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Mostrando postagens com marcador Lisandro Amaral. Mostrar todas as postagens
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Morada


Morada
(Lisandro Amaral, Luciano Fagundes, Marcelo Oliveira)

Venho aos teus olhos sorrindo
Chego ao teu corpo, morada
Por saber que a luz do teu olhar
É bem maior que a escuridão, mais nada

Vim do meu mundo inseguro
Chego ao teu corpo e mais nada
Sem saber que a luz do teu olhar
Já vem de ti e é bem melhor
Sorrir por ti, minha morada

Se renasci meu rancho olhando o sol florir
E na alvorada bebo a luz que o campo traz em si
Pequeno mundo aqui me faço ouvir teu próprio ser, mais nada

E a cada gole Bueno o araçá me diz
Que viemos do sereno pra firmar alma e raiz
Imenso rancho aqui te posso ouvir, morada

Se renasci meu rancho olhando o sol florir
E na alvorada bebo a luz que o campo traz em si
Pequeno mundo aqui me faço ouvir teu próprio ser, mais nada

E a cada gole Bueno o araçá me diz
Que viemos do sereno pra firmar alma e raiz
Imenso rancho aqui te posso ouvir, morada
Minha morada, além do nada
Morada

A Tropa Fez Que Se Ia


A Tropa Fez Que Se Ia
(Gujo Teixeira, Cristian Camargo)

A tropa fez que se ia num canhadão sem costeio
Mas se não fosse meus cusco faltava boi no rodeio
Eram dois baios coleras e um brazino cimarrón
Três campeiros de respeito e ainda por cima dos bom

Se eu fosse mete o gateado e atropelar aquela ponta
Deixava o resto da tropa desgovernar-se por conta
Foi um pampa de aspa guacha, já com fama de matreiro
Que disparou mais adiante entre o chircal do potreiro

Mas foi estender um silvido e um grito de olha a volta
Se apresentaram os campeiros meus três soldados da escolta
Era um acôo e mais outro de vez em quando um ganiço
Juntando quem se desgarra por conta do compromisso

Cachorro que cuida a tropa é quase um campeiro e tanto
Não faltam quando é preciso e chegam que lhes garanto

Só avistava de longe os três pegando de trás
Um atracando a dentada o outro volteando no más
Levaram uns cinqüenta metros o boi pampa num volteio
Depois a dente e pegada por conta foi que o boi veio

Depois juntou-se na tropa, meio entendo o motivo
E eu chamei os companheiros pra sombra abaixo do estrivo
E é bem assim nestes campos quando se manda se pega
Cachorro que tem comando não dorme pelas macega

De riba do meu gateado a coisa é bem do meu jeito
Quem pode mais atropela e os cusco botam respeito

Era um acôo e mais outro de vez em quando um ganiço
Juntando quem se desgarra por conta do compromisso
Cachorro que cuida a tropa é quase um campeiro e tanto
Não faltam quando é preciso e chegam que lhes garanto

A tropa fez que se ia num canhadão sem costeio
Mas, se não fosse meus cusco faltava boi no rodeio 

Olhar


Olhar
(Lisandro Amaral, Cristian Camargo)

Lua que busca o silêncio dormido entre as sombras
Alma que guarda saudade dormida em silêncios
Beijo que dorme em saudade de alma e desejo
Corpo que grita no canto, pois quer o teu beijo

Paz que não tenho a distância e nas sombras que venho
Alma que dói por saber da saudade que tenho
Brilho da luz escondida na lua que espera
O beijo que grito e que traz teu amor primavera

Um dia o meu olhar, quem sabe, encontre o teu
E acorde pra um novo mundo que o tempo adormeceu
E o brilho que em ti virá da luz da lua é meu
E a calma da sombra mansa da paz que amanheceu
O teu olhar se encontra ao meu
Reflete os sonhos dormidos que buscam achar os teus

Olhar de estrela recente em meio ao que penso
Adeus ao sorriso que parte e não sabe se volta
E o pouco de mim que ficou já não sabe se canta
Fez lua e saudade chorar no olhar da garganta

