À
Meia Tarde No Açude
(Davi
Teixeira, Tiago Abibb)
Meio janeiro, meia tarde, céu inteiro
Tahãs, marrecas cada qual mais tagarela
Um touro berra em comando à sua esquadra
Que avança lenta até bater meia costela
Ali se plantam ancorados junto à taipa
Tendo por diante a cerca viva de aguapé
E logo ao lado em alambrado imaginário
Vai demarcando território um jacaré
Cerco fechado apequenando a invernada
E de lambuja um lambarizal nos jarretes
E o gadario não se assusta, mas entende
Que atropa miúda requisita o ambiente
Trocam olhares preguiçosos assolhados
Equanto a eguada bóca firme a boiadeira
E um quero-quero lá no alto da coxilha
Toca um clarim reconvocando a tropa inteira
Enfileirados, passo a passo sem alarde
Na mesma marcha lá se vão campeando um verde
Mas amanhã no mesmo sol à meia tarde
Retornarão pra saciar calor e sede
Fiel visagem rotineira de campanha
Que enche os olhos de quem busca a quietude
Pra esses campeiros que recorrem todo dia
Passa batida a sesmaria do açude
Meio janeiro, meia tarde, céu inteiro
A Meia Tarde no Açude - Jean Carlos Kirchoff by Guascaletras