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Mostrando postagens com marcador Cristian Camargo. Mostrar todas as postagens
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A Tropa Fez Que Se Ia


A Tropa Fez Que Se Ia
(Gujo Teixeira, Cristian Camargo)

A tropa fez que se ia num canhadão sem costeio
Mas se não fosse meus cusco faltava boi no rodeio
Eram dois baios coleras e um brazino cimarrón
Três campeiros de respeito e ainda por cima dos bom

Se eu fosse mete o gateado e atropelar aquela ponta
Deixava o resto da tropa desgovernar-se por conta
Foi um pampa de aspa guacha, já com fama de matreiro
Que disparou mais adiante entre o chircal do potreiro

Mas foi estender um silvido e um grito de olha a volta
Se apresentaram os campeiros meus três soldados da escolta
Era um acôo e mais outro de vez em quando um ganiço
Juntando quem se desgarra por conta do compromisso

Cachorro que cuida a tropa é quase um campeiro e tanto
Não faltam quando é preciso e chegam que lhes garanto

Só avistava de longe os três pegando de trás
Um atracando a dentada o outro volteando no más
Levaram uns cinqüenta metros o boi pampa num volteio
Depois a dente e pegada por conta foi que o boi veio

Depois juntou-se na tropa, meio entendo o motivo
E eu chamei os companheiros pra sombra abaixo do estrivo
E é bem assim nestes campos quando se manda se pega
Cachorro que tem comando não dorme pelas macega

De riba do meu gateado a coisa é bem do meu jeito
Quem pode mais atropela e os cusco botam respeito

Era um acôo e mais outro de vez em quando um ganiço
Juntando quem se desgarra por conta do compromisso
Cachorro que cuida a tropa é quase um campeiro e tanto
Não faltam quando é preciso e chegam que lhes garanto

A tropa fez que se ia num canhadão sem costeio
Mas, se não fosse meus cusco faltava boi no rodeio 

Olhar


Olhar
(Lisandro Amaral, Cristian Camargo)

Lua que busca o silêncio dormido entre as sombras
Alma que guarda saudade dormida em silêncios
Beijo que dorme em saudade de alma e desejo
Corpo que grita no canto, pois quer o teu beijo

Paz que não tenho a distância e nas sombras que venho
Alma que dói por saber da saudade que tenho
Brilho da luz escondida na lua que espera
O beijo que grito e que traz teu amor primavera

Um dia o meu olhar, quem sabe, encontre o teu
E acorde pra um novo mundo que o tempo adormeceu
E o brilho que em ti virá da luz da lua é meu
E a calma da sombra mansa da paz que amanheceu
O teu olhar se encontra ao meu
Reflete os sonhos dormidos que buscam achar os teus

Olhar de estrela recente em meio ao que penso
Adeus ao sorriso que parte e não sabe se volta
E o pouco de mim que ficou já não sabe se canta
Fez lua e saudade chorar no olhar da garganta

Um dia o meu olhar, quem sabe encontre o teu
E acorde pra um novo mundo que o tempo adormeceu
E o brilho que em ti virá da luz da lua é meu
E a calma da sombra mansa da paz que amanheceu
O teu olhar se encontra ao meu
Reflete os sonhos dormidos que buscam achar os teus

A Memória Da Pedra


A Memória Da Pedra
(Gujo Teixeira, Cristian Camargo)

Era pedra e seguiu pedra
Por eterna, a vida inteira
Que um dia ficou no campo
Cansou de ser boleadeira.

A pedra da boleadeira
Nesta terra se perdeu
Mas nos meus olhos de campo
Um dia assim, renasceu...

Brotou do ventre da terra
Com paciência secular
Esperando pra ser vento
E assim, de novo voar.

Não voou por muitos anos
Perdida das outras duas
Mas sempre guardou a forma
Redonda, em feito de lua...

Foi surgir desenterrada
Do mesmo jeito que veio
Junto de um cocho de sal
Num parador de rodeio.

