A
Memória Da Pedra
(Gujo Teixeira, Cristian
Camargo)
Era pedra e seguiu
pedra
Por eterna, a vida
inteira
Que um dia ficou no
campo
Cansou de ser
boleadeira.
A pedra da
boleadeira
Nesta terra se
perdeu
Mas nos meus olhos
de campo
Um dia assim,
renasceu...
Brotou do ventre da
terra
Com paciência
secular
Esperando pra ser
vento
E assim, de novo
voar.
Não voou por muitos
anos
Perdida das outras
duas
Mas sempre guardou
a forma
Redonda, em feito
de lua...
Foi surgir
desenterrada
Do mesmo jeito que
veio
Junto de um cocho
de sal
Num parador de
rodeio.
Pela lembrança da
terra
Muitos séculos de
história
Que guardou fundos
de campos
No rastro de sua
memória...
Por fora suja de
terra
Mas com mistérios
por dentro
Mostrando o vinco
do couro
Bem recortado em
seu centro.
Trezentos anos
talvez!!!
Renascida sobre a
terra
Mansa, serena qual
pedra
Quem já foi arma de
guerra.
No alto de um
coxilhão
Bem onde foi
esquecida
Ganhou palavra de
terra
Pois meu olhar lhe
deu vida
Das mãos de um
índio charrua
Pra minhas mãos de
campeiro
A pedra da
boleadeira
Tem sempre rumo
certeiro...