Um dia o meu olhar, quem sabe encontre o teu
E acorde pra um novo mundo que o tempo adormeceu
E o brilho que em ti virá da luz da lua é meu
E a calma da sombra mansa da paz que amanheceu
O teu olhar se encontra ao meu
Reflete os sonhos dormidos que buscam achar os teus

Em Silêncio


Em Silêncio
(Lisandro Amaral, Carlos Madruga)

A sombra da noite linda
Sereno e campo florido
Derrama um corpo de amor
Sobre meu poncho estendido

Provo teu gosto em silêncio
Como quem bebe o luar
No proibido da noite
Não tive medo de amar

Provo teu corpo num sonho
Deste que ardem por dentro
Guardo comigo, em silencio
O próprio gosto do vento

Talvez não saibas quem sou
Porque cruzei teu silencio
No proibido da noite
Não viste a cor do meu lenço

Aos olhos da mañanita
Acorda o campo florido
Goteja um poncho em silêncio
Sobre a garupa do pingo

Talvez não saibas quem sou
Porque cruzei teu silencio
No proibido da noite
Não viste a cor do meu lenço

Catedral


Catedral
(Lisandro Amaral, Guilherme Collares)

Também - de pedra - meu cantar não se termina
Caído ao solo beijo a terra e escrevo a sina...
Terra vermelha é minha cor no arrebol
Pois tenho sol no sangue em paz que me ilumina.

Também, de bronze, estou de joelhos catedral
No pedestal que cala os sinos, faço prece...
Quem não merece – a terra em si – terá perdão
Pois gratidão a vida tem e nunca esquece!

Seguem aqui ruinas índias e horizontes,
Bebendo a fonte do silêncio natural...
Senti teu cheiro, mãe divina, em berço livre
Hoje o que eu tive foi tua benção Catedral.

Seguem aqui, hoje emplumados Guaranys
No bem-te-vi, no João Barreiro e entre os guardiões
Querendo sempre querer mais o quero-quero

Sei o que espero e busco, aqui, muitos perdões...
Também de vento estou soprando - em ti - templário
No pedestal que fala o tempo a crosta esquece,
Ouvindo os prantos que derramam tua imagem
Achei coragem e sou guardião com pena e em prece.



Amansando De Garupa


Amansando De Garupa
(Lisandro Amaral, Mauro Moraes)

Eu junto os segredos dormidos no pala
Se a noite resvala aroma e sabor
Recorda a soga meu pingo que sabe
Porque em silêncio roubei uma flor

Gelado de inverno, orvalho de junho
Cabresto no punho e ainda ressona
Com o amor da cordeona, convite ao pecado,
Com a china do lado sentei a carona

Romance que encilho de noite, pampeiro,
Permisso, gaiteiro, me chama um carinho
E levo na anca com cheiro de lua
A bruma que a noite soprou pro meu ninho

Eu junto os segredos dormidos no pala
Se a noite resvala cordeona e luar
E amanso de anca meu mouro que sabe
Porque em silêncio roubei teu olhar

Gelado de junho e a geada se estende
E a lua me entende, clarão no caminho
Me arranca os espinhos num sopro materno
E esquenta o inverno com a flor no meu ninho

Tranco largo, fim de noite,
E a madrugada derrama o serenal
Tranco largo, o rancho é longe
E eu hoje amanso de garupa o meu bagual

Pelo Fio Do Alambrado

Pelo Fio Do Alambrado
(Evair Soares Gomez , Fernando Soares, Leonel Gomez)

Ao passo clareia o dia tranqueando igual ao cavalo
A cerca do alambrado pelos fios levava a vida
A D’alva já se escondia no aconchego das macegas
E a trança firme da rédea baixo o poncho se perdia.

Chora o sereno caído, o fio liso do alambrado
Mágoas que guardou o farpado pra enferrujar-se em seguida
Se vai a cerca estendida guardando limo na trama
Donde uma teia de aranha tece seu rumo de vida.

