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Mostrando postagens com marcador Juliano Gomes. Mostrar todas as postagens
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Prá Bailar De Cola Atada

Prá Bailar De Cola Atada
(Anomar Danúbio Vieira, Juliano Gomes)

De vereda me acomodo, se d’um baile sinto cheiro
Sacudo o pó da mangueira, lá no açude do potreiro
Encharco de amor gaúcho a estampa de um peão campeiro
Por que sei que na minha terra dá pra confiar nos gaiteiros.

Pra bailar de cola atada campeio a volta do mouro
E um par de esporas prateadas, saio beliscando o couro
Levo na alma a esperança de hoje enfrena um namoro
E um três oitão das confiança, pra causo algum desaforo.

Vou tirá china mais linda pra bailar de cola atada
E se não souber dançar ensino e não cobro nada
Depois que meto o cavalo seja lá o que Deus quiser
Pois sou do tempo que os home ainda gostavam de mulher.

A cordeona dá um gemido a polvoadeira levanta
E eu já de pala encardido arrasto o pé na bailanta
Vou cochichando no ouvido meu segredo pra percanta
E bem campante convido pra tomá um samba com fanta

Se debrucemo na copa e ali troquemo uns carinhos
Com juras de amor eterno, ninguém quer morrer sozinho
Não me tenteia morena que tu é flor cheia de espinho
E eu tô loco de vontade de te arrastar pra o meu ninho.

Vou tirá china mais linda pra bailar de cola atada
E se não souber dançar ensino e não cobro nada
Depois que meto o cavalo seja lá o que Deus quiser
Pois sou do tempo que os home ainda gostavam de mulher.

O Sonho

O Sonho
(Xirú Antunes, Adriano Gomes, Juliano Gomes)

Quem sabe meu sonho
Ficou negaciando
Na costa de um mato
Nos ritos de um trago
Das últimas luzes
Que estreitam domingos.

Ficou nas ramadas
Encilhando um mouro
Depois da sestiada
Ou nas madrugadas
Num quarto de ronda
De alguma tropeada.

Meu sonho rebolca
Nas xergas tão velhas
Moldadas de lombo
Guardando suores
Tal qual as relíquias
De um tempo precioso.

Fareja cambonas
Com jujos de campo
Pelas madrugadas
Chuliando cancelas
Que abertas prá o dia
Envidam potradas.

Meu sonho falqueja
As tramas de angico
Nas chuvas de agosto
E saca as penúrias
De tanta invernera
Nos cardos de um poncho.

Galopa num vento
Desfiando saudades
Soprado da estância
Abanos de pala
Mesclados nas rimas
De crina e guitarra.

Talvez quando escute
Os gritos da pampa
N’alguma ilusão
Limite o silêncio
Fazendo fronteiras
Na paz de um galpão.

De Alma Campo e Silêncio

De Alma, Campo e Silêncio
(Fernando Soares, Juliano Gomes, Everson Maré)

Noite de campo que vejo numa lembrança de outrora
Beira de um fogo que acalma, triste cambona que chora
Alma povoada em silêncio deste meu rancho fronteiro
Mateando alguma saudade costeando o sono da espora

Vento que geme na quincha feito um basto na estrada
Resmunga o som de tesoura do picumã amorenada
Quem sabe traga de arrasto alguma manga pras casa
E um cheiro bruto de terra pra invadir a madrugada

Noite que chora pro campo tocando a tropa na sanga
Batiza os lábios da china num galho flôr de pitanga
Somente o sonho que cresce num distanciar de povoeiro
Que parte junto com a aguada pra alguém que vive de changa

E a primavera se estende com olhos claros pra lida
Bolear a perna na estância, este é meu rumo na vida
Solito eu cruzo as horas num camperear de invernada
De rédea firme por diante com alguma mágoa contida


De Saltar Calando

De Saltar Calando
(Fernando Soares, Juliano Gomes)

É de vereda parceiro, que o golpe firma na trança
Se o braço busca a distância, no estender da canhada
Uma terneira abichada, que achata a cola por conta
Ritual gaúcho na estampa, desta querência sagrada.

É de vereda parceiro,com a bota sempre estrivada
Que aparto um boi na invernada, pra garantir o sustento
Chapéu tapeado com o vento, num barbicacho apertado
E um peleguito virado, nesse “fundão mormacento”

Salta calando parceiro, salta calando!!
Faz um bichinho e afirma a perna no más
Soca as esporas e “afrouxa” a boca do pingo
Que a zebuada, sobra pata por “demás”.

E de vereda parceiro, “vamo” rangindo a carona
Num resmungar da chorona, n'alguma folga domingueira
E a sina por balconeira, faz esbarrar na cancela
Pra tira a poeira da goela, num bolicho de fronteira.

E de vereda parceiro, que a noite vem espiando
Junto aos buracos do rancho, de uma peleia passada
E o vício ronda a indiada, num destorcido com canha
Piscando um olho na sanha e metendo sorte clavada

Flor de Yuyo

Flor de Yuyo
(Evair Gomez, Juliano Gomes)

Minha florzita de yuyo
Mas de yuyo perfumado
Mantendo os olhos assim
Te trago frente aos meus lábios
Por isso ao guitarrear
Me gusta tê-los fechados

Sei que me fiz guitarreiro
Quando Deus deu-me destreza
Trazendo a lua pro bojo
Desta guitarra campeira
E que emprestaste teus lábios
Pra dar cor a corticeira
E que emprestaste teus lábios
Pra dar cor a corticeira

Tive ciúmes do sereno
Flor de yuyo por regala
E fiquei preso nos basto
Me perdendo em tua mirada
Mas não teve medo o vento
E te abanou com meu pala

Depois da rosilha flor de yuyo
Tive muitas outras potras
Que estendi até teu rancho
Pois até perdi a conta
Mas só topei com a saudade
Que cutucava ainda a outra
Mas só topei com a saudade
Que cutucava ainda a outra

Fiz do inverno primavera
Por mais que andasse emponchado
Pois fechando os olhos assim
Te trazia frente aos lábios
Minha florzita de yuyo
Mas de yuyo perfumado.



Colaboração de Lutiani Espelocin

Comparsão De Janeiro

Comparsão De Janeiro
(Evair Gomez, Juliano Gomes)

Olha a verdura, cancheiro
Que os velo vêm se estendo
Qual nuvens pelos setembros
Que o vento manso tropeia

Venho minguando o rebanho
A tec-tec de tesoura
E tu garreando a vassoura
Num comparsão de janeiro

Uma botella rolhada
Sacudo num trago largo
Ritual campeiro do pago
Pra evita a tremedeira
E largo de foia inteira
Bolcando a lã pra um costado
Cancheiro me alcança outra
Que to desmaneando esta
Pois até o silêncio se inquieta
Ao não escutar minha tesoura

Escuto o golpe da ficha
Pagando o toso na lata
E arremangando as bombacha
Me curvo, tocando ficha
Assim, a safra se espicha
Por este pago fronteiro
A tec-tec de tesoura
Num comparsão de janeiro

Uma botella rolhada
Sacudo num trago largo
Ritual campeiro do pago
Pra evitar a tremedeira

E largo de foia inteira
Bolcando a lã pra um costado
Cancheiro me alcança outra
Que to desmaneando esta
Pois até o silencio se inquieta
Ao não escutar minha tesoura



Enviada por Lutiani Espelocin