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VELHO CANTOR

TÍTULO
VELHO CANTOR
COMPOSITORES
LETRA
GILBERTO CARVALHO
MÚSICA
MARCO AURÉLIO VASCONCELLOS
INTÉRPRETE
MARCO AURÉLIO VASCONCELLOS
RITMO
CD/LP
9ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
FESTIVAL
9ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES


VELHO CANTOR
(Gilberto Carvalho, Marco Aurélio Vasconcelos)

Como figura surgida
Do ventre fundo dos anos
Sua estampa de fronteira
Sacudida de minuanos
Se derramava em guitarras
Pelos fogões campechanos

Contava até, que de noite
Quando solito estradeava
Se o vento no alambrado
Lhe desafiando assobiava
Ele então de contraponto
Até com o vento cantava

Dizia o velho cantor
No seu campeiro cantar
Quem passa a vida cantando
Não sente a vida passar

Era o pago que encarnara
Com sua baguala essência
Neste campeiro Quixote
Que cruzava a existência
Palanqueando as tradições
De sua velha querência

Onde andará o guitarreiro?
Já ninguém pode saber
Quem sabe se foi com o vento

Novos cantos aprender
Quem sabe se fez guitarra
Para cantando volver
Nas mãos de novos cantores
Num eterno renascer

Dizia o velho cantor
No seu campeiro cantar
Quem passa a vida cantando
Não sente a vida passar



Negro da Gaita

Negro Da Gaita
(Gilberto Carvalho, Airton Pimentel)

Mata o silêncio dos mates, a cordeona voz trocada
E a mão campeira do negro, passeando aveludada
Nos botões chora segredos, que ele juntou pela estrada

Quando o negro abre essa gaita
Abre o livro da sua vida
Marcado de poeira e pampa
Em cada nota sentida

Quando o pai que foi gaiteiro, desta vida se ausentou
O negro piá solitário, tal como pedra rolou
E se fez homem proseando, com a gaita que o pai deixou

E a gaita se fez baú para causos e canções
Do negro que passa a vida, mastigando solidões
E vai semeando recuerdos, por estradas e galpões.



Colaboração enviada por Liane

Cantor de Fronteira

Cantor de Fronteira
(Gilberto Carvalho, João de Almeida Neto)

Quando canta um cantor de fronteira
Traz recados de vida e caminho
E se sua garganta é guerreira
Sua alma transborda carinho

Quando canta um cantor de fronteira
Não vê mapas e faz seu aparte
Irmanando parceiros de alma
Na fraterna grandeza da arte

Quando canta um cantor de fronteira
Escancara garganta e caminho
Se somando a outras vozes cantoras
Que um fronteiro não canta sozinho

Quando canta um cantor de fronteira
Louva amores que o mundo lhe deu
Mas conserva em ciumenta moldura
A fronteira que nunca esqueceu

Quando canta um cantor de fronteira
Nunca é isolada a emoção,
É uma frente de vozes erguendo
Sua gente, sua arte, seu chão


Enviada por Liane

Bolicho

Bolicho
(Cenair Maicá, Gilberto Carvalho)

No balcão cheiro de risos de taboa velha riscada
Maço de palha e o fumo numa estopa remangada
Poeirada, muita cachaça e alguma rusga entaipada.

O rádio que se desmancha num tangaço de Gardel
Peça de chita floreada, renda, alpargata, pastel.
E um gato velho brasino que a cuscada dá quartel.

Bolicho beira-de-estrada, na solidão da campanha
Onde o índio solitário afoga mágoas na canha.
Morada dos cruzadores, onde o andejo sem rumo
Busca na canha e no fumo matar saudades de amores.

Lá fora tava que sobe, cá dentro trago que desce
A goela da oito baixos canta até o que não conhece
O truco bem orelhado desde segunda amanhece.

Ninguém passa sem chegar no bolicho beira-estrada
E o bolicheiro alarife tem a cara preparada,
Às vezes sua livreta cobra quem não comprou nada.

Bolicho beira-de-estrada, na solidão da campanha
Onde o índio solitário afoga mágoas na canha.
Morada dos cruzadores, onde o andejo sem rumo
Busca na canha e no fumo matar saudades de amores.


Enviada por Luis