O mesmo fio do alambrado que já me foi guitarreiro
Atorou a pata do oveiro entre o machinho e o casco
Junto ao potreiro dos guachos de uma estância alheia
Relincha pro volta e meia sentindo quando eu me aparto.

Vou olhando o alambrado, pois entre as coisas que guarda
Fica um naco da minha alma ali na estância, pra trás
E por certo muito mais quando chegar lá nas casas
O meu piá com olhos d’água e um cabrestito no más.

O alambrado no passo, como uma potra gateada
Guarda a crina da cruzada de alguma enchente matreira
Me apeio na porteira, desprendo a argola da trama
E uma estrada se derrama por duas cercas lindeiras.

E ao passo se achega à noite num mesmo trote, o cavalo
E a lua traz seu regalo luzindo o arame de cima.
A D’alva na sua rotina de espiar o dia passado
E a cerca do alambrado pelos fios levava a vida.

Vou olhando o alambrado, pois entre as coisas que guarda
Fica um naco da minha alma ali na estância, pra trás
E por certo muito mais quando chegar lá nas casas
O meu piá com olhos d’água e um cabrestito no más.

Feito Um Cincerro De Prata

Feito Um Cincerro De Prata
(Lisandro Amaral, Cristian Camargo, Márcio Rosado)

Feito um cincerro de prata que se apartou do badalo
Lua minguante contemplo no lombo do meu cavalo
Com a mãe tordilha que apeia do ventre a potranca estrela
No negro escuro da noite somente o céu pode tê-la

E assim o céu testemunho dos meus caminhos mirantes
Viram que lua e destino são mais que luzes e andantes
Com a mãe tordilha que apeia para o carinho fraterno
Mesmo no vulto da noite o escuro nunca é eterno

E a luz que vem do teu olhar
Beijou o mar e a imensidão
Rompeu o tempo e foi morar no amor

Se a luz que vai do meu olhar
Querendo estar num coração
Rompeu a noite e amanheceu amor

E assim o céu testemunho dos meus caminhos mirantes
Viram que lua e destino são mais que luzes e andantes
Com a mãe tordilha que apeia para o carinho fraterno
Mesmo no vulto da noite o escuro nunca é eterno

E a luz que vem do teu olhar
Beijou o mar e a imensidão
Rompeu o tempo e foi morar no amor

Se a luz que vai do meu olhar
Querendo estar num coração
Rompeu a noite e amanheceu amor

Não Era Pra Ser

Não Era Pra Ser
(Márcio Nunes Corrêa, Hélvio Luis Casalinho, Fabiano Bacchieri)

Foram três luas amanunciando um potro
E nem sinal de se entregar prás corda
Olhar de mau, meio frestiando a franja
Coiceando a sombra desde que o sol acorda

É o sereno da manhã de maio,
De quando um bufo despertava a cena
Falsa quietude atada ao palanque
Imagem xucra de um mouro pavena

Filha pequena, flor do meu jasmim
Pelo terreiro num semblante em festa
Sonhando cores n’alguma cantiga
Na liberdade que a inocência empresta

Como um lampejo brincou rumo às patas
Meiando a franja no garrão do potro
E eu no assombro da encruzilhada
De correr por pai ou de rezar pro outro

Nem a forneira fez cantar de ensaio
E até o vento mermou no arvoredo
As quatro patas igual a um palanque
Se enraizaram a esconder segredos

Então a prece que ecoou distância
Fez a flor linda pintar os meus braços
O próprio maula quis poupar a infância
Pela pureza de seus ternos traços

Me dá a cabeça pra eu tira o bucal
Assim com jeito vou te dar benção
E nesse lombo apenas geadas
Vão fazer pátria pela gratidão

De Alma Campo e Silêncio

De Alma, Campo e Silêncio
(Fernando Soares, Juliano Gomes, Everson Maré)

Noite de campo que vejo numa lembrança de outrora
Beira de um fogo que acalma, triste cambona que chora
Alma povoada em silêncio deste meu rancho fronteiro
Mateando alguma saudade costeando o sono da espora

