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À Meia Tarde No Açude

À Meia Tarde No Açude
(Davi Teixeira, Tiago Abibb)

Meio janeiro, meia tarde, céu inteiro
Tahãs, marrecas cada qual mais tagarela
Um touro berra em comando à sua esquadra
Que avança lenta até bater meia costela

Ali se plantam ancorados junto à taipa
Tendo por diante a cerca viva de aguapé
E logo ao lado em alambrado imaginário
Vai demarcando território um jacaré

Cerco fechado apequenando a invernada
E de lambuja um lambarizal nos jarretes
E o gadario não se assusta, mas entende
Que atropa miúda requisita o ambiente

Trocam olhares preguiçosos assolhados
Equanto a eguada bóca firme a boiadeira
E um quero-quero lá no alto da coxilha
Toca um clarim reconvocando a tropa inteira

Enfileirados, passo a passo sem alarde
Na mesma marcha lá se vão campeando um verde
Mas amanhã no mesmo sol à meia tarde
Retornarão pra saciar calor e sede

Fiel visagem rotineira de campanha
Que enche os olhos de quem busca a quietude
Pra esses campeiros que recorrem todo dia
Passa batida a sesmaria do açude

Meio janeiro, meia tarde, céu inteiro



A Meia Tarde no Açude - Jean Carlos Kirchoff by Guascaletras

Embretados

Embretados
(Davi Teixeira, Igor Silveira)

'Cumpadre' me dá noticia
Das "côsa" da capital
Aqui pro 'hôme do campo'
A peleia é desigual
Não chega a 'mosca' 'tristeza'
Tem "toalete" e "funrural"
E agora tão me cinchando
Co'a tal 'reserva legal'

"Apepês" e "pepepês"
"Preservação do ambiente"
Conversa de boitatá
Só vão embretando a gente
Este restinho de pampa
Que "traigo" tão bem cuidado
Querem virar tudo em grota
O que era bóia pro gado

'Cumpadre' na zona urbana
Não tá muito diferente
Tem gente pior que o gado
Com a boia escassa na frente
As rua tão 'entupida'
Nem se atende pelo nome
Cada um já tem um brinco
No brete do 'mata-fome'

Diz que a 'Dê' pulo pra 'Cê'
"Com mais pataca no bolso"
Conversa de boitatá
No fim tudo vira imposto
A carne que tu produz
Me chega sobretaxada
Tô descascando "as agulha"
Pra "comê uma desossada"

Mete o cavalo cumpadre
Não bamo chora as pitanga
Quem nasceu pra paleteá
Não vai vira boi de canga

Mete o cavalo cumpadre
Vamo dá uma encostadinha
Divulgá pra sociedade
Que o boi não brota das "arve"
E que o leite não da em caixinha

'Cumpadre' aqui na campanha
Coma lotação não se brinca
Se apérto as vaca dão 'faia'
Se afrouxo me pega o INCRA
Tenho visto que a 'pastura'
A cada ano se apóca
E eu que nem rato em guampa
Não acho a porta da toca

Antes diziam que o Dólar
Encarecia os 'insumo'
Pois vem que é 'cola de égua'
E não me sobre nem pro fumo
'Temo embretado cumpadre'
Na campanha e na cidade
Se tapo a volta da "oreia"
Me gela 'as extremidade'

Mete o cavalo cumpadre
Não bamo chora as pitanga
Quem nasceu pra paleteá
Não vai vira boi de canga

Mete o cavalo cumpadre
Vamo dá uma encostadinha
Divulgá pra sociedade
Que o boi não brota das "arve"
E que o leite não da em caixinha