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Pra Quem Morre De A Cavalo

Pra Quem Morre De A Cavalo
(Marcelo D´Ávila, Penna Flores)

Quando a morte arma seu laço
Num tiro justo nos tocos
Morrer em cima dum pingo
É honra dada pra poucos.

Fazer campa do lombilho
De uma encilha lindaça
E uma coroa trançada
Com os tentos do doze braças.

Quem, por campeiro e ginete,
Morre agarrado ao sovéu
Num buenas-noites pra terra
Sobe a cavalo pro céu.

A altivez do último gesto
Na mão que segura o freio;
Quem morre sobre um cavalo
Vai pro céu parar rodeio.

E quando pingo e ginete
Se irmanam na mesma morte
É que a tava do destino
Caiu clavada na sorte.

Uma ossamenta velada
Pela luz dos pirilampos:
Cavalo e homem plantados
No ventre fértil dos campos.

Meu Verso Chimarrão

Meu Verso Chimarrão
(Marcelo D´Ávila, Juliano Moreno)

É bem verdade que meu verso não tem marca
Pois traz o couro imaculado dos libertos;
É como um potro mal domado que se aparta
Do conformismo e da mesmice de outros versos.

Não tem no lombo aquele estigma do ferro
Que grava em brasa a assinatura de um patrão
Porque bem sabe que a essência de ser verso
É a liberdade plena de fúria e de som.

O verso é vida, o verso é vício e vice-versa,
É ave rara, um verde vale num deserto;
Verdade e dúvida, vertente, é descoberta
Que um verso livre é bem mais vasto que o universo.

E é deste jeito que meu verso não tem marca
Nem traz no couro a cicatriz dos compromissos
Talvez por isso seja um potro que se aparta
Dos que preferem outros versos, sem sentido.

Não tem no lombo aquele estigma do ferro
Que grava em brasa a assinatura de um patrão
Porque bem sabe que a essência de ser verso
É a liberdade plena de fúria e de som.

De Duas Pátrias

De Duas Pátrias
(Marcelo D´Ávila, Juliano Moreno)

"Caudillo blanco" forjado a ponta de lança,
Foi ordenança, "cabo viejo" e general;
Com Gumercindo peleou em noventa e três,
A uma só vez, riograndense e oriental.

Hay lenços brancos nas fileiras maragatas -
Índios do Prata tendo a guerra por ofício.
Vai na vanguarda o General de Duas Pátrias
E na culatra umas novilhas pro munício.

Marcham valentes nos caminhos da fronteira,
Rumo à Rivera sem temer o sacrifício,
De peito aberto, ouvindo o vento que assopra
Alguma copla em honra a Dom Aparício.

Em Masoller trançaram aço com aço
Quando um balaço disparado pela raiva
Pôs fim ao homem, mas criou um novo mito
No último grito de Aparício Saraiva.

O poncho velho que em tantas noites escuras
Foi armadura na barbárie das batalhas
Agora cobre o corpo inerte do guerreiro
Num derradeiro e terno abraço de mortalha.