Vento que geme na quincha feito um basto na estrada
Resmunga o som de tesoura do picumã amorenada
Quem sabe traga de arrasto alguma manga pras casa
E um cheiro bruto de terra pra invadir a madrugada

Noite que chora pro campo tocando a tropa na sanga
Batiza os lábios da china num galho flôr de pitanga
Somente o sonho que cresce num distanciar de povoeiro
Que parte junto com a aguada pra alguém que vive de changa

E a primavera se estende com olhos claros pra lida
Bolear a perna na estância, este é meu rumo na vida
Solito eu cruzo as horas num camperear de invernada
De rédea firme por diante com alguma mágoa contida


Seival

Seival
(Lisandro Amaral, Guilherme Collares)

Vagalumes no varzedo
Cada qual brilhando mais
Meu tordilho não tem medo
Dos assombros dos chircais
Meu tordilho não tem medo
Dos assombros dos chircais

Não fosse o grito de Netto
Chamando para o Seival
Não fosse o grito guerreiro
Ter Bento por general

Não fosse a lança certeira
Sangrando guerreiros por um ideal
Não fosse o grito das pedras
Que as sogas conduzem no bem e no mal
Cada garrucha é uma boca gritando
Que os tauras não vão se entregar
Quem for farrapo dirá

Não fosse a lança certeira
Sangrando guerreiros por um ideal
Não fosse o grito das pedras
Que as sogas conduzem no bem e no mal
Cada garrucha é uma boca gritando
Que os tauras não vão se entregar
Quem for farrapo sempre será, sempre será

Adaga e lança
Razões de ser
Um grito pampa a florescer
E a tricolor hasteada
Nos olhos rubros da indiada
Que ia ao rumo do nada
Buscar o sol,
Buscar o sol pra viver

Não fosse o grito de Netto
Chamando para o Seival
Não fosse o grito guerreiro
Ter Bento por general

Não fosse a lança certeira
Sangrando guerreiros por um ideal
Não fosse o grito das pedras
Que as sogas conduzem no bem e no mal
Cada garrucha é uma boca gritando
Que os tauras não vão se entregar
Quem for farrapo dirá

Não fosse a lança certeira
Sangrando guerreiros por um ideal
Não fosse o grito das pedras
Que as sogas conduzem no bem e no mal
Cada garrucha é uma boca gritando
Que os tauras não vão se entregar
Quem for farrapo dirá

Seival...

Razões De Ser

Razões De Ser
(Lisandro Amaral)

Meu sonho toreou na estrada muito aguaceiro.
Por ter alma de poncho, se fez tropeiro!
Aos olhos brancos da lua rondou ausências de ti
Sabendo que o fim da estrada é longe daqui.

Bocal sovado no queixo de um mouro pampa,
Empurra um resto de vida que é tropa larga...
As duas cruzes de espinhos, na espora falam por si
E sabem que o rancho dela é longe daqui.

Tenho as mãos do tempo,
Sou irmão de tantos, que andaram sem norte
Seguindo tropas de tantos senhores
E agora changueiam vida nos corredores...
E agora changueiam vida nos corredores...

Será a saudade o terço dos deserdados?
Será um corredor o céu de quem se perdeu?
Terá, no altar do campo, uma cruz cravada
Quem nunca apeiou na estrada e pediu por Deus?
Quem nunca apeiou na estrada e pediu por Deus?

Meu sonho plantou nos olhos muito aguaceiro,
Por ter alma tropeira, acendeu luzeiros!
Aos olhos baios do sol, clareou ausências de ti
Buscando razões de ser e estar aqui...

Tenho as mãos do tempo,
Sou irmão de tantos, que andaram sem norte
Seguindo tropas de tantos senhores
Que agora changueiam vida nos corredores
E agora changueiam vida nos corredores...

Será a saudade o terço dos deserdados?
Será um corredor o céu de quem se perdeu?
Terá, no altar do campo, uma cruz cravada
Quem nunca apeiou na estrada e pediu por Deus?
Quem nunca apeiou na estrada e pediu por Deus?
Quem nunca paeiou na estrada e pediu por Deus?