Pela lembrança da terra
Muitos séculos de história
Que guardou fundos de campos
No rastro de sua memória...

Por fora suja de terra
Mas com mistérios por dentro
Mostrando o vinco do couro
Bem recortado em seu centro.

Trezentos anos talvez!!!
Renascida sobre a terra
Mansa, serena qual pedra
Quem já foi arma de guerra.

No alto de um coxilhão
Bem onde foi esquecida
Ganhou palavra de terra
Pois meu olhar lhe deu vida

Das mãos de um índio charrua
Pra minhas mãos de campeiro
A pedra da boleadeira
Tem sempre rumo certeiro...

Os Olhos Do Meu Cavalo

Os Olhos Do Meu Cavalo
(Gujo Teixeira, Cristian Camargo)

Aos poucos vão indo embora
As coisas que eu mais gostava...
Quando morreu meu cavalo
Por certo Deus descansava.

Era uma tarde de outubro
Com silêncio de sol-por
Um vento nas madressilvas
Ventava anúncios de dor.

No céu azul do potreiro
A corvada, em vôos rasos,
Trazia garras de morte
Mas a gente nem fez caso.

Quando a manhã veio cedo
Na recolhida pra encilha
Faltava um baio cebruno
Na forma da minha tropilha.

Um peão de olhos baixos
De freio e mango na mão
Me disse com dor na alma:
- Morreu seu baio, patrão!

As crinas entre as macegas
Cardavam teias de aranha
Que a manhã, ainda agora,
Tinha posto na campanha

E os olhos do meu cavalo
Que há pouco não viam nada
Já tinham ganhado o céu
Pelas garras da corvada!

Ficou um silêncio largo
Talvez faltando um relincho...
Só um choro pelo arame
Pelo cantar dos pelinchos.

Olhando o baio estendido
Pensei bem quieto comigo...
Isso não é coisa parceiro
Isso não é coisa parceiro
Que se faça com um amigo!

Coisa triste de se ver
Um amigo desse jeito...
Ontem mesmo lhe apertei
A cincha no osso do peito!

E hoje lhe vejo assim
Posto em partida, sem viço...
Se Deus bem sabe o que faz
Não tava sabendo disso!

As crinas entre as macegas
Cardavam teias de aranha
Que a manhã, ainda agora,
Tinha posto na campanha

E os olhos do meu cavalo
Que há pouco não viam nada
Já tinham ganhado o céu
Pelas garras da corvada!
Já tinham ganhado o céu
Os olhos do meu cavalo!

Se vai embora o meu baio
O pingo que eu mais gostava
Quando morreu meu cavalo
Quando morreu meu cavalo
Por certo Deus descansava

Feito Um Cincerro De Prata

Feito Um Cincerro De Prata
(Lisandro Amaral, Cristian Camargo, Márcio Rosado)

Feito um cincerro de prata que se apartou do badalo
Lua minguante contemplo no lombo do meu cavalo
Com a mãe tordilha que apeia do ventre a potranca estrela
No negro escuro da noite somente o céu pode tê-la

E assim o céu testemunho dos meus caminhos mirantes
Viram que lua e destino são mais que luzes e andantes
Com a mãe tordilha que apeia para o carinho fraterno
Mesmo no vulto da noite o escuro nunca é eterno

E a luz que vem do teu olhar
Beijou o mar e a imensidão
Rompeu o tempo e foi morar no amor

Se a luz que vai do meu olhar
Querendo estar num coração
Rompeu a noite e amanheceu amor

E assim o céu testemunho dos meus caminhos mirantes
Viram que lua e destino são mais que luzes e andantes
Com a mãe tordilha que apeia para o carinho fraterno
Mesmo no vulto da noite o escuro nunca é eterno

E a luz que vem do teu olhar
Beijou o mar e a imensidão
Rompeu o tempo e foi morar no amor

Se a luz que vai do meu olhar
Querendo estar num coração
Rompeu a noite e amanheceu amor