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Rosal

Rosal
(Guilherme Collares, Edilberto Bérgamo)

Nasce a flor branca de outubro
No rosal de uma tapera
Hóstia adornando de insenso
O templo do que já era

Flor benfazeja de ausência
Triste flor da primavera
Florindo a dor dos silêncios
Como em ressábios de espera

Contando em branca ternura
Da flor que por lá viveu
Que vicejou pura e bela
E de tristeza, morreu

Perdida de amor e angústia
Por quem não soube o seu mal
E renasce em primavera
Na branca flor de um rosal

E abre ao sol de um poente
Aromando toda a dor
Que, ao redor, se faz presente
Por quem sente seu amor

Como estrela mensageira
Que alumbra e que desfaz
Deixa pétalas de vida
Por cada gota de sal

E perece em primavera
Na branca flor de um rosal


Intérprete: Joca Martins

Relato De Quem Voltou

Relato De Quem Voltou
(Alex Silveira, Jari Terres, Edilberto Bérgamo)

Adeus as cruzes dos potros
E minha vida na espora
No braço que me sustenta,
No escarcéu campo a fora

Adeus ao galpão antigo
O aroma da maçanilha
Ao ritual da Ave Maria
O velho rádio de pilha

Adeus ao meu bichará
Com a lã crua do ideal
E o bufo lá do potreio
Do meu baio ainda bagual

Como era simples meu mundo
Na voz de algum payador
Banho de sanga e pitanga
E campos bordados em flor

Assim olhava o universo
Do meu rancho na janela,
Era andarilho meu sonho
Mas parava na cancela

Um dia fui mais adiante
Cruzei e varei estradas
Andei, andei pelo rumo
Que apontava a madrugada

Sorvi o apojo das ruas,
E descobri seus segredos
Tardes de angustias e saudade,
Noite de insônia e de medo

Depois que fui vida e morte
De um mundo que me estropiou,
Eu acordei desse sonho
De quem se foi mais voltou



INTÉRPRETE: JARI TERRES


Recuerdo

Recuerdo
(Edilberto Bérgamo, Guilherme Collares)

Recuerdo sabe do tempo do meu sombrero ladeado
E do trotesito largo procurando teu amor
Recuerdo sabe do tempo do meu ponchito listrado
Voando na polvadeira de um corredor

Recuerdo adoça esta vida que amarga se fez ausência
De um passado que é distância gemendo em guitarra a dor
Recuerdo me traz de volta todo sabor da querência
Perdido na polvadeira de um corredor

Recuerdo guarda a saudade de um tempo que hoje é ausência
E troteia na distância de uma vida que passou
Recuerdo procura a volta pra quem perdeu a querência
Na curva de algum caminho e não voltou

Recuerdo sabe do tempo de um rodeio bem parado
Onde o respeito trançado volteava os refugador
Recuerdo sabe de um tempo das cruz de um baio encerado
Num trotesito ladeado pra minha flor

Recuerdo adoce esta vida que amarga se fez ausência
De um passado que é distância gemendo em guitarrador
Recuerdo me traz de volta todo sabor da querência
Perdido na polvadeira de um corredor

Recuerdo guarda a saudade de um tempo que hoje é ausência
E troteia na distância de uma vida que passou
Recuerdo procura a volta pra quem perdeu a querência
Na curva de algum caminho e não voltou