Quinchador
(Gilberto Trindade, Volmir Coelho)
Com o fio do aço separa o santo capim das touceiras,
Pra forjar mais uma quincha, no coração da fronteira.
Passa a foice Quinchador, que os feixes vão se atilhando,
Tem goteiras no galpão e o inverno vem galopando.
Mais um dia de empreitada pelo chircal dos varzedos,
Lidando com o Santafé e ardidos talhos nos dedos.
Na estância o patrão espera, pelas mãos do Quinchador
Que empresta o suor da labuta, pra terra regar sua flor.
Cimbrando o braço e a foice separa os sonhos da lida,
Com preces pra o capim santo, saciar suas ansias de vida,
Porque empenhou primaveras nos desvarios das riquezas,
Sem quinchar o próprio rancho, pra não faltar pão na mesa.
Traz pra perto o arrastão, que a noite vem de carancho,
São mais uns pilas no bolso e cara alegre em seu rancho,
Acorda junto com os galos, pois catre não paga a canha,
E o patrão por satisfeito é mais um amigo que ganha!
Com o ponteador de taquara, prende esperança ao capim,
Trançando orações no arame, pra o oficio nunca ter fim,
Pois de galpão em galpão, na benção de suas cumeeiras,
Criou seus filhos e calos, com a mesma templa campeira.
Intérprete:
Volmir Coelho
essa saiu do tutano do Rio Grande
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