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UM CANTO AO TIARAYU

TÍTULO
UM CANTO AO TIARAYU
COMPOSITORES
LETRA
FLORI WEGHER
MÚSICA
INTÉRPRETE
LUIZ MARENCO
JARI TERRES
RITMO
POLCA
CD/LP
COMPARSA MUSIQUEIRA
FESTIVAL
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES


UM CANTO AO TIARAYU
(Flori Weguer)

De a cavalo era um centauro
Na vastidão desta pampa,
Aquela bronzeada estampa
Com ares de caborteiro
Tinha alma de guerreiro
Noite negra nas melenas;
No olhar – manhãs serenas
De alvorecer missioneiro

Plantou consciências libertas,
Edificou catedrais,
Boleou e domou baguais;
Construiu uma nação
Foi monarca – capitão
E magistrado xirú,
São Sepé Tiarayu
Morubixaba cristão.

Deu pedigree pra uma raça
De autênticos campeiros,
De indômitos guerreiros
Ajoujados pela fé;
Deu seu sangue a Caiboaté,
Quando a Pampa estremeceu
E o luar resplandeceu
Na fronte de São Sepé.

Os algozes de seu povo
Nem sequer os conhecia;
Foi julgado a revelia
Por tribunal de exceção;
Lhe sonegaram o quinhão
Do inventario divino
E o direito cristalino
De ter um palmo de chão.

Esta terra já tem dono,
Murmurou agonizando.
Preferiu morrer peleando
Do que viver humilhado.
Porque um povo escravizado
Não tem querer nem poder.
É melhor então morrer
A viver de lombo arcado.

Guitarreando A Existência


Guitarreando A Existência
(Flori Wegher,  Luis Carlos Alves)

Despacito tranço tentos
De cantigas em versos largos
Que assim no mais, sem embargos
Brotam deste manancial
Ouvindo um xucro coral
Em forma de melodia
Que me vem da saparia
Do palco do banhadal.

Meu verso abarbarado
Tem cheiro de lida e campo,
É querência onde me acampo
A cantar com emoção,
Esporeando a inspiração
Prá sinuêlo do relato
Emoldurando o retrato
Do meu ser e do meu chão.

Busco acalanto em meu canto
Prá diminuir minhas penas,
Tenho prateada as melenas
Grizalhadas de experiências
Canto a raiz e a essência
Deste pampa sul nativo
Garrão de Pátria onde vivo
Guitarreando a existência.

O tempo que vai rodando
Não ressuscita o passado,
Mas cura os machucados
Dos recuerdos caborteiros,
Fantasmas fanfarroneiros
A judiar o coração
Que bate contra o violão
Nos meus cerões galponeiros.
Despacito tranço versos,
Guitarreando a existência.


Gaita Gringa


Gaita Gringa
(Flori Wegher, Jauro Gehlen)
                                                                     
Nos fins de tarde se ouvia um toque
Vindo de longe...detrás do vento,
E um gringo velho meio oitavado
Buscava a alma do instrumento.

Eram acordes rudimentares
De mãos cansadas da dura lida
E as roucas notas de seus cantares
Contraponteavam a própria vida

Veio da Itália a gaita gringa
Viveu no peito do Chico Arcário
Antes das missas substituía
O badalado do campanário.

Morreu o Chico...ficou a gaita
Emudecida, como um sacrário,
Calou-se o pampa e a gaita gringa
Como um tributo ao Chico Arcário.

Eram acordes rudimentares
De mãos cansadas da dura lida
E as roucas notas de seus cantares
Contraponteavam a própria vida

Como era lindo o morrer da tarde
Com a fragrância inocente e pura
Trazida ao vento do parreiral
O cheiro doce de uva madura.

Veio da Itália a gaita gringa
Viveu no peito do Chico Arcário
Antes das missas substituía
O badalado do campanário.

Morreu o Chico...ficou a gaita
Emudecida, como um sacrário,
Calou-se o pampa e a gaita gringa
Como um tributo ao Chico Arcário.     



Embretando A Vida

Embretando A Vida
(Flori Wegher, Luis Carlos Alves)

Desta quincha centenária, vou gastando as horas largas
Enquanto sovo o palheiro, vou mateando yerba amarga.
De mano com a tristeza, solito nesta quietude,
Na hora que o gado bebe nos remansos do açude.

O abandono do campo me foi mermando a coragem,
Acolherado ao desgosto empezo pensar bobagem.
Talvez deixar a querência...o mundo que é meu galpão,
Prá ir campear na cidade, remédio prá solidão.

Há que restar um cavalo
Prá mim que vivi domando
E repontar meu destino
De lombo duro troteando.

No entanto meu parceiro, receio barbaridade,
De me embretar na favela e ser mais um João Saudade.
Ou então prá minha desgraça, que é pior que o matador
É virar mais um sem-terra, acampado ao corredor.

Prá o peão não há mais lugar, é a triste constatação,
A fartura das estâncias só há na imaginação.
A divisão da cidade foi também truco marcado,
Me destinaram um perau com barracos pendurado.

Há que restar um cavalo
Prá mim que vivi domando
E repontar meu destino
De lombo duro troteando.



Serrano Sim Senhor

Serrano Sim Senhor
(Flori Wegher, Jauro Gehlen, Glenio Vieira)
                                         
Venho de cima da serra, sou serrano sim senhor,
Sou um tigre peleador, guardião desta fronteira,
Sou abridor da porteira, prá aqueles que vêm em paz,
Sou posteiro e capataz da invernada brasileira.

Se a minha bombacha é estreita,
Não é por falta de pano,
Pois a lida de vaqueno me proíbe o exagero,
Se diferente é o apêro e a bota é assanfonada,
Eu herdei das carreteadas e dos birivas tropeiros.

Me orgulho em ser serrano, pisador de geada fria,
Domador de ventania, parapeito pro Minuano,
Sou taipeiro veterano, sapecador de pinhão,
No mundo que é meu galpão, sou monarca  soberano.

Trago retrechos na alma de cordeonas fandangueiras,
De guitarras choradeiras, herdadas do velho mundo,
Acordes do Pedro Raimundo, clarinando a madrugada,
Assobiando pela estrada, na volta de algum surungo.

Prá demarcar a divisa, plantei a velha bandeira,
Levantei esta trincheira, prá rebater o invasor,
Sou eterno bombeador da pampa continentina,
Tive esta graça divina, sou serrano sim senhor.
Me orgulho em ser serrano, pisador de geada fria,
Domador de ventania, parapeito pro Minuano,
Sou taipeiro veterano, sapecador de pinhão,
No mundo que é meu galpão, sou monarca soberano.