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VIZINHANDO

 

 

TÍTULO

VIZINHANDO

COMPOSITORES

LETRA

MOACIR SEVERO

MÚSICA

MATHEUS ALVES

INTÉRPRETE

RAINERI SPOHR

RITMO

CHIMARRITA

CD/LP

01º CANTO CAMPEIRO DE VIAMÃO

FESTIVAL

01º CANTO CAMPEIRO DE VIAMÃO

MÚSICOS

 

PREMIAÇÃO

2º LUGAR

MELHOR INSTRUMENTISTA – MATHEUS ALVES

 

VIZINHANDO
(Moacir Severo, Matheus Alves)
 
Lá vem Eufrásio atalhando campo,
Chapéu tapeado num trancão ligeiro
No par de beiço vem emoleirando,
Fumegando alto um toco de palheiro
O bico da bota bebendo o sereno,
Que marca o fim desse fevereiro
Seu passo largo lembra o João de barro
Que se passeia a catar no terreiro
 
É um índio bueno pra prestar quarteada,
Nessas lida bruta, pra de quando em vez
Apartar em rodeio, serviço de campo,
Só não aceita se empregar por mês
Tem sua chácara com galinha e porco,
Cercado grande e alguma rês
Homem talhado pro serviço bruto,
O pouco que tem ele próprio fez
 
Embora domingo não vá a passeio
É algum vício que está carecendo
Ou firmar palpite para as carrereadas,
Que hoje à tarde tem lá no Rosendo
Minha velha ajeita de tudo um pouco,
Cevas de mate e um fumo bueno
Por que se Eufrásio precisa de algo,
Aqui não vai bater em pago ajeno
 
Uma enxaqueca pega de surpresa,
É pra essas horas que se tem amigos
Ou é sapinho na boca do piá,
Ou a comadre se amolou do “figo”
O vizinho é o parente mais perto
E a amizade é o melhor abrigo
Essa maneira de bem avizinhar,
É uma herança do sistema antigo

TORMENTA

TÍTULO

TORMENTA

COMPOSITORES

LETRA

SEVERINO RUDES MOREIRA

MÚSICA

ZULMAR BENITEZ

INTÉRPRETE

JOCA MARTINS

RITMO

CHAMARRITA

CD/LP

5ª RAMADA DA CANÇÃO NATIVA

FESTIVAL

5ª RAMADA DA CANÇÃO NATIVA

DECLAMADOR

AMADRINHADOR

PREMIAÇÕES

 

Tormenta

(Severino Rudes Moreira, Zulmar Benitez)


Se tisnam tons de fumaça

De contra o fio do horizonte

E o vento traz num reponte

Gavionas de cola alçada

Lobunas entropilhadas

Redemoneadas na poeira

Rompendo pelas porteiras

Que nem tropa estourada.

 

A pampa se empardece,

Prenúncio de temporal

E uma tropilha bagual

Alinha a cola pra chuva.

O céu, manto de viúva,

Se desbota no aguaceiro

Quando um raio matreiro,

Afocinha na timbaúva.

 

Trovoadas que se repetem

Como touro em desafio

E o vento faz corrupio

Na crista dos arvoredos

A lua talvez com medo

Nem dá sinal de vida

E a tarde estremecida

Já se recolhe mais cedo.

 

Um raio na cola do outro

Se reflete no açude

Rasgando a negritude

Dessa tarde azarenta

Lembro o taura que aguenta

N´alguma ronda de tropa

Onde até a alma se ensopa

Na fúria de uma tormenta.

 



ROMANCE FRONTEIRO

Título
ROMANCE FRONTEIRO
Compositores
LETRA
GUJO TEIXEIRA
MÚSICA
JULIANO GOMES
Intérprete
MARCELO OLIVEIRA
Ritmo
CHIMARRITA
CD/LP
19ª VIGÍLIA DO CANTO GAÚCHO
Festival
19ª VIGÍLIA DO CANTO GAÚCHO
Declamador

Amadrinhador

Premiações
2º LUGAR
MELHOR POESIA
MELHOR INTÉRPRETE – MARCELO OLIVEIRA

ROMANCE FRONTEIRO
(Gujo Teixeira, Juliano Gomes)

Um dia desses fronteiro, me larguei de alma bem vinda
Rumo aos floreios de um rancho, aonde mora minha linda
Meu pingo baio escarceia num tranco de madrugada
Gasta distância de léguas buscando o rumo e mais nada

Um vento bom de saudade me assopra das laranjeiras
Me adoça a estrada comprida e por nada a vida inteira
Meu coração de campanha parece que sabe a volta
Chega bem antes de mim, conhece o atalho e se solta

Quem tem a alma nos olhos de uma florzita de campo
Faz das estrelas da noite um lume de pirilampo
E junta o silêncio claro de basto, espora e barbela
Com um assobio compassado, sonando coplas pra ela

Pelo acalanto do vento que desce desde a coxilha
Minha saudade se achega e assim no más desencilha
Um mate é quase um saludo no doce-amargo de um beijo
Pelo carinho das mãos e um jujo bom de poejo

Trouxe de tiro esta lua, num riso em quarto crescente
Só pra alumbrar os olhos negros da noite que cai silente
Se enfeita minha primavera com a flor do meu rincão
E um canto de chimarrita que encanta o meu coração

Canto um romance fronteiro desses que a noite ainda encobre
Nos alvoroços de um pala minguado de rima pobre
Quedando a noite serena que prometia um abraço
E ela de pala no ombro sonhando aqui nos meus braços.