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Um Taura No Carnaval

Um Taura No Carnaval
(Ivo Brum, Francisco Scherer)

De tanto ouvir pelo rádio propaganda da cidade
Que a grande festa do povo é um baile da sociedade
Fui conhecer o carnaval, baile bom barbaridade.

Vesti uma bombacha nova e uma bota de pelica,
Pensando num vaneirão com alguma prenda bonita.
Eu estava mais por fora do que arco de barrica.

O baile era tão gozado que tinha até fantasia,
E o povo encarreirado suava à reviria,
Troteando em volta da sala como burro de olaria.

É uma baita beberagem este baile diferente,
Tem uns sentados no chão, outros pulando na frente,
E as moça trepam na mesa tapando a visão da gente.

Mulher se veste de homem, veja só que confusão!
Tem homem que é muié se fresqueando no salão,
Bonito de acolherar pra uma tunda de facão!

Dizem que este tal de baile separa muito casal,
Que até cria mãe solteira, bota gente no hospital.
Deus me livre de outra feita pisar no tal carnaval!

O baile era tão gozado que tinha até fantasia,
E o povo encarreirado suava à reviria,
Troteando em volta da sala como burro de olaria.

É uma baita beberagem este baile diferente,
Tem uns sentados no chão, outros pulando na frente,
E as moça trepam na mesa tapando a visão da gente.


Intérprete: David Menezes Junior

Novos Tempos

Novos Tempos
(Kenelmo Amado Alves, Francisco Scherer)

Levanta, caudilho, do sono da campa
Defende teus filhos, ameaçam a pampa

Na garupa da moto de seu companheiro
Que fuma fuminhos, mas não de palheiro
Uma gata mui louca, chicletes de bola estoura na boca
Dizendo palavras da gíria mais tola

Chapéus de vaqueiro ou caubóis do Tio Sam
No mais puro estilo de heróis bang-bang
Aos roncos da moto qual um terremoto
Cruzando a querência eu juro que vi
É a morte rondando aqui

Levanta, caudilho, das brumas do tempo
Reúne teus filhos num fogo de chão
Dá-lhes a cuia, estende tua mão
Que sorvam a seiva de um bom chimarrão

Um traguito de canha, aquela da boa
Que tinhas na guampa durante as batalhas
Que piquem o fumo, que escolham a palha 
Que pitem crioulo, se o caso é fumar

Levanta, guerreiro, que o novo inimigo
Traz o mesmo perigo das lutas primeiras
Desperta teu povo, ensina tua gente a não se entregar
Levanta, caudilho, com tua bandeira
Que a onda estrangeira nos quer afogar



Joao Chagas Leite E Os Uruches - Novos Tempos by Guascaletras

Não Podemo Se Entregá Pros Home

Não Podemo Se Entregá Pros Home
(Humberto Zanatta, Francisco Alves, Francisco Scherer)

O Gaúcho desde piá vai aprendendo
A ser valente, não ter medo, ter coragem
Em manotaços dos tempos e em bochinchos
Retempera e moldura a sua imagem

Não podemos se entregar pros home
De jeito nenhum amigo e companheiro
Não tá morto quem luta e quem peleia
Pois lutar é a marca do campeiro

Com lanças, cavalo e no peitaço
Foi implantada a fronteira deste chão
Toscas cruzes solitárias nas coxilhas
A relembrar a valentia de tanto irmão

E apesar dos bons cavalos e dos arreios
De façanhas, garruchas, carreiradas
A lo largo o tempo foi passando
Plantando novo rumo em suas pousadas

Não podemos se entregar pros home
De jeito nenhum amigo e companheiro
Não tá morto quem luta e quem peleia
Pois lutar é a marca do campeiro
 
Vieram cercas, porteiras, aramados
Veio o trator com seu ronco matraqueiro
E no tranco sem fim da evolução
Transformou a paisagem dos potreiros

E ao contemplar o agora dos seus campos
O lugar onde seu porte ainda fulgura
O velho taura dá de rédeas no seu eu
E esporeia o futuro com bravura

Não podemos se entregar pros home
De jeito nenhum amigo e companheiro
Não tá morto quem luta e quem peleia
Pois lutar é a marca do campeiro