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HÁ, HÁ, HAIA LAGARTIXA BAIA


TÍTULO

HÁ, HÁ, HAIA LAGARTIXA BAIA

COMPOSITORES

LETRA

ALBINO MANIQUE

FRANCISCO CASTILHOS

MÚSICA

ALBINO MANIQUE

FRANCISCO CASTILHOS

INTÉRPRETE

OS MIRINS

RITMO

CD/LP

TCHÊ DE BOMBACHA

FESTIVAL

 

DECLAMADOR

AMADRINHADOR

PREMIAÇÕES


HÁ, HÁ, HAIA LAGARTIXA BAIA
(Albino Manique, Francisco Castilhos)

Conhece um bicho com nome de lagartixa baia?
Não conheço e nunca peguei esse bicho cumpadre. E tu conhece?
Nem quero conhece
Por que cumpadre?
É um bicho perigoso!

Ha, ha, haia lagartixa baia
Não te mixa pra lacraia
Bota a pilcha, tira a saia
Ha, ha, haia lagartixa baia

Campo seco só é seco porque não tem umidade
Pão com banha é na campanha, pão de ló é pra cidade
Que toceira de besteira
La pucha, barbaridade
Há, ha, haia lagartixa baia

Conheço gente que gosta de palmea uma lagartixa...
Tem gosto pra tudo neste mundo!

Ha, ha, haia lagartixa baia
Não te mixa pra lacraia
Bota a pilcha tira a saia
Ha, ha, haia lagartixa baia

Ser rico é coisa bem boa
Ser pobre é uma miséria
A aranha não arranha, não te assusta Isaquitéria
Morre cedo quem peleia
Xô égua, que coisa séria
Ha, ha, haia lagartixa baia

A aranha não arranha e não se acerta com a lagartixa
Mas as vezes elas se dão tão bem

Ha, ha, haia lagartixa baia
Não te mixa pra lacraia
Bota a pilcha tira a saia
Ha, ha, haia lagartixa baia

Mandioca eu corto de faca
Valente com chumbo grosso
Laranja não tem espinho, banana não tem caroço
Minhoca não tem costela e cobra não tem pescoço
Ha, ha, haia lagartixa baia

Quem palmeia uma lagartixa, amansa fácil uma cobra
Ainda mais cobra sem pescoço

Ha, ha, haia lagartixa baia
Não te mixa pra lacraia
Bota a pilcha tira a saia
Ha, ha, haia lagartixa baia

Ovelha não é pra mato
Lambari não é baleia
Quando a pistola é bem boa
A bala nunca vareia
Desse jeito eu vou parar no hospício ou na cadeia
Ha, ha, haia lagartixa baia

A lagartixa é um bicho liso
Depende do jeito que a gente vê a coisa compadre
A lagartixa baia entra em baile compadre?
Entra compadre, e dança
De saia ou sem saia?
Depende compadre
Quando tem muita gente, às vezes ela até tira a saia




Respeito ao Gaúcho

Respeito ao Gaúcho
(Francisco Castilhos, Albino Manique)

Eu peço respeito quando um gaúcho pega um instrumento
E arranca do peito, seu verso, sua voz e o seu sentimento
Eu peço respeito para este canto tão velho e tão novo
Pois esta é a chama que mostra a tenência bravura de um povo

É este o canto que ele aprendeu com seus ancestrais
Que fala de amores, de lutas de guerras e direitos iguais
E quando um gaúcho com seu instrumento cantar para nós
Podes ter certeza que nada e ninguém calará sua voz

Eu peço respeito a todos que cantam as nossas cantigas
Pois estão cantando as glórias de um povo que são tão antigas
Enquanto um gaúcho cantar por prazer e por sua vontade
Estará preservando as suas raízes e a liberdade


Som Campeiro


Som Campeiro
(Francisco Castilhos, Albino Manique)

Tem tanta gente enganando nossa gente
Se infiltrando pelos nossos festivais
Na alegação de um falso modernismo,
E com o apoio de pseudo intelectuais
Trazem à baila instrumentos barulhentos,
Que de valor só têm o preço e a aparência,
Mas que o som machuca nossa alma,
E compromete nossa gaúcha consciência...

