grande acima de tudo...!