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Sob As Mangas Do Aguaceiro

Sob As Mangas Do Aguaceiro
(André Oliveira, Rogério Melo)

A manga calma se transforma em aguaceiro,
O chuvisqueiro desentoca um campomar
Que se tolda em cima dum baio-oveiro,
Com meu sombreiro que tombeia ao desaguar.
Fecho seis dias que eu lido no alagado
E o banhado já virou um tremendal
Onde é várzea se tornou tudo encharcado
Campo dobrado vertente de lamaçal

Até a baeta do meu poncho está molhada,
Garra ensopada de varar passo e sanga
O galpão virou um varal de arreios
Oreando aperos enxaguados pela manga
O gado berra nostalgeando tempo feio
E a parelha do arreio calechou-se das basteiras
Lombo molhado pra pisar foi bem ligeiro.
Ainda a força do potreiro ta de baixo da aguaceira

Uma estiada negaceia por matreira
Com cisma de caborteira vem escondendo a cara
Do meu galpão sorvo as horas tramando tentos
Desquinando pensamentos, remendando alguma garra.

Então me olvido empreitando esta faina
Pois a força divina já mais falha e nunca erra
Talvez a chuva seja o adubo já gasto
Que veio firma o pasto e larga uma graxa na terra