Eu quero ouvir um som campeiro,
Que seja fácil e gostoso de escutar,
Eu quero ouvir um som campeiro,
Destes que basta estar feliz para cantar...

Quero dizer pra essa indiada que chegue
Desde que seja com a gaita e um violão
Cantando coisas que falem das nossas coisas
Para fazermos uma grande integração

Então unidos num grito forte iremos
Dizer ao mundo o que representa pra nós
Um canto livre como livre é a nossa gente
E que ninguém irá calar a nossa voz

Tempos de Guri


Tempos de Guri
(Albino Manique, Francisco Castilhos)

Tenho saudade do meu tempo de guri
Quando cedinho eu saía pra escola
De calça curta, pé no chão e bem faceiro
Do lado esquerdo pendurado uma sacola

E dentro dela meus livros para estudar
E um bonezinho para poder jogar bola
E na saída com minha namoradinha
Pela estrada eu voltava bem pachola

Tenho saudade das tardes ensolaradas
Ir para o campo jogar com meus amiguinhos
E nos domingos um ir pra casa do outro
Fazer bodoque pra caçar os passarinhos

Tenho saudade de armar uma arapuca
No arvoredo pra caçar o joão-barreiro
Ver um lagarto melando uma lechiguana
No pé de embira lá no fundo do potreiro

Tenho saudade de buscar água na fonte
Para o meu velho preparar o chimarrão
Montar em pêlo no meu petiço bragado
Buscar as vacas de noitinha pro galpão

Infelizmente tudo ficou tão distante
Porque hoje eu vivo no entrevero da cidade
Só resta agora com os meus cabelos brancos
Ir recordando pra não morrer de saudade

Que Homens São Esses

Que Homens São Esses
(Francisco Castilhos, Carlos Moacir Rodrigues)

Que homens são esses que fogem a luta?
Será que não sabem as glórias do pago?
Que homens são esses que nada respondem,
Que calam verdades, que reprimem afagos
Que homens são esses que trazem nas mãos,
O freio, o cabresto, a rédea e o buçal
Que homens são esses que tem o dever
De fazer o bem, mas só fazem o mal

Eu quero ser gente igual aos avós
Eu quero ser gente igual aos meus pais
Eu quero ser homem sem mágoas no peito
Eu quero respeito e direitos iguais

Eu quero este pampa semeando bondade
Eu quero sonhar com homens irmãos
Eu quero meu filho sem ódio nem guerra
Eu quero esta terra ao alcance das mãos

Que sejam mais justos os homens de agora
Que cantem cantigas antigas e puras
Relembrem figuras sem nada temer
Procurem um mundo de paz na planura
E encontrem na luta, na força e na raça
Um novo caminho no alvorecer

Desperta meu povo do ventre de outrora
Onde marcas presentes não são cicatrizes
Desperta meu povo liberta teu grito
Num brado mais forte que as próprias raízes


Mate de Esperança

Mate de Esperança
(Francisco Castilhos, Albino Manique)

Eu vou cevar um mate gordo de esperança
Com a erva verde do verde do teu olhar
Tomar um trago bem graúdo
E preparar tudo
Para te esperar

E o meu rancho que era escuro de saudade
Eu vou fazer uma pintura de alegria
Para te impressionar e te agradar
Se tu voltar guria

Eu fiz promessa pro negrinho
Eu fiz promessa pro negro do pastoreio
Levei fumo em rama e um gole de canha
Como oferenda
Só para ele me ajudar
Só pra ele me ajudar a encontrar um meio
E um laço forte pra que eu te prenda, prenda

Oh!oh!oh!
E então sem mágoa
Posso até sentir o que virá depois
Oh!oh!oh!
Vou esquentar a água e feliz servir
Um mate pra nós dois.