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Nos Caracóis do Meu Mate


Nos Caracóis do Meu Mate
(Nenito Sarturi, Airton Dorneles)

Ando campeando guarida, nos caracóis do meu mate
Busco razoes para a vida quando a saudade me bate
Na solidão que atropela o breu da noite encardida,
Por vezes fico a janela bombeando a estrada comprida

Nesses momentos fugazes
A tua imagem vem pedir passagem
Ao meu pensamento:
Sem perceber que judia
Sorrindo me espia e traz nostalgia
Nas asas do vento

A lua-parceira ingrata que abandonou-me na estrada
Crava as rosetas de prata na ilharga da madrugada,
Só o mate amargo lavado que já me abriu tantas portas
Vara a noite ao meu costado, na ronda das horas mortas

Manhãs

Manhãs
(Nenito Sarturi, Miguel Marques)

Um sabiá no seu galho
Uma gota de orvalho
Um gritar de tahã
Que me importa o sereno
Se meu mundo é pequeno
Tenho a terna manhã.

Tenho o coice do arado
O mugido do gado
O quero-quero gritão
Que me importa o suor
Quero um mundo melhor
E na mesa mais pão.

Tenho um raio de sol
Tenho um riso guri
Não me falta mais nada
Nesta calma alvorada
Para andar por aí.

Se eu não tenho mais tino
Se meu sonho é menino
Que me importa afinal
Que me importa este choro
Se me resta o consolo
De um clarão matinal.

Se as manhãs do meu tempo
Já não têm mais alento
Vou aguentando o tirão
Vou curando as feridas
Das manhãs desta vida
Que rebrotam do chão.

Tenho um raio de sol
Tenho um riso guri
Não me falta mais nada
Nesta calma alvorada
Para andar por aí.

Não me falta mais nada
Nesta calma alvorada
Para andar por aí.

Acordes De Chamamé

Acordes De Chamamé
(Nenito Sarturi , Sérgio Rosa)

Quando escuto uma cordeona
Retrechando chamamé
Me lembro dos bailes costeiros
A luz de candeeiro lá em Santa Fé

Revejo a balsa deslizando
Sinete cortando o Uruguai
E sobre a proa pulando e cantando
Alegre entoando um sapucai

Chamamé santa fecino
Que desde menino me enfeitiçou
Com os teus acordes no meu caminho
Não ando sozinho por onde vou

Nestas quebradas e coxilhas
Os teus acordes se ouvirão
Vou renascendo nas flexilhas
E campeando trilhas por esse chão

Mas quando bebo de tuas fontes
Deslumbro horizontes por cruzar
O teu som continentino
Parece um hino a me embalar

Boeira

Boeira
(Nenito Sarturi, Miguel Marques)

Quando a noite abre a cancela
Do invernadão do infinito
Surge a luz dos olhos dela
Pra quem vagueia solito

Ponteando a noite campeira
Na tropa do firmamento
Fiz uma estrela boeira
Parceira do meu lamento

Esta estrela solitária
Guiei luzeiros sem fim
É uma frincha imaginária
Clareando o mundo pra mim

Só tu boeira candente
Quente e ansiosa de abraços
Essa amante permanente
Guiando sempre meus passos

Engarupada de estrelas
A noite pinta nuances
Soprando o lume das velas
E o braseiro dos romances

Há um recuerdo em cada canto
Deste rancho abandonado
A saudade é um acalanto
Quinchando o peito cansado

O capim de Santa Fé
Aos temporais sucumbiu
Deixando sonhos no tempo
Num rancho triste e vazio

Só tu boeira candente
Quente e ansiosa de abraços
Essa amante permanente
Guiando sempre meus passos

Um Pito

Um Pito
(Nenito Sarturi, Cláudio Patias, Nelcy Vargas)

Olha, Guri ! Repara o que estás fazendo,
Depois que fores é difícil de voltar;
Passei-te um pito e continuas remoendo,
Teu sonho moço deste rancho abandonar.

Olha, Guri ! Lá no povo é diferente,
E certamente, faltará o que tens aqui;
Eu só te peço: Não esqueça de tua gente,
De vez em quando, manda uma carta, guri.

Se vais embora, por favor não te detenhas,
Sigas em frente e não olhes para trás;
Assim não vais ver a lágrima insistente,
Que molha o rosto do teu velho, meu rapaz

Olha, Guri! Prá tua mãe, cabelos brancos,
E pra este velho que te fala sem gritar;
Pesa teus planos, eu quero que sejas franco,
Se acaso fores, pega o zaino pra enfrenar.

Olha, Guri! Leva uns cobres de reserva,
Pega uma erva pra cevar teu chimarão;
E leva um charque, que é pra ver se tu conservas,
Uma pontinha de amor por este chão

Se vais embora, por favor não te detenhas,
Sigas em frente e não olhes para trás;
Assim não vais ver a lágrima insistente,
Que molha o rosto do teu velho, meu rapaz