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Levando O Corpo

Levando O Corpo
(Fabrício Harden, Eduardo Soares)

Levando o corpo num pingo bueno eu me garanto
Se hay descampado e o maula topa a parada
A toda pata faço que volte para o rodeio
E esbarro manso meu doradilho junto da aguada
    
Levando o corpo na lida bruta repasso os dias
Tocando gado pelas estâncias deste torrão
E ao fim da tarde ao se calarem as nazarenas
Aperto um mate junto ao brasedo lá do galpão

Se a gaita chora, nalgum surungo beira de estrada
Peço a bolada, golpeio um trago junto a balcão
E bem campante entro na sala ao trotezito
Levando o corpo numa morena flor do rincão

Se a volta é feia levando o corpo livro a rodada
Pra “cruzá” a perna  e saí ao trote  num despraiado
E vez por outra levando o corpo ajeito as garras
Firmando a estampa para o costeio de um desbocado

Levando o corpo procuro a volta no pingo bueno
Que sai ao trote remoendo o freio por melodia
Por certo volta mais altaneiro para a querência
Se vier na anca uma morena ao clarear do dia

Com Mossa Na Cola

Com Mossa Na Cola
(Eduardo Soares, Fabricio Harden)

Cruzou um peão de campo, na frente das casas
Pingando as abas do velho chapéu
O poncho da lida abriga em seu rancho
Campeiro e arreios das manhas do céu

Não se livra encilha, por mais tempo feio
Naqueles potreiros que têm parição
Se achega o setembro, vem pasto e terneiros
Pra o ano inteiro crescer parição

E hoje a estâncias precisam em seu campos
Rodeios de cria com mossa na cola
Já inseminados gerando um terneiro e desmamando outro
Pra não ser esmola

Quem vive no campo e conhece o serviço
Tem por compromisso a lida que encerra
Pois campos povoados, cumprindo sua sina
Garantem sustento e a posse da terra.

Se os campos gaúchos, campanha e fronteira
Tomarem a dianteira com sua produção
Serão mais tranqüilos os finais de tarde
Pra o mate dos buenos junto do galpão

Então nas estâncias, os homens da encilha
Irão pra coxilha pararem rodeio
Mas de um gado Bueno que ao longo do tempo
Garanta o sustento da paz como esteio

Junto À Um Casal De Barreiros

Junto À Um Casal De Barreiros
(Eduardo Soares, Joca Martins)

Um potreiro junto às casas
Pra cavalhada da encilha
Silhueta de estância grande
Mouras, gateadas, rosilhas
Se perfilando na forma
Aos gritos do peão ponteiro
No ritual velho campeiro
De embuçalar a tropilha

Um casal de “joão barreiros”
No galho da pitangueira
Que amanhaceu florecida
Com brilhos de primavera
Bombeiam longe seu rancho
Erguido junto à tronqueira
No costado da porteira
Portal de campo e espera

Num florão de pingo
Num trote chasqueiro
Se vai o campeiro
De novo pra lida,
O jeito de estância
A alma de campo
Saudade de um rancho
Num sonho de vida

Na volta da campereada
No fim de mais outro dia
Um mate bueno cevado
Com gosto de nostalgia
Quem sabe as almas do campo
Deixem a prenda na espera
Para me abrir a cancela
Com saudade e alegria

Quem sabe a tarde se finde
Num pôr de sol da campanha
E eu siga mateando manso
Bombeando ao largo o potreiro
Talvez por ser um fronteiro
Tenha o destino de tantos
Cuidar tropilhas e campos
Junto à um casal de barreiros.

Entrega De Tropa

Entrega De Tropa
(Eduardo Soares, Joca Martins)

O “Alceu Moreira” já entregou a tropa
E se foi na estância com a cavalhada
Dos potros de doma só um vem sovado
O caminho era brabo, para as galopeadas

A zaina bolida que tirou pra estrada
“Chegô” bastereada do negro “sotel”
Pescoço estendido de pedra e caminho
Do toso ao machinho, “pêlo” do sovéo

Entrega de tropa, coisa mais gaúcha
Contando a boiada na frente da estância
Veio até o “mulato” pra fazer fiador
Contra o corredor que guarda minhas ânsias

Cruzou dois consumos, junto com os cavalos
Até vi o gargalo da “barriga mol”
É sobra de tropa no bocó do “Juca”
Na tarde que se alarga com braças de sol

Veio colorindo, talvez por regalo
Uma flor do campo preza à cabeçada
Já meio judiada dessa mormaçeira
E dos escarçeios da buena gateada