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Chasqueira Saudade

Chasqueira Saudade
(Rafael Ferreira, Robson Garcia)

Depois que virei a rédea do mesmo zaino de sempre
Pisando a réstia da lua, fio branco cortando estrada,
Nem quis olhar pelo ombro, aquilo que o rastro deixa,
Pois pra trás ficou um tanto, na tua trança colgada...

Me ajustei de peão por dia, na estância capitulina,
Golpeando égua de cima, buscando a plata que falta,
Mas na folga busco a volta, te olhando no pensamento,
Com teu sorriso de faixa, e o aroma bueno que exaltas,

Te mando um recadito, neste papel enrolado
Me desculpe os "modo errado", mereces mais, é verdade,
Mas cada linha é o meu peito, por entre um suspiro e outro,
Pois vi que o golpe de um potro tem menos dor que a saudade.

Atei com fita mimosa, colorada igual teu beijo,
Mandei uma flor juntito, que bem colhi tão rosada,
Talvez na hora que a pegues, ja esteja pálida e seca
Mas te prenda na intenção, não jogues fora por nada

Vai junto deste papel, um retalhinho de couro,
Uma lasca da desquina do bocal que vem sovado
Pois é a maior amostra da obrigação que sustento
Depois "das doma" eu regresso, pra ganhar o teu costado.

Intérprete: Marciano Reis


Proseando

Proseando
(Marcelo D'Ávila, Telmo Vasconcelos, Clóvis de Souza)

Pulpeiro, me serve um liso
Que ando sovado da lida
Um bom cavalo é preciso
Quando a estrada é comprida

Venho apanhando faz tempo
E a vida descolorida
Não cuida, nem faz de conta
De amadrinhar as feridas

Solito, vou refletindo
Que o mundo roda ligeiro
Que falta faz um cavalo
Bueno de rédea e parceiro

Pulpeiro, me serve um liso
Que ando sovado da lida
Um bom cavalo é preciso
Quando a estrada é comprida

Pulpeiro, venho cansado
Levando o mundo nos ombros
Não tenho folga e ninguém
Que amacie os meus tombos

Trago o lombo calejado
Das rodadas repetidas
Que falta faz um cavalo
Quando a estrada é comprida


Intérprete: Maurício Oliveira, Clóvis Souza e Marciano Reis Filho

Ritual De Campo E Milonga



Ritual De Campo E Milonga
(Marciano Reis, Luiz Cardoso)

A sombra grande da tarde desceu comprida mais lenta
Sobre o juncal dos açudes com suas águas barrentas
Da pobre rês desgarrada a dor escapa no berro
Sentindo fundo no quarto a marca quente do ferro

Homens arrastam esporas no entra e sai dos galpões
Cansados na desencilha pra um mate ao pé dos fogões
A palha boa pro fumo pros lábios um gole de pura
E uma guitarra en las manos onde há paixão e ternura

Então o verso se arranca na guela vindo pra fora
E a alma doce liberta meu sonho na mesma hora
De andar cantando pros outros com queixos de noite longa
Amores, pago, querência, ritual de campo e milonga

O tosador lá do povo que vem pra sapra dos pila
Envelheceu já faz tempo mas não se cansa da esquila
Um lago de prosa mansa no campo afora em distância
Interte um pouco da indiada montando os potros da estância

Mas quando chega o inverno com o frio vem o temor
E até o coração mais bruto reclama a falta de amor
É quando as coisas da vida já não se ajeitam no tranco
E uma saudade de china desquina vindo do pranto

Então o verso se arranca na guela vindo pra fora
E a alma doce liberta meu sonho na mesma hora
De andar cantando pros outros com queixos de noite longa
Amores, pago, querência, ritual de campo e milonga