Mostrando postagens com marcador Getulio Silva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Getulio Silva. Mostrar todas as postagens

Tirando Balda


Tirando Balda
(Mário Nenê, Getulio Silva, Walther Morais)

Fui me vendo aos pandarecos pelo barral da mangueira
Numa fria sexta feira de garoa acinzentada
Meu chapéu vertendo água e as bombachas num charco
E o lombo do potro um arco lindo pra uma gineteada
Se veio querendo briga bufando e dando pataço
Mostrei o pulso e o braço do taura que tem forquilha
Deixei de lado as encilhas e saltei no lombo de em pelo
Saiu deitando o cabelo coas rosetas na virilha

Pra tirar balda de potro não importa o tempo feio
Se é no pelo ou no arreio qualquer jeito se arrocina
Trouxe de berço esta sina quando encilho quebro o cacho
Se o mundo virar pra baixo fico grudado nas crinas

Dava pulo corcoveando me levantando pra o céu
Fui perdendo o meu chapéu e as rosetas campo a fora
Domador não se apavora com caborteiro sotreta
Fui cravando nas paletas o que sobrou das esporas
Quando chegou na restinga parou e ficou estaqueado
O couro todo lanhado mais brabo que mamangava
Saiu costeando as aguada com jeito de traiçoeiro
Voltou juntando os terneiro, reconheceu quem mandava

Pra tirar balda de potro não importa o tempo feio
Se é no pelo ou no arreio qualquer jeito se arrocina
Trouxe de berço esta sina quando encilho quebro o cacho
Se o mundo virar pra baixo fico grudado nas crinas

Passando O Mango Na Morte

Passando O Mango Na Morte
(Getulio Silva, Mario Nenê, Walther Morais)

A morte é uma potra xucra que não se amansa no mais
Um dia o vivente cai e vai pra dentro do chão,
Pouco importa se é patrão, capataz ou peão campeiro
A morte não tem parceiro, nem faz grau de distinção
Nem por isso tenho medo vou quando chegar a hora
Se me enredar nas espora, são os cavaco da lida
Quando o rodeio da vida, embretar as esperanças
Então só serei lembrança, porque me fui de partida

Não sou de fazer lamuria, ficar chorando mazela...
Aos tombos me livro dela, amadrinhado c’oa sorte,
Arreglando meus arreios, metendo bocal e freio
Faço da vida um floreio, passando o mango na morte

Por isso meu companheiro, vou gambeteando a danada
A trotezito na estrada, sem pensar na minha ida,
Da morte não tem saída, vamos pelear e viver
Educar e aprender, dando mais valor a vida
Vou pilchando meu destino de alegria e de prazer
Pois de que adianta sofrer pelas migalhas que herdamos
Se na morte não levamos os nossos bens materiais
Só vão junto os ideais e o amor que proporcionamos

Chamarrona De Campanha

Chamarrona De Campanha
(Getulio Silva, Diego Goulart Muller, Walther Morais)

Chamarrona de campanha
Floriada a dedo de taita
Numa empoeirada gaita
Comprada lá nas carreiras
Dita as noites missioneiras
Neste galpão macanudo
Onde se encontra de tudo
Destes lados da fronteira

Eu que me criei campeiro
Conheço o galo que canta
E o mais florão das percantas
Nos bailes de chão batido
Pois me vejo comovido
Quando o instinto me apura
A floria lotes de jura
Cochichando ao pé do ouvido

Chorominga a botoneira
Todo mundo sarandeia
O candieiro balanceia
No tranco da chamarrona
Minha guecha redomona
La embaixo da figueira
Relincha a noite inteira
Pra os bufido da cordeona

Escarvando o chão da sala
Vou de um jeito mal costiado
Num romance abagualado
Aonde a chinoca esbarra
Que um ponteio de guitarra
Dita o embalo da dança
Se mi’alma xucra balança
Num compassão de chamarra

E sei que um baile de candieiro
É um bagual intretimento
Pra um índio cento por cento
Se embalar na chamarrona
Nos braço d’uma temporona
Nas bailantas missioneiras
E bailar noites inteiras
Inté encharcar a carona

Bagual Picaço

Bagual Picaço
(Getulio Silva, Walther Morais)

Certa feita me ajustei
Na estância do seu ponciano
Pra domar um bagual picaço
Que beirava cinco anos
Crioulo ali dos queimados
Lindeiro da terra dura
Este picaço afamado
Pingo de linda figura
Era o senhor das coxilhas
Sem nunca ter visto o laço
Tinha por cama as flexilhas
O famoso bagual picaço
Trouxe junto com a manada
Da invernada capororoca
Bufando e corcoveando
E coiceando na maçaroca

E ao chegar na mangueira
Deixei a poeira baixar
Enquanto a peonada faceira
Mateava a lhe contemplar
Discussões e gargalhadas
La na frente do galpão
Gabolices e patacuadas
Das lidas de domação
Com jeito botei o laço
Golpeando senti o perigo
Aos coices e manotaços
Passei lhe o pé de amigo
Arreglei as loncas do lombo
Daquele picaço infame
Arcado que nem porongo
Que da em cerca de arame

Alcei a perna seguro
No santo Antonio de prata
Já foi escondendo o quengo
No meio das duas patas
Saiu berrando e corcoveando
Só ouvia o ranger dos bastos
Várzeas, canhadas e coxilhas
Cruzamos riscando os pastos
Ficamos horas extraviados
Pras bandas do boqueirão
As vezes perto das nuvens
Outras pertinho do chão
Se debulhando o endiabrado
Du puarva madurao
Inté parecia um mandado
Que vinha rachando o chão

Entregou-se o rei das coxilhas
E atende a qualquer upa
Ficou bueno de encilha
E bem mancinho de garupa

Não Sou Gaucho De Andar Inventando

Não Sou Gaucho De Andar Inventando
(Getulio Silva, Mario Nenê, Walther Morais)

Nasci na costa do cerro sempre lidei com manadas,
Sou parceiro da verdade, entre prosa e patacoadas
Eu sou do rio grande velho sempre sustento o que digo
Proseio com quem conheço e não falo mal dos amigos,
Depois da palavra dita não tem jeito de voltar
Por isso aprendi na vida, pensar antes de falar

Para quem não me conhece e anda por mim perguntando
Sou do lombo do cavalo, sustento o que estou falando
De fato! Eu não sou gaúcho de andar no mundo inventando...

Depois que eu der a palavra não precisa documento,
Não volto atrás no que digo não reduzo  e não aumento
E quem diz o que não deve, sempre escuta o que não quer
Por isso tenho cuidado com negocio e com mulher
O homem que fala muito por vez se enreda em maneia
Se o caso for desse jeito da divorcio e da cadeia

Conheço muitos viventes que andam falando lorotas
Não cumprindo os compromissos, vendendo as bombacha e botas
Outros tantos vão seguindo falando da vida alheia
E alguns que são abonados choram de barriga cheia
Pra sobreviver no mundo cada um faz o que pode
Eu ando de espinha reta honrando o fio do bigode